18/01/2016

CONTO III



Este conto é maravilhoso e sei pq tantas ficam doidas para terminarem de ler.
Eu postei o final aqui, só que como o Blog estava com problemas de postagem eu não consegui colocar no mesmo local do conto.

então lá vai o caminho das pedras e de novo, desculpa!!






CONTO III - FINAL -----------------------



(por Cacau , adicionado em 19 de Fevereiro de 2006)




A discussão acabou mal. Mas Cristina, que saiu decepcionada com seu pai, estava orgulhosa de si. “Como fui idiota. Perdi Helena por acreditar que poderia ter o apoio de meus pais”. Ela caminhou por um tempo. Precisava pensar em como agir dali em diante. Afinal, ela abriu o jogo com sua família, sentia-se bem, apesar da decepção. Sempre gostou de dizer a verdade. Não sabia mentir. Agora sabia que poderia tentar reconquistar Helena de cabeça erguida. Mas o que fazer “pra derreter o coração daquela cabeça dura”? Ligou para Marcos. “Ele saberá como me ajudar”.

- Bom dia, Marcos. Tudo bem?

Marcos atendeu meio sonolento.

- Tudo, Cris. Aconteceu algo grave pra me ligar às 10h da manhã?!

- Desculpe, Má. Preciso de sua ajuda, de uma luz. Não sei mais o que fazer pra Helena me perdoar ou pelo menos me ouvir.

- Eu devia saber. O problema de sempre. Amiga, a coisa esta feia. Tentei falar, mas ela nem me deu bola, não quis ouvir uma única palavra. E o pior: ainda por cima me chamou para irmos a uma boate. Disse que um amor se cura com outro. E que vai voltar a pegar geral....

Cristina arrepiou-se.

- Que droga! Ela tem razão para estar brava, mas não pra procurar outra. É uma galinha mesmo e a boba aqui sofrendo. Melhor esquecer mesmo.

Marcelo tentou adotar um tom mais conciliador:

- Amiga, nada de desânimo. Helena está se fazendo de durona. Sei o quanto ela está sofrendo, mas não consegue admitir nem sob ameaça de morte.

- Depois da festa de amigo secreto não a verei mais. Portanto, só tenho que agüentar esses últimos dias. Depois vou tentar esquecê-la de vez.

- Pare de ser derrotista, Cris. Lute pelo menos uma vez! – tentou animar, mas depois ficou pensando alto: - Humm, festa de amigo secreto? Onde e quando será essa festa?

- Nem fique interessado. Será só para funcionários, mas vai acontecer no dia 22, na empresa mesmo. Será minha última chance de vê-la, pois ela tem me evitado. Depois só a verei em reuniões.

-Cris, essa é a sua chance amiga. Não pode deixar passar essa oportunidade.

- Como assim, Má? Qual oportunidade? O que você está planejando?

- Amiga, me ouça. Vou dizer o que você tem que fazer. Duvido que depois disso ela não volte a ficar de quatro por você.

Marcos falou sobre seu mirabolante plano e Cris gostou da idéia.

Helena evitou Cristina de todas as formas imagináveis. Se por acaso Cris entrava no elevador e ela já estava, saía e ia pelas escadas. Se Cris já estava no elevador, ela não entrava e esperava o próximo. Quando estava no escritório trancava a porta e dava ordens expressas a Vera para não marcar reuniões com Cristina. Devolvia flores, presentes e bombons que Cristina enviava, acompanhado por um cartão desaforado: “Cristina, agora quem não pode aceitar sou eu. Me esqueça”.

Finalmente o dia 22 de dezembro chegou. O escritório estava em festa. Último dia de trabalho. Após o almoço não houve expediente e a tarde foi reservada para confraternização entre os funcionários. Como de costume Helena agradeceu a todos pelo desempenho durante o ano, deu apertos de mão, distribui gratificações e presentes para os funcionários que mais se destacaram. Foi montado um palco para que cada um apresentasse seu amigo secreto da forma mais criativa possível. Cristina demorou a aparecer. Helena conversava com Kely, mas a todo minuto procurava com olhos instintivamente por Cristina. Finalmente chegou a vez de Helena revelar quem era o seu amigo secreto.

- Gente, gostei da criatividade de todos para revelar o seu amigo secreto. Mas a forma que encontrei para dizer quem é o meu amigo foi fazendo uma homenagem. A pessoa a qual me refiro trabalha comigo há anos, sabe tudo sobre mim e me conhece mais do que eu mesma. Ela tem uma paciência infindável, um amor e uma grande competência no trabalho e essa qualidade vi em poucas pessoas. Alguns dizem que ela puxa meu saco, mas, na verdade, sei que ela tem um carinho enorme por mim. Só tenho a agradecer e dizer que a amo. Peço desculpas pelas minhas grosserias desse ano, mas já adianto que ano que vem vou repeti-las. Portanto, Vera vá se preparando.

Os outros funcionários, na empolgação do discurso, gritavam: “marmelada, marmelada”...

Vera não se cabia em contentamento. Acabou chorando com as palavras de Helena e, encabulada, subiu para abraçá-la e receber seu presente.

- Vera, esse ano você vai ganhar um presente especial. Sei que você é louca pra conhecer a Itália, Veneza. Portanto, comprei duas passagens e reservei um hotel por vinte dias. Pode levar quem você quiser, até o chato do seu marido – ela foi dizendo, sorrindo, num tom mais baixo, com o microfone abafado pela mão - Nesse envelope tem fotos de 25 garotos de programa pra você escolher o que mais gostar. Pode escolher qualquer um que eu também pago. Quero ver um sorriso no seu rosto o ano todo, Vera.

A secretária ficou com o rosto vermelho de vergonha.

-Helena, você acha que eu sairia com um garoto de programa?

- Não sai porque é boba, mas tudo bem. Se quiser, é só escolher – respondeu Helena, piscando o olho – Vera, agora pode entregar o meu presente. Esse ano não precisa de discurso e fingir suspense.

- Quem disse que você é a minha amiga secreta?

Helena sorriu sem entender a reação da secretária:

- Vera, há 6 anos sou sua amiga secreta. Todo mundo sabe disso. Não sei se você rouba ou se ninguém quer ser meu amigo... Só sei que você sempre fica com a grata função.

Helena insistiu, ainda em tom de brincadeira:

- Vai, Vera: tô ansiosa. Passa meu presente.

A secretária continuou negando:

- Helena, já disse que não é você.

Helena desce do palco com a cara emburrada. Vera tentou se justificar pelo microfone:

- Gente, vocês não acreditam, mas nos seis anos anteriores foi pura coincidência eu ter a Helena como minha amiga secreta. Mas Deus esse ano ouviu minhas preces e me deu outra amiga.

Helena respondeu lá de baixo:

- Vera, já estou me arrependendo de ter te elogiado tanto.

Todos riram.

- Á principio tive minhas divergências com ela, não gostei do seu jeito senhora de si, mas com o tempo vi qualidades enormes. Ela é muito gentil e educada ao tratar as pessoas, tem uma competência fora do comum. E se um dia a Helena enjoar de mim quero ser a secretária dela.

Helena interfere mais uma vez:

- É assim que ela me agradece pela viagem? Pode devolver o presente, disse Helena irritada.

Vera sorri.

- Helena, pare de sentir ciúmes. Você é única e sabe disso – e olhando para a pequena platéia, revelou – Bom, a minha querida amiga é a Cristina.

Todos assoviaram. Os rapazes gritaram em coro: “gostosa, gostosa”.

Cristina subiu sem jeito ao palco. Estava visivelmente encabulada. Deu um abraço forte em Vera e recebeu um lindo colar de presente.

- Não sei nem o que dizer. Aproveito o momento para agradecer a todos, pois me receberam de braços abertos. Deram-me toda ajuda e o apoio necessário para que eu pudesse desenvolver meu trabalho de uma forma tranqüila – ela começou dizendo - Todos sabem que trabalhar ao lado de dona Maria Helena não é fácil. Ela é exigente, sistemática, tem horários britânicos, mas todas essas qualidades, que uns podem achar que são defeitos, me ajudaram a desenvolver um excelente trabalho nesses últimos meses. Aprendi muito com ela e estou muito feliz em trabalhar na S&TI. Realizei um sonho e ser promovida foi à prova que meu trabalho e esforço foram reconhecidos.

Helena ouvia o discurso de Cristina e pensava: “Nossa, ela acha que sou chata assim?”. Cristina continuou a falar:

- Tive a oportunidade de tirar como amiga secreta à pessoa mais importante na empresa e na minha vida. Essa pessoa me mata de raiva algumas vezes, mas por todos os momentos me enche de alegria. Estar ao seu lado é viver intensamente: é ser criança e mulher ao mesmo tempo. Ela me faz sentir que sou capaz, me dá forças, me encoraja mesmo que seja a fazer burrada. Ela me faz ver o mundo com seus olhos e esse é um mundo mais colorido, mais simples de ser vivido.

Cristina faz uma pausa e recomeça, com um tom emocionado:

- Desde que comecei a trabalhar na S&TI, ela esteve ao meu lado em todos os momentos e no momento mais difícil da minha vida pessoal, ela estava lá em pensamento, mas estava lá. Lembrei de suas palavras: “Cris, as coisas que realmente conquistamos ninguém nos tira”. Foi acreditando nessas palavras que consegui meu espaço na S&TI e sei que estou dentro do coração da mulher mais turrona, mais cabeça dura, mas que eu amo muito, amo mesmo.

Ela disse isso e encheu os pulmões de ar antes de falar:

- Minha amiga e amor secreto é Helena.

Fez-se um silêncio geral. Ninguém acreditava no que estava ouvindo. Helena bebeu todo o whisky do copo de uma vez. Não mexia um só músculo.

Cristina, não satisfeita com o discurso que parou a festa, tirou um pequeno papel do bolso e leu o poema:



“Amo amar você / Amo amar você / porque exatamente não sei dizer/

são tantos os benefícios que me trazes / tantos malefícios que também me fazes/ mas amo amar você mesmo assim.../ Amo amar você / às vezes com este teu jeito moleque / que muito me diverte

outras vezes jeito de velho ranzinza / mas amo amar você mesmo assim... / Amo amar você / que uma hora me abraça com carinho

outras me diz palavras em desalinho / me deixando sem saber o que fazer / mas amo amar você mesmo assim.../ Amo amar você /

quando se põe dengosa querendo colo / quando nem quer ouvir minha voz / aprendi a compreender você, então / amo amar você...”



Helena sentiu o mundo parar nesse momento, suas pernas tremiam, suas mãos suavam frio. Ficou pálida. Não sabia se ficava alegre, se corria pra abraçar Cris ou se fugia dali. De repente sentiu uma cotovelada de Vera em suas costelas.

- Helena, ela está fazendo uma declaração de amor pra você. Deixa de ser turrona e vá até lá agora!

Todos estavam ansiosos para ver a reação de Helena. E sentindo o chão fugir dos pés, caminhou até o palco, pegou o presente da mão de Cris, deu-lhe um abraço apertado e um beijo no rosto. Afastou-se sem dizer uma só palavra. Caminhou para o seu escritório lentamente. O que tinha acontecido? Estava acostumada a surpreender as pessoas e não a ser surpreendida. Ouvir e ver Cristina revelar que a amava na frente de todos do escritório deixou sua cabeça em parafuso. Imaginava o esforço e a coragem que Cristina teve. Encheu-se de carinho, os olhos encheram-se de lágrimas, sentou-se em sua cadeira de costas para a porta. Abriu seu presente. Era um quadro com o desenho do Homem Aranha que, com uma mão segurava-se na teia e, segurando seu pescoço estava Helena.

Ela não segurou-se e riu da montagem feita. Prestou mais atenção e percebeu algo estranho. Viu que a cor dos olhos do Homem Aranha eram negros. E a boca parecia muito familiar. Olhou fixamente e percebeu que eram de Cristina. Ficou passando os dedos sobre os lábios daquele desenho. Parecia anestesiada. De repente sente algo frio encostar-se em sua nunca. Ouviu uma voz masculina dizer:

- Não se mexa, não faça nenhum movimento brusco. Assim não machuco você.

- O que você quer? – ela perguntou abismada, sem entender o que estava acontecendo.

- Fique quieta e faça tudo que eu mandar.

Helena levantou as mãos e disse, temerosa:

- É só dizer o que quer que eu dou: dinheiro, jóia.

- Só quero que cale a boca.

O homem colocou um capuz sobre a cabeça de Helena e a algemou na cadeira. Helena ficou calada. Achou estranho toda a movimentação na sala. Ouvia passos de mais de uma pessoa e a voz masculina não lhe era estranha.

“Ahhh, quando sair daqui saberei quem é o sacana. Ele não sabe que está sendo filmado”.

Continuava ouvindo passos, sussurros, barulho da mesa sendo arrastada.

“O que será que eles estão fazendo?”. Começou a sentir medo. O medo fez com que Helena visse toda sua vida em um rápido flashback. Lembrou das brincadeiras com seu irmão e com Esther, lembrou do cheiro do bolo de cenoura com cobertura de chocolate que Zefinha fazia todas as tardes de sábado, lembrou da primeira vez que foi ao escritório com seu pai e do orgulho que sentiu quando ele disse que aquela cadeira um dia seria dela, lembrou do dia que acordou toda arrebentada no hospital devido à queda de uma moto e quando abriu os olhos sua mãe estava segurando sua mão, lembrou do nascimento dos sobrinhos um a um, lembrou do dia em que viu Cristina pela primeira vez, sentiu vontade de chorar tinha medo de morrer e não poder dizer a Cristina o quanto a amava, “como fui idiota porque não disse a ela tudo o que sinto há cinco minutos atrás”. De repente, ouviu a música “Kiss”, do Prince.

- O que está acontecendooooo? - perguntou brava.

Seu capuz foi retirado e viu Cristina vestida de Mulher Gato dançando sensualmente pra ela.

Helena não conseguiu esconder a cara de espanto, mas no segundo seguinte, colocou o seu melhor sorriso sacana no rosto. Sentiu um alivio. “ Obrigada Deus por me dar mais uma chance “.

Cristina dançava e tirava a roupa fazendo um striptease maravilhoso para o deleite de Helena. Ao término da musica, Cristina estava só de salto e meias pretas e máscara. Caminhou até Helena sentou-se em seu colo e beijou sua boca. Ofegante, Helena tentou abraçá-la, mas estava algemada.

- Porra, Cris! De novo não!

Cristina pousou o dedo indicador em seus lábios fazendo que se calasse.

Beijou novamente Helena. Um beijo longo, ardente, com desejo. Ao final, mordeu o lábio inferior de Helena. Percorreu com o dedo os seios de Helena sobre a blusa e de súbito abriu sua camisa arrancando todos os botões, deixando os seios à mostra sob o sutiã. Cristina beijava seu colo e colocava uma de suas mãos por dentro do sutiã, acariciando o seio rijo e excitado. Com a outra mão ergueu a saia de Helena e pode sentir como ela estava excitada.

- Cris, me solte, por favor. Quero te tocar, preciso estar dentro de você.

Helena sussurrava entre os beijos dados no pescoço de Cris.

- Não Lê, quero você assim. Quero ter você pra mim.

Cris levantou-se do colo de Helena e foi até o aparelho de som. Colocou outra música: “Nothing Compares 2U” (Sinead O´Connor) e depois retirou de uma bolsa um pênis duplo. Encaixou em seu corpo e o fez de forma que Helena apreciasse a cena. Helena sabia que estava apaixonada por Cristina desde aquela manhã em seu apartamento onde foi possuída por ela. Sabia que se acontecesse novamente não teria mais coragem para fugir...

- Cris, meu amor, deixa que eu uso esse brinquedo em você.

Cristina não respondeu. Sabia que era sua última chance de ter Helena de uma vez só pra ela. Caminhou devagar, queria torturar sua mulher. Passou pela mesa e pegou uma tesoura. Agachou-se em frente a Helena e cortou sua calcinha. Introduziu um dedo e sentiu o calor do corpo de Helena, que parecia estar pegando fogo. Helena gemeu, começou a mexer os quadris.

“Resistir pra quê, Helena?!”.

Cris sentiu que o gozo estava próximo e sugou Helena com todo o desejo do mundo. Helena debatia-se na cadeira, sentia muito prazer, gozou rápido, um gozo intenso. Cristina levantou e ficou entre suas pernas. Beijou sua boca novamente e compartilhou o gosto. Cris puxou os quadris de Helena para frente e abriu bem suas pernas, introduzindo o brinquedo de uma só vez. Começou a fazer movimentos lentos, mas gradualmente foi aumentando o ritmo. Helena cruzou as pernas sobre suas costas, mordia seu ombro cada vez mais a medida que outro orgasmo chegava. Gozaram dessa vez juntas, um gozo único e intenso. Os espasmos não paravam. Seguiam-se outros. A respiração ofegante. As pernas de Cris fraquejaram e ela sentou-se no colo de Helena, abraçada ao seu pescoço. O mundo, que tinha parado para as duas, voltou a girar. Aos poucos a respiração foi voltando ao estado normal e então, Helena falou ofegante:

- Meu anjo, por favor, solte minhas mãos.

Cris pegou a chave das algemas que estava presa em seu sapato e soltou os pulsos de Helena, marcados após o esforço feito. Cristina beijou carinhosamente cada um dos pulsos.

- Desculpe, meu amor. Não queria te machucar.

Helena sorriu, maliciosa:

- Não tem problema. Quero que me machuque assim todos os dias.

Cristina fixou seus olhos nos de Helena:

- Lê, me perdoa? Fica comigo? Eu te amo muito. Não sei viver mais sem você, sabia?

- Claro que sei. Quem prova de Maria Helena nunca mais esquece.

Cristina abraçou-se a ela e disse, com o rosto enterrado em seu peito:

- Sua convencida. Mas amo esse seu convencimento, amo seu sorriso, amo seu jeito de fazer amor comigo, amo cada pedacinho de você.

Cristina beijou-a novamente e pediu:

- Lê, fica comigo pra sempre?

Helena abraçou-a com força e com carinho.

- Cris, obrigada por não ter desistido de mim. Ficarei com você pra sempre sim ou até você enjoar de mim.

- Enjoar de você, como? Como vou enjoar da mulher que amo e que a cada dia me surpreende? Só se eu fosse maluca.

Ficaram abraçadas por um tempo trocando beijos e juras de amor eterno. Fez-se silêncio por uns instantes, cada uma envolta em seus pensamentos. Foi quando Cristina quebrou o silêncio e disse:

- Lê, quero te pedir uma coisa.

- Tudo o que você quiser.

- Quero meus presentes que estão no cofre. A maioria nem sei o que é. Passei todo esse tempo morta de curiosidade.

Helena soltou uma gargalhada.

- Bem feito, sua orgulhosa. Se tivesse ao menos aberto antes de devolver... eu disse que um dia você aceitaria todos os meus presentes. Se tivesse sido paciente, pelo menos já saberia o que era.

- Ahh, vá pegar, por favor – disse Cristina, fazendo bico.

Helena carregou Cristina no colo até o sofá. Abriu o cofre e voltou com os braços carregados de pacotes. Cristina abria todos os pacotes feito uma criança. Á medida que abria e via os presentes, seus olhos brilhavam de felicidade. Helena colocava nela os brincos, o colar, a pulseira, vestiu a lingerie preta. Helena deixou por último uma pequena caixa.

- Esse aqui era pra ser entregue no dia que fiz a declaração de amor a você, mas depois de tudo, desisti de entregar.

- Por que? Abre, quero ver.

Helena abriu e retirou duas alianças de brilhante. Não precisou dizer o motivo por não ter entregue. Helena pigarreou e disse:

- Cristina Isabel, aceita ser minha companheira na saúde e na doença, na alegria e na tristeza ou até que uma pilantra nos separe? – ela disse e sorriu. Mas voltou a ficar séria:- Prometo que, se aceitar lhe darei muito amor, carinho. Prometo que cantarei todos os dias para você acordar, prometo ser mais tolerante, menos chata. Prometo que ouvirei sua músicas bregas sem reclamar e serei a mais fiel possível por toda a minha vida.

- Aceito – disse Cristina entre gargalhadas.

Depois, disse séria, olhando dentro dos olhos de Helena:

- Se uma pilantra aparecer entre nós, prometo furar os olhos dela ou os seus. Aceito muitas coisas, menos traição, portanto, se quiser ficar comigo, será só comigo porque serei só sua, entendeu?

- Tá bom, tá bom, pode confiar.

Trocaram as alianças, colocando-as no dedo. Cristina não se cabia em contentamento. Depois de um certo tempo contemplando a aliança no dedo anelar, Cris comentou:

- Lê, não vi a roupa do Homem Aranha que você me deu.

- Você recusou, peguei pra mim! – ela disse, sorrindo e abraçando Cristina - Sabia que aquela roupa é a original do primeiro filme? Gastei uma fortuna nela. Pena, porque ficou pequena em mim.

- Quero de volta minha roupa. Você me deu. Não pode pegar pra você.

- Cris, você devolveu, portanto me pertence. Não vou dar novamente. Peça outra coisa.

- Helena, quero a roupa de volta ou nosso casamento está acabado agora.

- Cristina, não apela. A roupa está lá em casa. Você pode ver de vez em quando. Eu deixo.

- Lêêê..........quero minha roupa de volta.

- Não vou dar....

A discussão boba prossegue.

Passou-se uma semana. Dia 31 de Dezembro. A família de Helena toda reunida na casa de Esther para o reveillon. Helena está um pouco pensativa. Há muito tempo não comemorava o Ano Novo e seu aniversário com sua família. Estava sempre em festas com amigos e com mulheres que, no dia seguinte, nem lembrava o nome. Estava feliz por estar ali com Cristina, com Esther e com as crianças. Nem brigou com sua mãe como de costume. Estava muito feliz para deixar que algo ou alguém estragasse esse momento.

Percebeu que começava a contagem regressiva e arrastou Cristina para a biblioteca. Queria ficar a sós com ela na passagem daquele ano. Entre os beijos ouvem as pessoas contando 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1! Os fogos anunciam a chegada do Ano Novo.

- Feliz Ano Novo e Feliz Aniversário, Helena – diz Cristina.

- Obrigada, meu amor. Esse é o aniversário mais feliz da minha vida. Ter você comigo é o melhor presente que eu podia ter – ela diz, emocionada - Feliz Ano Novo pra você também.

- Helena, você só poderia ter nascido mesmo no dia 1 de janeiro. Não imagino outro dia ideal.

- Por que?

- Porque no dia primeiro desejamos mudança em nossa vida e na dos outros. Desejamos felicidades, desejamos tudo de bom e você é tudo isso: mudança contínua, alegria e é tudo de bom na minha vida.

Helena abraçou e beijou carinhosamente Cristina, e disse baixinho em sue ouvido.

- Cris, já disse que não quero que soltem fogos no meu aniversário mas todos os anos é a mesma coisa, ai é duro ser famosa!!! Ganhou um pequeno beliscão. – Convencida. Cristina a levou para a sala para comemorarem o ano novo com todos.

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial: industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar, que daqui para diante vai ser diferente.” (Carlos Drummond de Andrade).



FIM

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Gostaria de pedir desculpas às leitoras pelo atraso no envio dos capítulos e agradecer pela paciência e pelo carinho que me foi dado.

Quero fazer um agradecimento em especial a quatro pessoas que foram essenciais que me ajudaram muito no início e no término do conto.

A primeira pessoa é a Lea, se não fosse por seu apoio e incentivo não teria voltado a escrever, e teria largado algo que me dá muito prazer.

A segunda pessoa é Hanna-K, me ajudou com a revisão dos capítulos, teve paciência comigo, foi amiga em todas as horas, depois que eu a conheci voltei a acreditar nas pessoas, voltei a acreditar que ainda existem pessoas que ajudam as outras apenas pelo prazer de ajudar sem nada esperar em troca.

A terceira pessoa é a Sara G, minha primeira fã e que por coincidência parece fisicamente com a Maria Helena, às vezes quando a imagem de Helena fugiu da minha cabeça eu olhava pra foto da Sara e continuava escrevendo. Uma garota linda, meiga, inteligente.

E por último minha amiga Mascote. Sem ela com certeza não teria terminado o conto, ohhh mulher insistente, brigava comigo porque demorava pra escrever me dava cada bronca, ta ai amiga terminei..ris.

Obrigada a todas que enviaram e-mail com criticas, sugestões e elogios. Essas palavras foram importantes, é imprescindível para um autor saber se o que escreve esta atingindo as pessoas da forma que esperava. Acredito que o meu objetivo tenha sido atingido se em apenas um momento tirei um sorriso de vocês.

Escrever Quem é essa mulher me proporcionou muito prazer, e o maior prazer que me deu foi aumentar meu circulo de amigos entre eles: Bia, Dada,Rose, Carla, Karol e a minha amada Verônica.

Vou escrever a continuação desse conto, Helena e Cristina tem muita coisa pra contar ainda, mas essa idéia ainda esta nascendo mas quando estiver pronta compartilharei com o vocês. Obrigada e um grande beijo no coração de todas