24/01/2013

Música e Sedução - XII




......
Amanda assim que saiu da casa de Vanessa pegou o carro e ficou andando de um lado para o outro, seus pensamentos estavam a mil.
Sabia que Vanessa não deixaria que a situação ficasse daquele jeito, já que ela não admitia perder nada para ninguém, quem dirá alguém que ela imaginava que ficaria atrelada a ela para o resto da vida.
À medida que avançava pelas ruas, seus pensamentos voltaram para Juliana. Ainda podia ver as lagrimas descendo e a tristeza que se instalara naquele belo olhar. O pior que não sabia como iria encontra-la, já que ela deixou claro que precisava de tempo para pensar.
Socou o volante do carro e deixou que toda sua raiva viesse à tona, mais uma vez Vanessa era um entrave em sua vida.
Lembrava-se da ultima briga.
Quando Vanessa cismou que ela estava de caso com uma advogada de um dos casos que estava envolvida, o disparate foi tão grande que ela a acusou de estar privilegiando a outra parte.
A briga foi tão feia que ela não teve outra escolha a não ser participar ao Dr. Rogério, pai de Vanessa sobre as acusações da filha. Depois de explicar toda situação ele apenas disse:
- amo minha filha Amanda, mas tenho pena de você.
Olhei para meu sogro e fiquei abismada com aquelas palavras.
- Dr. Rogério – apenas disse.
- Amanda, minha filha tem o mesmo gênio da mãe e não foi fácil o casamento, só consegui paz, quando infelizmente minha esposa faleceu.
Não conheci a mãe de Vanessa e ela dificilmente falava sobre a mãe, pensei que a morte fosse algo trágico, mas não. Talvez seja pelo temperamento de Vanessa que ela não conseguia falar sobre a mãe.
- o que posso te aconselhar e que se a ame, releve seu temperamento, mas se achar que essa relação não dá mais, então saia agora antes que ela consiga acabar com sua vida. – disse ele
- como pode dizer isso sobre sua filha? – perguntei.
- porque conheço Vanessa, eu a eduquei e errei muito, tentando suprir a falta da mãe. Por isso digo, seja feliz, mesmo que sua felicidade não seja ao lado dela.
E agora tinha que concordar, Vanessa realmente começou a seguir seus passos, às vezes ela sabia onde e com quem estava, sem que fosse preciso dizer. Quando elas começaram a brigar, tudo começou a sair, as ofensas se tornaram frequentes em cada discussão.
Parou o carro em frente à praia e ficou olhando o mar, as ondas pareciam fazer coro a seus sentimentos conflitantes.
O vento batia em seus cabelos e a brisa salgada beijava sua face. E a única coisa que desejava era estar ao lado de Juliana, saber como ela estava.

.......

Juliana passou o dia deitada, suas lagrimas foram à única companhia para aquela noite.
O dia estava amanhecendo quando finalmente conseguiu dormir. Só que não demorou muito e foi despertada pelo barulho do seu celular.
Ao olhar no visor viu que era o Carlos, seu amigo desde os tempos de faculdade e sócio na clinica de cardiologia.
- alo – disse.
- oi minha gata, posso saber por que ainda não esta aqui? – perguntou ele
- não tenho clientes para hoje, prometi que iria na parte da tarde para nossa reunião. – disse
- então porque essa vozinha triste, já que esta em casa? – perguntou ele
Não adiantava esconder nada de Carlos, ele a conhecia muito bem. Era seu amigo confidente, toda vez que tinha algo ele era o primeiro, a saber.
- ah, Carlos eu queria ficar em casa, se pudéssemos marcar essa reunião para outro dia. – disse ela.
- o que aconteceu gata – perguntou
- conversamos outra hora, hoje ainda não consigo falar sobre isso.
- ....
- ok. Beijos até amanhã. – disse ao desligar o telefone.
......

Carlos ficou sentado em sua sala ainda olhando para o telefone, havia acabado de falar com Juliana e sabia que a amiga não estava bem.
Sabia que não iria adiantar ficar insistindo, pois quando ela teimava em não falar o que estava acontecendo nada aconteceria.
Mas amanhã iria conversar com ela para saber o que estava acontecendo, já tinha tempo que não avia assim tão pra baixo.
Desde o final do casamento dela com Cristina que ela não ficava daquele jeito.
......

Juliana estava triste, levantou e foi preparar alguma coisa para comer.
.......


Após a saída de Amanda, Vanessa começou mais um de seus rompantes, tudo que poderia ser lançado se espatifou nas paredes.
Depois de promover essa quebradeira na casa ela se deixou cair no chão é chorou, sabia que havia errado em toda sua relação com Juliana, acreditou piamente que a menina humilde seria sempre a mesma, que ela não iria crescer e se tornar independente e senhora de si, como uma grande advogada.
Segurando o ultimo copo sobrevivente, ela deixou o liquido queimar sua garganta e as lembranças vieram à tona.
Quando cruzou pela primeira vez com ela pelos corredores do fórum.
Ela estava saindo de uma audiência quando ouviu aquela voz, levemente rouca.
A troca de olhares entre elas foi algo forte, ela se deixou levar por aqueles olhos negros e acabou deixando seu interlocutor sem qualquer resposta a suas indagações.
Ela falava com outra pessoa, mas seu olhar sempre recaia sobre ela e aquela voz estava causando certo desconforto, não ruim, mas excitante.
Quando ela passou por ela pode avaliar melhor aquela mulher, alta de porte atlético, cabelos preços num rabo de cavalo, vestida num terninho com corte simples, mas extremamente sensual e que perfume.
Depois daquele dia a procurava pelos corredores na expectativa de voltar a vê-la.
A chuva caia torrencialmente na cidade, assim que colocou os pés no fórum, teve que passar a mão pelas roupas tentando tirar o excesso de água.
Foi quando ouviu.
- parece que foi pega de surpresa doutora.
Assim que levantou o olhar cruzou com aqueles olhos tão negros.
- sim, não esperava que fosse chover tanto.
Viu quando os lábios dela se curvaram num sorriso.
- realmente, deixe que eu segure sua pasta, assim pode tentar se secar melhor.
- obrigada... – disse na tentativa de descobrir o nome dela.
- Amanda, Dra. Vanessa. – respondeu pegando a pasta da outra.
- como sabe meu nome? – quis saber Vanessa
- simples, eu perguntei.
Silêncio.
- entendo, obrigada por segurar minha pasta. – disse
- de nada, tenho uma audiência agora, poderíamos tomar um café mais tarde, assim você quebra o frio das roupas molhadas.
- claro, sairei mais tarde.
- certo, nos vemos então. Tenha um bom inicio de tarde doutora.
- obrigada, para você também. – disse Vanessa
Que ficou ali admirando aquela mulher saindo.
Talvez estivesse realmente intrigada com aquela mulher, mas algo chamava sua atenção.
Amanda já a tinha visto no fórum e sabia exatamente de quem se tratava, assim como já ouvir alguns cochichos relacionados à Dra. Vanessa Cervantes, loira, não muito alta, mas tinha presença, não era uma mulher que passaria despercebida.
Ao fim de sua audiência dirigiu-se até a cantina e a encontrou sentada, parecia compenetrada no que estava lendo.
Aproximou-se e disse:
- será que posso lhe fazer companhia? – perguntou sorrindo.
- claro, estava esperando outra pessoa, mas acho que ela não vai se incomodar – respondeu sorrindo.
Amanda sentou e colocou sua bolsa na cadeira ao lado.
Para alguém que era uma conquistadora Vanessa parecia não saber o que fazer diante daquela mulher, que apesar de ser jovem era dona de si.


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