......
Amanda assim
que saiu da casa de Vanessa pegou o carro e ficou andando de um lado para o
outro, seus pensamentos estavam a mil.
Sabia que
Vanessa não deixaria que a situação ficasse daquele jeito, já que ela não
admitia perder nada para ninguém, quem dirá alguém que ela imaginava que
ficaria atrelada a ela para o resto da vida.
À medida que
avançava pelas ruas, seus pensamentos voltaram para Juliana. Ainda podia ver as
lagrimas descendo e a tristeza que se instalara naquele belo olhar. O pior que
não sabia como iria encontra-la, já que ela deixou claro que precisava de tempo
para pensar.
Socou o volante
do carro e deixou que toda sua raiva viesse à tona, mais uma vez Vanessa era um
entrave em sua vida.
Lembrava-se da
ultima briga.
Quando Vanessa
cismou que ela estava de caso com uma advogada de um dos casos que estava
envolvida, o disparate foi tão grande que ela a acusou de estar privilegiando a
outra parte.
A briga foi tão
feia que ela não teve outra escolha a não ser participar ao Dr. Rogério, pai de
Vanessa sobre as acusações da filha. Depois de explicar toda situação ele
apenas disse:
- amo minha
filha Amanda, mas tenho pena de você.
Olhei para meu
sogro e fiquei abismada com aquelas palavras.
- Dr. Rogério –
apenas disse.
- Amanda, minha
filha tem o mesmo gênio da mãe e não foi fácil o casamento, só consegui paz,
quando infelizmente minha esposa faleceu.
Não conheci a
mãe de Vanessa e ela dificilmente falava sobre a mãe, pensei que a morte fosse
algo trágico, mas não. Talvez seja pelo temperamento de Vanessa que ela não
conseguia falar sobre a mãe.
- o que posso
te aconselhar e que se a ame, releve seu temperamento, mas se achar que essa
relação não dá mais, então saia agora antes que ela consiga acabar com sua
vida. – disse ele
- como pode
dizer isso sobre sua filha? – perguntei.
- porque
conheço Vanessa, eu a eduquei e errei muito, tentando suprir a falta da mãe.
Por isso digo, seja feliz, mesmo que sua felicidade não seja ao lado dela.
E agora tinha
que concordar, Vanessa realmente começou a seguir seus passos, às vezes ela
sabia onde e com quem estava, sem que fosse preciso dizer. Quando elas
começaram a brigar, tudo começou a sair, as ofensas se tornaram frequentes em
cada discussão.
Parou o carro
em frente à praia e ficou olhando o mar, as ondas pareciam fazer coro a seus
sentimentos conflitantes.
O vento batia
em seus cabelos e a brisa salgada beijava sua face. E a única coisa que
desejava era estar ao lado de Juliana, saber como ela estava.
.......
Juliana passou
o dia deitada, suas lagrimas foram à única companhia para aquela noite.
O dia estava
amanhecendo quando finalmente conseguiu dormir. Só que não demorou muito e foi
despertada pelo barulho do seu celular.
Ao olhar no
visor viu que era o Carlos, seu amigo desde os tempos de faculdade e sócio na
clinica de cardiologia.
- alo – disse.
- oi minha
gata, posso saber por que ainda não esta aqui? – perguntou ele
- não tenho
clientes para hoje, prometi que iria na parte da tarde para nossa reunião. –
disse
- então porque
essa vozinha triste, já que esta em casa? – perguntou ele
Não adiantava
esconder nada de Carlos, ele a conhecia muito bem. Era seu amigo confidente,
toda vez que tinha algo ele era o primeiro, a saber.
- ah, Carlos eu
queria ficar em casa, se pudéssemos marcar essa reunião para outro dia. – disse
ela.
- o que
aconteceu gata – perguntou
- conversamos outra
hora, hoje ainda não consigo falar sobre isso.
- ....
- ok. Beijos
até amanhã. – disse ao desligar o telefone.
......
Carlos ficou
sentado em sua sala ainda olhando para o telefone, havia acabado de falar com
Juliana e sabia que a amiga não estava bem.
Sabia que não
iria adiantar ficar insistindo, pois quando ela teimava em não falar o que
estava acontecendo nada aconteceria.
Mas amanhã iria
conversar com ela para saber o que estava acontecendo, já tinha tempo que não
avia assim tão pra baixo.
Desde o final
do casamento dela com Cristina que ela não ficava daquele jeito.
......
Juliana estava
triste, levantou e foi preparar alguma coisa para comer.
.......
Após a saída de
Amanda, Vanessa começou mais um de seus rompantes, tudo que poderia ser
lançado se espatifou nas paredes.
Depois de
promover essa quebradeira na casa ela se deixou cair no chão é chorou, sabia
que havia errado em toda sua relação com Juliana, acreditou piamente que a
menina humilde seria sempre a mesma, que ela não iria crescer e se tornar
independente e senhora de si, como uma grande advogada.
Segurando o
ultimo copo sobrevivente, ela deixou o liquido queimar sua garganta e as
lembranças vieram à tona.
Quando cruzou
pela primeira vez com ela pelos corredores do fórum.
Ela estava
saindo de uma audiência quando ouviu aquela voz, levemente rouca.
A troca de
olhares entre elas foi algo forte, ela se deixou levar por aqueles olhos negros
e acabou deixando seu interlocutor sem qualquer resposta a suas indagações.
Ela falava com
outra pessoa, mas seu olhar sempre recaia sobre ela e aquela voz estava
causando certo desconforto, não ruim, mas excitante.
Quando ela
passou por ela pode avaliar melhor aquela mulher, alta de porte atlético,
cabelos preços num rabo de cavalo, vestida num terninho com corte simples, mas
extremamente sensual e que perfume.
Depois daquele
dia a procurava pelos corredores na expectativa de voltar a vê-la.
A chuva caia
torrencialmente na cidade, assim que colocou os pés no fórum, teve que passar a
mão pelas roupas tentando tirar o excesso de água.
Foi quando
ouviu.
- parece que
foi pega de surpresa doutora.
Assim que levantou
o olhar cruzou com aqueles olhos tão negros.
- sim, não
esperava que fosse chover tanto.
Viu quando os
lábios dela se curvaram num sorriso.
- realmente,
deixe que eu segure sua pasta, assim pode tentar se secar melhor.
- obrigada... –
disse na tentativa de descobrir o nome dela.
- Amanda, Dra.
Vanessa. – respondeu pegando a pasta da outra.
- como sabe meu
nome? – quis saber Vanessa
- simples, eu
perguntei.
Silêncio.
- entendo,
obrigada por segurar minha pasta. – disse
- de nada,
tenho uma audiência agora, poderíamos tomar um café mais tarde, assim você
quebra o frio das roupas molhadas.
- claro, sairei
mais tarde.
- certo, nos
vemos então. Tenha um bom inicio de tarde doutora.
- obrigada,
para você também. – disse Vanessa
Que ficou ali
admirando aquela mulher saindo.
Talvez
estivesse realmente intrigada com aquela mulher, mas algo chamava sua atenção.
Amanda já a
tinha visto no fórum e sabia exatamente de quem se tratava, assim como já ouvir
alguns cochichos relacionados à Dra. Vanessa Cervantes, loira, não muito alta,
mas tinha presença, não era uma mulher que passaria despercebida.
Ao fim de sua audiência
dirigiu-se até a cantina e a encontrou sentada, parecia compenetrada no que
estava lendo.
Aproximou-se e
disse:
- será que
posso lhe fazer companhia? – perguntou sorrindo.
- claro, estava
esperando outra pessoa, mas acho que ela não vai se incomodar – respondeu sorrindo.
Amanda sentou e
colocou sua bolsa na cadeira ao lado.
Para alguém que
era uma conquistadora Vanessa parecia não saber o que fazer diante daquela
mulher, que apesar de ser jovem era dona de si.
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