Segunda chande para o amor

Segunda chance para o amor








Bom dia!



Confesso que no incio fiquei meio sem saber se li ou não esse conto, como fui vencida pela minha vontade louca de ler eu li, e gastei dois dias para ler todas essas palavras que simplesmente me tragavam a medida que me vi envolvida por esse conto maravilhoso. Então esta aí, espero que gostem e apreciem.. Parabéns as autoras.



Esse conto também pode ser encontrado

http://www.livrearbitrio.net/la/contos/drikka_silva/segundachanceparaoamor.html#1



bjs e bom domingo!





Gente esse conto é muito, muito especial: Primeiro porque estou escrevendo em parceria, e essa minha parceira é foda!!! Ela nunca escreveu antes, sua primeira experiência nessa doidera, mas fiquei surpresa e contente com a desenvoltura e inteligência dessa garota de fazer um bom drama hehehe.

Mata, obrigada por compartilhar comigo essa historia.

Bom eu escrevo a personagem Isabella, uma mulher de atitude e personalidade marcantes e a Mata escreve a Fabiana uma aspirante cantora de Barzinhos. Uma personagem romântica, porém com muita personalidade. Meio pirada, como toda adolescente. Espero que curtam a personagem como eu curti.

Sejam bem vindas!!!

Drikka e Mata.

Captilulo 01

[10/01/12]

Capitulo 01: Isabella

- Oi meu amor – falei entrando em casa dando de cara com Fabiana sentada em um pufe com um violão na mão – você não ia tocar hoje?

- Vou ainda. Daqui a pouco os meninos vão chegar – me respondeu colocando o violão de lado – porque chegou tão tarde?

- Não é tarde meu amor – respondi dando um beijo em seus lábios – o último cliente me deu trabalho. Pedia para parar a toda hora. Um fracote.

- Você vai comigo hoje?

- Acho que não. Estou cansada e a Raquel pediu para eu chegar cedo amanhã. Ela me passou um cliente do Júlio e o desenho é bem grande. Vai me dar trabalho para riscar – falei me dirigindo para as escadas que levava aos quartos.

- Eu sabia que você não ia mesmo. Já faz um bom tempo que você não me acompanha mais.

- Não seja injusta Fabi – falei parando no meio das escadas – eu sempre te acompanhei, mas estou cansada. Não to a fim de ficar sentada em uma mesa vendo o tempo passar escutando MPB.

- Já faz um bom tempo que você não está mais a fim de nada do que eu faço.

- Na boa Fabi. Eu estou cansada. Não vou discutir com você agora. Tenho que fazer um desenho para um cliente que vai fazer a aprovação amanhã e ainda tenho que estudar o que fazer.

- Está certo. Faça o que você achar melhor – finalizou se afastando pegando o violão novamente.

Fiquei por um momento na escada e dei ombros, terminando a subida. Sabia que estava em dívida com Fabiana, mas não estava mais com paciência para acompanha-la em seus shows. Não que eu não gostasse do seu som. Era bom, muito bom, mas não tinha mais aquele entusiasmo de ficar sentada em algum barzinho, bebericando um Martini escutando o tipo de musica que ela tocava. Sinceramente, toda aquela dor de cotovelo me irritava.

Entrei no quarto e tirei a regata jogando em um cesto no canto. Me sentei na ponta da cama para tirar o coturno e em seguida as meias. Peguei uma toalha e sai para o banheiro encontrando-a na porta. Fabiana estava distraída olhando alguma coisa no celular. Estava linda para sair, usando uma blusinha preta com calça jeans e um casaco por cima. Seus cabelos loiros e curtos estavam minunciosamente bagunçados com mousse. Seus olhos cor de mel encontraram os meus quando me aproximei chamando sua atenção.

- Vai tocar até de manhã? – perguntei abrindo o fecho da calça.

- Provavelmente – respondeu somente voltando sua atenção para o celular.

- Você vai usar? – perguntei apontando o banheiro – vou tomar um banho.

- Não. Eu estou indo nessa. Te amo.

- Também te amo – falei correspondendo o beijo – se cuida viu?!

- Meus olhos são seus amor...

- Sei...

E naquele dia esse fora todo o nosso dialogo.

Fiquei observando Fabiana se afastar e sumir escada abaixo. Logo em seguida ouvi o som de uma buzina indicando que seus amigos tinham chegado. Fui até a janela do quarto e a vi entrando no carro junto com seu violão. Meu coração estava apertado. Não que eu sentisse que alguma coisa ia acontecer. Já estava acontecendo, mas eu me recusava a ver.

Já fazia cinco anos que estávamos casadas. No começo a paixão tinha pegado fogo, incendiando todas as nossas loucuras juvenis. Eu a amava, não podia negar isso, mas alguma coisa havia se perdido no caminho.

Voltei para o banheiro e me joguei em um banho demorado enquanto pensava no que iria fazer no dia seguinte. Trabalhava como tatuadora em um bom estúdio no centro de São Paulo e meus desenhos sempre foram muito solicitados. Não havia magica para que eu me destacasse no que fazia; apenas adorava a arte e mais ainda o fato de poder me sustentar com ela. Às vezes não me sentia indo para o trabalho, estava indo me divertir, conhecer pessoas interessantes e deixar minha marca em suas vidas para sempre.

Desci para a cozinha atrás de alguma coisa para comer e encontrei o jantar que Fabiana havia preparado. “Ela me esperou para jantar” conclui ao ver que o balcão para café estava posto com dois pratos e talheres. Com um aperto nascendo no peito fui até o fogão ver o que estava preparado. Macarrão al pesto. Tampei a panela novamente e optei por salame fatiado e uma lata de cerveja. Voltei para a sala e abri minha mochila pegando o notebook. Escolhi um bom rock e espalhei meus papeis sobre a mesa de centro para começar a rabiscar o desenho de uma caveira com ossos cruzados atrás. Também existia muita gente sem o pingo de bom gosto.

No dia seguinte acordei cedo para chegar ao estúdio no horário marcado com o primeiro cliente. Não tinha visto a hora que Fabiana tinha chegado. Apenas senti meio sonolenta, o peso do seu corpo afundando no colchão. Dei um beijo de leve para não acorda-la e sai nas pontas dos pés.

De casa até o estúdio gastei quarenta minutos. Peguei o metrô na Penha e segui direto até a Anhangabaú. Mesmo que fosse sábado, naquele horário de pico estava lotado. Através dos óculos escuros olhava a cara das pessoas ao passarem por mim. Sabia que não era do tipo comum. Certa vez uma senhora até mesmo chegou a se benzer, crente que estava diante do capeta. Eu apenas os olhava com divertimento. Poucas pessoas entendia o que era dominar o corpo e não ser dominada por ele, com loucuras de dieta, horas em salão de cabelereiro e academia para se sentir feia no fim de uma maratona em busca da falsa beleza. Poucas pessoas entendiam que a maior beleza da pessoa está em sua personalidade, em mostrar quem você realmente é. Não em se esconder atrás de estereótipos moldados pelas indústrias de cosméticos interessadas de faturar milhões com a insatisfação feminina.

Subi as escadas do metro e sai na Avenida em poucos segundos alcancei o Viaduto do Chá. Dei a volta pelo Teatro Municipal e alcancei a Vinte três de maio e a Galeria do Rock. Subi para o segundo andar encontrando o estúdio que tinha passado ser minha segunda casa há mais de dois anos. O lugar era uma referencia em questão de tatuagens. Raquel, esposa do dono da loja e uma grande amiga, já estava lá com seus cabelos longos raspados do lado e alargadores de três centímetros nas duas orelhas.

- Oi delicia – falei entrando em sua minúscula sala – está gata hoje, hein?!

- Fala minha ruiva! Gostosa como sempre... – respondeu a morena dando um beijo em meu rosto – trouxe o desenho?

- Tá aqui – falei tirando a folha da mochila – o que você achou?

- Muito bom. Old school. Sempre funciona.

- Vai ficar legal no tom de pele do cara.

- Bacana – respondeu me devolvendo a folha – A lá. O cliente das nove chegou.

- Vou nessa. Tenho que preparar os materiais ainda – falei me dirigindo para a porta – quero te fazer um pedido também. Quero fazer uma tatoo na panturrilha esquerda. Quero que você faça. Topa?

- Você vai se separar da Fabi pra ficar comigo? – perguntou a morena se sentando encima da mesa.

- Só se você se separar do Júlio...

- Demorou gata. Me trás o desenho na segunda e na terça ou quarta eu faço.

- Fechou – concordei rindo saindo da sala.

Passei pela sala de espera e cumprimentei o cliente pedindo que ele me esperasse por cinco minutos. Arrumei todos os apetrechos que precisaria e o chamei em seguida. Demorou duas horas para que eu fizesse todo o risco de uma fênix detalhada nas costas do garoto. Minha sorte é que ele não era um frangote como o do dia anterior e o trabalho fluiu bem. Dali a duas semanas começaria a fazer a pintura. O cliente seguinte foi a ultima sessão de um dragão oriental em uma garota. Fiquei triste por ter terminado o desenho. Tinha ficado ótimo, nunca me subestimei, mas não iria mais tocar aquela pele branquinha e macia. Melhor assim. Antes do almoço o cliente da caveira chegou e aceitou o desenho que havia feito na noite anterior. Marcamos a primeira sessão para dali a seis dias.

Na parte da tarde atendi mais um desenho pequeno. Uma tatuagem no pé em uma mulher. Em primeiro momento achei que seria fácil, mas quando a criatura começou a gemer de dor, tive que ir parando. Demorei uma hora e meia para um desenho que normalmente gastaria meia hora. Depois de um dia maçante, sai para tomar uma cerveja com Raquel. Estávamos sentadas em um barzinho na sete de abril conversando sobre trabalho quando lembrei que não tinha falado com Fabiana ainda. Peguei o celular e ela também não havia me ligado. Desliguei o aparelho e me concentrei no que Raquel me dizia sobre novos equipamentos para o estúdio. O jeito como ela falava animada, como se estivesse escolhendo uma roupa me deixava encantada sempre. Era incrível como uma mulher como aquela pudesse ser hetero. Muita falta de bom gosto do destino.







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Capitulo 2

[13/01/12]

Capitulo 02: Fabiana

Depois que Isabella subiu para o quarto, peguei meu violão para continuar a letra que estava compondo. Havia perdido totalmente o foco, comecei a pensar o que estava acontecendo. Estávamos nos perdendo e ela não fazia nada para mudar. Sempre estive ao seu lado, até mesmo quando ela foi trabalhar com aquela nojenta da Raquel. Nossa como eu tinha raiva daquela mulher. Tinha conhecido ela na noite. Desde o primeiro momento que a vi, foi ódio à primeira vista. Nunca gostei do jeito que ela se portava com as pessoas. Como se quisesse impor sua presença em todos os momentos. Ela se casou algum tempo depois, mas traia o coitado do Júlio com qualquer um. Quando ela conheceu Isa, logo começou a jogar indiretas pra ela. Não a culpo por isso, Isabella era linda. Qualquer um, homem ou mulher se interessaria por ela. Tinha uma beleza rara, era branquinha, corpo escultural todo tatuado. Tinha cada tatoo, uma mais linda que a outra. A que eu mais gostava era a de dragão azul e vermelho que fechava toda a suas costas, cabelos ruivos acima da cintura, mas o que mais me atraia era os seus olhos cinzentos. Sempre me perdia naqueles olhos. E é claro que a Raquel também admirava essa beleza, mas tinha um porém, ela dizia ser hetero. Sabe aquele tipo de mulher que se diz uma coisa, age como tal, mas se tivesse a oportunidade faria o que é errado. A Raquel era assim, uma vadia de primeira. Não demorou muito para Raquel chamar a Isa para trabalhar com ela. Isabella tem um dom natural para o desenho, ela fazia isso como ninguém. Raquel foi esperta e logo elas estavam trabalhando juntas.

Aquela noite era especial. Ha muito eu insistia para Isa ir me ver, mas nunca dava para ela ir. Fiquei tão contente quando ela me disse que iria que até fiz um jantar para começarmos a noite bem. Fiz seu prato preferido macarrão al pesto. Adorava cozinhar para Isa, mas como cada vez ela chagava mais tarde chegou um dia que acabei perdendo o habito. Quando ela me disse que tinha conseguido desmarcar seu ultimo cliente e disse que iria, resolvi sair da rotina e cozinhar para nós.

Estava completamente decepcionada com ela. Me arrumei rapidamente e a única coisa que demorei mais foi meu cabelo. Tudo em mim poderia estar desarrumado, mas meu cabelo não. Ele era minha marca registrada. Fui até o banheiro pra me despedir, quando recebi uma mensagem de Claudio, meu baixista, dizendo que eles já estavam chegando.

- Vai tocar até de manhã? – me perguntou Isa.

- Provavelmente – respondi voltando minha atenção para o aparelho.

- Você vai usar? – perguntou apontando o banheiro – vou tomar um banho.

- Não. Eu estou indo nessa. Te amo.

- Também te amo – falou correspondendo o meu beijo – se cuida viu?!

- Meus olhos são seus amor - disse olhando em seus olhos

- Sei...

E sai, na verdade nem queria ir mais. Mas tinha uma obrigação e iria fazer como sempre fiz, muito bem.

Chegamos na casa noturna na Paulista quase uma da manhã. O horário marcado era para as duas, mas nunca gostei de chegar atrasada. Seria um desrespeito com as pessoas que pagam tão caro pra me assistir. Não havia contado para Isa o motivo de querer ela lá, mesmo porque, queria fazer surpresa. Um empresário de uma gravadora iria para nos assistir, se desse tudo certo e ele gostasse de nós, poderíamos assinar o contrato para gravação.

Luzes e instrumentos prontos, a banda toda alucinada, a mulherada gritava o meu nome. Eu já era bem conhecida na noite só me faltava oportunidade. O diferencial dessa apresentação era que todas as músicas eram composições minhas e da banda.

Fizemos uma bela apresentação, era como se o nosso destino estivesse mudando naquelas duas horas. Agradeci ao publico e fui para o camarim, logo Rogerio dono da casa noturna veio agradecer e nos informar que havia alguém querendo falar com a gente. Era o empresário da Record Rock, meu coração veio na boca. Comecei a tremer, a suar. Precisei de alguns segundos para me acalmar.

- Olá, meu nome é Anderson Ribeiro – disse apertando a minha mão.

- Muito prazer Anderson, Fabiana Pontes. Estava a sua espera – logo que falei me arrependi. Me senti meu ousada.

- Sério? Como você tinha tanta certeza? – senti que ele estava me dando corda.

- Se eu não for confiante acho que estou no ramo errado - dei uma risada sarcástica.

- Bom, vamos ao o que eu vim fazer. Estamos muito interessados no seu trabalho. Essa mistura de rock com tudo é uma coisa que ainda não tínhamos encontrado. Foi uma bela sacada sua, por isso se estiver interessada em trabalhar conosco, temos uma boa proposta para você.

- Sim e quando podemos conversar? - perguntei pegando um copo para beber agua.

- O mais rápido possível, só te peço um prazo de dois dias para prepararmos o contrato. Peço também que leve seu advogado para que ele te oriente sobre o que é melhor.

- Pode deixar, levarei meu empresário que também é advogado.

- Esse é o endereço e o meu telefone particular – falou me entregando um cartão - me ligue amanhã para marcar um horário.

- Muito obrigada pela oportunidade. Amanhã te ligo para marcar o horário - apertei sua mão e ele saiu.

Não sabia como agir, a primeira coisa que me veio na cabeça era ligar para Isa, mas como ela estava tão fria comigo, não queria estragar minha noite se ela não me demonstrasse nada.

Eu e a banda fomos ao bar para comemorar. O dia já estava amanhecendo quando cheguei em casa. Tomei um banho, comi algo e fui me deitar. Fiquei admirando Isa dormindo, queria acorda-la para contar a novidade, mas sabia que se o fizesse ela ficaria brava. Dei-lhe um beijo na testa e me aconcheguei ao seu lado. Acordei só às três da tarde, liguei para o Fernando, meu empresário, para contar a novidade. Ele não tinha ido na apresentação porque sua filha estava internada. Ficou muito feliz e logo disse que queria um aumento. Dei risada e disse que depois conversaríamos sobre isso. Passei o telefone da gravadora e disse para ele entrar em contato e depois me ligar passando o horário.

Isa chegou já era oito da noite. Eu estava pronta pra sair, tinha combinado de sair com o pessoal da banda e suas esposas para comemorar e explicar para eles como seria a situação deles dali para frente. Já estava atrasada, mas fiquei esperando Isa chegar para ela me acompanhar. Esse era um evento que ela teria que ir comigo, mesmo se não quisesse. Agora tudo seria diferente e ela teria que comparecer mais nas reuniões e eventos que eu fosse.

- Oi meu amor, vai sair? –perguntou colocando a bolsa sobre a mesa.

- Eu não, nós vamos – disse incisiva. Quando eu ia dizer para ela a novidade ela me interrompeu.

- Ahh amor hoje não dá estou cansada e amanhã quero acordar cedo para fazer alguns desenhos e arrumar algumas coisas aqui em casa. Não quero perder meu domingo todo porque cheguei tarde e não consegui acordar cedo – virou-se e subiu.

Subi as escadas soltando fogo pelas ventas. Não estava acreditando e dessa vez não iria abaixar a cabeça para ela. Ela teria que ir, ficaria feio todo mundo com suas respectivas mulheres e eu aparecer sem a minha.

- Você vai me deixar falar? Tenho algo importante para te dizer.

- Fabi já disse que eu não vou - seu tom começou a se alterar. Logo percebi que havia bebido. Ela só se alterava assim quando bebia.

- Você bebeu? Então é por isso que você chegou a essa hora. Eu imaginei que estava trabalhando, mas pelo visto não né. Quando é pra sair comigo você esta sempre cansada. Você estava com a Raquel?

- Você vai começar com esses ciúmes bobo? Você não confia em mim? – perguntou indo para o banheiro.

- Responde minha pergunta Isabella – insisti indo atrás

- Sim, estava com a Raquel. E qual é o problema de eu sair com meus amigos? Você não sai com os seus? – perguntou tirando a roupa

- Sim eu saio com os meus amigos, mas sempre que eu saio te chamo. Mas você nunca esta a fim, sempre está cansada. Mas quer saber? Você não vai estragar minha noite. Só quero que você pense se o que está fazendo certo - finalizei saindo do quarto.

Desci as escadas mais rápido que um raio. Passei pela cozinha bebi água, peguei um bloco de anotações e escrevi: “Muito obrigada, você acabou com a minha noite, mas infelizmente tenho que ir. Sabe por quê? Hoje estou comemorando. Amanhã assino contrato com uma gravadora e não sei por que queria você do meu lado. Mas pelo visto você tem coisas mais importantes para fazer. Não me espere, não sei quando eu volto”.

Subi e colei o bilhete no espelho do banheiro. Ela estava tomando banho e não me viu. Sai batendo a porta, peguei o carro e sai cantando pneu. Prometi que não ia mais me importa.



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Capitulo 3

[17/01/12]

Capitulo: 03: Isabella

Desliguei o chuveiro passando as mãos nos cabelos encharcados de agua para tirar o excesso. Peguei a toalha pendurada no box e me postei em frente o espelho do toucador lendo o recado de Fabiana. Peguei o papel e amassei jogando no lixo. Porque ela não tinha me dito? Se ela tivesse me falado que era uma comemoração tão importante teria saído mais cedo do boteco onde estava com Raquel para participar. Ela não tinha nem se dado ao trabalho de me mandar uma mensagem. Me enrolei na toalha e sai para o quarto. Ia começar a secar o cabelo quando meu celular tocou.

- Fala Claudião! – Falei cumprimentando um dos amigos da banda da Fabi.

- Oi gata, beleza?

- Tranquilo.

- Vocês já saíram? Já chegamos no bar do Zé.

- Putz cara... A Fabi me falou por alto da comemoração e saiu. Eu estou acabando de sair do banho.

- Você não vai vir? È uma conquista mulher! Não se pode deixar de comemorar. A Fabi quase chorou ontem.

- Eu imagino – respondi distraída colocando o secador na tomada – eu vou ver aqui cara. Acabei de chegar do trampo. Tá osso.

- Falou então. Até mais.

- Falou, tchau.

Desliguei o telefone e o joguei encima da cama. Eu sabia o quanto aquilo era importante para Fabiana e sabia também que se eu não estivesse presente, ela não ficaria totalmente feliz. Soltando um suspiro, comecei a secar o cabelo. Escolhi uma calça justa jeans preta com um corpete de couro preto que destacava a tatuagem que eu tinha no busto. Coloquei as botas e peguei uma jaqueta para me proteger do vento. Sai de casa vinte minutos depois, fazendo a moto deslizar suavemente pelo transito de São Paulo.

O bar do Zé era um reduto para apreciadores de um bom rock’n roll. Eu particularmente adorava aquele lugar. Como em todos os outros lugares, havia a garotada ligada a modinha “do mal”, apenas para deixarem seus pais horrorizados. Mas ali a maioria dos clientes era composta pela faixa etária de 25 a 35 anos. Deixei a moto em um estacionamento ao lado que funcionava 24 horas e avistei o carro da Fabi parado em uma vaga poucos metros a frente. Entrei na balada-boteco cumprimentando o segurança com um beijo no rosto. Ali todos eram amigos uns dos outros. Deixei o capacete e a jaqueta com a mulher que estava atrás do balcão da recepção e peguei minha comanda.

O lugar todo me arremetia a um pub londrino. As paredes vermelhas cobertas com camisetas e pôsteres de grandes bandas e cantores de rock. O bar, a primeira coisa que destacava no caminho, era todo composto por bebidas de apreciadores de destilados. Me inclinei para dar um beijo na atendente, seu nome era Jacky, uma antiga ficante. Obviamente era um detalhe que Fabiana não sabia. Pedi um uísque e segui em direção as mesas na parte superior, um mezanino de madeira que contornava todo o lugar e dava de cara com o palco no fundo do piso inferior. Subi as escadas já avistando Juliana, mulher de Claudio conversando com Pedro, baterista da banda. Fabiana estava de costas bebendo uma long neck e não me viu aproximar da mesa. Quem notou primeiro minha presença foi Fernando, o empresário deles.

- Minha tatuadora favorita! – exclamou assim que me viu – achei que não vinha – finalizou se levantando para me dar um abraço e um beijo. Fernando não era do tipo comum para um advogado e empresário. Ele tinha algumas tatuagens, inclusive três delas criações minhas e cabelos raspados na zero. Usava bermuda e camiseta com tênis sempre. A impressão que dava era que ele se vestia assim até para dormir. Era considerado um pária pela família.

- Eu também achei – correspondi o abraço mantendo minha mão que segurava o uísque em uma distancia segura – mas não podia ficar de fora de um momento como esse.

- Eu te disse – falou Claudio repetindo o gesto do amigo – Vou pegar uma cadeira pra você.

Senti os olhos de Fabiana sobre mim, enquanto cumprimentava todas as pessoas na mesa. Todos os três garotos que compunham a banda estavam com suas respectivas acompanhantes. Apenas Fernando não estava com sua mulher. A filha deles tivera alta naquela manhã do hospital onde estava internada e Silvia, como uma boa mãe coruja, ficou ao seu lado deixando o marido sair sozinho.

Logo Claudio apareceu e afastou sua própria cadeira para encaixar a minha ao lado de Fabiana. Me sentei encarando seus olhos que pareciam encantados agora, diferente de como eu havia visto quando ela saiu de casa um pouco mais cedo.

- Se você tivesse me dito qual era a comemoração eu teria vindo com você – falei puxando seu rosto para um beijo.

- Eu tentei – ela me respondeu correspondendo meu gesto – você como sempre não me deixou falar.

- Não vamos tocar nesse assunto agora – falei chamando o garçom – Um Martini. Você quer outra cerveja?

- Não. Você veio com a moto?

- Vim – respondi voltando minha atenção para o garçom – me trás também um Jack Daniels.

- Vai devagar. Você já bebeu hoje e está pilotando – me advertiu Fabiana.

- Pode deixar. Eu conheço meu limite. Me conta como foi que isso aconteceu.

- Isso o que? – perguntou Fabiana confusa.

- O contrato – respondi enxergando pela visão periférica que Amanda, namorada de Pedro, me encarava.

- O show de ontem que você não quis ir, se lembra? – espezinhou – um dos caras da Record Rock estava lá. Na verdade ele tinha ido lá justamente para ver...

Fabiana continuou a me explicar como tinha surgido o contrato. O olhar insistente de Amanda fez com que eu desviasse minha atenção a ela por um segundo antes que eu voltasse toda a minha concentração para Fabiana. A banda no palco começou a tocar Bad Religion e eu me dobrei em esforço para acompanhar o entusiasmo com que ela me contava o ocorrido.

Com o passar das horas a conversa se espalhou pela mesa. Todos estavam empolgados com a nova etapa que se iniciaria. Fabiana, não preciso nem dizer, parecia iluminada por tudo o que estava acontecendo. Deixamos de lado nossas diferenças e tivemos uma noite agradável na companhia uma da outra. O amor que sempre nutriu nossos cinco anos de casamento se manifestou intensamente. Ela era a mulher da minha vida, não tinha duvidas disso.

Após alguns drinks senti que já começava a ficar alegre além do aceitável. Algumas pessoas da mesa tinham descido para a pista para o bate cabeça que acontecia ao som dos Sex Pistols. Necessariamente os homens. Me virei para Fabi que entabulava uma discursão com Juliana e disse que ia ao banheiro. Amanda logo se pronunciou dizendo que iria me acompanhar. Descemos para o piso inferior e pegamos um pequeno corredor ao lado do palco. O banheiro imundo aquela altura da noite estava vazio. Estava na pia lavando as mãos quando Amanda surgiu no reflexo. Senti suas duas mãos subirem pelos meus braços e tomarem o caminho das costas enquanto falava sobre as tatuagens que cobria minha pele. Ajeitei o cabelo e assim que senti suas mãos descerem para minhas pernas e seu corpo grudar no meu, me virei para ela lançando minha mão na sua garganta a jogando contra uma pequena parede entre os reservados.

- Escuta aqui Amanda – falei entre dentes encostando meu rosto no seu – eu nunca vou ficar com você. Será que dá para entender ou vou ter que desenhar? Eu não traio a Fabiana e nunca vou trair. Se você não se respeita, respeite pelo menos o Pedro.

- Mais cedo ou mais tarde você vai ceder. Eu sei disso – ela me respondeu tentando tirar minha mão que a machucava – não tenho pressa.

- É o ultimo aviso. Se vier com essas ideinhas pra cima de mim outra vez, você tá fudida! – Finalizei saindo do banheiro indo de encontro aos meninos que se acabavam entre chutes e socos no bate cabeça.

Depois de meia hora e o lábio sangrando voltei para a mesa. Fabiana me olhava com um ar de reprovação enquanto limpava a boca com um guardanapo. Ela sempre havia detestado que eu fizesse isso, mas eu adorava. Era um jeito de bater em alguém, exorcizar meus demônios sem machucar ninguém de proposito.

- Isa eu vou te mandar um desenho por e-mail. Quero que você faça uma tatoo no meu braço – falou Juliana chamando minha atenção.

- O que é? – perguntei enquanto virava a dose de Martini que estava a minha espera.

- Uma gueixa.

- Sem essa. Esse desenho é meu. Já até fiz ele. Vou tatuar terça ou quarta na panturrilha.

- Vai se foder. Eu quero uma também – ela me respondeu me acertando uma bolinha de papel – quem vai fazer?

- A Raquel. Ela manda muito bem com sombreamento.

- Claro que tinha que ser ela não é? – falou Fabi do meu lado visivelmente contrariada – porque o Júlio não te tatua?

- Por que eu quero ela. Conheço o trabalho que ela faz com esse tipo de desenho – respondi encarando seus olhos cor de mel – alguma coisa contra?

- De maneira nenhuma – respondeu Fabi virando a cerveja – você sabe como eu a adoro.

- Para de palhaçada. Não vem bancar a ciumenta.

- Não to bancando nada. Vamos embora? Você já bebeu e se machucou o suficiente por hoje.

- Vamos. Eu estou precisando da minha cama.

Nos despedimos do pessoal e pegamos o rumo de casa. Fabiana começou a manter a velocidade baixa do carro para que eu fosse devagar com a moto. Decidi ultrapassa-la e sumi na frente na Radial leste. A esperei em um farol depois de alguns minutos. Quando seu carro se aproximou, guiei a moto para o lado da sua janela. Fabiana apenas balançou a cabeça em sinal negativo e fechou o vidro. Ela estava nervosa. Resolvi manter a velocidade, pois sabia que já tinha ultrapassado meus limites. Não queria brigar com ela no final daquela noite.

Chegamos em casa já ia dar cinco da manhã. Fabiana entrou para o quarto sem me dirigir a palavra. Fui para a cozinha tomar um grande copo com agua. Subi para o quarto tirando a roupa pelo caminho. Fabiana já estava embaixo do chuveiro com a porta do box aberta. Entrei para a agua quente grudando meu corpo atrás do seu.

- Desculpa – falei no seu ouvido – fui uma estupida.

Fabiana não me respondeu nada. Se virou me congelando com seu olhar de mel.



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Capitulo 4

[20/01/12]

Capitulo 04: Fabiana

Isabella tinha o dom de me tirar do serio. Sempre soube o que eu achava sobre bebida e direção, mas ela parecia fazer isso para me provocar.

Chegamos em casa e eu não disse nada a ela, fui ao banheiro para um banho e logo ela veio se juntar a mim. Me pediu desculpas dizendo que tinha sido estupida. Fitei seus olhos e pronto. Ela conseguia sempre me desarmar com seu olhar safado.

- O que você quer? – perguntei sussurrando em seu ouvido.

- Não imagina? – me respondeu com outra pergunta.

- Então me pede.

- Eu quero que você me foda. Me fode gostoso vai – pediu beijando meu pescoço.

Beijei sua boca e logo fui para o pescoço. Ela adorava quando eu fazia isso. Desci para os seios já tesos pela excitação. Suas unhas cravaram em minhas costas, me incentivando a continuar com os chupões. Dei atenção a cada um deles deixando minha língua brincar com as auréolas rosadas que tanto adorava. A pressão em suas mãos aumentou, me forçando para baixo. Logo me vi de joelhos, mordiscando suas coxas, deixando minhas mãos passearem pelo seu bumbum arrebitado. A puxei para mim e enfiei minha língua em seu sexo já molhado. Dava sugadas e lambidas ora rápido ora devagar. Coloquei suas pernas em minhas costas, enquanto ela apoiava as suas costas na parede. Isa gemia pedindo mais. Então coloquei dois dedos em sua vagina fazendo movimentos rápidos, com os dedos e com a boca. Suas mãos faziam força segurando minha cabeça, rebolando vigorosamente. Não demorou para que seu corpo se contraísse e chegasse ao gozo. Desci suas pernas, e levantei- a pegando no colo colocando suas pernas em minha cintura. Encarei Isa enquanto ela respirava.

- Quer mais? – perguntei ofegante

- O que tem pra mim?

- Que tal continuarmos na cama?

- Hummmm, agora.

Levei Isa até a cama e a joguei sobre os travesseiros. Fui até o guarda-roupas e peguei a cinta com o vibrador. Coloquei e passei lubrificante, voltei para seu pescoço e beijei sua boca. A virei e passei lubrificante em seu ânus. Enfie o vibrador bem devagar para não machuca-la, Isa gemia de dor, mas eu sabia que estava gostando. Ela me pedia mais e mais então coloquei tudo. O barulho das entocadas me deixava ainda mais excitada, então ia mais rápido. Os sons dos gritos de Isa ecoavam pelo quarto. Enquanto a fodia por trás massageava o clitóris. O liquido que saia encharcava minha mão. Não demorou muito para Isa gozar.

- Nossa, meu deus – Isa revirava os olhos – você estava inspirada hoje.

- Sim. E tenho motivos – falei me deitando ao seu lado.

- Então você já me perdoou?

- Sim, mas você sabe como me fazer mudar de ideia.

Isabella levantou e foi tomar banho. Eu aguardei ela sair para logo em seguida ir também. Dormimos abraçadas o resto da manhã. Passamos a tarde do domingo organizando coisas em casa e a noite saímos para jantar. Fomos a um restaurante no Ipiranga e por coincidência Pedro e Amanda estavam lá. Fui até eles para cumprimenta-los. Amanda nos convidou para sentarmos junto, mas não sei por que Isabella não quis. Disse a ela que precisava falar algumas coisas com Pedro sobre a assinatura do contrato e então ela concordou relutante.

- E ai Fabi, ta ansiosa para amanhã? – perguntou Pedro

- Cara você não tem noção, eu to uma pilha. A Isa passou o dia tentando me distrair para eu não pensar nisso, mas por mais que eu quisesse não consegui.

- Calma mulher, vai dar tudo certo – falou me acalmando.

- Não estou nervosa por causa disso e sim de como será daqui pra frente. É complicado não saber como vai ser o amanhã – falei bebendo o suco de laranja que havia chegado.

- Amor vou ao banheiro e já volto – falou Isa já se levantando.

- Eu vou com você – falou Amanda – preciso ver como está minha maquiagem.

As duas saíram, continuei conversando com Pedro. Não demorou muito para Isabella voltar dizendo que queria ir embora. Perguntei a ela o porquê e ela disse que depois conversaríamos. Logo Amanda voltou.

- Já vamos embora, a Isa não está se sentindo bem – falei para Amanda e Pedro.

- Calma o pedido de vocês já deve estar chegando – falou Amanda – esse mal estar pode ser fome.

- Vamos logo Fabiana – falou Isa pegando a bolsa

- Desculpe pessoal tenho que ir – não sabia o que falar – nos vemos amanhã Pedro, o Fernando disse que amanhã mesmo teremos passagem de som.

- Pode deixar, estou muito confiante que amanhã será um dia maravilhoso – disse Pedro se levantando para me cumprimentar.

- Tchau Amanda, até a próxima.

- Até Fabi. Manda um beijo para a nossa menina e diga a ela que estimo suas melhoras – falou Amanda me dando um beijo no rosto.

Sai do restaurante sem entender nada. Isabella já me esperava no carro. Perguntei o que tinha acontecido, mas ela não me respondeu nada. Foi um silencio total até chegarmos em casa. Isabella entrou jogou a bolsa no sofá e foi para a cozinha.

- O que ta acontecendo? Não entendi nada. Porque saímos daquele jeito do restaurante? Fiquei completamente sem graça e sem saber o que fazer e o que falar – Falei me encostando atrás de Isabella – ei me fala o que ta acontecendo.

- A Amanda – ela estava com a voz tremula.

- A Amanda o que? - perguntei ainda mais confusa.

- A Amanda deu em cima de mim.

- Você tem certeza? Você não se confundiu?

- Me confundir com o que Fabiana? O que eu tenho pra me confundir? – perguntou alterando o tom de voz.

- Não precisa gritar só te fiz uma pergunta.

- Eu acho que sei quando uma mulher dá em cima de mim.

- Você se acha a ultima bolacha do pacote não é? – perguntei dando risada.

- Você não está acreditando em mim? Eu sabia que deveria ter resolvido isso logo – falou e saiu em direção ao quarto.

- Espera! Calma... Eu não to falando que não acredito em você. Só estou achando estranho. Porque agora a Amanda faria isso? Agora que o marido vai ficar famoso, não tem muita logica. Ela até ficou preocupada quando eu disse que você não estava bem.

- Então fique com sua logica. Eu não falo mais nada sobre esse assunto – Isabella subiu as escadas e entrou no quarto batendo a porta.

Eu não poderia acreditar, na verdade pra mim Isabella entendeu errado. Amanda não faria isso comigo e muito menos com o Pedro. Ele era louco por ela, fazia tudo que ela queria. Mas mesmo assim, ficaria de olho então tive uma ideia. Fui atrás de Isa tentando acalma-la.

- Amor posso entrar? – perguntei abrindo a porta.

- Pode o quarto também é seu – disse irritada – não estou acreditando que você acha que eu estou mentindo.

- Ei, eu não disse que você está mentindo e sim que você poderia ter se enganado. Mas pode deixar que vou observar. Vamos deixar isso pra lá. Eu quero te pedir uma coisa.

- Tá você quer deixar pra lá, tudo bem depois não reclama. Mas o que você quer me pedir.

- Amanhã é um dia importante pra nós duas, nossa vida vai mudar pra melhor e eu quero você vá comigo. Eu sei que você não gosta do meu estilo de musica, mas faz um esforço por mim. Quero o seu apoio amanhã. Por favor – falei fazendo bico.

- Tudo bem, só que eu vou ter que ir trabalhar. Que horas você tem que estar na gravadora? – perguntou enxugando uma lagrima que havia caído de seus olhos.

- Às duas da tarde – respondi surpresa.

- Ta acho que eu consigo ir, vamos fazer o seguinte eu vou trabalhar e peço saída à tarde pra Raquel.

- Tudo bem, mas você vai mesmo né? – perguntei passando a mão em seus cabelos.

- Sim eu vou.

Isabella foi dormir sem comer nada. Até tentei fazer com que ela comesse algo, mas foi inútil. Passei a noite, revendo algumas composições e criando alguns arranjos. Quando dei por mim, Isabella já estava se arrumando para sair. Fiz café para nós e fiquei aguardando ela descer.

- Bom dia meu amor, você não dormiu por quê? Ta ansiosa? – perguntou dando um beijo em meus lábios.

- Não. Na verdade eu fiquei revendo algumas letras e eu estava pensando, agora que vamos ter mais dinheiro, podemos mudar para um lugar maior. O que você acha? – perguntei pegando uma torrada.

- Ah amor o que você achar melhor, se bem que eu adoraria ter um closet só pra mim – respondeu dando uma gargalhada.

- Amor eu quero falar com você sobre o que aconteceu ontem – falei mudando o teor da conversa.

- Eu não quero falar sobre isso, o que tinha que ser dito foi dito então assunto encerrado.

- Tudo bem, mas você vai mesmo né? – perguntei ainda não confiante que ela iria.

- Eu disse que vou então eu vou. Confia em mim só dessa vez.

- Mas das outras vezes eu confiei e você não foi.

- Mas das outras vezes não era hoje – falou me dando outro beijo.

Isabella estava linda usando um jeans preto e uma blusinha branca que realçava seios e suas tatuagens, realmente acreditava que ela iria. Passei a manhã resolvendo algumas coisas. Na hora do almoço Isabella me ligou me dizendo que teria um ultimo cliente que seria rápido, mas por vias das duvidas passei o endereço para ela, caso ocorresse algum imprevisto.

Já estava quase saindo do sério quando Pedro e Amanda chegaram pedindo desculpas pelo atraso. Logo em seguida a secretaria da gravadora nos avisou que poderíamos entrar que já estava tudo pronto e que todos estavam a nossa espera. Fernando leu o contrato e disse que por ele estava tudo em ordem. Logo entregou a mim e enquanto eu lia foi tirando todas as minhas duvidas. Inclusive a clausula em que dizia que a equipe seria toda escolhida por mim, isso queria dizer que a minha banda seria a mesma.

Assinei o contrato e os meninos da banda assinaram o contrato que pedi para o Fernando redigir, garantindo tudo o que nós havíamos conversado.

Uma coisa que aprendi com essa vida de “artista” era que tudo tinha que ser no papel. Garantia para mim e para todos. Tudo estava perfeito tirando o fato de Isabella não estar lá. Não sabia o que tinha acontecido mesmo porque desliguei o celular, mas sabia que ela teria uma explicação. Não mudava o fato de eu estar chateada com sua demora. Estouramos champanhe para selar a nova jornada que começaríamos a seguir e logo fomos para o estúdio para começar a passar os instrumentos. Alguns minutos depois vi Isabella pelo vidro me dando tchau. Pedi um tempo para ir cumprimentar ela.

- Pensei que não vinha – falei dando um beijo em seus lábios.

- Desculpa amor, o ultimo cliente demorou e pra ajudar peguei transito.

- Mas você não foi trabalhar de moto?

- Sim, só que ela resolveu quebrar. Ta no conserto. Vim de taxi.

- Tudo bem, depois te conto tudo. Deixa eu voltar te amo.

- Também meu amor.

- Cuidado.

- Por quê?- perguntou assustada

Logo que ela terminou de fazer a pergunta Amanda entrou no estúdio.

- Oi Isabella, está melhor? – perguntou Amanda

- Sim, e pelo visto você continua cínica – respondeu Isabella.

- Bom, meninas tenho que ir. Acho que vamos demorar um pouco. Vai me esperar? – perguntei a Isa

- Sim. Boa sorte meu amor – falou me dando um beijo de tirar folego.

Entrei para a sala acústica com uma pulga atrás da orelha. Isabella poderia ser tudo menos mal educada e com a Amanda ela estava uma ogra. E Amanda estava com um quê estranho no tom de voz dela. Será que Isa estava realmente certa? Resolvi me desligar desse pensamento para me concentrar no meu trabalho depois eu resolveria esse assunto. Algum tempo depois vi Isabella sair e poucos segundo depois Amanda saindo atrás ai não consegui me concentrar. Pedi um pausa para ir ao banheiro.

Perguntei para o técnico de som se minha mulher havia avisado para onde ia e ele me respondeu que ela tinha ido ao banheiro. Fui atrás dela quando eu abri a porta escutei o dialogo.

- Eu já pedi para você parar não pedi, vou ser obrigada a quebrar a sua cara.

- Por quê? Eu sei que um dia você vai querer. E se você fosse me bater já teria feito.

- Você sabe que eu não fiz isso por respeito ao Pedro. Mas saiba que eu falei para a Fabiana.

- E pelo visto ela não acreditou, porque se ela tivesse acreditado já teria feito alguma coisa.

Abri mais um pouco a porta e vi Amanda indo em direção a Isabella agarrando ela.

- Você vai soltar minha mulher agora e vai sair comigo sem fazer barulho – falei assustando Amanda.

- Fabiana, não é o que você esta pensando – tentou se explicar Amanda.

- O que eu estou pensando não é da sua conta. Você vai vir comigo por bem ou por mal.

- Amor o que você vai fazer? – perguntou Isabella alerta – eu te falei para parar Amanda – falou olhando para Amanda.

Isabella me conhecia. Ela sabia que eu não poderia fazer nada ali, mas também sabia do que eu era capaz.

- Fica quieta Isabella, meu assunto aqui é com a Amanda – falei irritada me virando para a morena - você vem ou não Amanda?

- Sim, mas o que você está pensando em fazer? Antes de qualquer coisa pense no Pedro.

- É por causa do Pedro que eu não vou fazer nada com você aqui.

Peguei ela pelo braço e fomos ate o estacionamento, onde ninguém poderia nos ver. Peguei o celular e liguei para o Pedro pedindo para ele vir para o estacionamento. Mas somente ele. Demorou alguns minutos para ele chegar.

- Oi Fabi, o que ta acontecendo? Amanda o que ta acontecendo? Fala gente – perguntou Pedro já nervoso.

- Pedrão, você sabe o quanto eu te amo cara. Você sabe que a nossa amizade vale mais do que qualquer coisa nessa vida, não sabe? – perguntei ao Pedro

- Sei Fabi, mas o que ta acontecendo?

- Amor aqui não – falou Isabella já prevendo o que eu ia fazer.

- O que ta acontecendo é que a sua mulher estava no banheiro agarrando a Isabella. A minha mulher ontem me contou que a Amanda deu em cima dela por isso que ela quis ir embora daquele jeito você se lembra? Eu não acreditei na minha mulher em consideração a você e hoje eu encontro a Amanda agarrando a Isabella.

- Pedro você não vai acreditar no que essa maluca ta dizendo, não é?

- Você sabe que eu não teria motivo pra mentir pra você Pedrão – falei a Pedro.

- Eu não acredito que você fez isso Amanda, como você pode fazer isso?- falou Pedro transtornado.

- Pedrão esse é um problema seu agora. Mas me desculpe pelo o que eu vou fazer e quero que saiba que o seu lugar ao meu lado no palco continua lá.

Terminei de dizer o que queria a Pedro e me virei para Amanda.

- Você traiu ao Pedro e a minha confiança. Em que momento você começou a acreditar que ficaria com a minha mulher? Só poderia estar louca. Sabe o que eu faço com quem se mete com a minha mulher?

Me virei para Pedro e o olhei no fundo dos seus olhos, como se eu estivesse pedindo permissão e ele balançou a cabeça em sentido afirmativo. Me voltei para Amanda e dei um soco em sua cara. Ela caiu no chão eu me joguei em cima dela e continuei a bater. Isabella logo veio me segurar. Estava tão transtornada que nem consegui ouvi-la. Não parei até Isabella segurar minha cabeça olhando em meus olhos.

- Amor, para. Você tem que parar. Você vai acabar matando ela. Vamos pra casa.

- Ta amor, vamos – respondi olhando em seus olhos.

Seu olhar era a única coisa que me acalmava. Me levantei peguei sua mão e fomos para o carro. Isabella pegou o celular e ligou para o Fernando para avisar que estávamos indo embora que depois eu explicaria.

No caminho só conseguia pensar em Amanda colocando as mão sobre Isabella, isso deviria estar acontecendo a muito tempo. Chegamos em casa e fui me lavar, voltei para a sala indo em direção ao bar. Coloquei uma grande dose de uísque e bebi.

- Há quanto tempo isso está acontecendo? – perguntei a Isabella colocando mais uísque no copo.

- Há alguns meses.

- E porque você não me disse antes?

- No começo eu achei que ela pararia se eu cortasse, mas não parou.

- E depois porque você não me contou?

- Porque eu sabia o que você faria e porque eu sei que a sua amizade com o Pedro poderia se abalar.

- E você esperou todo esse tempo, para chegar o dia de hoje. Você sabe o que eu perdi hoje? Eu perdi um grande amigo e a minha dignidade no momento que eu quebrei a cara dela.

- A culpa disso é minha? Eu te disse e você não acreditou. A minha vontade desde o começo era quebrar a cara dela, mas como disse não queria abalar sua amizade com o Pedro.

- Você me disse ontem, era pra você ter me dito no começo disso tudo. Se tivesse me contado não teria chegado a esse ponto. Eu teria conversado com ele. – falei exaltada - Você com a sua mania de resolver tudo e na verdade não resolve nada. Você com essa autonomia, eu sou sua mulher. Pra toda hora, não só quando você não consegue resolver os seus problemas.

- Agora eu sou errada? Sim, eu tento resolver os meus problemas. Porque você resolve tudo brigando e batendo.

- É. Só que o meu jeito, é o jeito que resolve tudo. E sim a culpa é sua. Por não ter me contado antes. Quer saber? Não preciso disso – falei pegando as chaves do carro – estou saindo.

- Aonde você vai? É assim que se resolve os problemas? – perguntou segurando meu braço.

- Da mesma forma que você quer resolver tudo sozinha, me deixa ficar sozinha agora – falei saindo batendo a porta.



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Capitulo 5

[24/01/12]

Capitulo 05: Isabella

Fiquei estática no meio da sala enquanto Fabiana saia de casa. Peguei um copo do bar e joguei no chão com força. Que inferno! Que inferno tinha virado nossa vida! Subi para o quarto e bati a porta com força. Que se danasse ela também. Não precisava passar por isso. Se pelo menos eu estivesse errada, mas não estava. Tentei de todas as formas preservá-la e ainda assim tinha levado a culpa por algo que eu não tinha feito. Mas o que mais me irritava nisso tudo era que ela não tinha acreditado em mim quando disse que Amanda estava dando encima de mim. Fabiana não havia me dado o mínimo credito, nem mesmo o beneficio da duvida. Os amigos tinham prevalecido em primeiro plano. Andei de um lado para o outro, transtornada. Não sabia o que fazer. Não fazia a mínima ideia de onde Fabiana tinha ido, mas mesmo se tivesse não iria atrás. Eu não estava errada.

Ouvi meu celular tocar no andar inferior e sai correndo pelas escadas pensando no que Fabiana poderia querer me falar por telefone, depois da cena patética que tinha feito. Atendi sem olhar o visor tentando controlar meia dúzia de palavrões que vieram a minha boca no lugar do alô.

- O que você quer? – perguntei com os olhos fechados.

- Falar um oi pra você, mas vejo que liguei em uma má hora – falou Camila, uma amiga da galeria.

- Oi Mila – falei respirando fundo, tentando fazer meu corpo relaxar – desculpa.

- Você está bem? Te ligo em outro momento...

- Tá tranquilo. Meio zuado, mas tranquilo – falei me jogando em um sofá – e você?

- Eu estou bem. Te vi pouco na galeria a semana passada.

- Estava trabalhando muito. Mas você também nem foi lá me dar um beijo. Ficou correndo atrás daquele babaca da São João.

- Meu coração é pra sempre seu, meu amor – falou Camila fazendo sua melhor voz melosa – a Fabi está por ai.

- Não.

- Então fala que me ama também...

- Eu te amo sua doidinha – respondi levantando do sofá passando as mãos no cabelo – O que você está fazendo agora?

- Contando as horas para fechar a galeria. Você tem uma proposta pra mim?

- Vamos dar uma volta? Passo ai em meia hora.

- O que você vai fazer de bom pra mim?

- Não vou ficar com você, mas a gente pode se divertir um pouco. Estou precisando espairecer.

- Demorou gata. Vem.

Subi correndo para o quarto pegar uma jaqueta e sai em seguida. Naquela hora da tarde o transito estava insuportável na Radial, mas fiz a moto deslizar rapidamente nos corredores que se formava entre os automóveis. Quando cheguei na São João, o relógio já marcava Sete e quinze da noite. Deixei a moto em um estacionamento perto e segui a pé até a Galeria. Camila já estava me esperando do lado de fora, conversando com uma garotada ao lado de uma banca de jornal.

- Oi – cumprimentei passando a mão em sua costa, dando um beijo em seu rosto.

- Foi rápida. Achei que demoraria mais por causa do transito.

- Estou de moto. Vamos lá pra Bela vista?

- Vamos. Tchau pessoal. To indo nessa.

Segui ao lado de Camila até o estacionamento e entreguei o capacete extra a ela. Assim que ela montou atrás de mim, senti seu corpo grudar no meu. Se fosse em outro momento, teria recuado para frente, mas deixei meu corpo relaxar de encontro ao seu. Camila tinha uma beleza incomum. Era uma loira de um metro e oitenta e poucos com um corpo escultural. Diziam que ela já tinha feito alguns filmes pornôs. Eu nunca tinha tido coragem de perguntar se era verdade ou não. A vida era dela e não me dizia respeito. A tinha conhecido no estúdio, onde fiz uma borboleta na sua virilha. Daquele dia em diante ela passou a frequentar o lugar, indo me dar beijos e bom dia a todo o momento. Raquel sempre havia me dito que eu era um pote de mel num enxame de mulheres. Não pensava desse modo até ter quase quinze garotas da galeria querendo ficar comigo. Ela me dizia que o meu cabelo vermelho era que chamava a atenção e que eu tinha a pomba-gira no corpo. Se tivesse ou não, também não era um assunto que eu pensava muito. Sabia apenas que não tinha dificuldade de arrumar mulher. Na minha época de solteira brincava com isso. Se a mulher não fosse gay a converteria, se ela já fosse, ficaria apaixonada. Até que um dia fiquei de quatro por uma bela loirinha de dezoito aninhos com estilo rebelde sem causa, cantando em um bar na Vila Olímpia. Na ocasião desfrutava dos meus vinte e quatro anos e de um estilo agressivo. Nunca havia me esquecido um detalhe do dia em que havia conhecido Fabiana. O dia em que havia conhecido a mulher da minha vida.

Mas agora, depois de cinco anos parecia que tudo estava virando fumaça. Lembrava de nossas juras de amor que nunca havia passado de juras. Éramos duas adolescentes transitando para a vida adulta achando que tudo seria para sempre. E o pra sempre estava cada vez mais chegando ao fim. Parecia que só eu via isso.

Fiquei até onze e meia da noite tomando cerveja com Camila em um barzinho perto da Augusta. Como era plena segunda feira o proprietário praticamente nos enxotou para fechar o estabelecimento. A levei para casa na vila Cachoeirinha e voltei para a zona leste. Não estava com a mesma vontade de correr que sempre me pegava na noite. Ia devagar pensando na noite agradável que tinha tido. Camila era divertida, sabia me fazer rir como ninguém. Talvez o fato de manter a velocidade baixa era a vontade de não chegar em casa e ter que brigar com Fabiana mais uma vez. Parei em um posto para abastecer e tomei uma Ice sentada na calçada. Junto comprei um maço de cigarros. Havia parado de fumar quando conheci Fabiana. Tínhamos um acordo na verdade. Eu não fazia o que ela não gostava no meu caso fumar, e ela não faria nada do que eu não gostasse, no caso dela, algo bem mais pesado que um inofensivo cigarro.

Cheguei em casa já ia dar uma hora da manhã. O carro já estava na garagem de casa e havia somente a luz do corredor de dentro acesa. Entrei sem fazer muito barulho e subi para o quarto. Fabiana estava sentada na cama com o violão na mão olhando para o nada. Tirei meu casaco e o coturno e fui para um banho. Meia hora depois sai pegando um travesseiro e um cobertor no quarto. Desci para a sala e cai em um sono profundo no sofá. Não havíamos dito uma única palavra.

- O que aconteceu ruiva? – perguntou Raquel assim que me viu entrar no estúdio.

- Bom dia Raquel, tudo bem? – cumprimentei dando um beijo em seu rosto.

- Comigo tudo bem, mas sua noite não deve ter sido das melhores. Que roupa é essa? Pegou no exercito da salvação?

- Vai se foder. To puta com a Fabi. Não queria ficar em casa enrolando para escolher roupas.

- Ok, mas devo dizer que esse estilo grunge já saiu de moda há uns quinze anos...

- Eu não estou com estilo grunge.

- Não é o que parece com esse jeans rasgado e puído com regata e camisa de flanela.

- Acabou com sua consultoria de moda? Tenho um desenho para fazer.

- Trouxe o que você quer que eu faça?

- Tá na minha mochila. Já passei para o papel.

- Deixa eu dar uma olhada – pediu estendendo a mão. Tirei a mochila das costas e procurei pelo papel cuidadosamente guardado dentro de uma pasta.

- Já tá na medida da sua perna?

- Já.

- Vai me contar o que aconteceu?

- Agora não. Almoça comigo?

- Claro. Só se for no sujinho aqui da São Joao.

- Pode ser. Vou trabalhar. Meu cliente chegou.

- Tá com cabeça pra isso? Não vai machucar ninguém,

- To sim. Acho que isso é a minha maior distração.

Passei a manhã inteira tentando não pensar, mas a cada vez que ficava sozinha minha mente voltava para Fabiana. Uma coisa dentro do peito apertava, me dizendo que não passaria mais um ano novo ao seu lado. Agora com esse contrato e uma carreira promissora pela frente, Fabiana se afastaria de uma vez por todas. Sua musica já nos separava, mas agora, com fama, dinheiro e uma legião de garotas correndo atrás dela, não haveria espaço para mim. Fabiana havia se envolvido comigo muito jovem, não tivera tempo de curtição e nem de galinhagem. Ela teria isso agora, da forma mais fácil.

Sai do estúdio perto da uma da tarde. Raquel reconhecera meu estado de espirito e tentava de todas as formas me fazer rir e não pensar. Comi pouco me concentrando mais em uma garrafa de Coca-Cola.

- A Camila me disse que vocês saíram ontem – falou Raquel terminando de tomar um copo de suco – ficou com ela?

- Não. Eu não traio a Fabiana. Você sabe disso – respondi colocando os óculos escuros.

- Por que plena segunda?

- A Fabiana e eu não estamos nos entendendo bem... Algo está errado – respondi passando a mão na cabeça, olhando em direção ao Vale da São Bento.

- O que tá pegando ruiva?

- Tem uma garota, namorada de um cara da banda dela, o Pedrão. Acho que você chegou a conhecer ele.

- Sei. Lembro vagamente. Um moreno alto não é?

- Isso mesmo. Bom a Amanda vinha com umas ideias erradas para o meu lado algum tempo e eu só cortando, só que ela não parou. Falei para a Fabiana e ela não acreditou em mim. Pra ela os amigos sempre em primeiro lugar – expliquei voltando minha atenção a morena a minha frente – Ontem ela viu a Amanda me enchendo o saco mais uma vez, deu uma surra na garota e colocou a culpa em mim.

- Como assim? Ela bateu e você levou a culpa?

- Pois é. Disse que a culpa era minha por ter deixado a situação chegar tão longe. Que eu me achava a ultima bolacha do pacote.

- Ela te disse isso? – perguntou Raquel rindo – mas porque você não cortou a menina?

- Eu cortei! Mandei ela pra merda varias vezes, mas sabe o tipo de pessoa que não se toca? Quer a qualquer custo? Não cheguei a ser agressiva com ela, até porque não queria estragar a amizade da Fabi com o Pedro. Resumindo... Tá foda.

- Mancada da Fabi não acreditar em você...

- Ela não confia em mim. O ciúme dela também está acabando comigo... Acredita que ela tem ciúmes de você até hoje?

- Ela não tem motivos para ter ciúmes de mim.

- Fala isso pra ela. Fez um bico quilométrico quando falei que você ia fazer a tatuagem da perna.

- Que merda hein?!

- Nem me fala. Parece que a cada dia estamos nos afastando mais.

- Termina. Simples.

- Eu a amo. Tenho certeza que nunca amei uma mulher como amo ela. Acho que nunca mais vou amar alguém tanto assim. Não consigo me ver sem ela...

- Que bonitinhooo! O que você tá precisando agora é de uma loira geladinha.

- Sem bebidas agora... Ainda tenho um desenho para fazer.

- Falando nisso vamos lá para o estúdio. Tenho uma proposta para te fazer,

- Sobre o que?

- Vamos para o estúdio – finalizou Raquel se levantando da mesa.

A segui curiosa sobre o que ela poderia me dizer. Sabia que ela estava planejando alguma coisa há alguns dias, mas não sabia o que era. Fui perguntando o caminho todo e gentilmente ela me mandou calar a boca. Depois de muito mistério ela resolveu falar já dentro da sua pequena sala.

- Eu quero independência do Júlio. O estúdio está indo bem aqui, mas eu quero montar apenas um para mim e para uma sócia. Já vi o lugar e já comprei a maioria dos equipamentos, mas preciso de um bom tatuador do meu lado.

- Você quer que eu vá trabalhar pra você no novo estúdio? - perguntei sentando na ponta da sua mesa.

- Não. Quero que venha trabalhar comigo. Quero que aceite ser minha sócia.

- Tá tirando com a minha cara né?! – perguntei rindo – Como eu poderia ser sua sócia?

- Você tem um talento único, ruiva, pra ficar parado aqui nessa galeria. O lugar que vi é perto do shopping Morumbi. Um ponto excelente e com gente de grana. Garotada que não tem medo de desembolsar o dinheiro do papai por um desenho.

- Eu não tenho dinheiro. Tenho algumas economias, mas não dá nem pro cheiro.

- Eu entro com o capital e você com seu talento. Não aceito outra pessoa que não seja você nessa.

- Puta, Raquel – falei abraçando-a – valeu pela confiança. É claro que eu aceito. O nosso estúdio...

- É isso ai gata! – respondeu me rodando com os pés até nos desequilibrarmos – Nosso estúdio – finalizou caindo sobre a mesa.

Cai por cima de Raquel ainda rindo tentando me segurar e segura-la para que o tombo não fosse maior. Meu cabelo caiu sobre seu rosto fazendo uma cortina vermelha protegendo nossos rostos. Dei um beijo estalado na sua face me apoiando na mesa para levantar. Nesse momento eu percebi que havia uma terceira pessoa ali.

- Eu sabia! Eu sabia que essa vadia estava afim de você!

- Fabi! Para com isso. Não estava acontecendo nada demais – falei me colocando de pé não dando atenção para mais uma das suas crises de ciúmes.

- Eu atrapalhei não foi?

- Não até porque não estava acontecendo nada demais e você sabe disso. Não é o que você está imaginando.

- Eu não estou imaginando nada. Eu vi. Eu sabia que essa ai não ia dormir no ponto – exasperou Fabiana evidentemente transtornada.

- Para Fabiana. Não vou continuar com essa loucura, chega. É muito ciúmes e eu não aguento isso. Principalmente no meu trabalho!

- Você acha que eu não tenho motivos para ter ciúmes? Eu devia saber que essa vagabunda estava conseguindo o que queria.

- Pera lá, Vagabunda não. Ai já é demais, você ter ciúmes da Isabella tudo bem – falou Raquel levantando os braços - Mas me ofender ainda mais dentro do meu estúdio, isso eu já não posso permitir e nem aceitar!

- Cala a boca Raquel, eu não estou falando com você. Quando eu me dirigir a palavra a você ai sim você pode falar.

- Fabiana, você ta perdendo a noção do ridículo – falei me exaltando também. Mais essa agora! - Você não vai ficar ofendendo a Raquel na minha frente e sem propósito. Você esta ficando louca.

- Você vai defender ela é? Estava gostando? Eu sou uma idiota. Eu vim aqui para pedir desculpas e vejo isso. Tá certo Isabella, eu só não enfio a mão na sua cara pra não perder o resto da minha dignidade.

- Você não é nem louca de fazer isso, aqui Fabiana. Eu não vou deixar.

- Já mandei você ficar quieta senão eu vou perder a cabeça com você.

- Deixa ela Raquel, ela ta louca e se ficar dando ibope ela não para – falei sentindo todos os músculos do meu corpo tensos. Fabiana jamais havia chegado a uma cena tão baixa.

- Eu to louca sim e você não sabe do que eu sou capaz. Fica ai com essa vadia porque eu não tenho mais nada pra falar com você - finalizou Fabiana batendo em retirada.

Fiquei vendo Fabiana sair do estúdio transtornada. Passei as mãos nos cabelos com ímpetos de pegar qualquer coisa e jogar no chão. Raquel assistia meu nervosismo e não interferiu. Ela me conhecia o suficiente para não interferir.

- Desculpa por isso Raquel. Desculpa também pelos clientes dessa tarde. Eu vou atrás da Fabi – falei indo em direção a porta.

- Nesse estado não vai ser uma boa coisa. Ela pode fazer alguma coisa com você.

- Imagina – falei tentando mostrar um sorriso – Fabiana é do tipo de cão que não morde. Ela sabe que se ela levantar um dedo pra mim eu acabo com ela. E outra, sou totalmente contra violência.

- Espera um pouco mesmo assim. Vocês não vão conseguir conversar. Dá um tempo para vocês.

Assenti com a cabeça saindo da sala de Raquel. Andei até o grade do terceiro andar do lado da vinte e três e vi Fabiana saindo da galeria dando um chute em uma caixa de papelão no meio fio. Sai correndo atrás da minha mochila e desci correndo em direção a estação do Anhangabaú. Poucos minutos depois já estava dentro do metrô encostada em um canto pensando no que estava acontecendo. Se tudo ficasse bem agora, seria o problema de amanhã que nos separaria. Olhei para as pessoas vendo em cada rosto os belos olhos cor de mel que eu adorava. E que eu teria que deixar para trás. Não precisava passar por isso mais. Nunca havia precisado. Nosso amor estava se transformando em um amor doentio. Não queria terminar uma relação odiando Fabiana, mas era o que aconteceria se continuássemos juntas.

Desci na Penha fui caminhando até em casa. No meio do curto trajeto parei em uma padaria e comprei uma cerveja. Bebi lentamente olhando para o nada, deixando lagrimas de frustração banhar o meu rosto. Depois de um tempo levantei e sequei as lagrimas retomando o caminho de casa. Eu já sabia o que deveria ser feito há muito tempo. Só não tinha tido coragem para isso.



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Capitulo 6

[27/01/12]

Capitulo 06: Fabiana

Peguei as chaves e sai de casa completamente transtornada. Isabella não podia ter feito aquilo. Me deixar na inocência enquanto a Amanda dava em cima dela. Ela deveria ter me contado desde o começo, porque assim eu poderia encontrar uma forma de não machucar tanto o Pedro. E o pior, no momento mais importante da nossa vida. Fui até um bar perto de casa mesmo, não queria demorar muito porque teria que resolver o problema com o Pedro logo cedo. Minha vontade era ligar, mas achei que não era o melhor momento, tanto ele quanto eu, nós precisávamos esfriar a cabeça para decidir como seria dali pra frente. Pensei muito no momento em que eu e Isabella estávamos. Não conseguia encontrar cumplicidade nas nossas conversas. Isabella há muito tempo não pedia minha opinião para as coisas, fazia tudo da forma que ela queria. Por mais que eu admirasse essa espontaneidade dela, para alguns assuntos acho que eu deveria participar.

Voltei para casa por volta das onze da noite. Isabella não estava em casa, peguei o celular e não tinha nenhuma ligação. Tomei um banho demorado. Desci para o bar ainda de toalha, peguei uma dose de uísque e subi. Peguei o violão e tentei dedilhar alguma coisa, mas me perdi em pensamentos. Era quase uma hora da manha quando Isabella chegou, senti o cheiro de cigarro nela. Fizemos varias promessas uma para outra e todas elas estavam se perdendo com o passar do tempo. Logo ela saiu do banho e não me dirigiu a palavra. Desceu e passou a noite no sofá. No meio da noite desci e fui ver se ela iria dormir na cama. Ela estava linda dormindo. Parecia até a minha Isa que eu tanto amava, mas conforme eu olhava para ela, só conseguia pensar que eu não a conhecia mais. Passei o resto da noite em claro e decidi que não queria mais essa vida para nós. Então o mais certo a se fazer era terminar. Adormeci pela manhã.

Quando acordei passei a mão na cama e Isabella não estava. Levantei e desci, mas ela já havia saído para trabalhar. Logo minha decisão de terminar veio por terra. Não poderia permitir que nosso casamento acabasse assim. Sempre acreditei que quando existe amor tudo se supera. E nosso amor era grande o suficiente para aprendermos a melhorar. Me arrumei com esmero. Coloquei uma calça jeans preta, com uma camiseta polo branca coloquei um casaco preto e arrumei meu cabelo. Passei um perfume que ela tinha me dado de presente e ela adorava quando eu o usava e sai para encontrar minha amada. Iria fazer surpresa pra ela no seu trabalho. Pedir desculpas e propor a ela mudanças; eu a amava demais e faria de tudo para tê-la sempre ao meu lado. Peguei a moto de Isabella, para ir mais rápido. Demorei vinte minutos para chegar, entrei na galeria e fui direto para o estúdio. Quando entrei não encontrei ninguém na recepção. Fui até a sala de Isabella e ela não estava lá, então fui até a sala de Raquel. Entrei e vi a pior cena da minha vida. A minha Isabella beijando a cachorra da Raquel sobre uma mesa.

- Eu sabia! Eu sabia que essa vadia estava afim de você!

- Fabi! Para com isso. Não estava acontecendo nada demais.

- Eu atrapalhei não foi?

Discutimos alguns minutos e sai. Não tinha mais nada o que falar. Já tinha visto o suficiente, Isabella estava me traindo com aquela vadia da Raquel.

Peguei a moto e sai feito uma louca pela rua, quase atropelei uma senhora ao passar o farol vermelho. Mas também só me faltava isso. Fui para casa e demorei quase uma hora, não conseguia acertar o caminho da minha própria casa.

Quando consegui chegar em casa encontrei Isabella fazendo as malas.

- O que você esta fazendo? –perguntei incisiva a Isabela.

- Não esta vendo? Estou fazendo as malas, acho que não preciso desenhar pra você. Tudo tem limite. A essa altura do campeonato ter um pite no meu trabalho por causa de ciúmes? Nós duas sabemos que isso não está dando certo e que esse seu ataque ciúmes foi sem propósito.

- Sem propósito? Aquela vagabunda vive dando em cima de você e você fica se fazendo de desentendida. Só que eu sei que você tem um caso com ela. Vocês devem é dar risada da cara da otária aqui! – exclamei com os olhos cheios de água.

- Você é louca? Também não tenho mais que me explicar. Nosso casamento ha muito tempo acabou, nós que não tínhamos percebido. – falou Isabella abaixando o tom de voz – eu não quero te odiar, como estou te odiando agora, por isso estou indo embora. Para que um dia eu possa poder olhar na sua cara. Porque depois da vergonha que você me fez passar, acho que até meu emprego eu perdi por causa dessa sua loucura.

- Você quer ir embora? Pode ir, mas uma coisa eu te digo: você não vai ficar com aquela vadia – gritei com Isabella – pensa muito bem no que está fazendo, porque se você sair por aquela porta nunca mais você volta.

- Eu não tenho que pensar. Agora espero que você pense no que fez. Para mim acabou naquele momento que você gritou com a MINHA CHEFE –pegou a bolsa, olhou em meus olhos e saiu batendo a porta.

A única coisa que conseguia pensar naquele momento é que Isabella tinha ido embora e preferido ficar com aquela mulher vulgar. Eu não conseguia entender como que um casamento de cinco anos acaba por causa de uma aventura, tínhamos problemas, como todo casal normal tem, mas me trocar assim por nada? Eu nunca imaginei que ela fosse capaz de fazer isso.

Eu não contente com nossa briga ainda tive que ligar e dizer uma ultima coisa pra ela. Eu tremia de raiva, peguei o telefone e disquei. A primeira vez ela desligou sem me atender, tentei mais uma vez e outra e outra até que ela me atendeu.

- Fala, o que você ainda quer comigo? – me disse irritada com minhas insistências

- Só tenho uma ultima coisa pra te falar – respondi tentando não demostrar que estava chorando.

- Então diga de uma vez.

Quando percebi sua frieza, respirei fundo para parar de chorar e disse.

- Você nunca mais vai encontrar uma mulher como eu, sempre fui tudo pra você abri mão de muita coisa da minha vida por você, minha família, amigos, até minha cidade que eu tanto gosto eu troquei por você e não deu valor, pois agora eu vou fazer tudo aquilo que nos últimos anos eu não fiz, vou me divertir, vou curtir a vida serei feliz e você, quero que você seja muito infeliz com aquela vadia – depois desliguei.

Peguei uma garrafa de tequila que havia comprado há alguns dias pensando em abrir em um momento especial com Isabella e pensei que não haveria melhor momento pra eu abri-la. Enchi um copo e virei, o álcool desceu rasgando na minha garganta o calor subiu da minha garganta até minhas narinas e logo veio a vontade de vomitar. Tequila sempre fez isso comigo, mas adorava bebe-la. Enchi mais um copo e virei outra dose as mesmas sensações de novo e de novo. Três doses foram o suficiente para começar a me deixar bêbada, mas pra mim não era o suficiente, já no meu quarto deitada sobre a cama decidi fazer uma coisa que já fazia muito tempo que não fazia. Havia prometido pra Isabella que nunca mais faria peguei a agenda e lá estava na letra R, RATÃO... Ratão era o nome de um traficante conhecido meu da noite.

- Alo... Ratão.

- Fala Fabi Pontes... Ficou famosa e esqueceu dos amigos dos tempos difíceis, encontrou um fornecedor melhor? – ele sorriu.

- Imagina garoto não estava mais nesses baratos, só que hoje estou precisando dos seus serviços ainda trabalha com entregas?

- Não moça as coisas estão meio difíceis por aqui, não consigo encontrar gente competente para o serviço. Todos que eu arrumo são pegos e eu estava perdendo muito dinheiro com isso, aqui no gueto se houver batida eu consigo me esconder né gata. – mais uma vez ele riu

- Mas nem pra uma velha amiga você conseguiria fazer um favor, não estou a fim de sair de casa estou com uns problemas e quero esquecer. Quebra essa pra mim vai – disse insistido com ele

- Ta bom gata, não consigo negar nada pra você faz anos que não nos vemos mais. Sabia que um dia você voltaria a me procurar... de quanto você precisa? Tenho umas coisas novas aqui também que quiser diferenciar.

- Não... quero o de sempre, me manda seis pinos dos bons daqueles que você esquece até quem é. Sabe do que eu estou falando né, e, por favor, capricha eu pago mais caro se for preciso.

Peguei a carteira pra saber quanto eu tinha, tinha quinhentos reais daria e sobraria. Não queria sair de casa nem pra pegar dinheiro por mais que eu soubesse que se eu quisesse poderia pagar pra ele depois. Eu nunca quis ficar devendo pro ratão, sabia o que ele fazia com as pessoas que atrasavam ele. Eu nunca atrasaria também, mas é melhor prevenir do que remediar.

- Seis... não tá pensando em se matar ne gata? – perguntou assustado, ele sabia que o meu costume da época era no máximo dois.

- Não se preocupe não estou pensando nisso mesmo por que jamais faria isso, só quero me divertir e esquecer que esse dia aconteceu.

- Ta, aonde eu levo? Você mora no mesmo lugar? E aquela sua mulher não vai pesar não né?- perguntou desconfiado.

- Sim estou morando no mesmo lugar, e não se preocupe com ela, ela morreu. –Respondi com mais raiva por ele ter falado em Isabella.

- Sinto muito, não sabia - disse com surpresa.

- Não sente, porque eu não sinto.

- Garota porque tanta raiva nesse coração, isso é muito ruim – disse preocupado.

- Qual é Ratão ta dando consulta também? Pois esse serviço eu não to precisando!

- Iii gata não precisa se irritar só quero ajudar.

- Você quer me ajudar, faça o seu trabalho pra isso que eu vou pagar e sei que muito caro.

- Ta certo, não precisa morder! O serviço vai ficar em duzentos reais, o pacote, o transporte e a malcriação também vai custar.

- Ta me zuando? Você que esta se intrometendo no que não é da sua conta e eu ainda tenho que pagar? faça o favor né. – disse brava não estava acreditando no que ele estava falando.

- Pois agora fica duzentos e cinquenta, se você não quiser pode procurar outro não me importo.

-Ta certo, não vou discutir manda mesmo assim, mesmo porque eu não tenho mais ninguém a quem eu possa confiar eu sei que você vai continuar discreto.

Desliguei o celular e voltei a beber em meia hora ouvi a campainha tocar. Abri a porta e era o próprio Ratão ele disse que tinha vindo pessoalmente só pra poder me ver. Fazia muito tempo que não nos víamos e ele queria matar a saudade. Perguntei se ele queria dar uma, mas ele recusou disse que eu estava precisando mais que ele, para me acalmar. Paguei ele me despedi e fechei a porta me encaminhando para a mesinha de centro da sala de estar. Abri o pino e despejei ele todo, separei e fiz cinco fileiras com o pó branco. Parei um minuto para pensar e logo vi a imagem de Isabella e Raquel se abraçando, não pensei em mais nada fiz um canudo com uma nota de dez reais e cheirei todas as cinco fileiras. Bateu no meu cérebro e logo veio a sensação que há muito tempo eu não sentia, comecei a ficar zonza, achei que tinha exagerado, mas não me importava. Estava conseguindo o que eu queria entrar em estado de dormência no corpo e na mente. Sentei no sofá e deixei a brisa pegar, bebi mais um gole de tequila e fiquei lá sentada olhando pro teto com os olhos cheios de lagrimas devido a química que acabava de enfiar no meu nariz. De repente comecei a me lembrar de quando eu e Isabella nos conhecemos. Eu estava fazendo uma apresentação aqui em São Paulo em um barzinho na Vila Olímpia. Eu estava cantando O Tempo do Reação em Cadeia, ela me olhava com aquele olhar de mistério que só ela conseguia ter com os dedos no rosto, cotovelo apoiado na mesa, logo fiz uma pausa para beber água e ir ao banheiro dar mais uma cheirada. Quando voltei ela não estava lá, olhei ao redor e não a encontrei sai a sua procura e ela estava no bar pegando algo para beber cheguei perto e disse.

- O que você está bebendo? –perguntei olhando nos seus olhos.

- Agora nada – ela deu risada - minha bebida ainda não chegou - mais uma vez ela riu

- A sim, percebi então vou reformular a pergunta. O que você pediu pra beber? – Dei um sorriso sacana e fiquei aguardando ela me responder.

- Eu pedi um Martini, adoro e quando eu saio só bebo isso.

- Só perguntei o que você pediu pra beber não o que você bebe com frequência!!! – disse dando um troco pela grosseria.

- Nossa, como você é grossa. Bom mais se era isso foi um desprazer – estava vermelha de raiva.

- Desculpa não queira ser grossa, mas na verdade você foi grossa comigo primeiro não podia deixar essa passar. Mas enfim, Carlos me dá uma dose de Martini e o da moça aqui é por minha conta – falei ao garçom que logo veio para me atender.

- Não precisa pagar minha bebida, não te pedi isso e não estou aqui atrás de caridade. – disse olhando no fundo dos meus olhos, mas que olhos eram aqueles tão misteriosos quanto mais eu olhava para eles mais queria descobrir o que eles escondiam.

- Calma eu não estou querendo te deixar irritada, se bem que você fica linda irritada. Só quero me desculpar pela minha grosseria acho que não começamos bem meu nome é Fabiana Pontes e o seu qual é? – perguntei e fiz uma cara que só eu faço, não sei explicar como que é só sei que dá certo sempre.

- Bom Fabiana Pontes o meu nome não te interessa, mas acho que você está atrasada, a sua banda está tocando sem você.

- Nossa como você é difícil, mas tudo bem eu te dobro - falei pegando minha bebida e sai.

Voltei ao palco e voltamos a nos apresentar. Sempre adorei as apresentações em São Paulo, o povo daqui sempre foi muito caloroso. Eu pegava fogo no palco, cantava de tudo de sertanejo a rock, mas era cantando mpb que eu consegui pegar mais mulheres. Não sei porque mais as sapas adoram uma Ana Carolina da vida e isso era o que fazia de melhor. Mas aquela mulher tinha algo de diferente e eu tinha que dobrar ela então pra finalizar o show decidir cantar uma composição minha que falava de uma mulher misteriosa, achei que ela era perfeita para aquela mulher que estava mexendo comigo a noite inteira. Pedi desculpas a pessoas presente por mudar o repertorio de ultima hora, expliquei que cantávamos musicas conhecidas, mas que queria fazer algo diferente por isso iria cantar uma composição minha. Disse para a banda qual musica era e comecei.

- O nome da musica é Seu Mistério – falei para os presentes

Não se sabe onde e nem por que.

Mas essa noite me vi apaixonada por você...

Não havia visto ela a serie inteira depois do nosso encontro no bar, mas quando comecei a cantar ela apareceu entre as pessoas e chegou em uma mesa perto do palco, peguei minha guitarra e continuei. Cantei, gritei me acabei. A cada lugar do palco que eu ia seus olhos me seguiam, ao fim da musica desci do palco com minha guitarra em punho, parei na sua frente e fiz um solo olhando bem no fundo dos seus olhos sem desviar, que modéstia parte fazia muito bem. Ela contribuiu ao meu olhar terminei o solo e quando a banda terminava o arranjo me virei e sai em direção ao palco, mas algo me fez parar eu sabia que se eu não fizesse nada nunca mais a veria. Algum tempo depois ela me confessou que minha atitude foi fundamental para estarmos juntas. Me virei de novo para ela coloquei minha guitarra nas costas fui em sua direção e parei de novo. O que me estranhava é que ela nem sequer se assustou ao meu movimento, continuou fixada em meus olhos, agarrei seu rosto e a beijei, sim a beijei como se nunca na minha vida tivesse beijado ninguém. Só ouvia as pessoas no fundo gritando e o baterista batendo nos pratos alucinado. Nos beijamos por alguns segundos de repente parei ainda segurando seu rosto olhei nos seus olhos e disse.

- Eu disse que ia te dobrar ... – soltei e fui em direção do banheiro para cheirar mais.

Me dei por mim ainda estava sentada olhando pro teto, e percebi que eu estava lembrando demais uma coisa que eu queria esquecer, foi quando abri mais um pino e despejei na mesa fiz mais cinco fileiras e cheirei. Olhei para a garrafa de tequila e ela já estava vazia, fui até o bar e peguei uma garrafa de vodca que estava pela metade, não gostava de vodca, mas era a única coisa mais forte que tinha. Liguei o som e a droga do radio estava tocando a musica que eu cantava quando vi ela pela primeira vez. Revoltada, fui atrás da droga que estava encima da mesinha e abri mais um pino cheirei ele todo. Comecei a me sentir do jeito que queira deitei no chão e tudo rodava e já não pensava em mais nada. Não contente abri mais um pino e fiz algumas fileiras, não cheirei todas apenas metade. Percebi que estava exagerando como eu disse não queria me matar só esquecer. Fui até o quarto e acabei dormindo, muitos dizem que quando se cheira a gente fica pilhado, mas quando se cheira uma grande quantidade de uma vez você acaba apagando. Acordei de manha, o sol batia em meu rosto. Nossa como minha cabeça doía puta que pariu! Não lembrava de nada tirei forças não sei de onde e me levantei, fui até o banheiro joguei uma agua no rosto. Sai à procura de Isabella e não a encontrei, passei pela sala e vi encima da mesinha alguns pinos e cocaína. Peguei eles e voltei ao banheiro sentei no vaso e comecei a me lembrar de tudo que havia acontecido e o que eu tinha feito. Voltei para pia e abri um pino de cocaína, não posso mentir foi uma tentação, mas me lembrei que eu na verdade não queria mais isso pra minha vida e joguei todo conteúdo fora um atrás do outro. Joguei os frascos no lixo e fui tomar banho, fiquei lá exatamente duas horas. Parecia que queria me limpar de tudo, do álcool, da droga e principalmente de Isabella até que ouvi a campainha tocar, minha cabeça parecia que ia explodir, me enrolei na toalha e fui abrir a porta, quando abri era Isabella.



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Capitulo 7

[31/01/12]

Capitulo 07: Isabella

Sai de casa jogando a pesada mochila nas costas. Peguei o caminho do metrô e segui a passos largos tentando achar alguma direção na minha vida. Durante cinco anos todos os meus caminhos sempre me levaram até Fabiana, mas agora precisava encontrar uma estrada que não terminasse nela. Entrei no vagão e sentei num banco deixando novas lagrimas banharem meu rosto. Eu não sabia o que faria dali pra frente, mas sabia que tinha que continuar minha vida sem ela. Eu nunca tinha pensado em como seria minha vida se Fabiana me deixasse. Acreditava piamente que tudo era para sempre. Que sempre teria ela do meu lado independente da situação que fosse e agora isso. Não tinha um rumo. Ela sempre tinha sido meu rumo.

Desci na estação da Sé e fiquei encostada em uma mureta pensado no que ia fazer. Naquela hora da tarde o lugar fervilhava de pessoas saindo de seus trabalhos e indo para casa, onde tinham pessoa que as esperavam. Eu não tinha ninguém me esperando. Eu não tinha nem sequer um lugar para ir. Peguei o telefone e liguei para Luciana, uma ex que morava sozinha no centro.

- Oi gata – falei assim que escutei sua voz - Preciso da sua ajuda.

- O que aconteceu Bella? – perguntou preocupada.

- Depois eu te falo. Posso passar a noite ai?

- Claro! Você brigou com a Fabiana?

- Terminamos. Eu estou aqui na Sé. Acho que em dez minutos estou ai.

- Tá. Estou te esperando.

Desliguei o telefone e peguei o metrô sentido Barra funda e desci no Anhangabaú. Sai sentido Nove de julho e em menos de cinco minutos estava na kit de Luciana.

- Não vou te atrapalhar anjo? – perguntei assim que a vi – sua mulher pode não gostar.

- To sozinha. Entra ai – respondeu a morena abrindo um sorriso – quanto tempo! – finalizou me abraçando.

- Bastante – respondi largando minha mochila no chão – você parou de falar comigo depois que começou a namorar.

- Você sabe que a Angélica morria de ciúmes de você. A Fabiana também nunca foi com a minha cara.

- Verdade. Mas ela não vai ficar brava se souber que passei a noite aqui?

- Terminamos no mês passado. Tudo tem limite.

- É. To nesse mesmo barco. Terminei com a Fabi hoje – falei me jogando em um pufe num canto.

- Por quê?

- Você acredita que ela teve um piti lá na galeria? Com ciúmes da Raquel.

- Fala a verdade. A Fabiana é muito ciumenta não é?

- Demais. Pra mim deu.

- E o que você vai fazer? – perguntou Luciana indo até a geladeira pegando duas cervejas me entregando uma.

- Não sei. Vou pensar essa noite, tentar raciocinar com um pouco de logica. Foi tudo muito rápido.

- Se você quiser pode ficar aqui até tudo se ajeitar. Vai ser bom ter uma companhia. Até porque tenho certeza que vocês vão voltar.

- Não vamos mais voltar. Eu não quero mais e você sabe que quando eu termino não tem mais volta.

- Sei bem. Mas seja lá qual for a sua decisão pode contar comigo.

- Obrigada. Eu to com fome. Tem alguma coisa para comer ai?

- Vou fazer um macarrão. É rápido.

- Eu te ajudo – respondi me levantando – mas e ai? Tá sozinha?

- To. Curtindo a vida e a liberdade.

- Corta essa. As sapatão dessa cidade tão doida de te deixar sozinha.

Segui Luciana até a cozinha e fiquei observando-a da porta enquanto ela se virava de um lado para outro dentro da minúscula cozinha. Já fazia mais de dez anos que eu a conhecia. Luciana tinha sido minha segunda namorada, quando ainda contava com meus dezoitos anos. Adorava seus cachinhos negros e seu sorriso sapeca. Namoramos apenas por oito meses até descobrirmos que éramos ótimas amigas. Durante muitos anos ela havia sido minha melhor amiga e confidente. Depois veio Fabiana e Angélica e nossa amizade esfriou um pouco, mas não o suficiente para nos afastar de vez.

Ficamos até tarde conversando deitadas na cama. Luciana possuía apenas uma cama de casal, me ajeitei na beirada e logo senti sua cabeça repousando sobre meu braço. Falamos sobre tudo o que acontecera na nossa vida desde que nos afastamos, mulheres, trabalho. Luciana dormiu beirando duas da manhã e eu passei a noite em claro pensando em Fabiana. Na manhã seguinte confirmei com Luciana que ficaria com ela até me estabelecer novamente. Logo depois ela saiu para o trabalho e eu me vesti para ir buscar minhas coisas na casa que até a manhã passada havia sido minha também.

Não demorou para que logo eu estivesse plantada na frente do portão. Pensei por alguns minutos antes de inserir minha chave na fechadura. Toquei a campainha para verificar se ela estava em casa e fiquei esperando na porta. Aquela não era mais minha casa então não podia fazer uso da chave da porta. Demorou poucos minutos até Fabiana aparecer enrolada numa toalha. Fiquei olhando para ela durante um tempo. Como eu a amava. Era intenso, forte. Doentio.

- Posso entrar? - perguntei tirando os óculos escuros.

- Essa casa também é sua, Isa – ela me respondeu voltando para dentro da sala deixando a porta aberta.

- Eu vim pegar minhas coisas – falei observando a bagunça que estava na sala – não vou demorar muito.

- Pra onde você vai? – perguntou parando no pé da escada.

- Não faz muita diferença agora. Você sabe onde me encontrar.

- Junto com a Raquel, não é? – perguntou Fabiana com um sorriso cínico – vai morar com ela agora?

- Isso não importa Fabi. Também não vim aqui bater boca com você. Só vou pegar algumas coisas minhas e vou embora.

- Pode ficar com a casa. Eu to saindo fora.

- Eu já tenho um lugar – falei subindo as escadas – não vamos discutir isso. Só vou pegar a moto.

- Porque você está fazendo isso com a gente, Isa? – perguntou Fabi com os olhos marejados vindo atrás de mim – aqui é sua casa. Nossa casa. Você acha que a Raquel vai ser mulher...

- Esse é o seu problema Fabiana – cortei com raiva - Você não confia em mim. Você confia mais nos seus amigos do que em minha palavra. Na boa. Cansei disso.

- Já faz um bom tempo que você está cansada de mim não é mesmo? Você só estava esperando a oportunidade de sair fora desse casamento.

- Que perola Fabiana! – exclamei com uma palma – eu maquinei tudo direitinho na minha cabeça pra você me flagrar fingindo que estava comendo a Raquel encima da mesa para ter um bom motivo para terminar.

- Você não fez muito esforço para esse fingimento!

- Claro que não. Da mesma forma que não tive que fazer muito esforço para que a Amanda desse em cima de mim. Ai quando eu te contasse você ia acreditar nos seus amigos inseparáveis do peito. Mais um bom motivo para terminar esse casamento de mentirinha não é? – falei aos gritos – sinceramente Fabiana! Cresce!

- Você acha que eu estou errada? – perguntou exaltada também – eu te pego aos beijos com sua chefe e eu estou errada?

- Não... Você não está errada – falei abrindo o guarda roupas jogando as peças sobre a cama – Eu sou a errada. Errada por estar tendo essa conversa com você, errada por ter deixado nosso casamento chegar a esse ponto. Já era para termos parado com essa besteira faz tempo!

- Nosso casamento era uma besteira? Todo o tempo da minha vida que dediquei a você, minha família que deixei pra trás por você e você me diz que estávamos vivendo uma besteira? Tá certo Isabella. Vamos acabar com essa besteira. Quem não te quer mais sou eu.

Fabiana saiu do quarto batendo a porta e eu joguei algumas roupas dentro de uma bolsa de qualquer jeito para sair logo dali. Depois de tudo pronto olhei ao redor pensando em tudo o que tínhamos vivido dentro daquelas paredes. Aquelas lembranças ficariam para sempre dentro da minha memoria, mas era hora de seguir adiante. A vida continuaria sem ela. Coloquei uma jaqueta e peguei o capacete indo em direção a sala. Fabiana estava parada perto de uma janela olhando para a rua.

- As chaves estão aqui no bar – falei colocando o molho sobre o móvel – depois eu venho buscar o resto. Não vou te atrapalhar mais.

- Pode ficar com as chaves. Eu vou sair desse lugar. Não quero ficar aqui – ela me respondeu sem olhar pra mim – eu vou para o apartamento do Fernando.

- Não vou ficar aqui Fabi. As chaves estão ai. Qualquer coisa me liga. Depois temos que conversar sobre algumas coisas práticas.

- É assim que termina um casamento de cinco anos? – Fabiana perguntou se virando para mim. Algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto.

- É assim que tem que ser. Talvez algum dia sentaremos em alguma mesa de um bar qualquer com nossas respectivas namoradas e vamos rir disso tudo, mas por hora é melhor assim – respondi chegando perto – eu te adoro e só quero o seu bem. Nós seremos melhores separadas. Não quero te odiar. Nunca conseguiria isso.

- Eu não consigo dizer a mesma coisa – respondeu se desviando quando cheguei mais perto – espero que você e a Vagabunda da Raquel sejam muito, mas muito infelizes.

- Eu espero que você seja feliz. Independente de onde seus passos te levem, só quero o teu bem – finalizei saindo porta afora.

Encaixei a bolsa na garupa da moto e coloquei o capacete. Dei uma ultima olhada para a casa onde havia passado meus últimos quatro anos e sai rua abaixo. Tratei de engolir minhas lagrimas e peguei o caminho do centro. Meia hora depois estava na kit colocando a bolsa em um canto. Arrumei tudo com pressa e sai para a galeria. Desde o dia anterior quando sai atrás de Fabiana não tinha voltado lá. A vantagem de ficar na casa da Luciana era o tempo que gastaria até o trabalho. Menos de dez minutos caminhando já estava na galeria do rock.

- A Raquel está ai? – perguntei para Rafael, colega do estúdio, que estava na frente da Galeria.

- Tá lá dentro. Tá tudo bem? – perguntou desconfiado.

- Agora tá tudo bem. Eu vou lá falar com ela. Valeu cara.

Subi as escadas até o segundo andar torcendo para que ela não estivesse brava. Não podia perder o emprego agora. Tinha certeza que estava na corda bamba com ela.

- Raquel – chamei tirando-a do devaneio.

- Oi Isa – ela exclamou levantando os olhos – como é que você está?

- Eu estou bem. Terminei com a Fabi.

- Não acredito! Vocês não conversaram? Chegaram a um acordo?

- Não... – respondi me apoiando na mesa – não dava mais para aguentar as neuroses dela. Quero que me desculpe por ontem.

- Não tem nada a ser desculpado. Não foi culpa sua.

- De certa forma foi. Eu permiti que toda a situação chegasse a tal ponto.

- Não esquenta. O que você vai fazer agora?

- To morando com uma amiga aqui no centro. Por enquanto é provisório. Até eu me acertar.

- Tá certo. Vai continuar comigo né?

- Você ainda me quer aqui?

- Claro que sim. E daqui a um mês no máximo, no nosso estúdio.

- Com certeza. Obrigada – respondi puxando sua mão para depois dar um abraço – você não faz ideia de como isso é importante pra mim agora.

- Imagino, sócia. Agora temos que pensar no nome do nosso estúdio. Tenho um que não quero recusa.

- Qual é?

- Rabella`s Tatoo.

- Rabella. Defina.

- Ra de Raquel e Bella de Isabella.

- Perfeito. Sem recusa. Rabella`s tatoo. O estúdio mais bombado de São Paulo.

- To contando com isso. Não me desaponte.

- Jamais.

Sai da sala com um sorriso bobo, indo guardar minha mochila. Como todo inicio tudo era novo pra mim. Teria que aprender a me portar como dona do estúdio e não como uma tatuadora de um estúdio qualquer e teria que reaprender a vida de solteiro. Essa ultima parte não seria difícil para uma pessoa que amava baladas, mulheres e álcool.



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Capitulo 8

[03/02/12]

Capitulo 08: Fabiana

Um ano depois...

- Cinco minutos Fabi – Disse Fernando me acelerando para entrar no palco.

- Pode deixar gato, você sabe que sou profissional – respondi dando um sorriso sacana – e olha depois comemoração. Você tem que ir.

- Você sabe que não posso, mas vou dar um jeito.

- Tudo bem. Faz uma força beleza.

- Já disse vou tentar.

Esse show era muito importante para minha carreira. Iriamos gravar nosso primeiro DVD da nova turnê. Estava fazendo um ano de carreira com todas as musicas lançadas e fazendo super sucesso. Nunca imaginei que tudo seria tão rápido como foi. Assinamos o contrato, gravamos o primeiro cd, logo nas primeiras semanas já era sucesso absoluto, fiz vários shows todos eles com lotação máxima, ganhei muito dinheiro. Não o bastante, mas o suficiente para ter uma boa vida e dar uma boa vida para minha família.

Logo ouvi o som dos instrumentos. Era minha hora de entrar, estava tão feliz que aproveitei ao máximo a apresentação. Falei muito com o publico e agradeci muito também tanto por estarem lá mais uma vez e por todo apoio que eles vinham me dando nesse um ano de carreira. E como era minha noite é obvio que teria que escolher minha diversão para a noite. E lá estava ela, uma menina linda que gritava o meu nome em frente ao palco. Tão linda que eu tinha que dar uma chance de estar um pouquinho mais perto da sua artista preferida, ou seja, eu. Apontei para o segurança, como de praxe ele já sabia do que eu estava falando. Logo vi ele conversando com ela e pouco depois a retirando da plateia.

O show terminou como sempre foi maravilhoso. Fui para o camarim e lá estava ela linda toda nervosa sentada em uma cadeira próximo à parede.

-Olá, tudo bem? – disse indo em direção a ela, que logo se levantou tremula.

- Tudo, nossa eu não acredito que eu estou aqui. Meu deus, isso é um sonho?- respondeu toda sorridente

- Não, isso não é um sonho. Mas pode se tornar. Vai depender de você.

- Como assim? – perguntou passando as mãos nos cabelos loiros compridos.

- Bom, primeiro qual é o seu nome? – perguntei

- Larissa – respondeu com uma voz tímida.

- Muito prazer, Larissa. Teremos uma comemoração no hotel onde estou hospedada. Gostaria de me acompanhar? Eu ficaria muito honrada se você aceitasse. – Parei por um minuto para aprecia-la melhor.

- Claro, seria um prazer. Ai droga, não posso ir, estou com um casal de amigas não posso deixar elas aqui, porque elas não conhecem a cidade –respondeu com um tom de desespero.

- Não seja por isso, elas também podem ir – falei segurando suas mãos. Mas só tem uma condição. Eu quero ver esse sorriso lindo a noite inteira. Fechado?

- Sim, pode deixar - respondeu dando um lindo sorriso sapeca.

- Então vamos fazer o seguinte, tenho que receber alguns fãs e um pessoal da imprensa, enquanto isso vou pedir pra um dos meus assessores para te acompanhar pra buscar suas amigas e depois vocês vem para cá e ficam aguardando. Tudo bem? Só vou pedir mais um favor gostaria da discrição de vocês ok? – perguntei fitando seus olhos.

- Claro, pode deixar seremos totalmente discretas – respondeu assentindo com a cabeça.

- Então até daqui a pouco – falei dando um beijo em seus lábios.

- A...até...até. – respondeu surpresa.

Chamei uns dos assessores e lhe informei o que deveria fazer e pedi para avisar ao Fernando que eu estaria pronta para receber as pessoas em dez minutos. Logo eles saíram e eu me sentei em um sofá que tinha no camarim, tomei um copo com água e coloquei a cabeça para trás só para descansar um pouco. E mais uma vez me veio a imagem de Isabella, era para ela estar ali e ela trocou tudo por nada. Não a via já fazia um ano, desde o dia que ela saiu de casa com suas malas e eu decidi nunca mais procurar ela. Tinha que manter meu orgulho. Algumas pessoas vinham me falar dela e eu não dava importância. Tínhamos amigos em comum, mas elas sempre me preservavam em relação a esse assunto. Não queria me lembrar dela, mas sempre acabava me lembrando em momentos como esse que estava sozinha. Eu a amava demais, mas esse amor acabou se tornando em rancor e ódio. Não queria o mal dela, só não queria saber dela. Mesmo porque o seu bem estar não era mais da minha conta. Ela tinha escolhido esse sentimento. Então que ela que se danasse longe de mim. Segui minha vida, e vivi momentos maravilhosos e importantes. Mas também me tornei uma pessoa fria. Nesse um ano tive varias mulheres, uma mais linda que a outra, mas não me envolvi com nenhuma. Porque não queria sofrer nunca mais o que sofri com Isabella. Então para não sofrer decidi não amar mais. Eu escolhia a garota que queria passava a noite com ela e depois logo pela manha o motorista a levava para casa com a promessa de que ligaria. Mas isso nunca acontecia.

Logo ouvi batidas na porta.

- Fabi, está pronta? – perguntou Fernando abrindo a porta.

- Claro. Primeiro as fãs depois os jornalistas. – respondi me levantando e arrumando a roupa.

O camarim estava um borbulho cheio de pessoas que me amavam e pessoas que queria tirar algum proveito. Eu sabia lidar com todas elas com maestria.

- Fabi essa é a produtora que te falei – disse Fernando apontando para a mulher que estava a minha frente.

- Oi Fabiana meu nome é...

- Marisa Silva, muito prazer Fabiana Pontes

- Muito prazer Fabiana, vejo que me conhece.

- Sim depois que o Fernando me falou sobre você tive que fazer a lição de casa.

- Isso é muito bom, o Fernando disse para eu vim para te apresentar meu trabalho. Mas pelo visto acho que não preciso.

- Está contratada.

- Como assim, gostaria de me apresentar melhor. Que você fosse à produtora para saber melhor como eu sou.

- Bom Marisa eu fui com a sua cara e sobre o seu trabalho eu já conheço. Você é um ícone em produção, trás novas tendências e é disso que eu estou precisando. Quero sempre me renovar e você pode me ajudar nisso. Desculpe se eu sou muito direta, mas sou assim. Agora só falta eu te conhecer no pessoal, como amigas. Sabe? – falei olhando para Fernando.

- Sabe Marisa, a Fabi só trabalha com amigos. Ela diz que isso facilita muito as coisas.

- Sim, facilita. É mais agradável.

- Bom, podemos resolver isso então – falou Marisa com uma expressão de alegria no olhar.

- Então para começamos você pode ir na festa que teremos hoje no hotel, lá nos vamos nos conhecer melhor.

- Infelizmente, hoje eu não posso. Tenho um compromisso com a minha namorada.

- A não aceito não como resposta, chama sua namorada para ir também.

- Vou ver o que posso fazer, vou ligar para ela – falou Marisa pegando o celular - Alo, amor. Tudo bem?... Ta sim... a cantora nos convidou para uma festa de comemoração... Eu sei amor, mas você sabe como que é não sabe... Mas você não se importa se eu for? Ta bom, não vou demorar muito... te amo... Beijos... Fechado, mas não posso demorar – disse Marisa guardando o celular no bolso.

- Tudo bem então, mas da próxima vez. Quero conhece-la também. Estamos quase acabando aqui e nós vamos. O Fernando te leva. Tenho que voltar depois nos falamos mais – disse já saindo em direção aos repórteres.

Demorou uma hora para que terminar e saímos todos para o hotel, eu as meninas fomos no meu carro. Larissa sentou ao meu lado enquanto suas amigas sentaram atrás. Fomos o caminho todo conversando e trocando confidencias. Nada intimo é claro, não podia expor minha vida para qualquer um. Chegamos ao hotel rapidamente. Já estava tudo organizado no salão de festas. Uma decoração exótica, com plantas e flores por todos os lados. Muitas frutas inclusive para as bebidas. E boa parte dos convidados já estava a nossa espera, bem na verdade só faltava a nós mesmos. Eu, toda a minha banda e todos que participaram direta e indiretamente com a minha carreira estávamos muito felizes e iluminados. Sempre disse que o segredo do meu sucesso era as pessoas que trabalhavam comigo para que juntos fizéssemos a magica dos meus shows acontecerem. Não era só eu o ícone mais importante dessa noite, era também a minha família de coração. Cheguei com Larissa de mãos dadas e apresentei ela para os presentes como uma amiga. Chamei Larissa para dançar e enquanto dançávamos conversamos sobre as coisas que ela mais gostava de fazer. Depois fomos nos sentar para descansar um pouco beber algo. Não podia beber muito porque no dia seguinte iria participar de um programa de televisão e viajaria para fazer dois shows em estados diferentes.

Logo que sentei Larissa veio e se sentou em meu colo. Ela era toda delicada, me fazia caricias, me beijava. Sabia exatamente qual seria o seu papel naquela noite. Vi Fernando chegando com a produtora e os chamei.

- Demoraram – disse me levantando para recebê-los.

- Teve um pequeno acidente no caminho e por isso pegamos transito. Sabe como é São Paulo, não sabe?- perguntou Marisa correspondendo ao meu comprimento.

- Sim conheço muito bem, mas logo espero poder comprar um helicóptero para poder fugir do caos que é o transito de São Paulo. – Respondi parando um garçom para pegar uma taça de champanhe para Marisa.

- Tenho algumas perguntas para te fazer Fabiana – disse Marisa pegando a taça para logo se sentar.

- Posso responder todas as suas perguntas, mas não hoje. Acredito que todas as suas perguntas são sobre trabalho. A principio o que posso te dizer é que se você realmente quiser trabalhar comigo seu trabalho começa a partir de amanha.

- Sim, mas precisamos conversar sobre as coisas técnicas.

- Bom Marisa, conversaremos sobre tudo isso amanha. Eu gostaria que você viajasse conosco amanha para as apresentações que faremos ai conversaremos sobre essas coisas técnicas. O que posso te adiantar que não é sempre que você vai viajar com a gente, só no começo que será mais corrido. Pode dizer para a sua esposa para ela ficar despreocupada – disse dando um sorriso sacana.

- Não, ela não é minha esposa por enquanto só minha namorada. Mas espero que logo ela se case comigo – disse se explicando – mas você também já foi casada, não foi? Quem sabe você não possa me dar alguns toques.

- Como você sabe que eu fui casada? – perguntei espantada. Afinal ninguém sabia que eu era casada só o pessoal que trabalhava comigo.

- Ah eu também fiz minha lição de casa, quando se fica famoso toda a sua vida todo mundo sabe.

- Mas esse é um detalhe que ninguém sabia.

- Mas tem uma pequena nota no jornal sobre isso. Mas não se preocupe foi logo no inicio da sua carreira acho que ninguém sabe disso ou ao menos se lembra. Nem tinha o nome dela na matéria.

- Bom, isso é uma coisa que tenho que averiguar. Porque não quero nada sobre isso na mídia – falei me levantando exaltada.

- Calma, me desculpe não queria te aborrecer com esse assunto – disse assustada com a minha reação.

- Me desculpe você. É que essa pessoa não merece nada de mim muito menos uma pequena nota num jornal. Não é um assunto muito agradável pra mim. E faz exatamente um ano que não falo sobre isso. Um dia quem sabe eu te explico o que realmente aconteceu. O que posso te dizer é que ela era uma cachorra – falei me acalmando.

A conversa com Marisa estava tão agradável, tirando o fato dela saber sobre meu casamento. Nem percebi que Larissa tinha saído, pedi licença para Marisa e fui procura-la. Ela estava com suas amigas, estava toda sorridente como eu havia pedido. Perguntei a ela se queria da um volta e saímos para a sacada.

- Linda a decoração da festa aposto que tem seu dedo? – perguntou se encostando na parede ao lado da porta.

- Sim, como tudo o que diz respeito a minha carreira. Mas não tão linda como você – respondi cochichando no seu ouvido.

- Porque eu? – perguntou ela fitando meus olhos – de tantas mulheres que estavam naquele show, porque eu?

- Bom, uma pergunta difícil de se responder.

- Porque difícil?

- Porque se eu não responder o que você quer ouvir esse pode ser nosso ultimo momento juntas.

- Então é tudo calculado?

- Não, não é calculado. Eu não quero que essa noite se acabe agora. Então vou ser sincera com você.

- Nada menos do que eu espero.

- Porque achei você linda. Não sei se você percebeu, mas desde que eu entrei no palco eu te vi – respondi sabendo que era mentira – você pode até achar que estou mentindo, mas essa é a mais pura verdade. Só quero ter uma chance de te conhecer melhor.

- Bom, o que posso te dizer é que espero te ver amanha de manha.

- Isso é muito bom, muito bom – disse pegando seus cabelos suavemente para logo em seguida beija-la.

Pronto ela fisgou a isca. Agora era só ir pro abate. Entramos e ficamos por mais algum tempo. Me despedi de Marisa e disse pra Fernando pegar os dados dela para poder comprar a passagem para o viagem. Disse a ela que iriamos no fim da manha e voltaríamos no dia seguinte. E que queria conhecer sua futura esposa o quanto antes. Pedi para Fernando arrumar algum carro para levar as amigas de Larissa no hotel em que elas estavam e sai a francesa com Larissa.

Foi uma noite agradável, Larissa era uma menina meiga mais também muito safada quando queria. E que corpo era aquele. Transamos a noite toda. Foi uma das transas mais alucinante que eu tive, ela era insaciável.

Ela adormeceu pela manha em meus braços, logo arrumei um jeito de sair e ir para o quarto de Pedro.

- Bom dia – Disse logo que Pedro abriu a porta.

- Bom dia, mais uma né? Você não se cansa não garota? – perguntou Pedro ainda sonolento.

- Não e sabe por quê? Sexo sem compromisso é o melhor, sou incansável nesse quesito.

- Você é foda, ainda bem que eu não estava com ninguém.

- E Pedro você com alguém, parece uma virgem se guardando para o casamento.

- Para de loucura, você que dormir né?

- Sim, estou exausta e preciso descansar um pouco.

- Só tem o sofá.

- Qual é Pedrão vai me dar o sofá?

- Não mandei você passar a noite em claro.

- Ta certo, então faz uma coisa por mim pede para alguém levar a garota para casa dela. A mesma coisa de sempre tá.

- Ta bom, vai dormir que eu ajeito tudo.

- Valeu Pedrão, boa noite... Manhã.

Estava exausta e logo dormi, só acordei as dez da manha.



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Capitulo 9

[07/02/12]

Capitulo 09: Isabella

Falar que as coisas estavam indo bem para o meu lado era modéstia. Estava tudo perfeito. Depois de um ano, o novo estúdio estava no topo. Raquel e eu éramos convidadas para feiras e eventos de tatuagens e Body modification regularmente e nosso stand era sempre alvo de criticas positivas. Tinha me especializado ainda mais na arte do desenho e havia ganhado uma clientela seleta, cheia de grana. Isso havia me proporcionado dar um up na minha vida. Quando havia terminado com Fabiana, me vi literalmente no fundo do poço, mas havia dado a volta por cima. Havia alugado um bom apartamento na zona sul e tinha também conseguido meu carro. Mesmo tendo que dar a moto como entrada, era meu carro. Um bem que eu tinha orgulho de pagar as prestações todo mês.

Não era só isso que havia mudado para melhor. Achei que não me envolveria com ninguém tão cedo. Estava machucada, ainda amava Fabiana, mas um novo sopro de vida havia vindo na minha direção com o nome de Marisa. Acho que eu tinha imã para artistas ligados a musica. Marisa era uma grande produtora e só assessorava os melhores. Havíamos nos conhecido no estúdio. Ela tinha ido até lá para cobrir uma tatuagem que tinha feito para a ex namorada. Nos tornamos amigas de imediato. Marisa irradiava uma alegria contagiante e esse entusiasmo havia me contagiado de tal maneira que em poucas semanas acabei cedendo aos seus encantos. Ela era linda por dentro e por fora. Adorava seus cabelos negros e compridos acima da cintura, os olhos negros e misteriosos, o corpo definido por anos de academia. Um detalhe havia sido crucial: Ela era mais velha que eu. Tinha trinta e três anos, mas aparentava seus vinte e sete. Dificilmente alguém lhe atribuía a real idade. Ela era madura nas ideias, não agia impulsivamente. Era centrada naquilo que queria para a vida. É... Eu havia encontrado enfim a mulher com quem queria dividir minha vida.

- Fala minha gata! – falou Raquel entrando na minha sala – como foi o dia?

- Muito bom – respondi terminando de arrumar os equipamentos – fiz três sessões muito bem pagas.

- Isso ai, ruivinha. Me diga uma coisa, você vai sair com a Marisa hoje?

- Acho que sim. Pelo menos espero que sim. Ela foi ver o show de uma banda que está saindo na mídia agora, segundo ela, eles tem um bom potencial para dominar o cenário musical.

- Que banda é essa? – perguntou Raquel curiosa sentando na minha cadeira.

- Não sei. Não conversamos sobre trabalho quando estamos juntas. Deve ser alguma bandinha emo nova.

- Talvez. É essa musica chula que faz sucesso hoje.

- Infelizmente.

- Mas eu quero mesmo é que vocês vão lá em casa. O Júlio vai fazer um churrasco para comemorar o aniversario dele e vamos fazer uma boa farra.

- Puxa Amiga... Não sei se vai rolar. Estava pensando em fazer alguma coisa especial para a Marisa hoje. Um jantar romântico, comprei até um vinho especial.

- Quem diria que eu te veria apaixonada assim em tão pouco tempo... Fico feliz por você ter encontrado alguém tão bacana como ela. Você merece ser feliz.

- E detalhe: A Marisa gosta de você – completei rindo – ela me completa gata. Sou louca por ela.

- Faz o seguinte então. Confirma com ela e qualquer coisa me liga.

- Pode deixar. Até mais amiga – me despedi saindo.

- Até amanhã.

Sai do estúdio e peguei a Avenida das nações indo direto para casa. Marisa havia em dito que o show terminaria as nove da noite. Até lá eu teria tempo de sobra para fazer o que havia planejado. Iria preparar uma lasanha quatro queijos acompanhada de um bom vinho branco. Para a sobremesa havia comprado uma bela lingerie preta, que ficaria perfeita nela.

Estava terminando de me arrumar para espera-la quando o celular tocou. No visou uma foto sua sempre me fazia sorrir e demorar um pouquinho mais para atender para admirar sua beleza.

- Oi meu amor – falei colocando o rímel de lado – tudo e com você?... Mas a gente nunca passa uma noite de sexta separadas... Tudo bem, eu entendo. Eu sei que é seu trabalho. Eu não estou afim de ir e a Raquel nos convidou para o aniversario do Júlio... Então faz o seguinte eu vou pra lá e te espero bebericando alguma coisa... Tá bom linda... Só não demora tá? Te amo. Tchau.

Desliguei o telefone e me sentei na cama olhando para o espelho. Tinha ficado um pouco frustrada com o imprevisto de Marisa. Sabia que era importante que ela fosse para a tal festa para firmar compromisso com a garota da banda. Por um minuto pensei em Fabiana. Seria muita ironia do destino se fosse a banda dela que ela estivesse assessorando. Mas eu sabia que isso não seria tão possível. Conhecia bem Fabiana, com toda a certeza estava ainda mais egocêntrica e autossuficiente que antes. Não iria querer ninguém metendo o dedo no seu trabalho perfeito. Pouco havia escutado falar dela nos últimos doze meses. Sabia que estava nas paradas, mas o tipo de musica que ela fazia não era meu estilo. De todo o modo, estava feliz por ela. Sabia que ela tinha talento o suficiente para chegar onde estava e sabia também que seu potencial a levaria longe, se ela não deixasse a fama subir para a cabeça.

Fechei a porta chamada Fabiana e terminei de me maquiar. Liguei para Raquel dizendo que ia no tal churrasco e que chegaria em pouco tempo. Antes de sair de casa me olhei no espelho. Estava bonita. Tinha me arrumado com esmero para Marisa. Meus cabelos haviam crescido bastante e agora caiam até a cintura. O ar de garotinha contrastava bem com as tatuagens ousadas nos braços.

Segui andando até a casa de Raquel que morava a quatro quadras do apartamento. A noite estava quente e o vento leve anunciava uma mudança no tempo. O churrasco estava lotado de amigos do estúdio da Galeria junto com novos agregados do Rabella`s. Peguei uma cerveja e entrei em uma conversa animada sobre viagens com alguns garotos. Olhava o celular a cada cinco minutos para ver a hora, contando os minutos para Marisa chegar. Depois de duas horas ela apareceu, linda e sorridente como sempre.

- Oi meu amor – falei dando um beijo em sua boca – você demorou...

- Desculpa linda... Não era minha intenção, mas você sabe como é meu trabalho.

- Eu sei. È que estava com saudades – falei grudando meu corpo no seu – parabéns.

- Por?

- Pelo contrato que conseguiu. Tenho certeza que fará um ótimo trabalho, como sempre.

- Não sei não... A garota da banda é uma chata. O tipo de pessoa que quer tudo do jeito dela e não aceita opinião dos outros. Não conversei muito com ela, mas acho que vai ser um saco. O que compensa é que a grana é boa.

- Isso é o mais importante – falei puxando sua mão – vem, vamos beber alguma coisa e parar de falar sobre trabalho.

- Eu preciso comer alguma coisa, mas pelo visto aqui só tem carne.

- Eu trouxe um presentinho pra você. Achei que chegaria com fome – falei abrindo a geladeira de Raquel – lasanha de queijo.

- Você preparou o jantar, né... – falou Marisa me abraçando – me desculpa anjo.

- Você vai me compensar depois – falei grudando meus lábios nos seus encaixando uma mão nos seus cabelos negros – vai me pagar muito bem pago...

- Dá para parar com essa pouca vergonha aqui na minha cozinha? – brincou Raquel entrando no lugar – já disse que vocês ficam lindas juntas? Agora para de melação e vamos lá pra fora!

Acordei com o corpo suavemente dolorido. O sol ameno entrava pela janela e banhava o corpo moreno ao meu lado. Passei a mão pela coxa exposta de Marisa e dei um beijo no seu pescoço. Ela apenas resmungou e caiu no sono novamente. Ela estava cansada e sabia que a culpa era minha. Eu estava insaciável aquela noite, querendo seu corpo como nunca antes. Levantei da cama e dei uma olhada para a avenida que margeava o prédio. Não havia a movimentação comum dos dias de semana, estava calma. Segui para a cozinha e comecei a preparar o café da manhã. Coloquei o pão integral em uma bandeja junto com geleia de morangos e um suco de laranja que havia feito na noite anterior. Enquanto a cafeteira passava o café, voltei para o quarto para admira-la dormindo. Marisa havia se mexido e o edredom havia escorregado por suas pernas deixando-a parcialmente desnuda. Ela era linda dormindo, as feições suaves, a tez de ternura que emanava ao seu redor. Já fazia seis meses que estávamos juntas e cada dia o sentimento que nos envolvia parecia crescer mais. Vivíamos a cada minutos como se fosse o nosso primeiro encontro, nossa primeira noite de amor.

Voltei para a cozinha e terminei de montar a bandeja com o café completo para nós duas. Coloquei uma flor branca em um canto e escondi uma caixinha dentro do sutiã. Segui calmamente para o quarto e coloquei uma musica suave e baixa. Depositei a bandeja nos pés da cama e me sentei ao seu lado, tirando os cabelos do seu pescoço, dando beijos delicados para acorda-la.

- Bom dia linda – ela sussurrou se virando pra mim fazendo o resto do edredom deslizar para o chão.

Sorri olhando para o corpo perfeito banhado pela luz do sol. Não me contive e comei a beija-la acariciando a pele quente. Meus beijos se intensificaram estimulada pelos seus gemidos baixinhos. A puxei de encontro a meu corpo e desci fazendo um rastro por onde minha língua passava. Encontrei os seios já rijos e os abocanhei saboreando o doce sabor que eles tinham. Minha mão automaticamente escorregou para o seu sexo já a minha espera e comecei uma masturbação lenta. Não demorou para que ela já estivesse no ponto que queria. A penetrei com dois dedos, intensificando minhas chupadas em seus seios. Pouco tempo depois ela gozou demoradamente, encharcando minha mão com o seu prazer.

- Como é bom acordar com você, meu amor... – falou Marisa se aconchegando em meus braços – o que é isso? – finalizou se afastando assim que sua cabeça tocou meus seios.

- Descubra – falei colocando os braços atrás cabeça me encostando no travesseiro.

Marisa sentou em cima do meu corpo e começou a tirar minha camiseta lentamente. Com um sorriso bobo no rosto ela viu a caixinha entre meus seios ainda dentro do sutiã. Me sentei me juntando a ela tirando a caixinha e abrindo-a.

- Quer acordar todas as manhãs ao meu lado? – perguntei encarando seus olhos negros.

Marisa não disse nada. Tirou o anel de dentro da caixinha com um sorriso de orelha a orelha. Peguei a peça da sua mão e coloquei em seu dedo anelar na mão direita.

- Então? Vai me deixar com essa cara de boba esperando a resposta? – perguntei passando a mão no seu rosto. Marisa mantinha a mão estendida na sua frente olhando para o anel.

- Nossa... Eu... Claro que eu quero Bella! – respondeu pulando em meu colo – eu te amo tanto, minha mulher, minha vida!

- Eu também te amo anjo... Muito. Mais do que poderia amar alguém em tão pouco tempo. Quero você sempre ao meu lado. Sempre.

A virei na cama subindo em seu corpo. A bandeja de café no canto foi esquecida. A única coisa que importava era o amor que inundava meu coração e me fazia flutuar nas nuvens enquanto amava a mulher da minha vida.

A semana seguinte foi o começo de uma infinidade de planos. Marisa e eu tínhamos algumas economias e iriamos juntar para comprar um apartamento. Talvez meu carro dançasse na entrada, mas se Marisa fizesse o trabalho com a nova banda, ele poderia se salvar. Ela havia me dito que o melhor seria nos casarmos dali a seis meses porque, além de termos um tempo a mais de convivência, também teríamos nos estruturado para começar uma vida â dois tranquila e confortável. Concordei com seus argumentos sabendo que ela estava totalmente certa. Comemoramos quase todas as noites, se não fosse uma curta viagem a trabalho, com sexo e champanhe. Brinquei dizendo que iria fazer um enxoval e ela me disse rindo que já tinha um. Havia ganhado da avó há mais de dez anos. Imaginei o estado em que estariam todas as peças.

No sábado passamos a parte da manhã em sua casa, brincando de fazer faxina. Confesso que nunca fui uma dona de casa exemplar, mas com Marisa tudo virava uma grande aventura.

Fiz o almoço, um risoto vegetariano para nós e uma sobremesa natureba. Nunca antes havia pensado em comida saudável e como se alimentar bem, mas Marisa por ser vegetariana, estava me ensinando bons hábitos. Sentia meu corpo mais forte e vigoroso. Até nisso ela tinha o dom de me proporcionar o melhor.

- Desculpa amor, tenho que atender – falou olhando para o celular que tocava ao seu lado. Estávamos sentadas em um tapete dividindo uma tigela de sobremesa – E ai Fernando, beleza? – atendeu saindo dos meus braços – Ah... Como vai moça?... Sei... Sei... Quando?... Tenho que ver com a mulher... Que horas?... Tá... Posso retornar nesse numero daqui uns cinco minutos? Vou ver se a Bella vai... Tá bom. Até mais gata, beijo.

- Já tá chamando a nova cliente de gata, é? – perguntei fazendo cara de brava.

- Tenho que agradar a mimada. É ela que vai pagar nosso futuro – Marisa me respondeu se ajoelhando na minha frente – vai ter uma festa amanhã, nada muito extravagante, na casa dela. Ela quer que a gente vá.

- Não misturamos nossa vida com trabalho, anjo – respondi pegando sua mão a puxando para meu colo – você acha que seria uma boa ideia?

- Eu sei que não misturamos e depois nem é trabalho, apenas uma reunião de amigos. Preciso conhecer o pessoal com quem vou trabalhar e um encontro descontraído é ótimo para isso.

- É importante pra você, não é? – perguntei beijando sua boca.

- É.

- Se é importante pra você, é importante pra mim. Agora me diga, que banda é essa? Eu já ouvi as musicas?

- Sem falar de trabalho – respondeu Marisa tirando a blusinha – quero fazer algo mais interessante.

- Retorna para a garota e me encontra no quarto – respondi me levantando. Sai em direção ao seu quarto tirando a regata no caminho.

Marisa me jogou um beijo de longe com um olhar com mil promessas e colocou o telefone na orelha. Tirei toda a minha roupa e me joguei em sua cama no meio dos travesseiros. Marisa apareceu minutos depois também se livrando das roupas, soltando a cortina para cobrir a janela. A tarde passou muito mais rápido do que pude prever.

A tal reunião de amigos estava marcada para as duas da tarde do domingo e se arrastaria ate o inicio da noite, quando a banda sairia para um show. Segundo Marisa havia me dito a apresentação era em uma cidade nos arredores de São Paulo. Como o dia estava quente, coloquei um short jeans curto com uma blusinha frente única, deixando as costas nuas. Prendi os cabelos em um rabo de cavalo e coloquei um chinelo nos pés. Não estava com paciência para me maquiar e mesmo se o fizesse ela derreteria em poucos minutos sob o calor forte. Marisa estava linda usando um vestido solto de alcinhas. Seguimos no seu carro conversando sobre nada e depois de meia hora paramos na frente da bela casa perto do aeroporto de Congonhas. Desci analisando o lugar e logo Marisa pegou minha mão se adiantando para a campainha. Não demorou para que um velho rosto aparecesse na minha frente. Quando vi Fernando, vi meu chão sumir junto com ele.



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Capitulo 10

[10/02/12]

Capitulo 10: Fabiana

A gravação do programa tinha sido muito maçante. A maioria das perguntas era sobre minha vida pessoal. Não gostava muito de falar sobre minha vida, mesmo porque estava lá para falar sobre meu profissional. Mas durante esse um ano de carreira percebi que eu não poderia dividir minha vida profissional da minha vida intima. Porque uma infelizmente era ligada a outra, era isso que dava noticia e eu ainda precisaria disso por um bom tempo. Saímos do estúdio em cima da hora, fomos direto para o aeroporto onde toda a equipe já me esperava inclusive Marisa.

- Boa tarde moça, você sumiu ontem. Nem consegui me despedir – falou Marisa me dando um beijo no rosto.

- Pois é gata, sabe aquela garota? Ela estava doida pra me dar trabalho e de fato me deu. A noite inteira – respondi para Marisa tirando os óculos escuros.

- Então Fabiana...

- Pode me chamar de uma forma mais informal gata. Já que vamos trabalhar juntas – falei para Marisa interrompendo.

- Então Fabi, melhor assim? – perguntou receosa

- Acho que você pode fazer melhor, mas pra começar tá ótimo.

- Então Fabi, tenho algumas ideias para a nova turnê e podemos falar no caminho.

- Claro, temos que começar o quanto antes, temos apenas três meses pra preparar essa turnê. Mas vamos indo para área de embarque estamos um pouco atrasadas, pedi para o Fernando reservar a primeira classe para ficarmos mais a vontade para podermos discutir sobre a produção. Peço até desculpas, te tirar da sua casa hoje é que quanto antes resolvermos isso melhor.

- Imagina, são os ossos do oficio. – Disse Marisa dando uma risada descontraída.

- Espero que eu não tenha causado problemas pra você com sua namorada, mas como eu disse estamos meio apertados com o tempo.

- De forma nenhuma ela é bem compreensiva eu sei como compensa-la.

- Que legal, sempre quis uma mulher assim. Parceira sabe, a única que eu arrumei não se importava muito com os assuntos da minha carreira. – Falei a Marisa num tom de desabafo.

- Essa mulher, você a ama ainda não é? – perguntou Marisa se encaminhando para o portão de embarque.

- Não, eu a odeio. Ela me machucou muito e é por causa dela que hoje eu sou a pessoa que eu sou. Uma pessoa fria.

- Mas o que ela te fez? – perguntou Marisa passando as mãos em seus cabelos.

- Ela me traiu com a chefe – respondi com um nó na garganta – engraçado eu nunca consegui falar muito sobre esse assunto com ninguém. E com você estou me abrindo. Vamos mudar de assunto, um dia eu te conto essa historia direito.

Logo já estávamos acomodados em nossos assentos. Eu, Marisa e Fernando começamos a conversar sobre a produção dos shows.

- Bom, Marisa conversei com o Fernando e decidi mudar minha linha de trabalho. Como você pode ver eu sigo mais o gênero sertanejo universitário. É o que ta na moda e é o que mais gosto de fazer. Só que essa na verdade não é minha linha eu fui contratada pela gravadora para criar uma nova tendência, um novo gênero musical e acho que a minha carreira esta solida para mudanças.

- Sim, mas o que você está pensando? – perguntou Marisa se servido da agua que a aeromoça nos oferecia,

- Eu, vou fazer do meu show uma mistura de tudo. Essa tendência ainda não é usada. Queremos todos os tipos de publico nas nossas apresentações, basicamente será assim. Imagina uma musica sertaneja com um metal pesado. Ou uma musica popular com um tom pop.

- A Fabi teve que seguir a linha sertanejo universitário porque é o que está em alta. A maioria das pessoas que iam em suas apresentações antes do cd eram pessoas que a conheciam da noite. Hoje as pessoas que vão aos shows, vão porque a musica as chamam. Mas agora estamos preparados para uma coisa mais ousada. É essa a promessa do Fabi. E isso é o que ela sabe fazer de melhor, criar novas tendências.

- Entendi, mais você acha que as pessoas estão preparadas para isso? – perguntou Marisa meio confusa.

- Pensa por esse ponto de vista, o sertanejo universitário na verdade é o mesmo sertanejo só com um toque um pouco mais pop.

- Sim para nós que conhecemos, sabemos diferenciar – falou Marisa começando a entender – vamos ver se eu entendi. O que você quer é que as pessoas consigam perceber a mudança de uma pra outra?

- Isso mesmo, gata. Eu quero esclarecimento. Quero que as pessoas saibam o que estão escutando – respondi a Marisa com um enorme sorrindo de satisfação.

- Bom, mas qual é o ponto de partida? – perguntou Marisa

- Gata, como eu disse eu quero ser diferente então vou começar deixando essa produção por sua conta. Isso é uma coisa que eu normalmente não faço. Porém também quero participar, vou te dar algumas ideias que tenho pra você poder trabalhar em cima delas caso você ache que não são boas você me dá uma alternativa. A única coisa que eu não abro mão é que eu quero colocar na produção é um dj, quero um toque eletrônico em todas as faixas.

- Acho que tenho a pessoa certa pra isso, vou contata-la e marco uma reunião entre vocês – disse Marisa bem animada com o assunto.

- Basicamente gata é isso, você assiste as apresentações de hoje e já começa a desenvolver ideias e me apresenta. Fechado? – perguntei a Marisa me levantando para ir ao banheiro.

- Fechado...

Ao me levantar percebi em sua mão direita uma aliança, achei legal estávamos falando sobre isso na noite anterior. Fui ao banheiro e já voltei cheia de perguntas.

- Vem cá, você pediu a sua namorada em casamento? – perguntei me sentando na poltrona

- Não – Marisa riu ao responder – ela me pediu, foi tão lindo. To boba ate agora.

- Que legal, então precisamos comemorar. Por favor, pode nos trazer uma garrafa de champanhe e três taças – Pedi a aeromoça que logo trouxe a garrafa e nos serviu.

- Um brinde, as novas uniões que estão por vir – falei levantando a taça.

Tinha ficado feliz pela Marisa, ela parecia ser uma boa pessoa. E merecia tudo de bom. Ao fim do dia, depois das apresentações voltamos para São Paulo. Estava exausta, fui direto para o hotel. Já tinha acordado com Fernando que a semana seguinte seria de folga para todos. E eu além de descansar precisava me mudar para casa nova. Estava sendo construída e agora estava pronta. Precisava de moveis e eu teria que fazer isso. Queria dar meu toque especial a ela. Segunda de manhã minha mãe e minha irmã chegaram do rio para me ajudar com a compra dos móveis.

- Bença mãe – disse a minha mãe como de costume abraçando-a.

- Deus te abençoe minha filha, como você está magrinha da ultima vez que você foi ao rio você estava mais gordinha. Você está se alimentando bem? – preguntou minha mãe preocupada se sentando no sofá.

- Sim, mãe. Estou só estou cansada e provavelmente é isso que a senhora esta achando de diferente em mim, a minha cara de exausta. Oi Paty, que saudades. Você veio pra ficar a semana né? – disse a minha irmã mais velha Patrícia.

- Oi fatita. Também estava com saudades vou ficar sim, consegui um recesso na academia – respondeu Paty me abraçando – você está bem? Espero muitas festinhas essa semana. E os meninos como estão?

Fatita era como me chamavam em casa desde de criança.

- Tá tudo bem, todo mundo tá bem. Vocês já tomaram café? – perguntei a elas pegando o telefone para fazer o pedido.

- Não, comemos alguma coisa no avião. Porque como sempre a sua irmã se atrasou. E saímos de casa correndo – disse minha mãe se referindo a Patrícia.

- Tomamos café e saímos pode ser quero me mudar no máximo até quinta feira – disse me sentando no colo de mamãe.

Estava com muitas saudades de todos, não estava conseguindo ir ve-los com frequência como fazia antes. Mas sempre que fazia um show no rio eu fazia um esforço de ir visita-los.

Saímos do hotel por volta das dez da manhã, fomos a varias lojas

de moveis. Em todas elas comprava alguma coisa. Eu já sabia exatamente o que queria comprar e aonde comprar já tinha feito pesquisa. Os moveis planejados já estavam montados faltava somente poucas coisas. Então não foi tão demorado pra escolher. Acabou sendo mais demorado por conta do assedio dos fâs. Não queria ostentar só queria viver bem, agora eu poderia. A semana foi muito agradável com mamãe e Paty, Marisa sempre que tinha uma ideia me ligava pra ver o que eu achava. Mamãe não gostava muito quando eu falava de trabalho, mas fazer o que ossos do oficio. Conversamos muito, mamãe me deu muitos conselhos. Coisas de mãe sabe. Mas as conversas com patrícia eram sempre as melhores, apresar de ela ser minha irmã mais velha a diferença era apenas de três anos. Na quinta feira finalmente consegui me mudar, era uma casa em um condomínio fechado em Alfaville tinha toda segurança e privacidade que eu precisava. E o mais interessante é que tinha um heliporto quando eu não quisesse pegar o transito maçante de São Paulo era só alugar um helicóptero e ir para casa com toda segurança. Na sexta mamãe teve que ir embora, porque meu pai e ela iriam fazer um cruzeiro, presente dado por mim pela comemoração doas trinta anos de casamento deles. Patrícia e eu ficamos em casa curtindo a casa nova. A noite demos fomos a uma baladinha. Eu adorava minha irmã ela gostava das mesmas coisas que eu inclusive de mulheres. Ela era bissexual, então uma balada gay era tudo pra ela. Chegamos a balada e fomos direto pra área vip. O bom de ser famoso era que tudo era mais fácil, não precisamos ficar na fila pra entrar e a conta seria totalmente de graça. Fomos para área reservada da casa e logo vimos duas garotas lindas uma ruiva e outra morena. Paty ficou com a morena e a ruiva comigo. Dançamos a noite inteira com as garotas, elas ficaram conosco na área reservada. Nos divertimos muito.

- Fatita, o que você está querendo essa noite – perguntou Paty com um tom de terceiras intenções.

- Bom eu estava querendo levar a moça aqui para dar uma volta. E você? – disse olhando para Paty com uma cara de safada.

- Eu também, vamos estrear a casa nova?

- Não, lá não. Podemos ir pra outro lugar mais lá não.

- Mais porque, qual o problema de levar as meninas pra lá.

- Eu já disse que não Patrícia – falei me levantando e saindo em direção ao bar.

- O que tá acontecendo Fabi? Porque você ficou tão exaltada?

- Não quero mulher nenhuma casa da ...

- De quem Fabi, é a Isabella não é? Você ainda não superou?

- Que Isabella, Patrícia. Você ta louca nem me lembro dessa vagabunda.

- Então na casa de quem, você disse que não queria mulher nenhuma na casa da. Quem é essa da?

- Você ta louca eu não falei nada disso, só não quero levar mulher nenhuma lá. E quer saber de uma coisa eu não quero mais ficar com ninguém. Eu vou embora se você quiser ficar eu mando algum te buscar.

- Tá louca, eu vou com você. Não sei o que tá acontecendo. Só sei que te conheço melhor que você mesma e sei muito bem porque você quer ir embora.

- Você vai ficar de loucura, vou acabar me aborrecendo contigo. Estou indo embora porque amanha o dia é longo tenho que preparar tudo para a festa lá em casa no domingo e também tenho um show preciso descansar

- Tá certo, não falou mais nada. Vamos embora então.

Enquanto Patrícia se despedia das meninas dando uma desculpa pela minha atitude, fiquei esperando ela na porta. O percurso todo da boate até em casa não trocamos uma palavra. Ao chegar Paty vou tomar um banho e eu fiquei na sala sentada o piano dedilhando algumas notas. Logo ela apareceu e se sentou ao meu lado.

- Ei, o que foi? Porque você ta triste? Já te disse que conheço melhor do que ninguém. É por causa da Isabella que você ta assim. Você acha que um dia ela vai voltar.

- Eu sei que você me conhece, você acertou o motivo só errou umas coisas. Eu não a quero de volta. Eu sinto muita raiva dela por todos os motivos, principalmente porque era pra ela estar aqui.

- Eu sei tudo nessa casa grita ISABELLA, talvez você não tenha feito de proposito. Mas essa é a verdade, já se passou tanto tempo e você não conseguiu esquece-la por isso que você não se envolveu com ninguém até hoje.

- Porque ela fez isso, Paty? – falei me aconchegando em seus braços.

- Porque eu não sei. Mas acho que você tem que seguir, tem que se dar a oportunidade de se apaixonar, você não é essa pessoa fria e merece ser feliz porque você é a melhor pessoa que eu conheço. Olha tudo o que você consegui e vai conseguir ainda. Faça uma força que você consegue esquecer – falou segurando meu rosto enxugando minhas lagrimas.

- Eu não amo ela, só queria que ela não tivesse feito isso. Que ela tivesse sido honesta comigo. A raiva que sinto é tão grande que meu amor por ela se apagou no meu coração – falei ondando em seus olhos.

- Vamos fazer o seguinte, amanha teremos um dia cheio e você precisa descansar. Vamos dormir e esperar o tempo resolver tudo isso.

Paty dormiu comigo em seus braços, era tão bom tê-la comigo me confortando eu amava minha irmã ela sempre foi minha melhor amiga. Quando éramos pequenas ela sempre estava do meu lado, sempre me tirando de confusões. Fazíamos tudo juntas, até a virgindade perdemos no mesmo dia. Doeu muito ter que me separar dela quando eu vim pra São Paulo para ficar com Isabella.

O dia de sábado foi muito corrido, Paty passou o dia inteiro fazendo palhaçadas para me animar e como sempre conseguia. Logo Fernando chegou. Ele adorou a casa, disse que eu tinha um ótimo gosto. Pedi para ele para ver a lista de convidados e vi que Marisa não tinha sido convidada. Seria um furo deixar qualquer pessoa de fora e Marisa não poderia faltar, já que agora ela fazia parte da minha da. Perguntei a Fernando se ela tinha convidado Marisa e ele disse que achou eu tinha convidado ela. Peguei o telefone brigando com Fernando pelo furo e liguei para Marisa.

Falei com Marisa e ela disse que tinha que falar com a mulher que logo retornaria. Não demorou muito pra ela ligar dizendo que viria. Finalmente iria conhecer sua mulher, já estava curiosa.

Paty e eu passamos o resto da tarde cuidado dos detalhes da festa logo que seria no dia seguinte. Passamos a noite em vendo filmes e cantando Paty também tinha dom para a musica, mas optou por seguir outro caminho. A medicina se especializou em fisioterapia e agora trabalha em uma academia como personal.

Domingo de manha, acordamos bem preguiçosas. Faltava ainda alguns detalhes para resolver e logo tudo estava pronto. Não demorou muito para os meninos da banda chegarem, foram direto pra piscina. Eu ainda não estava pronta, mas como eles eram de casa deixei eles e fui tomar banho. Demorei uma hora para me arrumar, como sempre meu cabelo era o que dava mais trabalho. Precisava estar exuberante havia pedido para Fernando trazer algumas garotas para eu e Patrícia me divertir. Mas também havia convidado Ariane uma ex-namorada que a muito tempo não a via fiquei sabendo que ela estava solteira e decidi aproveitar ela era muito gostosa. Namorei ela antes de conhecer Isabella, tínhamos acabado de terminar quando conheci Isa. Caso ela não viesse teria outras opções. Estava terminando de me arrumar quando ouvi algum bater na porta.

- Fatita, tem uma pessoa que queria te ver – falou Paty abrindo a porta dando passagem pata Ariane,

- Oi, Fá. Como você tá? – perguntou Ariane vindo em minha direção.

- Nossa, melhor agora. Meu deus como você tá linda Ane - falei dando um beijo em seu rosto.

- Vou deixar você a sós. Fatita as pessoas já estão chegando. – disse Paty saindo dando uma piscadinha e fechando a porta.

- Imagina, são seu olhos. Fiquei muito surpresa quando você me ligou. Achei que tinha me esquecido.

- O que é bom a gente não se esquece. Sente-se por favor – falei puxando uma cadeira pra se sentar.

Ariane ela linda, sempre foi e o tempo só te ajudou mais ainda, era loira tinha os olhos verdes e um corpo escultural que estava realçado pela roupa que usava. Um vestido branco apertadinho e um salto alto.

Me ajoelhei a sua frente assim que ela sentou.

- Achei que você não viria – perguntei olhando em seus olhos.

- Na verdade eu não ia vir mesmo, mais você sabe que é muito especial pra mim. Então decidi vir – respondeu segurando meu rosto.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Claro.

- Continuamos praticas?

- Eu continuo, não sei você – falou Ariane com um olhar cheia de promessas.

- Ane, eu vou te beijar e se você não gostar me bate – terminei a frase a beijei, sua boca continuava muito gostosa e macia.

- Bom se eu te beijei e você não me bateu é por que você também gostou.

- Sim, Fá. Você sabe que eu sempre gostei de você. Não vou mentir que fiquei muito magoada com você quando decidiu não me procurar mais. Me envolvi com outras pessoas mais nenhuma delas eram você.

- Adorei que você ter vindo, vai ficar pro show também?

- Se assim você quiser, eu fico.

- Perfeito, vamos descer? – perguntei estendendo a mão.

- Vamos.

Ariane pagou minha mão e descemos não demorou muito tempo e todos já havia chegado menos Marisa e a mulher. Estava com Ariane próximo ao hall de entrada quando escutei a campainha tocar ligo Fernando abriu a porta cumprimentando Marisa pedi licença a Ariane para ir recebe-las e quando cheguei a porta vi a única pessoa que eu não esperava ver.

- Isabella, o que você está fazendo aqui?



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Capitulo 11

[14/02/12]

Capitulo 11: Isabella

Fernando parecia bem mais perdido do que eu ao me ver ali plantada de mãos dadas com Marisa. Tentei abrir a boca e falar algo quando vi Fabiana aparecer ao seu lado com um sorriso morrendo em seus lábios. Da mesma forma como foi com Fernando não consegui falar nada. Ela ainda era a mesma moleca ousada que tinha tido o disparate de me tirar dos eixos a seis anos atrás. Linda. Como sempre, linda.

- O que você está fazendo aqui? – Ela me perguntou, não rude, mas surpresa também.

- Eu... Eu... – olhei para Marisa para me situar do que estava acontecendo, a carinha dela de confusa também não ajudou – eu vim com a Marisa, minha namorada. Desculpe, não fazia ideia de que a banda era a sua – respondi tentando achar uma saída daquela saia justa.

- Não acredito! Isa! - ouvi uma voz familiar atrás de Fabiana. Patrícia, sua irmã, tinha sido uma grande amiga que eu tinha perdido com o fim do casamento com a Fabi – mulher, quanto tempo – finalizou tomando a frente de todos.

- Paty, que saudade! – falei correspondendo o abraço apertado – você como sempre um espetáculo.

- Obrigada. Não sabia que a Fabi tinha te convidado... – falou a loira com um olhar desconfiado na direção da irmã.

- Na verdade acho que houve um grande mal entendido – falei pegando a mão de Marisa – ela convidou a Marisa, que é minha mulher. Automaticamente ela convidou sua namorada, eu.

- Que mundo pequeno – respondeu a loira animada – mas gente, na porta não é lugar de manter os convidados. Entrem.

Olhei para Marisa e depois para Fabiana. As duas me olhavam perdidas. Eu não preciso nem dizer. Estava totalmente sem ação. De uma coisa eu tinha certeza. Eu era a ultima pessoa que Fabiana queria ver.

- Acho melhor eu ir...

- A Paty tem razão – me cortou Fabiana – aqui no portão não é lugar de receber os convidados. Entrem, fiquem à vontade.

Fabiana entrou e Paty grudou no meu braço e praticamente me puxou para dentro. Marisa veio atrás com Fernando. Antes de entrar na sala me soltei de Paty e puxei Marisa para um canto.

- Você sabia que a Fabiana, era a minha mulher? – perguntei olhando nos seus olhos. Eles demonstravam completa negação.

- Você nunca me disse que a Fabiana que você era casada era a Fabi Pontes.

- A Fabiana é meu passado, nunca quis associar o nome com a musica justamente porque você logo saberia que era ela.

- Se você tivesse me dito que a sua ex mulher era a cantora eu saberia como agir. Fui pega totalmente de surpresa.

- Amor, se isso te trouxer problemas ou algum constrangimento, podemos ir embora agora. Não quero causar nenhum problema no seu trabalho.

- O que você sentiu ao ver ela? – perguntou Marisa segurando minhas duas mãos.

- Eu estou feliz por vê-la bem. Sabia que ela era e é competente para conseguir tudo. Não tenho raiva dela, mas a mulher que eu amo é você.

- Não foi isso que eu perguntei.

- Eu fiquei surpresa, linda. Eu estou feliz por ela, mas não sinto mais o que eu sentia antes. Não quero que fique enciumada. Meus olhos são seus.

- É bom mesmo – respondeu Marisa com um sorriso me abraçando – eu te amo.

- Eu também te amo – respondi dando um beijo em seus lábios – você quer ficar?

- Claro. Já que não tem nada, vamos aproveitar a festa. Se ela não quiser mais meus serviços pelo menos vamos nos divertir.

- Te adoro, sabia? – falei rindo puxando sua mão para dentro da sala.

Por um momento me vi voltando no tempo ao entrar no jardim onde as pessoas estavam concentradas. Os garotos da banda, velhos companheiros de boteco, me olhavam com espanto para depois olhar para Fabiana. Sabia que no inicio seria uma situação constrangedora, mas depois todos vieram me abraçar, dizendo que estavam com saudade. Já fazia um bom tempo que não os via também. Havia cortado relação com todos que faziam parte do cotidiano de Fabiana. Acredito que ela mesma preferia que fosse assim. Pedro foi o mais reservado, mas não demorou para me trazer uma lata de cerveja e uma piada sem graça que só ele conseguia fazer.

Marisa estava se comportando normalmente. Não havia ciúmes no seu olhar e nem nos seus gestos. Eu adorava isso nela. Paty logo apareceu se sentando ao meu lado, falando de sua mãe. Sentia saudades de Rose; Elas foram minha família por muito tempo.

Fabiana aparecia de vez em nunca para falar alguma coisa com Marisa ou com os meninos da banda. Sentia que ela estava se mostrando arredia com a minha presença. Depois de algum tempo ela apareceu toda sorridente agarrando uma das varias grupies que estavam lá. Conhecia aquele sorriso. O jeito dopado e alto além do normal. Ela estava fazendo merda e eu tinha certeza disso, mas não era mais um problema meu. Olhei para Marisa que tirava o vestido revelando seu corpo que tanto adorava para depois pular na piscina. Quando vi a morena surgir na beira da piscina me adiantei a ela me agachando na sua frente, pegando sua nuca a puxando para um beijo.

- Ora, ora, conheço essa ruiva – falou uma voz a minhas costas. Conhecida, mas não me lembrava de quem era. Me desviei de Marisa para enxergar minha dor de cabeça de seis anos atrás.

- Ariane... – falei me levantando – quanto tempo garota.

- Pois é. Você veio prestigiar o trabalho da Fabi também?

- Não. Vim acompanhar minha namorada que trabalha na produção da banda – respondi tirando os óculos escuros.

- Hum... Uma pena que você terminou de com a Fabiana agora que ela começou a ganhar dinheiro.

- Eu conheci a minha futura esposa e minha companheira depois disso. Não foi uma troca muito ruim não é? Até porque nunca fui ligada a status como você. Agora se você me der licença tenho uma bela morena me esperando.

Sai de perto da loira indo para onde estava sentada antes. Marisa já estava lá, com uma toalha tirando o excesso de agua.

- Amor pega algum suco pra mim? – perguntou Marisa me dando um selinho – Você conhece mais gente aqui do que eu.

- Claro meu amor – respondi me levantando em seguida. Do outro lado da piscina vi os olhos de Fabiana sobre mim. Percebi que Marisa também tinha visto – já volto - finalizei beijando-a mais uma vez.

Entrei dentro da casa tentando me localizar. Era grande, bem no estilo que Fabiana sempre me dizia que teríamos. Vários quadros com desenhos que eu tinha pintado ou escolhido e uma estatua de um anjo no canto. Havíamos escolhido ele juntas durante uma viagem ao interior de minas. Eu havia visto ele primeiro. Tinha me apaixonado pelo trabalho bem feito em madeira maciça. Dei um sorriso me lembrando do quanto ela tinha me infernizado para jogar ele fora e agora ele estava ali, exposto no meio da sua sala de estar. Atrás dele tínhamos talhado nossas iniciais dentro de um coração como duas bobas apaixonadas. Estava indo em direção a ele para saber se Fabiana tinha raspado quando ouvi sua voz ao meu lado.

- Ainda não tive tempo de jogar ele fora – Fabiana falou parando ao meu lado – o que você está procurando?

- A cozinha – respondi encarando seus olhos de mel – vou ver se acho algum suco para a Mari. Ela não bebe álcool.

- Porque você a pediu em casamento?

- Como assim? – perguntei tentando achar algum sentido na sua pergunta.

- Você a ama tanto assim?

- Eu só quero achar a cozinha. Você pode me indicar?

- Lá fora na churrasqueira deve ter suco, refrigerante.

- Ela não bebe refrigerante.

- Ela trepa?

- Vai se foder, Fabiana – respondi grossa dando as costas para sair dali.

- Não fica nervosinha não. Foi só uma brincadeira.

- Tá tudo bem aqui? – perguntou Paty entrando na sala.

- Não sei. Pergunta pra sua irmã – respondi fazendo menção de passar por ela.

- Espera Isa – falou Paty segurando meu braço – vamos lá pra cozinha. Preciso pegar mais caipirinha.

Apenas assenti com a cabeça seguindo Patrícia. Fabiana ficou na sala nos acompanhado com o olhar. Desviei minha atenção para a loira ao meu lado e logo estávamos na cozinha. Achei a Jarra de suco e pedi um copo pra ela.

- Tá aqui – respondeu me entregando – o que aconteceu lá na sala?

- Você conhece o humor da sua irmã. Não gostei de uma brincadeira dela em relação a minha namorada.

- A Fabiana ainda te ama – revelou Paty – acho que ela nunca superou sua traição.

- É logico que eu sou a vilã, não é? – falei com desdém – eu não trai a Fabiana. Ela me viu dando um beijo no rosto da Raquel e surtou de ciúmes. Você a conhece bem, sabe como ela é ciumenta.

- Eu sei. E essa sua namorada?

- Eu amo a Marisa. Pretendo passar o resto da minha vida ao seu lado.

- Que lindo – respondeu Paty rindo – Nós sempre fomos muito amigas quando você estava com a Fabi, Isa. Você esqueceu completamente minha irmã?

- Eu desejo tudo de bom pra ela. Ela é muito especial pra mim. Não vou jogar cinco anos ao vento como se não fosse nada. A única coisa que nos separou foi o seu ciúme.

- Você ainda a ama. Não ama?

- Amo, mas não é mais o amor de mulher. Eu sei que ela me odeia por ter terminado e não me diga ao contrario.

- É verdade. Ela te odeia, mas o ódio que ela sente de você é porque não está ao seu lado. Por que você não está participando de tudo isso ao lado dela. O ódio dela nada mais é que amor.

- Eu vou voltar para a Marisa – falei pegando o suco. Não estava gostando nada daquela conversa – Tudo o que aconteceu entre a gente foi especial, mas se perdeu em algum lugar de nossas vidas. Eu tenho algo novo e especial. Não trocaria a Marisa por nada nesse mundo.

- Se você está tão certa da sua decisão, que seja feliz, mesmo sabendo que minha irmã ainda sofre por você. Talvez um dia ela supere isso.

- Um dia ela vai superar. Tenho certeza. É só prestar atenção no monte de garotas que ela chamou para essa festinha.

- Ela está tentando te achar em cada uma delas. Mas enfim, eu confio que você não tenha traído ela. Sei bem como é o gênio da Fatita.

- Fazia tanto tempo que eu não escutava esse apelido – falei sorrindo para a loira – foi bom te reencontrar.

Sai da cozinha indo para a beira da piscina. Marisa estava numa conversa animada com uma grupie. Não gostei muito do que vi e quando me adiantei para cortar a ousadia da garota com minha mulher, vi Fabiana aparecer carregando o violão que dei pra ela de presente no primeiro ano do nosso casamento. Aquilo era de proposito. Tinha certeza que ela devia ter mais de uma dúzia desses instrumentos em algum lugar daquela casa.

- Festa de banda não tem graça sem musica – falou Fabiana se sentando em uma cadeira. Logo os meninos apareceram com mais violões.

- Eu quero pedir uma musica – falou Paty parando ao meu lado.

- Pedido de maninha em primeiro lugar – respondeu Fabiana sorrindo – qual vai ser?

- Nenhum de nós. Você vai lembrar de mim.

Com a menção do nome da musica meus olhos se cruzaram com os de Fabiana. Aquela era a nossa musica, a musica que ela tinha cantando para mim varias vezes depois que fazíamos amor. A letra era linda e com a voz de Fabiana, ficava perfeita.

- Essa não – ela respondeu desviando do meu olhar – escolhe outra.

- Você disse que meu pedido era especial – respondeu Paty – eu quero essa.

Sai do meio daquela discursão e sentei ao lado de Marisa. Seu suco havia demorado uma eternidade, mas não prestei atenção nisso. Coloquei os óculos escuros e fiquei observando enquanto Fabiana perdia o embate com a irmã. Ela começou a dedilhar o violão, parou e depois me olhou novamente. Assenti com a cabeça discretamente por cima da visão de Marisa. Era bom ouvir aquela musica na sua voz mais uma vez.

- Como minha irmã é uma grande filha da puta, eu vou cantar essa musica – falou Fabiana bebendo um gole de cerveja. Junto com os meninos a melodia começou a tomar conta do lugar.

Quando eu te vejo

Espero teu beijo

Não sinto vergonha

Apenas desejo

Minha boca encosta

Na tua boca que treme

Meus olhos eu fecho

Mas os teus estão abertos

Tudo bem se não deu certo

Eu achei que nós chegamos tão perto

Mas agora com certeza eu enxergo

Que no fim eu amei por nós dois...

Fabiana cantou a musica me olhando, desviando para perder a visão na agua da piscina e depois no violão. Esse era o trajeto que ela fazia. Meu coração saltou dentro do peito apertado. Me segurei para não derramar a lagrima que teimava em inundar meus olhos. Como ela podia ter esse poder sobre mim ainda? Ela não tinha o direito de mexer com meus sentimentos tão bem direcionados para Marisa. Acompanhei a musica baixinho, olhando para a bela loira que entoava a canção com entusiasmo. Desviei meu olhar apenas parar ver Paty com um sorriso de orelha a orelha. Ela tinha conseguido atingir o que ela queria. As mãos de Marisa puxaram as minhas para enlaçar a sua cintura. Afundei o rosto em seu pescoço quando a musica terminou. Marisa se virou para mim e me deu um beijo apaixonado. Aquele foi o melhor sinal que eu poderia receber naquele momento. Eu já tinha tudo o que eu precisava para ser feliz. Enquanto nossas línguas se entrelaçavam não consegui resistir a vontade de abrir os olhos. Foi o tempo de ver Fabiana se levantando com um ar de raiva olhando na minha direção para depois sair com pressa para dentro de casa.

Eu preciso ir no banheiro – falei no ouvido de Marisa – já volto linda.

- Tá bom meu anjo. Daqui a pouco a gente vai embora. A banda vai fazer um show mais tarde.

Assenti com a cabeça saindo em direção a casa. Fernando me indicou o caminho do banheiro e encontrei a porta quase fechada. Abri com apenas um gesto. Fabiana estava sentada sobre a bacia com a cabeça encostada na parede respirando fundo. Ela abriu os olhos assustada assim que ouviu o barulho da minha presença. Em cima do toucador, um pino de cocaína vazio e uma nota de dinheiro suja com o pó branco.

- Que merda é essa, Fabiana?! – falei exaltada – pra que você ainda usa essas porcarias?

- Vai se preocupar com a sua mulher. Você não precisa mais ficar me controlando. Não é mais minha mulher.

- Mas eu quero o teu bem. Como você vai fazer uma apresentação dopada?!

- Você se preocupando comigo? Me erra Isa! Você nunca se preocupou comigo, nunca se interessou pelo que eu fazia. Com a senhorita certinha tenho certeza que tudo é diferente não é? Até suquinho se preocupa em pegar.

- A não... Não sou mais sua mulher pra você ficar bancando a ciumenta. A Marisa é a mulher que amo e você não têm nenhum direito de se meter no que faço ou deixo de fazer pra ela.

- Então não se meta na minha vida! Eu posso ter tudo agora. Não quero que você me diga o contrario.

- Você é quem sabe Fabiana. Bom eu estou indo embora. De certa forma foi bom te ver de novo. Se eu tinha alguma duvida enquanto você cantava aquela musica, agora não tenho mais. A Marisa é a mulher da minha vida. Seja feliz Fabi, prometo que nunca mais você vai me ver.

Sai do banheiro com raiva e passei como um foguete por Paty. Já lá fora me despedi do pessoal e quando estava encaminhando para a saída, vi Fabiana aparecer do lado de Paty chamando Marisa.

- Obrigada por ter vindo gata – falou dando um beijo na Marisa – amanhã vamos nos reunir para decidir sobre as ideias que me mandou. Adorei todas.

- Que ótimo! Nos vemos amanhã então.

- Tchau Isa – falou se dirigindo a mim – foi bom te ver. Você não mudou nada. Apenas... está... Adeus.

- Tchau Fabiana. Vamos meu amor – falei pegando a mão de Marisa – tchau Paty. Vê se não some. Me manda um torpedo, flores ou um pombo correio. Fica de olho nessa desmiolada ai. Tava fazendo merda no banheiro e você sabe do tipo de merda que to falando.

- Sempre irritante né, Isabella. Não precisa se meter com a minha vida. Já te disse isso.

- Tchau Fabi – respondi com um sorriso para irrita-la.

Encaminhei para o carro de Marisa encostado ao lado da casa de Fabiana. Ela permaneceu calada e me jogou as chaves quando fiz menção de ir para o banco dos passageiros. Parei para analisar minha situação alcoólica. Nunca antes tinha me preocupado de dirigir depois de beber, mas Marisa havia me educado nessa parte. Não entendi porque ela queria que eu fosse dirigindo. Eu sabia que o encontro e a revelação do fato de Fabiana ser minha ex mulher tinha mexido com ela também. Dei a partida e passei a mão na sua perna. Antes de colocar o cinto de segurança a puxei para um beijo.

- O que foi anjo? – perguntei ainda segurando seu rosto.

- Eu estou surpresa com tudo isso. Confesso que me comportei durante a festa, mas não pude deixar de perceber as olhadas que a Fabiana te dava – ela me respondeu se afastando – ela te disse alguma coisa?

Pensei por um momento na conversa que tive com Paty.

- Não. Só fez questão de me tratar friamente – respondi rindo – você não vai ficar grilada com isso, vai?

- Eu queria que você tivesse me dito. Como te disse eu saberia como agir melhor.

- Desculpa meu amor. Foi vacilo meu – respondi me atentando ao transito – Eu não queria te falar que a minha ex era a cantora. Não queria trazer ela para nossas vidas. Cheguei a pensar na hipótese de você trabalhar com ela, mas não levei a serio. Achei que seria muita ironia do destino.

- Porque esse receio? Se não existe nada da sua parte, porque me escondeu isso?

- Omiti fica mais bonito – respondi com um sorriso – porque não queria que virasse uma sombra na nossa vida. Toda vez que você visse ela na televisão ou escutasse em rádio não ia pensar nela como cantora e sim como minha ex.

- Talvez você tenha razão...

- Amor, olha pra mim – pedi parando em um farol – você é a mulher da minha vida, meu porto e minha fortaleza. Eu não quero que a Fabiana seja motivo para termos conversas desagradáveis como essa. Eu quero que você, eu amo você.

- Eu não duvido do que sente por mim. Não precisa viver cem anos para saber que se ama uma pessoa e que é amada por ela. Desde o primeiro momento que entrei no seu estúdio eu tive certeza que meu coração não disparou à toa.

- Então, esquece a Fabiana, esquece esse trabalho com ela. Vamos tira-la de nossas vidas.

- Imagina! O dinheiro dela é ótimo. Ela vai pagar nosso apartamento se lembra? Eu sei ser profissional – respondeu a morena tocando meu rosto – eu te amo.

O farol abriu e eu continuei grudada com Marisa. Ninguém iria nos separar. O amor que nos unia era mais forte que tudo no mundo, Eu não precisava estar com ela mais do que cinco minutos para ter essa certeza.

Marisa abriu a porta de casa com dificuldade enquanto eu beijava seu pescoço e subia seu vestido que logo saiu pela cabeça. Andamos trôpegas até o banheiro fazendo uma trilha de roupas pelo caminho. Desci pelo seu pescoço acompanhando a agua quente que começava a banhar seu corpo. Me concentrei em seus seios rijos abocanhando cada um deles, chupando lambendo, saboreando o doce sabor que eles tinham e que despertavam todo o meu corpo. Marisa gemida se esfregando em mim, me incentivando a continuar. As unhas cravadas em minhas costas me pediam isso e eu tratei de obedece-las de imediato. Cai de joelhos colocando sua perna em meu ombro, me insinuando para seu sexo. O gemido alto que ela soltou quando minha língua a invadiu me excitou ainda mais e como uma sedenta, afundei minhas chupadas, apertando seu bumbum. Marisa arqueou o corpo para trás e aproveitei o espaço para penetra-la com dois dedos. Não demorou para que ela chegasse ao gozo. Fiz o caminho inverso até encontrar seus olhos negros cheios de tesão. Com um sorriso tomamos banho provocando uma a outra. Fomos para a cama e novamente desci pelo seu corpo com calma. Não havia pressa; teríamos o resto de nossas vidas dedicados uma para a outra.



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Capitulo 12

[17/02/12]

Capitulo 12: Fabiana

Todas as minhas certezas em relação à Isabella, se perderam no momento que vi seus olhos. Não estava conseguindo entender o que ela estava fazendo ali, mas logo tudo foi esclarecido; por algum motivo deus quis fazer uma brincadeirinha comigo me fazendo contratar a mulher que estava namorando com ela. Ironia do destino, não. Brincadeira de mau gosto mesmo. A única reação que tive foi olhar para ela e Marisa. Por um momento tive vontade de mandar ela embora, não queria vê-la. Mas Paty apareceu e as convidou para entrarem na casa. Logo depois achei que seria interessante esse encontro, pensei por alguns minutos que poderia mostrar para ela todo o sofrimento que ela com sua traição me fizeram passar. Enquanto elas pararam para conversar em um canto me lembrei que Ariane estava ali ao meu lado e que não estava dando a devida consideração a sua presença. A abracei e fomos para meu escritório.

- Me desculpa gata, espero que isso não seja um incomodo para você – falei sentando ela em meu colo.

- Incomodo para mim, imagina. Acho que será pra você, pela sua reação ficou bem claro isso. Há quanto tempo você não há via? – me perguntou dando um beijo em meus lábios.

- Desde que ela saiu de casa, mas não quero falar de dela. Quero saber de você. Como está a sua vida? O que tem feito de bom? – perguntei passando a mão pelos seus seios.

- O importante não é o que fiz da minha vida e sim o que eu farei com ela a partir de agora – Respondeu tirando minha mão de seus seios e colocando no meio de suas pernas, me fazendo perceber que estava sem calcinha.

- Humm, acho que essa festa será mesmo muito interessante.

Continuei com minha mão entre suas pernas. Enquanto minha outra mão segurava seus cabelos eu a beijava com voracidade. Desviei minha atenção de sua boca para os seios que já estavam rijos, abaixei as alças do vestido para poder aprecia-los melhor. Comecei dando leves sugadas para depois intensificar. Enquanto ela gemia de tesão afundou minha mão para o sexo onde pude sentir que já estava molhado pela excitação. Massageei o clitóris devagar para logo depois colocar dois dedos em sua vagina. Ela pirou de prazer. Intensifiquei as entocadas, enquanto ela gritava de prazer. Levantei e a coloquei sobre a mesa, com as pernas envoltas a minha cintura. Desci para o sexo para poder chupa-la, adorava o gosto do liquido que escorria então fiz questão se suga-lo todo. Ela me pedia para continuar a penetra-la só que queria mais. Então coloquei três dedos e logo estava como quatro dedos dentro se sua vagina. Ariane tinha a vagina bem larga, tinha até me esquecido disso. Não estranhei quando ela me pediu para colocar a mão toda. Intensifiquei ainda mais as entocadas enquanto sugava seus seios. Quando ela estava quase gozando Paty entrou no escritório.

- Fabiana se você não percebeu, você convidados! – falou Paty entrando e fechando a porta para que mais ninguém visse o que estávamos fazendo.

- Pô Paty, não podia segurar essa pra mim? – perguntei ajudando Ariane a se vestir.

- Você pode fazer isso depois do Show. As pessoas estão perguntando por você – falou com um tom de nervosa – desculpa Ariane, mais você podem se divertir em outro momento. A Fabiana parece que não tem noção.

- Imagina Paty, estamos erradas mesmo - respondeu Ariane se encaminhando até a porta – temos todo tempo do mundo.

- Paty me da um minuto que eu já estou indo – falei me referindo que ela saísse.

- Tudo bem, mais não demora. Fica chato você sumir assim – Disse saindo pela porta.

- Desculpa gata, terminamos mais tarde – Falei dando um beijo em seus lábios.

- É o que eu espero, estava tão gostoso – falou correspondendo ao beijo - tenho uma coisa que você pode gostar lá na minha bolsa. Acho que te ajudaria a relaxar.

- O que? – falei confusa passando as mão no cabelo.

- Trouxe alguns pinos para nós, acho que hoje é um bom dia para nos divertimos.

- Eu te agradeço, mas passo. Não estou mais nesses baratos. Tenho formas melhores de relaxar – disse passando a mão em sua bunda.

- Você parou? Há quanto tempo?

- Parei há muitos anos, tive uma recaída há um ano, mas agora estou limpa.

- Bom se mudar de ideia, você não se importa se eu usar né?

- Não de forma alguma, fique a vontade. Eu tenho que voltar para lá. Depois você me encontra?

- Sim, posso fazer lá no banheiro do seu quarto?

- Sim, só fecha a porta pra não acontecer a mesma coisa que aconteceu agora.

- Tudo bem.

Saímos abraçadas e a levei até a escada para depois voltar para a piscina. Encontrei Isabella com Marisa no caminho. Elas estavam a minha frente, pareciam felizes. Era meio que um choque de realidade ver aquela cena, mas tudo pelos negócios. Era meio estranho as pessoas estavam tão ou igualmente a mim chocados com a presença de Isabella, acredito que eles imaginavam a mesma coisa que eu. Como o destino era cruel.

Passei a festa dando atenção a todos, inclusive ao lindo casal. Quando vi Marisa beijando a boca que sempre fora minha meio que meu mundo veio ao chão. Mas não podia deixar as pessoas perceberem. Pedi para Ariane para me acompanhar até o quarto. Subimos as escadas, rindo pela forma como Ariane ficava quando se drogava e era essa sensação que eu estava precisando no momento.

- Gata, você ainda tem pó ai? – perguntei abraçando Ariane por trás ao chegar no meu quarto.

- Tenho sim, o suficiente para a noite toda se você quiser. Mas o que te fez mudar de ideia?

- Nada só acho que eu posso me soltar mais.

- Ok, se é isso. Está aqui – falou Ariane abrindo a bolsa e me entregando um pino.

- Você tem quantos?

- Eu trouxe oito pinos, já usei três desde que cheguei.

- Bom por ora acho que dá além desse pode me dar mais um?

- Claro, mas vai com calma. Não quero que minha artista predileta e tão gostosa tenha uma overdose.

- Não se preocupe, tranca a porta pra mim – falei abrindo os pinos e despejando todo o conteúdo na mesa.

Separei em algumas fileiras e suguei um a um. Ofereci um pouco a Ariane e ela cheirou apenas uma para que eu pudesse aproveitar todo o resto. Depois que cheirei todo o conteúdo me sentei encostei na cadeira para deixar subir depois que estava bem dopada desci. Tropecei em alguns degraus, mas me mantive firme para não dar na cara. Ariane passou na cozinha para pegar mais bebida enquanto me dirigi para a piscina. Fui direto a Fernando que estava próximo onde Isabella estava com Marisa. Dei um grande a braço nele e logo ele percebeu o que eu tinha feito. Me pediu para ir com calma que ainda teria show a noite. Apenas disse a ele que eu sabia o momento de parar porque estava apenas me divertindo. Quando passou uma grupie que estava ao lado de Isabella dei um beijo em seu rosto e disse que era pra ela se divertir também. Nesse momento senti os olhos de Isabella sobre mim. Olhei e só vi sua cabeça balançar em sentido de desaprovação, ela sabia o que estava acontecendo; ninguém melhor do que ela para saber. Quando ela me pediu para parar pra mim foi difícil, fiz isso só por sua causa. Os primeiros dias eu agia como paranoica ela se trancou dentro de casa comigo para não me deixar usar. Eu estava em estado de abstinência, dizia coisas horríveis pra ela tudo por causa da vontade de usar a droga. Ela se manteve firme, aguentou tudo sempre ao meu lado e não desistiu de mim.

Me afastei e fui falar com os meninos da banda, todos falavam que estavam se divertindo. Pedro me chamou de canto para conversarmos.

- Como você está? Estou vendo que você está meio arredia com a presença dela aqui – falou passando a mão no meu cabelo.

- Nada Pedro, eu estou me divertindo com tudo isso. Está sendo um dia muito interessante – disse olhando Isabella enquanto ela se abaixava para beijar Marisa.

- Não é o que parece, você não consegue tirar os olhos dela. Esquece essa mulher Fabi, você sabe que isso já passou. Para de se machucar, manda essa mulher dela embora e segue sua vida.

- Iiiii Pedro, e você acha que eu ainda to na dela?

- Tanto ta, que até esta se drogando pra poder suportar ver ela com outra.

- Não estou fazendo nada disso. Só estou me divertindo. Acho que você tem que tomar mais uma. Vou pegar pra você, já volto.

A bebida de Pedro era só um pretexto. Isabella estava entrando na casa e eu precisava falar com ela. Encontrei-a na sala olhando o anjo que havíamos comprado logo quando ela foi morar junto comigo, parei alguns minutos e fiquei vendo os desenhos que há muito tempo não via. A tatoo de dragão que eu tanto adorava, os dois mangá em cada braço. Ela estava linda como nunca, bem na verdade continuava linda só com algumas coisas diferentes, seu cabelo tinha crescido consideravelmente parecia que o ruivo estava mais intenso, tinha feito outras tatoos fechando o braço esquerdo e colocado alguns piercings. Resolvi puxar assunto, mas nossa conversa não foi muito agradável. Percebi que ainda estávamos muito magoadas, não demorou muito para Paty aparecer e tirar Isabella de lá.

As duas saíram em direção à cozinha enquanto eu fui para o quarto atrás de mais cocaína. Fazia muito tempo que não conversava com Isabella e quando isso acontece acabou sendo ainda mais difícil. Não sabia o que falar simplesmente só queria saber se ela amava tanto Marisa a ponto de casar com ela. Estava tudo confuso dentro de mim, eu sabia que não amava mais Isabella, mas estava agindo totalmente ao contrario do que eu falava para mim todo esse tempo. Eu agia como se ainda a amasse. Cheguei o quarto e Ariane já estava lá, mandando mais um pino. Me juntei a ela e mandei um também. Ariane e eu aproveitamos que estávamos no quarto e demos uns malhos e logo descemos. Ao chegar ao fim da escada tive uma ideia, voltei para quarto e peguei um violão. Mas não era um violão qualquer; Isabella tinha me dado ele. Queria ver sua reação quando visse ele. Chegando na piscina disse para os meninos que festa de músicos teria que ter musica. Os meninos pegaram seus violões que já estava a postos e começamos. O primeiro pedido de musica foi de Paty, ela tinha que sacanear o momento. Pediu uma musica que eu cantava para Isabella quando ainda estávamos juntas. Logo de cara me recusei, mas Paty sempre conseguia o que queria então começamos a dedilhar a musica no violão para logo depois eu soltar a minha voz. Não conseguia tirar meus olhos de Isabella só desviava o olhar quando Marisa percebia que eu estava olhando, tentava disfarçar, mas sabia que ela percebeu. Ao fim da musica Marisa quis marcar território e beijou Isabella, minha vontade era voar no pescoço dela e dizer que por mais que Isabella tivesse me traído ela era minha. Eu já nem sabia mais de nada, não poderia fazer isso. Primeiro porque a Marisa não merecia isso e porque eu não deveria fazer isso. Isabella já não era mais minha, há muito tempo e ainda mais ela tinha sido uma cachorra comigo. Eu precisava apagar esses sentimentos que se afloravam em mim. Sai e fui ao banheiro, no caminho passei pela cozinha e peguei uma dose de uísque. Depois que cheirei me sentei no vaso para poder sentir a brisa. Somente quando Isabella entrou me dando um susto que eu percebi que tinha esquecido a porta aberta. Que merda não queria que ela me visse fazendo aquilo, justamente por tudo que ela passou para eu parar.

Percebi assim que ela saiu do banheiro, que ela também estava confusa. Achei estranho e até patético a cena que ela fez. Se ela estava tão bem com a dona certinha porque que ela estava tão preocupada com o que eu fazia? Mas pelo contrario ela se mostrava muito diferente, fazia coisas Por Marisa que nunca fez por mim. O que estava acontecendo? Precisava saber então resolvi tirar isso a limpo e fui atrás dela. Encontrei-as indo embora, tinha perdido a oportunidade. Mas outras oportunidades viriam disso eu tinha certeza. Principalmente com a Marisa trabalhando comigo.

- Elas estão indo embora, não vai se despedir? – perguntou Paty

- Mas é claro que eu vou, não vou perder o fim do show – falei rindo e chamando Marisa.

Me despedi deixando bem claro que ela ainda trabalhava pra mim. Bom na verdade queria dizer que eu adoro uma confusão, mas queria ter Isabella por perto. Então marquei uma reunião para o dia seguinte na esperança que Isabella acabasse indo. Isabella como sempre irritante me entregou para Paty. Sabia que ela faria isso, porque ela sabia que depois dela a única pessoa que eu escutaria era Paty. Elas foram embora e logo Patrícia me puxou para dentro me enchendo de perguntas das quais ela já sabia a resposta. Não estava muito a fim de falar mais desse assunto, principalmente com ela que me daria um grande sermão.

- Fala logo, Fabiana. O que você estava fazendo? – falou Paty me puxando pelo braço até o escritório.

- Eu já te disse que não quero mais falar sobre esse assunto, para de me encher

- É assim que você fala comigo, Fabiana?

- Desculpa Paty, é que eu não quero mais saber dela. E ela aparece na minha porta e ainda mais com outra? Eu não quero mais saber dela na minha vida, isso já me machucou demais.

- E você acha que se drogando, vai resolver? Você melhor do que ninguém sabe que isso não resolve nada - falou se sentando ao meu lado - Ninguém imaginava que isso poderia acontecer, mas aconteceu. Agora o que você vai fazer? – perguntou Paty enxugando minhas lagrimas.

- Eu não vou fazer nada, minha vida vai continuar exatamente como estava – falei me levantando fazendo menção de sair.

- Ela ainda te ama e mais uma coisa ela não te traiu.

- Como não me traiu? Eu vi. Ela estava beijando a Raquel.

- O que você viu, não foi o que aconteceu. Ela não estava beijando a Raquel. E outra se ela tivesse te traído com a Raquel, porque ela estaria namorando com a Marisa?

- Vai ver ela só queria se divertir com a Raquel e depois terminaram, eu não sei Paty e também não é da minha conta.

- Como você é turrona Fatita, porque você sempre tem que ter a razão? Você nunca pode errar?

- Posso, posso sim e o maior erro da minha vida foi entregar o meu destino na mão de uma mulher como a Isabella.

- Bom, pelo visto com você hoje não tem conversa. Você tá tão dopada que não ta conseguindo raciocinar. Mas enfim, vou falar para o Fernando para cancelar esse show porque você não está em condições de ir.

- De maneira alguma, eu sou profissional tenho que ir e vou.

- Olha o seu estado, presta atenção na maluquice que você quer fazer.

- Esse assunto está encerrado – falei abrindo a porta e me deparando com Fernando.

- Nossa o que foi? – perguntou Fernando tropeçando.

- Nada, o pessoal ta pronto pra sair. Só vou tomar um banho e já saímos.

- Então gata um dos organizadores me ligou e disse que o show foi cancelado. Problemas com a estrutura do palco.

- Como assim, era só o que me faltava para acabar o dia de hoje.

- Pois é parte do palco caiu e algumas pessoas se machucaram.

- Ta certo, me mantenha informada. Você acha que eu tenho que ir lá?

- Não e nem deve desse jeito. Amanha quando você estiver melhor nós vamos lá.

- Vai me encher também, faça somente o que eu te pago para fazer.

- Olha Fabiana, eu vou esquecer que eu ouvi isso. Por três motivos: primeiro porque eu gosto de você pra caralho, segundo porque você está drogada e terceiro porque eu sei que a presença da Isabella te deixou assim. Então vai tomar um banho e dormir porque é melhor pra você.

- Desculpa cara, ta certo. Acho que é melhor mesmo.

- Vem Fabiana, eu te acompanho até o quarto, o Fernando despacha o pessoal.

Paty me acompanhou até o quarto e Ariane estava lá a minha espera. Paty pediu para ela ir embora que eu não estava bem, mas ela fez questão de ficar para cuidar de mim. Patrícia não fez objeção mesmo porque ela não sabia que Ariane tinha trazido a cocaína e eu também não queria que ela fosse embora. Eu ainda tinha assuntos pendentes com ela.

Ariane passou a noite comigo, transamos enlouquecidamente a noite inteira. Adormecemos de madrugada, exaustas. Acordei por volta das onze da manha e Ariane já tinha ido embora. Paty estava sentada em uma poltrona me esperando pra mais um sermão. Mas não dei muita importância para o que ela falava, a única coisa que estava na minha mente era o que Paty tinha me dito na noite anterior “Ela ainda te ama”.

Acabei adiando a reunião com Marisa, por causa do acidente que havia acontecido no local onde seria o show. Eu e Fernando passamos o dia inteiro na cidade prestando esclarecimentos à imprensa local. Por mais que o acidente não tinha sido culpa nossa, porque o palco tinha sido montado pela prefeitura da cidade. E o nosso trabalho era só chegar e fazer o show, me senti solidaria as pessoas e fiz questão de deixar claro que o que as famílias precisassem eu estaria lá. Seja para tratamento ou remédios. Não fugiria da minha responsabilidade de cidadã.

As semanas seguintes foram corridas, tivemos vários shows para fazer por conta disso tive que adiar a reunião com Marisa e a equipe de produção. Por mais que nos falássemos todos os dias ainda precisaríamos sentar e resolver alguns detalhes, mas em três semanas eu teria uma folga na minha agenda e poderíamos nos reunir. Eu finalmente consegui fazer Paty trabalhar comigo, estava precisando me cuidar e ninguém melhor que ela. A contratei como minha personal irmã particular, ela adorou a ideia do nome e também de saber que ganharia mais trabalhando comigo do que na academia que ela trabalhava. Quem não gostou muito da ideia foi minha mãe, ela já tinha perdido uma filha para a musica e teria que perder outra. Paty ficou muito ocupada para conseguir montar uma academia na minha casa, mas não fim não demorou muito. O dia da reunião tinha chegado e eu estava muito ansiosa, claro que pra resolver de uma vez toda a produção do show, mas também para ver Isabella. Eu tinha certeza que alguma coisa iria acontecer para fazer ela ir nesse encontro.

Estávamos no escritório quando recebo uma ligação de Marisa, ela me dizia que teria que adiar a reunião porque seu carro tinha quebrado a algumas quadras do escritório. Parecia sinal de deus e acabei dando até risada ao desligar o telefone. Juntei os meninos e fomos ao seu encontro para trazermos o carro até o escritório. Ao chegarmos ela ligou para o seguro e para Isabella. Como era uma reunião importante ela não poderia ficar esperando o seguro chegar. Então eu tive a magnifica ideia de falar para ela chamar Isabella para resolver esse assunto pra ela. E depois leva-la para casa. A reunião estava indo muito bem, tudo que Marisa me mostrava estava perfeito. Ela tinha captado a ideia que eu queria e até melhor. Eu sabia que ela era uma boa produtora, mas não sabia que era tão boa assim. Pedi alguns minutos para eles porque tinha que retornar uma ligação de Paty e sai da sala. Ao chegar à recepção encontro Isabella olhando no relógio as horas. Devia estar achando aquilo tudo um infortúnio eu pelo contrario estava achado o máximo. Liguei para Paty em sua presença fingindo que não tinha visto ela.

- Alô, gostosa – disse a Paty me fazendo entender que era outra pessoa.

- Recebeu minha mensagem Fá – falou Paty com uma voz estranha ela sabia que nunca a chamava assim – você sabe que sou eu né? A sua irmã?

- Sim, eu sei e também recebi sua mensagem – falei num tom de riso – sai de uma reunião importante só pra te ligar, meu amor.

- A já sei. Ou você ta ficando louca, ou a Isabella ta ai na sua frente – falou dando gargalhadas.

- Aham, as duas coisas como você é demais sabia?... Então passo ai depois da reunião para aquela festinha que você vem me prometendo... Claro que eu levo champanhe, tudo o que você quiser minha deusa.

Só escutava as gargalhadas de Paty do outro lado da linha, me dizendo que eu era foda mesmo.

- Ta bom, minha gata.... Pode deixar meus olhos são seus. Até mais tarde. Me virei para o lado e lá estava aqueles olhos cinzentos a me secar. Não sabia que ela estava imaginando só sabia que aquilo estava sendo o máximo.



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Capitulo 13

[21/02/12]

Capitulo 13: Isabella

- Oi gata – cumprimentei Raquel entrando no estudo depois da fatídica festa na casa de Fabiana – vou te contar a melhor que aconteceu esse final de semana comigo.

- O que foi? Engravidou a Marisa? – perguntou fazendo gracinha.

- Mais inacreditável ainda. Fui em uma festa na casa da Fabiana – respondi me sentando em uma cadeira.

- Mentira! A banda que a Marisa tá produzindo é a da Fabi? – perguntou a morena se sentando também.

- Mundo pequeno não? A menina quase teve um infarto quando me viu.

- E ai? – quis saber curiosa.

- Me tratou como se seu fosse uma desconhecida. Ela me odeia.

- Mas você ficou na festa? E a Marisa?

- A Marisa ficou surpresa. Ela não sabia que a Fabiana era a Fabi Pontes. Vi todos os meninos da banda, um pessoal que eu não via há algum tempo...

- Daria tudo para tá nessa festa – falou Raquel rindo – porque ela te odeia?

- Porque ela acha que eu tive um caso com você enquanto éramos casadas. Você acredita nisso?!

- A Fabi é doente, cara! Que louca! E o coração?

- Nada. Ele bate só pela Marisa. Mas que foi engraçado foi.

- A Marisa vai continuar trabalhando com ela?

- Vai. Não pega nada não. Estamos precisando do dinheiro para comprar o apartamento. Agora a Paty me falou uma coisa que me deixou pensativa. Ela disse que a Fabiana ainda me ama. Que ela me odeia porque eu não estou ao lado dela. Coisas desse tipo, sabe.

- A Fabi deu alguma entrada?

- Direta não. Ficou me olhando de longe como se eu fosse um bicho. Sei lá. Devia estar surpresa também.

- Talvez ela te ame ainda.

- A Fabi? Qual é, Raquel. Estamos falando da Fabi, minha ex mulher, doida e ciumenta como sempre foi. Mas ela me pareceu confusa.

- Sei não hein! Quem sabe essa reaproximação é um sinal do destino dizendo que não terminou.

- Eu amo a Marisa. Tenho certeza que tudo isso nada mais é que o destino rindo da nossa cara.

- Vamos ver quem vai rir por ultimo – falou a morena se levantando – melhor você se arrumar para começar a trabalhar. Seu cliente chegou.

Raquel saiu da sala enquanto eu ria. A única coisa que eu queria de Fabiana era sua amizade se ela assim quisesse. Nada mais do que isso.

Os dias se transformaram em semanas. Marisa trabalhou com a produção de musicas de outros artistas, pois a banda de Fabi tinha a agenda cheia e por uns dias adiaram o projeto inicial. Pensei nela por alguns momentos imaginando como seria nossa vida agora. Com toda a certeza estaríamos mortas nessa altura. Teríamos nos matado entre tantas brigas que tínhamos. Nesse meio tempo fiz uma curta viagem com Marisa para Curitiba onde seus pais moravam. Fiquei nervosa de conhecer a família dela, mas assim que cheguei fiquei totalmente a vontade. Seu pai era do tipo porra louca e me zuou o suficiente por um ano inteiro. Aproveitei o final de semana para conhecer a cidade. Um lugar incrível para fugir da loucura de São Paulo. Conheci praticamente todos os parques da cidade e a Ilha do mel. Um verdadeiro paraíso para momentos românticos.

Três semanas haviam se passado desde que encontrei Fabiana. Estava totalmente absorta terminando um desenho quando recebi uma ligação de Marisa. Ela finalmente tinha se reunido com a banda da Fabi.

- Oi meu amor – falei pegando o aparelho – não muito, o que aconteceu?... Não, tudo bem, eu vou te encontrar... Qual o endereço?...Quanto tempo?... Você ainda vai pra reunião?... Tudo bem meu amor eu te espero. Vou sair daqui uma meia hora, tá bom não é?... Tá bom... Também te amo.

Desliguei o celular e joguei o aparelho num canto. Tirei a luva descartável e lavei as mãos colocando outra. Terminei de limpar o desenho e coloquei o plástico por cima. Depois de meia hora estava pronta para sair.

- Raquel vou dar uma saída – falei da porta de sua sala – acredito que em duas horas eu volto.

- Algum problema ruiva?

- Não. O carro da Marisa quebrou e eu vou busca-la.

Sai do estúdio e peguei o rumo do centro de São Paulo. O escritório da banda era na Bela Vista e peguei um transito considerável no caminho. Liguei o radio e estava tocando a musica de lançamento do segundo álbum da Fabi. Troquei de estação e a mesma musica estava tocando na outra rádio. Mudei mais uma vez e a locutora dava uma noticia sobre o lançamento do DVD da Fabi. Desliguei com raiva e procurei meu Mp3. Encontrei o de Marisa no porta-luvas. A primeira musica que o infeliz começou a tocar foi o primeiro sucesso nacional de Fabiana. Desisti do rádio e comecei a cantarolar Bad Religion. Essa tinha sido a ultima musica que me lembrava de ter escutado com ela no dia em que comemoramos o seu contrato. Parei no farol encostando a cabeça no banco passando a mão nos cabelos. Ela parecia estar vindo de todos os lados para me perturbar. Um grupo de adolescentes afoitos atravessavam a avenida e uma garota usava uma camiseta com a foto de Fabiana. Com um meio sorriso abaixei a cabeça no volante. Era uma cena num filme de terror. O tipo de pesadelo que se tenta acordar, mas não consegue. Me assustei com a buzina atrás de mim e sai fazendo a curva para pegar a Av Paulista. Poucos minutos estava no endereço que Marisa tinha me informado.

Encontrei o carro de Marisa e logo o seguro apareceu. Ela havia deixado as chaves na recepção do escritório. Levei pouco tempo com eles até o carro dela ser rebocado com um problema mais complicado. A única coisa que podia fazer agora era esperar até ela sair.

O escritório tinha um ar clean na fachada e na recepção. Cores claras nas paredes e vários vasos com plantas pelo lugar. Uma bela recepcionista atendia a todos com um sorriso na face e um olhar desconfiado pro meu lado. Me sentei e comecei a folhear uma revista (logico que com a Fabi na capa). Ignorei as paginas que continham sua entrevista e passei por cima das outras paginas. Não tinha nada de interessante. Joguei ela na mesinha de centro e poucos minutos depois vi Fabiana aparecer por um corredor lateral. Ela fingiu que não me viu e colocou o telefone na orelha falando com alguma peguete. Dei um sorriso enquanto ela falava em alto e bom tom sobre alguma putaria. Se ela estava tentando me fazer ciúmes o tiro tinha sido no pé. A vida dela não me dizia mais respeito.

- Ah oi Isa – falou Fabiana com um sorriso – não te vi ai. Tudo bem com você?

- Tudo – respondi reprimindo a vontade de rir da sua desculpa esfarrapada – a reunião já acabou? Vim buscar a Mari.

- Ainda não. Ela achou que você chegaria mais tarde. Sempre tão ocupada com suas tatuagens.

- Eu paro tudo o que estou fazendo quando minha mulher me chama – respondi com um sorriso – a Marisa sabe disso.

- Como um cachorrinho obediente...

- Como um cachorrinho fiel e companheiro – retruquei mantendo o sorriso no rosto – vou espera-la aqui se não se importa.

- Não... Eu... Até mais.

Fabiana saiu rápida entrando no mesmo lugar de onde tinha saído. Me levantei indo até a janela para olhar a rua. Daria tudo por um cigarro naquele momento. Fabiana me tirava do serio só com o fato de me dar um simples boa tarde. Me joguei no sofá novamente e depois de meia hora Marisa saiu sorridente junto com os meninos da banda e Fabiana. Havia mais algumas pessoas junto com eles que eu não fazia ideia de quem era. Fernando foi o primeiro a vir falar comigo.

- E ai ruiva! Tudo certo?

- Tranquilo cara e você? – perguntei retribuindo o abraço.

- Tudo na boa. Gata fiquei sabendo que você tem um estúdio maneiro agora. To precisando fazer umas tatuagens, cobrir umas antigas. Você é a melhor que conheço.

- Aparece lá no Rabella com uma ideia original que eu te tatuo – respondi abraçando os outros meninos da banda, inclusive Pedro que estava genuinamente feliz por me ver – prometo que vou cobrar um preço alto. Agora que você tá ganhando dinheiro não vai ser mais de graça.

- Tá zoando Isa! Você nunca me cobrou nada e sábado agora é meu aniversário. Você bem que podia me dar um VIP.

- Folgado você. Tá achando que vou te dar vip só pra colocar tua cara na minha parede? Tá louco? – perguntei rindo – vou casar preciso de grana pra sustentar a mulher – finalizei pegando a mão de Marisa.

- Tá certo. Rabella o nome né? Onde fica?

- Uma rua próxima com a Avenida das Nações. Fica com meu cartão – falei entregando um a ele.

- Ah sim. A Raquel é tua sócia? – perguntou surpreso – lembro daquela maluca. E o Julião?

- O cara tá doidão agora, mas continua gente boa como sempre.

- Eu vou aparecer por lá, Pode ter certeza.

- Vou te esperar. Vamos linda? – perguntei me dirigindo a Marisa – você ainda tem que fazer mais alguma coisa?

- Não. Acho que não. Tudo certo Fabi? – perguntou Marisa se dirigindo a Fabiana. Até tinha esquecido dela ali no lado de Pedro.

- Sim – ela respondeu me olhando com raiva. Não entendi o porquê de tanto rancor nos seus olhos de mel – Não. Quero dizer, esqueci de te falar uma coisa. Vem aqui comigo.

Marisa soltou minha mão e se afastou junto com Fabi enquanto eu saia com os meninos para o estacionamento na frente do escritório. Conversamos por um longo tempo. Estava com saudades de todos e claro que não podia deixar passar a oportunidade de zoar com eles. Roqueiros natos fazendo sertanejo universitário. Fabiana e Marisa se juntaram a nós depois de quinze minutos. Me despedi dos meninos e abri a porta do carro para que Marisa pudesse entrar, mas antes que ela o fizesse a puxei para um beijo. Ela se afastou sorridente acompanhando meu próprio riso. Quando levantei os olhos por cima do carro, Fabiana nos olhava ao lado do carro onde os meninos já estavam acomodados. Só Claudio estava para fora com ela. Acenei na direção deles e entrei dando a partida, saindo em seguida.

- Amor surgiu um trabalho extra – falou Marisa tirando o salto alto colocando um pé sobre o joelho – a Fabiana quer que eu faça a festa de aniversario do Fernando.

- Porque ela não contrata uma empresa de eventos? – perguntei receosa – você produz shows, musicas.

- Eu sei, mas ela quer uma coisa diferente. Ele é louco pelo Guns e ela quer fazer tipo um show surpresa para ele. Ela vai pagar bem por isso.

- Entendi. Você quer fazer? – perguntei tocando seu pé.

- Quero. Não vai me dar trabalho e é uma grana extra. Já vai dar para juntar com a sua parte para comprarmos aquele dormitório que você queria.

- Ok. Mas você precisa ir no show? – perguntei já sabendo sua resposta.

- Claro. Tenho que acompanhar tudo de perto orientando os funcionários.

- Entendi. Eu tenho que ir?

- Eu adoraria que você fosse. Você e o Fernando se dão tão bem. Vai parecer uma desfeita sua se não for.

- Não sei não. Pode parecer uma imposição da minha presença. E eu só reencontrei o Fernando agora.

- Não acho. Até porque vocês eram amigos antes de se afastarem. A não ser que tenha algum receio de ir.

- Receio nenhum. Eu vou sim.

Marisa passou o resto da semana se dedicando a festa de aniversario de Fernando. Alguma coisa me dizia para não ir, mas se eu não fosse Marisa ia ficar achando que era por causa de Fabiana.

O sábado finalmente chegou. A festa ia ser no bar do Zé. Já fazia um bom tempo que não ia lá. Marisa saiu cedo para cuidar dos últimos detalhes e começar a receber os convidados já que a festa era fechada. Parei na frente do guarda roupa pensando no que vestir. Estava com todo o animo para usar preto e assim o fiz. Coloquei uma calça de couro e uma camisa com um top por baixo que eu poderia tirar durante a festa. A única coisa que quebrava o negro total era uma gravata prata. Subi as mangas da camisa e coloquei duas munhequeiras de couro em cada pulso. Fiz uma escova no cabelo para um liso chapado e finalizei com uma maquiagem destacando meus olhos e um salto alto bem fino. Me olhei no espelho novamente. Talvez a produção tivesse sido demais. Afinal eu estava me arrumando para a festa de aniversario de um velho amigo ou para encontrar Fabiana?



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Capitulo 14

[24/02/12]

Capitulo 14: Fabiana

Eu não acreditava que Isabella ainda trabalhava com a Raquel. Ainda mais que era sócia dela. Bom mais isso também não era da minha conta, a chifruda da vez era Marisa. Cheguei em casa e Paty estava a minha espera ansiosa pra saber o que tinha acontecido.

- E ai sua louca, como foi lá? – falou Paty se levantando do sofá.

- Foi tudo ótimo, acho que a produção do novo show fica pronta logo – falei pegando uma bebida.

- Não mulher to falando com Isabella. Como é que foi? Deu certo? – disse me dando um tapa no braço.

- Não foi nada, não estava tentando fazer nada.

- A ta, e por que você estava mentindo que era outra pessoa e não eu?

- Nada, só não queria ficar por baixo. Não quero que ela ache que eu to sofrendo por ela. Mesmo porque, não estou.

- Bom se é assim, tudo bem. Vou fingir que acredito – falou indo em direção a cozinha – vai comer? Eu dispensei a empregada, pensei que você podia fazer algo para nós. Estou com saudades da sua comida.

- Claro, ótima ideia.

Aquela noite como sempre foi muito agradável. Falei para Paty tudo sobre a produção do show, a parte que ela mais gostou foi saber que a dj que iria trabalhar conosco era a dj Rafa. Marisa havia conseguido que ela participasse de uma faixa no novo trabalho. Ela chegaria dentro de um mês e ficaria em um hotel com a esposa. Paty pirou com a ideia era louca pelo trabalho dessa dj. Eu conhecia por cima, teria que conhecer um pouco mais. Mas deixaria isso para depois da festa de aniversario de Fernando. Eu estava super animada, Fernando era um cara que eu amava de paixão. Ele estava comigo desde o começo, foi a primeira pessoa que acreditou em mim. Quando me ouviu cantar em uma festa de família, disse aos meus pais que eu tinha talento e que merecia uma chance. Além desse presente iria dar uma moto que ele vem namorando. Muitos podem achar demais, mas Fernando é como um segundo pai pra mim e de fato merece tudo que eu possa oferecer.

No dia seguinte eu e Paty acordamos cedo para ir a uma loja da Kawasaki comprei uma Ninja ZX – 10R preta. Ele estava louco por ela, quando eu perguntava quando ele iria comprar ele sempre dizia que iria demorar um pouco para poder dar uma volta nela, que com mais alguns meses de trabalho ele conseguiria comprar. Desde quando ele disse que queria, eu já comecei a pesquisar pra saber quando e onde poderia procurar. Poderia retirar no próprio sábado, já com todos os acessórios. Normalmente não seria tão rápido assim, mas tudo que envolve muito dinheiro e uma pessoa famosa acaba sendo rápido. Tudo estava indo como o planejado, Marisa me ligava de hora em hora me dando ideias sobre o visual da casa, tudo que ela me dizia estava perfeito. Bem na verdade por mais que eu não quisesse dar o braço a torcer ela realmente era perfeita, tirando o fato de estar com Isabella isso era a única coisa que me incomodava. E eu não conseguia entender o por quê.

Nas sexta passei o dia no estúdio gravando algumas faixas, para acrescentar no show. Logo após o lançamento no novo show a gravadora iria lançar um cd promocional com essas novas faixas, para as pessoas que não puderem ir ao show ou para ter como recordação. Uma ótima sacada deles e muito bom para minha carreira.

A noite sai com Ariane só pra variar; estávamos nos encontrando muito depois do nosso reencontro. Ela era divertida, sempre foi, mas não sei por que não estava mais na pegada dela. Só estava mesmo saindo com ela para passar o tempo, sempre é bom ter uma fixa para voltar. No sábado pela manhã fomos buscar a moto de Fernando e levar no bar do Zé. Entregaria as chaves ao Fernando no meio da apresentação, até imagino a cara dele. Acho que vai até chorar e provavelmente eu também. Chegamos no bar por volta das nove horas da noite. Foi uma surpresa encontrar Isabella como sempre linda toda de preto com o detalhe da gravata prateada. Perfeita. Decidi não falar com ela, só a admirava de longe enquanto arrumávamos os equipamentos. Estava tudo pronto, Silvia, esposa do Fernando, me ligou dizendo que eles estavam saindo de casa e que em meia hora estariam lá. Enquanto isso, afinamos os instrumentos e fizemos passagem de som. Pedi para Marisa nos avisar quando Fernando chegasse, assim que ele entrasse na casa começaríamos a tocar. Logo ela me deu o sinal e quando Fernando apareceu na porta começamos a tocar, Civil War. Deu para ver sua cara de espanto e emoção, mal sabia ele que a noite estava apenas começando. Ao fim da música fiz um pequeno discurso e fiz ele subir no palco para tocar a próxima conosco. Fernando também tocava e era muito bom, nem sei por que ele decidiu seguir carreira de empresário. Tocamos Knochin’On Heaven’s Door, todo mundo pirou com o solo de guitarra que fizemos. Ao fim resolvemos descer do palco para beber algo.

- Você é uma grande filha da mãe, sabia? – falou Fernando me dando um abraço – mas eu te amo, pensei que tinha me esquecido.

- Você acreditou mesmo que eu iria esquecer? Você é meu pai cara. Jamais esqueceria de você – falei correspondendo ao abraço - A noite é sua cara, toda sua. E se você acha que acaba por ai, esta muito enganado.

- Eu sei que não.

Fomos ao bar e pedimos as bebidas. Conversamos alguns minutos e choramos um no ombro do outro. Ele sabia o quanto eu era muito grata a ele, só que eu nunca tinha demonstrado. Voltei para o palco para continuar o show. De repente olho para Isabella que estava a me olhar, ela estava com um q estranho no olhar. Mas nossos olhares se perderam quando Marisa chegou e lhe deu um beijo. Nossa como eu sentia raiva disso, não queria sentir, mas sentia. Quando começamos a tocar Don’t Cry vi Isabella vir para próximo do palco como se estivesse sendo puxada por algo e parar no meio das pessoas com os olhos fechados. Fechei os meus também e só abri ao fim da musica, foi quando percebi que ela não estava mais lá. Tentei procurar por cima das pessoas, mas não a encontrei. Resolvi deixar pra lá e presentear meu grande amigo ao som de Sweet Child O Mine. O solo de guitarra inicial e a moto entrando ao som das bateras, me arrepiei ao ver sua felicidade naquele momento; sabia que estava fazendo uma pessoa muito feliz. Desci do palco para cantar sentada na sua garupa, o velho pirava acelerando ela. Foi muito bom, ver o sorriso de todos os presentes, Paty se debulhava em lagrimas. Ela era muito manteiga derretido, olho para Marisa e ela seguia o coro de choro que Paty havia começado. Logo todos estavam chorando estava parecendo até uma velório com tanto choro. Por mais que fosse estranho alguém chorar ouvindo essa musica, mas acredito que todos choravam pela emoção de Fernando. A única que eu pude perceber que não chorava era Isabella, talvez porque ela achasse muito patético tudo aquilo. Mas enfim, não estava ali para agrada-la. Fizemos uma pausa para descanso e fui falar com Marisa estava próximo ao bar.

- E ai está gostando? – perguntei fazendo menção ao barmen que queria uma cerveja.

- Sim, ta tudo correndo bem – respondeu abrindo a garrafa de agua que segurava.

- Você não bebe nada, gata? – perguntei já sabendo a resposta.

- Não, não curto muito. Até bebo um vinho ou um champanhe, mas só em ocasiões especiais.

- Então hoje, você deveria beber. Fez um ótimo trabalho, está tudo perfeito e é uma ocasião muito especial – disse dando uma risada sacana – oh Roger trás duas doses de tequila pra nós – pedi ao barmen que já trazia minha cerveja.

- Não gata, eu não bebo isso não. Não gosto.

- Já experimentou?

- Não.

- Então não pode dizer que não gosta de jiló se nunca comeu.

- Mas é muito forte.

- É sim, mas só esse. Relaxa gata, curte a noite, a Isabella não vai brigar com você porque você resolveu se divertir de uma forma diferente. Isso eu tenho certeza.

- Eu sei que ela não vai brigar, não temos isso uma com a outra. Na verdade acho que nunca tivemos uma briga séria por nada.

- Então, vamos aproveitar que ela é compreensiva não é?

- É, tudo bem. Só uma dose não faz mal a ninguém.

Eu sabia que era errado, mais não estava me importando eu queria mesmo era ver o circo pegar fogo. Logo Roger trouxe nosso pedido, ensinei a Marisa como se fazia e ela mandou ver. Vi o vermelho de seus olhos, achei até que ela iria passar mal. Acabei achando engraçado quando ela disse que desceu rasgando. Pedi mais uma dose ela se recusou, mas quando chegou a bebida logo ela se rendeu. Não demorou muito para Paty se juntar a nós.

- Você vai deixar ela bêbada – falou Paty ao meu ouvido

- Eu quero é mais, Paty – respondi rindo.

A coitada da Marisa caiu na risada ao me ouvir falar isso. Percebi que ela já estava alta então resolvi finalizar minha apresentação. Voltei para o palco e enquanto colocava minha guitarra vi Isabella falando com Marisa, ela parecia brava. Então comecei a tocar Welcome To The Jungle. Todo mundo veio para pista para um bate cabeça, inclusive Isabella. Nunca gostei dessa pratica, pareciam um bando de doidos tentando se machucar. Mas Isabella dizia que fazia isso para exorcizar, não seria diferente naquele momento. Na parte do solo de guitarra fechei meus olhos e quando abri vi Isabella caída machuca. Agi no impulso, desci do palco e fiz menção para os meninos continuar sem mim. Cheguei até ela a muito custo com todos batendo em mim, e a peguei no colo para tira-la de lá para não se machucar mais. Levei ela até uma mesa próxima ao palco que estava vazia.

- Você tá bem? – perguntei segurando sua cabeça

- Estou, não preciso da sua ajuda. Você já fez demais por hoje – respondeu tirando minhas mãos da sua face.

- O que eu fiz? Tá louca to te ajudando.

- Não se faça de desentendida eu sei que você deixou ela bêbada de proposito.

- Eu não! Só queria que ela se divertisse uma pouco. Saísse do papel de mulher certinha e virasse rebelde por uma noite. E outra ela disse que você não ia se importar.

- Porque você faz isso? Presta atenção em uma coisa: eu amo a Marisa, ela é minha vida e não importa o que você faça para a gente brigar eu nunca, ouviu bem, nunca vou abandonar ela.

- Tá louca, eu quero que você fique muito bem com ela. Quero você longe da minha vida.

- Não é o que parece, fica fazendo de tudo para se encontrar comigo. Você poderia per pedido para outra pessoa fazer essa festa, a historia do carro também. Ela me contou que foi você que propôs que ela me ligasse. Achou que eu não iria atender ela?

- Bom, na verdade eu achei sim. Você nunca fez o papel de boa mulher, queria saber se isso tinha mudado. Mais um motivo para eu acreditar em tudo que aconteceu. Se você não estava nem ai para as minhas coisas era porque não me amava por isso me traiu. E outra coisa que quero deixar bem claro. A Marisa é minha contratada, tudo que eu peço para ela fazer eu pago muito caro. Se isso te incomoda você pode falar pra ela cancelar o contrato.

- Em primeiro lugar eu não te trai, esse papo já encheu. Vira o disco. Em segundo lugar, pode deixar que eu farei ela cancelar esse contrato sim, não precisamos do seu dinheiro e nem de você pra nada. Quanto mais longe ficarmos de você melhor para nós e em terceiro e ultimo lugar vai se foder Fabiana não preciso disso – falou se levantando para depois se desequilibrar e eu a segurar em meus braços. Olhei no fundo de seus olhos e não pensei a beijei. Ela se debateu, mas no meio do beijo se rendeu. Sua boca tinha o mesmo sabor que eu me lembrava, todo o turbilhão de acontecimentos que eu tinha vivido até ali se perdeu no meio daquele beijo. Depois do beijo ela olhou para mim e me enfiou a mão na cara.

- Você nunca mais faça isso – falou e saiu mancando em direção de Marisa.

Não tive reação nenhuma, na verdade nem senti o tapa que ela me deu. Eu estava entorpecida por conta do beijo. Apesar dela ter me batido eu consegui sentir algo diferente de tudo que ela havia me dito minutos atrás sobre ela amar Marisa e tal. Eu senti a minha Isabella de antigamente a Isa que eu amava.

Fiquei estática por algum tempo até Patrícia chegar e me perguntar o que tinha acontecido para a Isabella ir embora que nem um foguete. Eu disse a ela que não tinha acontecido nada. Não queria dizer o que tinha acabado de acontecer precisava ter certeza do que eu iria falar e só conseguiria com uma pessoa. Só conseguia a minha certeza com a Raquel.

Terminei a noite com Isabella em meu pensamento. Eu e Paty fomos para casa e por mais que ela tentasse puxar algum assunto eu não conseguia prestar atenção. Chegamos em casa por volta das três da manha, fui direto tomar banho, Paty ainda tentou saber o que tinha acontecido mais não lhe disse nada só queria ficar sozinha. Tomei um banho demorado, a agua caia sobre meu corpo como uma cachoeira de emoções. Será que eu estava errada mesmo? Será que eu tinha perdido a mulher da minha vida, porque não soube acreditar nela? Será que era tarde de mais para nós? Muitas perguntas sem nenhuma resposta. Eu só conseguiria saber a verdade se eu procurasse a única pessoa que mais odeio na minha vida.

Não consegui dormir, passei o resto da noite andando de um lado para outro da casa. Logo pela manha liguei para Fernando, ele sabia o endereço do estúdio e eu precisava tirar isso a limpo o quanto antes.

Na segunda bem cedo sai em direção ao Morumbi, resolvi ir bem cedo porque acreditava que Raquel mantinha os mesmo hábitos de antes ela chegaria mais cedo que Isabella. Cheguei ao endereço indicado no cartão, meu coração veio a boca. Não podia adiar mais, então entrei na casa. Ao entrar não encontrei ninguém, então toquei o sino que tinha em cima de um balcão. Não demorou muito e Raquel apareceu, tinha a mesma aparecia de quando eu me lembrava. Ela parecia surpresa em me ver e logo me perguntou.

- O que você está fazendo aqui? – perguntou se dirigindo para detrás do balcão.

- Preciso falar com você – respondi com a voz tremula.

- Não tenho nada para falar com você – disse áspera.

- Só preciso de alguns minutos, prometo não tomar muito do seu tempo.

- Nossa como o dinheiro deixou ela educada – disse com ironia

- Escuta eu não vim aqui pra brigar, só preciso saber...

- Saber o que – me cortou cruzando os braços.

- Qual é Raquel, você sabe do que eu to falando.

- Você quer saber se eu peguei a Isabella? É isso?

- Sim...

- E porque você acha que tenho que te falar alguma coisa.

- Olha – falei batendo no balcão com força a assustando – eu só preciso saber.

- Não, eu não peguei ela. Você viu errado, na verdade nos desequilibramos e acabamos na posição que você viu. Ela estava me agradecendo por convida-la para ser minha sócia.

- E porque eu tenho que acreditar em você? – perguntei limpando uma lagrima que caia.

-Porque eu sou a ultima pessoa que quer que vocês se acertem. Mas quer saber, foi até bom que aquilo tenha acontecido. Porque hoje a Isabella está com uma pessoa que realmente a ama.

- E quem disse pra você que eu não a amava?

- Se você amasse ela você tinha confiado nela, em tudo. Na historia da Amanda, nisso que você supostamente viu e em outras coisas mais que eu não preciso nem dizer.

- Ta certo, era só isso que eu precisava saber.

- Foi bom, te ajudar – falou com ironia – só espero que a Isabella não caia na burrice de voltar pra você.

- Espero que essa conversa fique entre nós, eu agradeceria.

- Pode deixar, como eu disse, não faço questão nenhuma de que você a conquiste novamente e ela ficar sabendo que você veio até aqui pode mexer com a cabeça dela.

- Tudo bem, já entendi que você sente a mesma coisa por mim que eu sinto por você. Valeu.

Sai daquele lugar enojada, mas não com Raquel e sim comigo. Como eu pude deixar isso acontecer? Eu tinha estragado tudo, eu que acabei com meu casamento. Eu que fiz com que meu amor fosse embora. Todo esse sofrimento que eu sentia não tinha sido causado por Isabella e sim por mim mesma. Mas apesar disso tudo eu finalmente havia descoberto a verdade e agora tinha que mover céus e terras para ter Isabella no lugar que sempre foi seu. Ao meu lado.



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Capitulo 15

[28/02/12]

Capitulo 15: Isabella

A festa estava muito boa e bem organizada. Em tudo que Marisa colocava a mão ficava perfeito. Não reconheci nenhum dos funcionários do Zé da época que eu frequentava. Marisa estava linda andando de um lado para o outro conversando com todo mundo com um radio para se comunicar com todos que trabalhavam na produção da festa. Ela era muito profissional e nessa eu dancei porque ela não pode me dar a atenção que eu queria dela naquela noite. Dei um beijo em seus lábios e logo me afastei para cumprimentar alguns velhos amigos de Fernando que há muito tempo não via. Havia muita gente nova também. Depois que a banda estourou tenho certeza que apareceram amigos do nada. Me enturmei com algumas pessoas e fiquei observando de longe Marisa trabalhar. Estava feliz por ela. Estava no seu ambiente fazendo o que gostava. Admirava a competência e o sucesso que ela tinha em tudo. Minha atenção foi desviada de Marisa quando Fabiana chegou com os outros meninos da banda. Claudio parecia alegre além do comum. Talvez já tivesse bebido antes. Pedro estava com uma namorada nova. Era bom que ele tinha se livrado de Amanda. Aquela dor de cabeça a tira colo. Fabiana estava linda. Com seu estilo despojado que sempre admirei nela, seus cabelos minuciosamente rebeldes. Uma pena que ela tinha estragado tudo. Melhor, não era uma pena não. Se não fosse sua estupidez eu jamais haveria conhecido Marisa. Como diz o ditado: a males que vem para o bem. Eu tinha um bem maior do que tudo, Marisa.

Troquei algumas palavras com os meninos antes que eles subissem para o palco para a passagem de som. Nesse meio tempo me dediquei a acabar com dois drinks sem álcool. Quando a banda começou a tocar decidi que precisava de algo mais forte e virei uma dose de Martini. O liquido desceu suave pela minha garganta. Já fazia alguns meses desde minha ultima dose de Martini. Peguei mais uma e fiquei acompanhando a musica que eles tocavam de perto do bar. Paty logo apareceu ao meu lado me dando um beijo estalado no rosto para depois sumir com um amigo de Fernando. Louca como sempre foi. Andei para a ponta da pista segurando outro Martini olhando Fabiana tocar. A agilidade que ela tinha com as mãos era incrível enquanto brincava com o instrumento em suas mãos e o microfone no suporte. Nossos olhos se encontraram e por alguns instantes me vi presa, sem conseguir desviar minha atenção da loirinha que tinha sido meu mundo por cinco anos.

- Está se divertindo amor? – perguntou Marisa me libertando do olhar de Fabiana.

- Estou sim linda – respondi enlaçando sua cintura – parabéns. Está tudo perfeito.

Marisa apenas sorriu buscando minha boca para um beijo. Não sei se ela viu a troca de olhares com Fabiana. Não queria que ela ficasse pensando coisas que não existiam. Nos afastamos para o bar pegar agua. Marisa foi chamada pelo radio para resolver alguma coisa com o presente que Fabiana daria para Fernando. A banda começou a tocar outra musica. Voltei para a pista andando devagar curtindo a vibe que guns sempre me dava. Em passos lentos fui atraída pela canto da sereia. Parei no meio da pista e fechei os olhos lembrando de quando eu tinha visto ela cantando aquela musica a primeira vez. Estávamos na frente de um bar com os meninos bebendo cerveja na calçada e tocando violão. Não havia produções caras, instrumentos caros, nem luxo. Era só voz violão e o sorriso maroto que Fabiana me presenteava a todo momento. Havíamos acabo de irmos morar juntas. Como eu era louca por ela naquela época. Foi nesse dia também que ela deu seu primeiro piti com ciúmes de uma garota que ficou elogiando as poucas tatuagens que eu tinha na ocasião.

Abri os olhos e enxerguei Marisa em um papo animado com uma garota que eu não conhecia. Sai do meio das pessoas agradecida por ela não ter visto a cena e fui direto para fora tomar um pouco de ar fresco. Tinha sido um erro ter ido.

Voltei para dentro da casa quando escutei o barulho da entrega do presente de Fernando. Fabiana havia dado uma moto para ele de aniversario. Ele era um cara que merecia tudo de bom. Iria fazer uma tatoo. Do tamanho que ele quisesse. Ri do jeito como todos choravam. Eu não era muito emotiva. Chorava poucas vezes. Se está feliz sorria. Essa era minha ideia. Alguns minutos depois fui atrás de Marisa que chorava como manteiga derretida. Dei um abraço nela e um beijo apaixonado. A maquiagem dos olhos começou a escorrer pelo seu rosto. Eu dei risada enquanto passava as mãos nelas. Ela ficava linda de qualquer forma. Mesmo com o rosto todo manchado de preto. Fui ao banheiro pegar papel para ela e encontrei com Juliana, mulher de Claudio, tentando se acertar com a alça do seu vestido que havia quebrado. Juntas demos um jeito nele e voltei para a pista. Não encontrei Marisa no lugar onde eu havia deixado. Olhei ao redor e vi quando Fabiana saia de perto dela. Marisa ria como uma boba . Já podia até imaginar o que tinha acontecido. Ela tinha bebido.

- Linda tá tudo bem? – perguntei sentindo o cheiro de tequila que chegava forte nas minhas narinas.

- A Fabi é foda! – falou rindo segurando meu braço – a garota é doida!

- O que ela te deu para beber além da tequila? – perguntei já fechando a cara. Claro que a Fabiana tinha que agir como uma criança.

- Não sei, mas é ruim! Puta merda, é muito ruim... – continuou rindo.

- Olha pra mim Marisa – falei um pouco mais brava segurando seus ombros – quantas doses?

- Duas, mas olha foram duas que me derrubaram! Que porra forte!

- Daqui a pouco passa meu amor. Você só vai acordar com uma tremenda dor de cabeça amanhã – finalizei abraçando-a.

Eu queria acabar com Fabiana. Juro que se ela tivesse na minha frente ela ia sentir toda a raiva que eu estava sentindo naquele momento da sua cara. Muita infantilidade da parte dela tentar fazer com que eu brigasse com Marisa, mas eu não faria isso. Sentei Marisa em um banco e pedi um coquetel de frutas sem álcool e uma garrafinha de agua. Na pista começou um bate cabeça com os amigos de Fernando. Minha vontade era de dar um murro na cara de Fabiana então fui bater em outras pessoas. Foi a coisa mais estupida que fiz ao entrar na roda. Eu estava de salto alto, logico que ia dar merda e deu. Um garoto me acertou um chute na perna e logo fui de encontro ao chão. Meu tornozelo começou a doer na hora. Tentei me levantar, mas o agito da garotada continuava sem se importarem comigo. Eles já me conheciam, sabia que quando eu caia, levantava com mais animo, mas não conseguir firmar a perna para isso. Logo Fabiana surgiu na minha visão me tirando do meio da muvuca, me levando para um lugar mais afastado.

- Você tá bem? – perguntou preocupada. Se a dor não fosse tão grande teria enfiado a mão na sua cara. Ela estava na posição certa para isso.

- Estou, não preciso da sua ajuda. Você já fez demais por hoje – respondi nervosa tirando suas mãos de mim.

- O que eu fiz? Tá louca to te ajudando.

- Não se faça de desentendida eu sei que você deixou a Marisa bêbada de proposito – falei aos berros. Como a musica estava alta não surgiu efeito nenhum.

- Eu, não só queria que ela se divertisse uma pouco. Saísse do papel de mulher certinha e virasse rebelde por uma noite. E outra ela disse que você não ia se importar.

- Porque você faz isso? Presta atenção em uma coisa eu amo a Marisa ela é minha vida e não importa o que você faça para a gente brigar eu nunca, ouviu bem nunca vou abandonar ela.

- Tá louca, eu quero que você fique muito bem com ela. Quero você longe da minha vida.

- Não é o que parece, fica fazendo de tudo para se encontrar comigo – comecei a cuspir as palavras - Você poderia per pedido para outra pessoa fazer essa festa, a historia do carro também. Ela me contou que foi você que propôs que ela me ligasse. Achou que eu não iria atender ela?

- Bom, na verdade eu achei sim. Você nunca fez o papel de boa mulher, queria saber se isso tinha mudado. Mais um motivo para eu acreditar em tudo que aconteceu. Se você não estava nem ai para as minhas coisas era porque não me amava por isso me traiu. E outra coisa que quero deixar bem claro. A Marisa é minha contratada, tudo que eu peço para ela fazer eu pago muito caro. Se isso te incomoda você pode falar pra ela cancelar o contrato.

- Em primeiro lugar eu não te trai, esse papo já encheu. Vira o disco. Em segundo lugar, pode deixar que eu farei ela cancelar esse contrato sim, não precisamos do seu dinheiro e nem de você pra nada. Quanto mais longe ficarmos de você melhor para nós e em terceiro e ultimo lugar vai se foder Fabiana não preciso disso – finalizei me colocando de pé com raiva. O tornozelo machucado me impediu de continuar e o chão veio ao meu encontro mais uma vez.

Fabiana me segurou rápida antes que o tombo fosse completo. Encarei seus olhos de mel com meia dúzia de palavrões engatilhados, mas algo no seu olhar me segurou, me prendeu como antes. Fabiana avançou sobre mim, buscando minha boca. Me debati em seus braços enquanto sua boca pressionava a minha, mas a posição em que estávamos não estava a meu favor. Quanto mais ela exigia forçado a passagem da sua língua, mais eu me debatia, mas não tive forças para continuar. Me entreguei a boca que tanto tinha adorado, passando a mão em sua nuca aumentando nosso contato. Era como se nunca tivéssemos nos separado. O gosto estonteante que ela tinha, doce misturado com o álcool e a forma agressiva que só ela conseguia ter quando me beijava. Me deixei levar pelo bailar de nossas línguas em uma fome louca que não imagina sentir por ela mais. Fabiana se afastou para fitar meus olhos e num momento de sanidade fiz o que tinha vontade de fazer a muito tempo. Enfiei minha mão na sua cara com toda a força que conseguir ter naquele momento.

- Você nunca mais faça isso.

Sai com raiva para o lugar onde Marisa estava entregue ao álcool e a peguei pelo braço a puxando para fora. Ela protestou dizendo que tinha que trabalhar enquanto ria. Encontrei com Paty na saída grudada com uma garota e puxei seu braço com a mão livre.

- Fala pra sua irmã que se algum dia ela chegar perto de mim outra vez eu não respondo pelos meus atos.

Sai com pressa sem dar tempo de resposta, puxando Marisa com a outra mão em direção ao carro no estacionamento. Abri a porta do carro e a coloquei no banco do passageiro dei a volta para me sentar ao volante. Quando dei a partida lembrei que estava com o pé doendo. Que se danasse também. Dirigi feito uma louca dando murros no volante enquanto Marisa recuperava aos poucos a consciência. Que raiva que eu sentia da Fabiana, que ódio que eu sentia de mim mesma por me deixar levar pela sua ousadia mais uma vez. Eu tinha beijado outra mulher e isso pra mim era abominável. Como eu iria encarar Marisa no dia seguinte depois de beijar Fabiana? Mas o que era mais complicado era como eu ia falar isso para ela.

Ao chegar em casa dei um banho em Marisa e a coloquei na cama. Depois que ela dormiu pude relaxar um pouco e fiquei a admirando. Como ela podia ser tão fraca com bebida? Duas tequilas tinham feito um estrago considerável com ela. Passei a noite acordada sentada na sala olhando para o teto. Aquela tinha sido a ultima vez que eu tinha visto Fabiana. Nunca mais estaria no mesmo lugar que ela.

Marisa acordou as três da tarde do domingo. Já tinha feito o café para ela e o almoço também. Ela se concentrou em um copo de café puro e um comprimido para dor de cabeça. Assistimos um filme abraçadas no sofá e quando ele terminou ela puxou o assunto da festa.

- Amor me desculpa pelo meu vexame – falou envergonhada – nunca antes tinha bebido tequila e não tinha ideia de que meu corpo era tão fraco.

- Não se preocupa meu amor – respondi dando um beijo em seus cabelos – de vez enquanto é bom pirar um pouco, mandar tudo a merda. Foi o que você fez.

- Você não vai ficar brava comigo?

- De maneira nenhuma. Queria ter te filmado do jeito que estava. Daríamos boas gargalhadas agora.

- Te amo, sabia? – falou me beijando – obrigada por cuidar de mim.

- tem outro assunto que eu quero falar com você – falei me afastando um pouco – quero que cancele o contrato com a Fabiana.

- Porque? Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu. Depois que a Fabiana te deixou bêbada meu primeiro impulso foi dar uns bons tapas nela...

- Você brigou com ela?

- Sim, mas foi de outro modo.

- Como assim?

- Para não enfiar a mão na cara dela eu fui descontar minha raiva no bate cabeça, mas eu estava de salto, uma estupidez. Me machuquei e ela veio me acudir da muvuca. Comecei a falar um monte pra ela, de tudo isso que está acontecendo, de ela ter te deixado bêbada. No meio da discursão ela me beijou.

- Ela o que?

- Eu tentei me afastar batendo nela, mas eu não estava em condições de bater em ninguém. Não consegui evitar – finalizei encarando seus olhos chocados.

- Que piranha! Eu sabia que ela ainda te ama! Ela vivia me dizendo que te odiava antes de saber que eu era sua mulher, mas eu sabia desde o primeiro momento que a raiva dela era amor por ter perdido a mulher para a chefe. Que vagabunda.

- Você também acha que eu fiquei com a Raquel?

- Não! Claro que não. Eu vejo a amizade de vocês. Não tem nada de romance no carinho que vocês tem uma pela outra

- Me perdoa – falei pegando suas mãos – eu nunca cogitei a ideia de voltar para ela, nem mesmo de ficar com ela. Eu amo você.

- Eu sei minha linda. Eu vou fazer o que já devia ter feito desde aquela festa na casa dela. Eu vou cancelar o contrato. Não quero ela fazendo de tudo para te tirar de mim.

- Você não vai ficar brava comigo?

- Você sentiu alguma coisa com esse beijo?

Pensei por um segundo antes de responder.

- Não. Só tive certeza que te quero ao meu lado.

- Isso é o que importa meu amor. Vamos tira-la de nossas vidas.

Abracei Marisa apertado para depois beijar sua boca. O beijo se intensificou no sofá e só foi parar no final da noite com nossos corpos exaustos. Dormi com o cansaço de uma noite não dormida e de um bom sexo.

Na segunda de manhã a primeira coisa que Marisa fez foi ligar para Fernando e informar que iria cancelar o contrato que tinha com a banda de Fabi. Pelo que pude ver ele se mostrou surpreso com sua decisão. Marisa apenas explicou que Fabiana saberia o por quê da quebra do contrato. Depois de uma curta conversa saímos. A levei até sua casa e segui direto para um hospital. Meu pé ainda doía muito, mas não tinha nada grave com ele. Apenas uma luxação qualquer. Cheguei no estúdio já ia dar meio dia. Não demorou para que Raquel me puxasse para sua sala.

- O que foi? – perguntei assustada me sentando em sua cadeira.

- Me contra da festa. O que aconteceu lá?

- Foi uma droga. A festa no geral foi legal, mas a Fabiana resolveu pirar. Fez a Marisa tomar um porre e me agarrou para me beijar.

- Não acredito! Essa mulher é maluca mesmo.

- Eu te disse varias vezes. Mas agora vai ficar tudo bem, a Marisa vai cancelar o contrato com a banda. Vamos seguir nossas vidas normalmente.

- Você sentiu alguma coisa ao beija-la?

- Ela me beijou – corrigi – não sei. Eu resisti, mas tava machucada, sem muita ação. Confesso que quando ela conseguiu fazer minhas defesas cair eu correspondi. Foi como se não tivéssemos ficado tanto tempo longe. A nossa sintonia ainda é perfeita.

- Você não devia ter feito isso com a Marisa – falou Raquel pensativa – ela te ama tanto.

- Eu sei. Me martirizei por horas até conseguir contar para a Mari. Não quero que nada nos separe.

- Você contou pra ela?

- Claro. Não escondo nada da Marisa e não quero a Fabiana se metendo na minha vida de novo.

- Tá certo. Você tem que esquecer essa mulher e ser feliz com a Marisa.

- O que você tinha pra me falar? – perguntei curiosa. Não era possível que toda a sua afobação fosse por causa da festa;

- Nada – me respondeu sorrindo – só queria saber da festa. É bom saber que você não vai cair nas investidas daquela desmiolada.

- A Fabiana é meu passado. Quem vive de passado é museu. Esquece esse assunto, esquece Fabiana. Vamos simplesmente continuar com a pagina virada.

- Bella ligação pra você – falou Yasmim, recepcionista do estúdio – um tal de Fernando.

- Puta, Nandão Já vou atender.

- O Fernando empresário da Fabi? – quis saber Raquel.

- Ele mesmo. Vou dar uma tatuagem pra ele de aniversario. Vou lá.

Sai da sala sob o olhar enigmático de Raquel. Parecia que ela estava me escondendo alguma coisa. Fernando queria marcar para fazer a tatuagem naquela semana que ainda teriam folga com a agenda da banda. Pedi para ele me mandar o desenho por e-mail e marcamos para o dia seguinte.

Marisa passou no estúdio no final o dia já com seu carro e fomos para sua casa. Ela fez o jantar enquanto eu tomava um banho e poucos minutos depois estava com ela na cozinha tentando subir sua saia enquanto ela lutava com um escorredor de macarrão.

- Bella, para! – protestou encostando a cabeça no meu rosto – nosso jantar não vai sair nunca desse jeito.

- Não tem problema – respondi mordendo sua orelha – eu estou com fome de você.

- É serio Bella. Precisamos conversar.

- Sobre o que? - Perguntei derrotada indo para uma cadeira.

- A Fabi me ligou. Ela quer uma reunião comigo;

- O que essa garota quer ainda? – perguntei sentindo todos meu corpo ficar tenso.

- Por causa do contrato. Não conversamos muito por telefone porque disse a ela que não vou voltar atrás com a minha palavra, mas a clausulas no contrato sobre o cancelamento que tem que analisado.

- Nada serio, não é?

- Se ela quiser, ela pode me prender. O cancelamento é quase o valor total do contrato.

- Você sabia dessa clausula?

- Claro meu amor. Não me importei porque achei que seria como outros artistas com quem trabalho. Mas não está sendo.

- Ela não vai querer te segurar. Ela é louca, mas não a tanto. Conheço a Fabiana. Ela não vai dar o braço a torcer, e a não quebra do contrato vai confirmar que ela está desesperada.

- Desesperada por você né? – falou se sentando em meu colo abrindo o roupão que eu usava – perde e depois fica correndo atrás – finalizou tocando meus seios.

- Por que não paramos falar sobre isso e vamos para a cama? Tenho coisas mais importantes para fazer do que lembrar dela – falei conseguindo enfim fazer sua saia sair pela cabeça.

Marisa saiu no dia seguinte indo para a uma reunião com um novo cantor que queria contrata-la para a produção e divulgação do novo CD. Eu fui para o estúdio e pouco tempo depois Fernando chegou todo animado para Fazer o desenho. Era uma Carpa que ia cobrir outra tatuagem nas costas. Ele tinha me mandado o desenho no dia anterior e eu já tinha passado para o papel. Se eu bem me lembrava do seu tamanho ia ficar na medida certa. E de fato ficou. Quando pintei ele nas suas costas o tamanho ficou ideal.

- Muito bom ruiva – falou Fernando olhando no espelho – você é muito boa nisso, Vamos fazer o risco agora?

- Demorou gato, faz tempo que não te ouço gemer de dor.

- Tá me tirando né? – falou se deitando na maca enquanto eu puxava uma cadeira para perto dele – a Fabi me falou do que aconteceu na festa.

- Não quero falar sobre isso. Pra mim a Fabiana é uma pagina virada – respondi testando o equipamento.

- Ela te ama. Será que você não percebe isso?

- Ela tem um amor doentio por mim, Fernando – falei me concentrando em suas costas depois de colocar a mascara – ela não me ama de forma sadia. Ela tem obsessão por mim. Não quero isso na minha vida.

- Ela não vai querer que a Marisa cancele o contrato. Ela vai querer que as clausulas sejam levadas ao pé da risca.

- Ela já falou com você sobre isso?

- Conversamos ontem a noite. Ela não ficou muito satisfeita com o pedido da sua mulher.

- Sabe qual foi meu erro? Não ter dito a Marisa que fui casada com a Fabiana.

- Ela não sabia que você já tinha sido casada?

- Sabia, mas não disse que era com a Fabi Pontes.

- O que você sente pela Fabi?

- Naquele dia na festa na casa dela, eu estava feliz. Ela tem conseguido tudo o que sempre desejou. Tem uma carreira promissora e o reconhecimento do seu trabalho. Cogitei a ideia de nos tornarmos amigas, mas depois as atitudes dela me fizeram repensar. Hoje eu sinto pena, quero ela longe de mim, longe da Marisa.

- A Fabi nunca te esqueceu. Depois que você foi embora ela começou a ter umas ideias erradas. Quase miou o lançamento do primeiro Cd. Depois disso foi só farra. Uma mulher a cada final de semana. Uma coisa que eu sempre achei interessante nas meninas que ela catou por ai é que todas elas tinham alguma coisa sua. Tatuagens, piercings, cabelos vermelhos. Acho que ela tentava te achar em cada uma delas.

- Porque ela não me procurou depois? Até então ela não sabia onde eu morava, não sabe até hoje, acredito eu, mas ela sabia onde ficava o estúdio lá na galeria. Meu celular é o mesmo numero até hoje e meu e-mail também.

- Ai a gente volta aquela velha historia da traição.

- Ela nunca vai entender que eu não fiquei com a Raquel, nem quando éramos casadas e nem depois, mas isso não é mais importante. A Raquel e a Marisa se dão super bem. De vez enquando saímos juntos, vamos para algum lugar se divertir.

- Fico feliz por você ruiva. É bom quando temos alguém bacana de verdade ao nosso lado.

- É sim. E como vai a Silvia? E seus filhos? Devem ter crescido bastante.

- Nossa nem me fala. A pequena já sabe tudo. Me dá um baile no computador.

Ri da forma como ele falava dos filhos. Fernando era cuidadoso com os filhos e sempre fora um pai presente. Ele era um cara incrível para uma mulher se casar. Silvia tinha tido sorte de encontra-lo no meio das pessoas loucas que vivia rodeado. O desenho fluiu bem. No final de uma hora já tinha todo o risco feito. A primeira sessão para começar a pintura seria no sábado seguinte que era quando a agenda dele permitia. Outras duas sessões teriam que ser feita conforme a agenda desse.

Depois que Fernando foi embora fiquei na minha sala escutando musica rodando na cadeira olhando para o teto. Pensei em toda a nossa conversa. Depois da família quem conhecia melhor Fabiana era Fernando. Todos me diziam o mesmo refrão. Ela ainda me amava. Impulsiva, intensa, louca. Apaixonante.



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Capitulo 16

[02/03/12]

Capitulo 16: Fabiana

Ao chegar em casa dava para ver na minha cara que eu estava arrasada, não queria acreditar que tinha perdido Isabella por uma besteira. Paty já tinha preparado a serie que eu teria que fazer para melhorar minha forma física e estava toda animada para estrear a nova academia. Disse a ela que não estava afim, mas depois acabei cedendo a suas tentativas. Começamos com alongamentos o que era básico para todo começo de exercício físico. Depois passamos para esteira, por mais que ela me chamasse de molenga quando eu coloquei a língua para fora não dei muita importância. Ela sabia que havia alguma coisa errada comigo, mas acho que ela estava esperando eu me abrir. Ao fim da pequena aula fui tomar um banho e logo vi que ela me encarava na porta do box até que ela decidiu interromper o silencio.

- Você vai dizer o que está acontecendo? – perguntou Paty me entregando a toalha.

Desabei em choro debaixo do chuveiro, senti suas mãos a me abraçar debaixo da água.

- Eu perdi ela, não perdi? Como eu pude deixar isso acontecer? – falei correspondendo ao seu abraço.

- Ei se acalma e me fala o que aconteceu – disse me levantando do chão onde nós nos encontrávamos.

- Eu descobri, Paty. Descobri que ela não me traiu, porque eu não acreditei nela? Eu devia ter acreditado nela e agora eu a perdi de vez.

- Você não perdeu ela e você sabe disso. Mas o que aconteceu para você chegar a essa conclusão? - Perguntou terminando de me secar para poder tirar suas roupas molhadas

- Eu beijei ela na festa do Fê – falei colocando um roupão.

- Serio, mais e ai. Como que foi? Que horas? O que você sentiu? Fala Fatita, to agoniada – disse dando pulos pelo quarto parecendo uma louca,

- Ai, calma que eu te conto. Se lembra a hora que ela foi embora? Foi nessa hora. Eu tinha acabado de beijar ela. Eu estava no palco e ela estava na pista fazendo o bate cabeça e como sempre ela se machucou. Não pensei em nada descido palco e tirei-a de lá no colo.

- Ai que lindo, tipo O Guarda-Costas - Falou se sentando do meu lado na cama.

- Como você é palhaça. Então, nós discutimos e ela tentou se levantar só que se desequilibrou e eu não aguentei acabei beijando ela.

- E ela, o que ela fez?

- Ela brigou, se debateu, mas acabou cedendo e me beijou como se fosse a primeira vez. Parecia que nada tinha acontecido, sabe?

- Ai que tudo, e depois? Porque ela saiu daquele jeito?

- Então, depois ela me deu um tapa e disse para nunca mais fazer aquilo e saiu.

- Serio? A Isa sempre tem que agir assim também, no impulso. Se ela gostou por que não aproveitou? Mas é bem a cara dela fazer isso.

- Só que não parou por ai, eu senti no seu beijo que ela ainda sentia alguma coisa por mim. Por isso que eu não te disse nada ontem, eu queria ter certeza. Então fui ver a Raquel, só ela poderia me confirmar isso.

- Você fez o que? Por que ela? E como você sabia onde encontra-la?

- Não sei por que, pra mim só ela poderia me tirar essa duvida por isso sai tão cedo hoje. O Fernando vai fazer uma tatoo com a Isa e ela deu o endereço para ele. Não foi muito difícil.

- Tá, mais o que ela te disse?

- Ela me disse que eu tinha visto errado, mas que foi bom que isso aconteceu. Porque a Isabella encontrou uma pessoa melhor que eu, que ela ama e faz ela muito feliz.

- Mas e ai o que você vai fazer agora?

- Nada, eu já perdi ela. Não tenho mais nada a fazer, ela está feliz. Coisa que ela não estava comigo. Eu quero o bem dela, já que eu lhe fiz tanto mal – disse com lagrimas nos olhos abaixando minha cabeça.

- Eu não acredito que você, não vai fazer nada. Fatita essa historia ainda não acabou. Ela ainda ama você. Eu pude ver isso na festa que teve aqui e se ela correspondeu ao seu beijo é porque ela ainda não te esqueceu também – falou enxugando as lagrimas que caiam.

- Não quero bagunçar a vida dela de novo, Paty. E se ela voltar comigo e eu estragar tudo de novo? Acho melhor ela ficar com a Marisa, ela ta mais feliz assim. Eu vou me dedicar a minha carreira e esquecer que tudo isso aconteceu.

- Desistir de ser feliz e ter a mulher que você ama do seu lado? Posso te falar uma coisa, tudo que você fez nesse um ano foi por causa dela. Até a sua carreira você ta seguindo por causa dela ou você não percebeu isso? Todas as suas musicas tem um toque de Isabella, suas produções, essa casa até as mulheres que você sai são parecidas com ela em alguma coisa. Então para de se fazer de sofredora que perdeu um amor e luta por ela.

Tudo que ela havia me dito fazia sentindo, mas ainda achava que eu não era o melhor pra Isa.

- Eu não sei, Paty. Eu sei o que é melhor pra ela – falei decidida.

- Você acha que sabe? Você fez tudo por ela nesses anos só se esqueceu de uma coisa. O mais importante você se esqueceu de mudar. Não basta só amar, Fatita. Você tem que se adaptar a pessoa. Você só desconfiava dela. Poxa ela sempre te amou, mas o seu ciúme foi o que estragou tudo. Não precisa estar vinte e quatro horas do lado da pessoa para mostrar que se ama. Para pra analisar esse relacionamento dela. Pelo que eu vi a Marisa não fica tanto no pé dela e com isso ela é muito mais interessada na vida da Marisa.

- Mas não foi bem isso que aconteceu, se você também não percebeu a Marisa pode não pegar tanto no pé dela só que ela até agora não precisou abrir mão de nada pra ficar com a Isabella. Nosso casamento começou a declinar quando eu comecei a me dedicar mais a minha carreira do que a ela. Isabella começou a ficar distante por causa disso e com isso foi onde eu comecei a desconfiar dela. Quando eu descobri que ela fazia tudo pra Marisa foi aonde eu acreditei mesmo que ela nunca me amou.

- É, mas você viu que você estava errada. Você duas erraram, você já percebeu isso. Tenho certeza que quando ela perceber isso ela vai repensar e quem sabe essa seja sua chance.

Paty tinha razão, mas decidi acompanhar de longe tudo isso. Somente quando Fernando me ligou que eu mudei de ideia. Sua ligação havia me tirado do serio naquela segunda. Isabella cumpriu sua promessa, Marisa estava desistindo do trabalho. Isso não poderia acontecer, nosso prazo era curto. E não teríamos tempo de contratar outra pessoa tão competente para o trabalho. Logo ao saber dessa noticia liguei para ela.

- Alô, Marisa... Fabiana... o Fernando me disse sua decisão – falei me sentando no sofá.

- Não se preocupe Fabiana, todos os contatos que fizemos permanecem e toda a ideia você também pode usar. Isso é o de menos.

- Não, você não esta entendendo. Não vou falar nada com você por telefone. Estou ligando para marcar uma reunião com você.

- Eu prefiro que não e você sabe qual o motivo.

- Olha Marisa, não me importa o motivo. Precisamos sentar e conversar existem coisas que não podem se resolver dessa forma. Com uma simples ligação.

- Você esta certa, que dia pode ser?

- Sexta-feira, ta bom pra você?

- Claro sexta pode ser.... e outra coisa – Falou Marisa com uma voz tensa

- Então até sexta – e desliguei. Sabia exatamente o que ela iria falar. Só que eu teria que explicar para ela que eu não misturo vida particular e negócios.

Liguei para Fernando para pedir que ele fosse em casa, além desse problema teria outros problemas para resolver antes de partir para um show em Santa Catarina. Não demorou muito para ele chegar. Expliquei para ele o que deveria ser feito, precisava me amparar legalmente com Marisa. Se ela pensava que ia se livrar tão fácil assim de mim ela estava muito enganada. Fernando estava perdido com essa decisão de Marisa mesmo porque estava indo tudo bem, ele queria saber de todas as formas. Então por mais que eu quisesse preservar Marisa eu fui obrigada a lhe contar qual era o motivo. Fernando, não ficou muito surpreso. Achou até engraçado quando eu contei que tinha beijado Isa, disse que ele e os meninos da banda apostaram quando seria o primeiro beijo de nós duas. E ainda apostaram que ainda acabaríamos voltando. A principio fiquei brava, eles estava jogando na loteria minha vida. Mas depois acabei levando na brincadeira. Ele me perguntou o que eu ia fazer em relação a Isabella, se eu iria tentar reconquistar ela. Apenas disse que o futuro a deus pertence, mas os problemas nós que resolvemos. Estava mais preocupada com a produção do show do que com minha vida intima.

A semana seguiu como todas as outras entre pontes aéreas e shows. Meu pensamento seguia com Isabella. Não conseguia pensar em mais nada, nem as mulheres que se jogavam em mim, conseguiam me fazer esquece-la.

O dia da reunião chegou e eu estava calma e paciente. Nem parecia eu mesma, estava me estranhando. Fernando havia me advertido para eu não provoca-la. Na verdade não estava pensando em fazer isso. Com toda essa historia e a conversa com Paty eu estava vendo tudo de uma forma diferente. Só que eu não poderia permitir que Marisa saísse assim. Iria fazer de todas as formas para que ela mudasse de ideia.

Sentamos na sala de reuniões eu, Fernando e Marisa. Ela se mostrava arredia, como se quisesse me bater. Sabe saído salto, mas por mais que ela tivesse motivo acho que ela não faria isso.

- Bom, Marisa essa reunião é pra discutir como que vai ser daqui pra frente – Falou Fernando dando inicio a conversa.

- Acho que eu deixei bem claro que não haverá um daqui pra frente – disse bebendo a agua que estava sobre a mesa.

- Acredito que você tenha lido seu contrato Marisa – falei com um tom de ironia.

- Sim, mas minha decisão está tomada e não vou voltar atrás – disse colocando o copo sobre a mesa.

- Acho melhor você repensar essa sua decisão, porque acho que você não terá como pagar essa multa – falei pegando o papel das mãos de Fernando.

- Você não sabe nada da minha vida, Fabiana. Você não me conhece – disse nervosa.

- Meninas vamos com calma, acho que não precisamos nos alterar – disse Fernando tentando acalmar os ânimos.

- Bom Marisa, pelo o que sabemos você está de casamento marcado eu acho melhor você terminar seu trabalho para não ter que adiar ele – falei olhando o papel.

- Para que assim, você possa dar em cima da minha mulher – falou se irritando batendo na mesa.

- Ah, esse é o motivo. Bom, já que você não sabe dividir vida pessoal de vida profissional, realmente acho melhor deixar você pagar essa multa.

- Como se você soubesse dividir Fabiana, você deixou bem claro isso dando em cima da minha mulher.

- Em primeiro lugar, os motivos que me fizeram fazer o que eu fiz são bem diferentes do que você pensa. Em segundo lugar, eu nunca duvidei da sua capacidade profissional por isso você está aqui hoje. Se você acha que eu vou permitir que um erro meu atrapalhe a minha carreira você está muito enganada – falei me alterando também – eu sei que o que eu fiz foi errado e por isso eu estou aqui tentando fazer que esse erro não se torne um maior ainda.

- Eu não tenho mais nada a dizer, essa é minha decisão e eu não volto atrás – disse Marisa pegando a bolsa.

- Fernando, você pode nos dar um minuto as sós – falei me virando ao Fernando.

- Fabi, eu não acho que deva – falou Fernando surpreso com tom de preocupado.

- Não precisa Fernando eu já estou de saída – falou Marisa.

- Um momento Marisa, não vai demorar o que eu vou te dizer – disse me levantando – por favor, Fernando e não se preocupe o que vou dizer a Marisa não ira nos trazer problemas.

Fernando se levantou e saiu deixando o contrato. Pedi para Marisa se sentar, coisa que ela não fez.

- Você sabe porque meu casamento com Isabella acabou, Marisa? – perguntei fitando seus olhos.

- É isso que você tem de tão importante para me dizer? – falou Marisa fazendo menção de sair.

- Espera, só responde – disse tentando impedi-la.

- Por que você não foi capaz de confiar nela – respondeu me encarando.

- Não, esse foi só um detalhe. Meu casamento com Isabella acabou por que eu estava tão envolvida com a minha carreira que acabei deixando de dar atenção ao que ela queria. Ela não entendia que era importante pra mim poder dar tudo a ela. Sabe como foi nosso primeiro ano de casadas?

- Não, não falamos sobre você.

- Eu imaginei, então eu vou te contar. Nosso primeiro ano foi muito difícil, chegou mês que nós íamos à despensa e a única coisa que tinha era uma lata de sardinha com um pacote de miojo. Tinha vez que a gente se convidava para a casa de amigos para poder ter o que comer. Na época só ela que ganhava dinheiro e o pouco que ela conseguia só dava para as contas de casa. Uma coisa era eu ter que me manter, você sabe que na estrada a gente come qualquer coisa e muitas vezes não se importa em não comer nada. Eu prometi pra mim mesma que faria de tudo para ela não ter que passar mais por isso. Por isso me dediquei tanto a minha carreira, quando eu comecei a ganhar dinheiro ela já não se interessava mais. Era arredia aos assuntos da minha carreira, não me acompanhava mais. Não se importava tanto e com isso eu passei a ter ciúmes de seu comportamento, pra mim era a única explicação. Eu me matava tanto pra ela ter tudo e ela nem ai, só poderia estar me traindo – falei enxugando uma lagrima que caia.

- Mas pelo que eu conheço da Isabella, isso não seria importante até porque acredito piamente que ela não liga para coisas materiais. Eu conheci uma Isabella machucada que não acreditava em amor, demorou pra eu convence-la que eu não iria machuca-la.

- Eu acredito que isso seja verdade, eu fui injusta com ela. Nós duas erramos e eu percebi isso. A única coisa que eu não quero agora é que ela passe por tudo o que passamos. Por isso que eu te peço, não desista desse trabalho. Eu não vou dizer que não seja por mim que eu esteja te pedindo, mesmo porque eu preciso de você pra terminar esse trabalho. Já que estamos com o prazo tão apertado. Mas também eu estou pedindo por ela. Se você ama tanto assim ela, não permita que ela passe por nenhuma necessidade. E você sabe que não tem esse dinheiro.

- Você vai deixar ela em paz se eu continuar trabalhando com você? – falou Marisa respirando fundo.

- Eu não posso te prometer isso, eu tenho direito de ir e vir. Eu a amo demais e se eu tiver alguma chance eu vou tentar – disse sendo o mais sincera que eu podia.

- Você não tem essa chance, ela me ama – falou Marisa colocando a bolsa no ombro.

- Então você não precisa se preocupar, se você optar por continuar o trabalho prometo que só nos encontraremos quando for preciso, você pode tratar tudo com o Fernando.

- Ta certo... eu entro em contato – falou abrindo a porta.

- Olha pensa com calma em tudo o que eu te disse – falei a acompanhando.

Fernando ficou surpreso por eu ter dobrado a fera. Mas na verdade eu só queria que ela entendesse que eu queria o bem da Isabella e acho que consegui. Teríamos o fim de semana livre, por mais que fosse importante shows de final de semana eu tentava sempre dar uma folga para todos. Eu e Paty fomos para o Rio para visitarmos nossos pais, já fazia algum tempo que não nos víamos e decidimos ir. Mamãe fingia que nada estava acontecendo, mas ela sabia que eu não estava bem e também sabia qual era o motivo. Paty devia ter contado algo para ela. Na noite de sábado ela achou demais eu não querer sair com Paty e me chamou para conversar a moda dona Rose. Estava no quarto quando ela chegou com um travessa de pipoca e suco. Eu estava com meu violão olhando para o nada que nem percebi que ela havia entrado.

- Porque você não pega esse violão e vem para a sala pra gente tocar, eu fico no piano e você no violão. Olha o que eu fiz para acompanhar – falou sacudindo a pipoca deixando algumas cair no chão.

Saímos do quarto e fomos para sala, mamãe sabia como me arrancar alguma coisa e a melhor forma para isso era com musica e pipoca.

Ela se sentou ao piano e começou a tocar Olha de Roberto Carlos. Eu a segui com o violão para logo começar a cantar.

Olha, você tem todas as coisas.

Que um dia eu sonhei pra mim.

A cabeça cheia de problemas

Mas eu não me importo eu gosto mesmo assim.

Tem os olhos cheio de esperanças

De uma cor que ninguém mais possui.

Me traz meus passados e a lembrança

Coisas que eu quis ser e não fui....

Logo minha voz começou a falhar e o choro que estava preso inundou meus olhos. Mamãe parou e me abraçou me deixando chorar tudo que eu precisava.

- Você vai ser feliz minha filha, você ainda vai encontrar alguém para poder dar todo esse amor outra vez.

- Eu quero ela, mãe, mas eu estraguei tudo. Agora ela esta com outra que por mais que me doa faz ela muito feliz.

- Se a Isabella te ama, ela volta. Acho que um amor tão bonito como o de vocês não pode ter acabado assim. Agora se ela vão voltar você ter que seguir e aprender com seus erros – mamãe dizia passando as mão em meus cabelos. Ela nunca foi de dizer o que eu queria ouvir e sim o que eu precisava ouvir.

- Eu não quero ficar pensando nela, assim eu acho que com o tempo eu esqueço. Eu só quero sua felicidade mesmo que isso custe a minha.

- Bom, esse é o primeiro passo. Você já aprendeu o que é o verdadeiro amor. Abrir mão do seu amor para que ela seja feliz é forma mais linda de você mostrar a ela o que quanto você a ama – disse levantando minha cabeça para fitar meus olhos – só que pelo que eu te conheço não vai demorar muito para você parar com essa coisa derrotista e tentar recuperar o seu amor, é mais seu perfil.

- Não sei mãe, to meio perdida no meio disso tudo. A principio eu tenho que me dedicar mais a minha carreira. Isso está começando a afetar ela e eu não lutei tanto para não seguir em frente.

- Bom, o que você vai fazer daqui pra frente eu não sei, só sei o que você vai fazer esse fim de semana. Você vai ficar no colinho da mamãe, porque eu estava com saudades de te ter aqui comigo. E também, nada melhor para curar uma dor do que colo de mãe.

- Tá certo...

E de fato foi o que fiz o fim de semana todo, aproveitei o colo da minha mãe. Porque ela eu tinha certeza que aconteça o que acontecesse, ela era a única que iria me amar mais que qualquer outra mulher. Voltando para São Paulo na segunda pela manhã Fernando me informou que teríamos que atrasar o lançamento no novo show por uns dois meses. Problemas com a gravadora. Pelo menos teríamos mais tempo, caso Marisa não terminasse o trabalho, para procurar outra pessoa. Inclusive já pedi para Fernando entrar em contato com outros produtores, por garantia.



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Capitulo 17

[06/03/12]

Capitulo 17: Isabella

- Oi meu amor – falei assim que vi Marisa entrando na minha sala no estúdio – como foi a reunião? – perguntei preocupada com o seu ar distante.

- Foi péssimo. A Fabiana não está disposta a cancelar o contrato – falou se apoiando na porta.

- Eu sabia que ela ia aprontar uma dessas. Como eu pude ficar tanto tempo junto com uma louca como ela? – falei indo abraça-la - Mas e se você não fizer o trabalho? Cancelar por sua parte?

- Vai ser péssimo Bella – me respondeu indo até minha cadeira – O contrato tem um valor muito alto. Passei no advogado e no contador para saber como fica minha situação na quebra. Eu tenho que arcar com a multa e com todas as despesas que tive até agora. Eu não posso sair e deixar a banda no prejuízo e vai ser isso que vai acontecer. Eles estão com um prazo curto e teriam que adiar o trabalho até ser contratado outro.

- Que droga meu amor, mas nós vamos conseguir superar isso – falei me abaixando na sua frente – eu vendo o carro, sei lá.

- Não adianta Bella. Teríamos que cancelar os nossos projetos. Eu consigo esse dinheiro de volta em dois trabalhos, mas há outro porem também.

- O que?

- A Fabi Pontes está a caminho do auge da sua carreira. Um trabalho com ela agora firma minha competência em produção e me dá mais destaque. Querendo ou não, eu preciso dela e ela precisa de mim.

- Você não quer cancelar, não é? – perguntei me levantando passando as mãos nos cabelos – por quê?

- Porque vai sujar meu currículo. Em todas as produções que trabalhei sempre terminei com ótimas referencias e agora que pego um trabalho grande de verdade se eu abandonar a banda na mão não vou mais ter tanta credibilidade.

- Pra que manter a Fabiana nas nossas vidas? Será que você não vê que isso só vai acabar nos prejudicando? Nos machucando?

- Não vai acontecer nada disso, linda. Te prometo que vou falar o mínimo com ela e assim que esse pesadelo acabar tiraremos ela de nossas vidas para sempre.

- Eu não concordo.

- Eu não posso pagar tudo o que economizei e conquistei até hoje por deixar minha vida pessoal interferir no meu profissional. Não posso jogar tudo para o alto porque ela ainda te ama.

- Está certo – respondi fechando os olhos. Mais uma vez o trabalho de Fabiana iria atrapalhar um relacionamento meu – eu entendo tudo isso que está me dizendo. Promete que não vai deixar que ela estrague o que temos?

- Prometo meu amor – Marisa me respondeu me dando um beijo – nada vai nos separar.

A abracei apertado mantendo minha cabeça em suas mechas negras. Fabiana iria aprontar alguma coisa. Eu a conhecia bem para chegar a essa conclusão. Me afastei segurando o rosto de Marisa.

- Eu não vou participar de nada em relação a esse trabalho seu. Quero que me mantenha o mais longe o possível dela. Sem festas, sem encontros casuais para te buscar em algum lugar. Nada.

- Eu também não quero que ela te encontre. A partir de hoje tudo o que ela vai conhecer de mim é o meu lado profissional.

- Ótimo – respondi beijando seus lábios – eu já terminei por aqui hoje.

- Então vamos embora. Preciso relaxar um pouco, estou tensa por conta de tudo o que aconteceu hoje.

- Tá tensa é? – perguntei me sentando em seu colo – eu posso começar a te deixar relaxadinha desde agora – finalizei beijando seu pescoço.

- Parece ser uma ótima ideia – respondeu Marisa descendo a mão para dentro da minha bermuda.

Me levantei com um sorriso e tranquei a porta da sala. Tirei a regata antes de tirar o lençol que estava em cima da maca. Marisa me abraçou por trás desabotoando minha bermuda, falando obscenidades no meu ouvido. Me virei para ela abrindo sua camisa. Abri o fecho frontal do sutiã de renda e abocanhei um dos seus seios já tesos a minha espera. Enquanto minha língua se deliciava com o sabor de sua pele, minhas mãos desabotoavam a calça que ela usava fazendo-a deslizar pelas suas pernas. Marisa terminou de tira-la com os pés e a virei em cima na maca descendo pelo seu corpo. Os pelinhos negros estavam arrepiados pelo meu contato e seus gemidos baixos já tomavam conta da sala. Beijei toda sua pele macia voltando para o pescoço e boca. Encarei seus olhos cheios de desejo e afastei a latera da sua calcinha com uma mão. Suas mãos começaram a bagunçar meu cabelo preso em um rabo de cavalo me incentivando a continuar com a masturbação lenta e sensual. Marisa já estava encharcada de tesão em pouco tempo. Meus dedos deslizaram suavemente para sua vagina quente e molhada. Os gemidos começaram a ficar mais alto enquanto o ritmo de minha mão aumentava e minhas chupadas em seus seios e pescoço a marcava. Marisa colocou uma de suas pernas em minha cintura me dando mais espaço para nos perdermos em todo o tesão do momento. O ritmo ficou incontrolável quando senti seu corpo todo se retrair para relaxar em um orgasmo. Me afastei para fitar seus olhos negros satisfeitos. A agarrei novamente me livrado da bermuda subindo sobre seu corpo em cima da maca. Marisa me virou e tirou minha calcinha deixando sua mão descer para o meu sexo ensopado de tesão.

- Você é só minha, meu amor. Só minha – falou me penetrando.

- Só sua – respondi em um gemido – pra sempre sua.

Saímos do estúdio depois que todos já tinham ido embora. Fomos direto para sua casa pegar algumas roupas e seguimos para o meu apartamento. Passamos o tempo todo entre carinhos e conversas sobre nosso casamento. Não via a hora de passar cada minuto que pudesse ao seu lado.

No sábado Fernando foi até o estúdio para começar a fazer a pintura da carpa. Não tocamos no assunto Fabiana e foi melhor assim. Conversamos sobre coisas banais, família, acontecimentos que não envolvia ela. Marcamos de fazer mais uma sessão quando ele tivesse um tempo, mas ainda não sabia quando seria.

Sai do estúdio indo direto para casa de Marisa. Ela já estava a minha espera com o almoço pronto. Passamos a tarde juntas fazendo coisas sem muita importância e no final do dia decidimos sair de São Paulo para esquecer os problemas. Passamos o domingo em uma cidade perto da capital. O lugar tinha uma deliciosa cachoeira e foi ali que mais uma vez meu coração se encheu de ternura pela bela morena deitada em cima de uma pedra do leito do rio tomando sol. Eu era muito sortuda por uma mulher como ela me amar.

Os dias se transformaram e semanas e se converteu em um mês. Nesse meio tempo terminei de fazer a tatuagem de Fernando e não tive mais noticia de Fabiana. Marisa havia confirmado com Fernando que continuaria na produção da banda desde que tivesse o mínimo contato possível com Fabiana. Quando ela tinha que sair com eles em alguma viagem ou reunião, apenas me dizia que estava indo trabalhar. Não tocamos mais no assunto e aos poucos Fabiana foi se dissipando de nossas vidas.

Meu aniversario ia cair num sábado. Marisa havia me dito que havia uma viagem marcada para esse final de semana, mas não iria. Talvez Fabiana quisesse tira-la de perto de mim logo numa data tão importante. Raquel apareceu na minha sala pouco depois dizendo que tinha reservado um camarote em uma das melhores baladas de São Paulo. Fiquei animada em poder comemorar meu aniversário junto com os amigos. Convidei mais um casal, amigos de Marisa e Luciana que iria com sua namorada.

Na manhã do sábado acordei com Marisa me trazendo o café da manhã na cama. Estava mais carinhosa que o normal e tinha um brilho lindo nos olhos. Era o meu primeiro aniversário ao lado dela. Estava completando trinta e um anos e me sentia muito mais jovem de quando completei vinte e um anos. A abracei e beijei sua boca macia e aveludada.

- Parabéns meu amor – falou tocando meu rosto – você está tão linda hoje...

- Obrigada – respondi enfiando meu nariz em seus cabelos com cheiro de pêssego – obrigada por estar aqui comigo me fazendo a pessoa mais feliz e completa desse mundo.

- Eu tenho um presente pra você... – respondeu tirando a blusa.

- Já comecei a gostar dele – respondi com segundas intenções tocando seus seios.

- Meu corpo já é seu. Olha – finalizou se virando.

Tirei o cabelo que cobria suas costas e abri a boca surpresa. Ela havia feito uma tatuagem semelhante a uma que tinha na perna: uma ninfa com tatuagens nos braços, colo, pernas e cabelos vermelhos. Os olhinhos cinzas eram parecidos com um desenho japonês.

- Como você fez isso e eu não vi? – perguntei surpresa. Nós havíamos transado varias vezes durante a semana e não tinha nada ali.

- A Raquel fez ontem. Ainda tá vermelhinho não tá? – perguntou virando o rosto na minha direção.

- Está um pouco. Ficou linda! – falei prestando atenção nos detalhes. Era eu em forma de mangá. A ninfa tinha um colar onde se lia Isabella.

- Que lindo amor! Lindo! – falei a virando para um beijo – uma tatuagem como essa se faz em pelo menos duas sessões. Como conseguiu?

- A Raquel e o Júlio me ajudaram – falou tocando meu rosto – mas não foi fácil ficar o dia inteiro com agulhas na minha costa.

- Te amo tanto – falei a beijando novamente – por isso que você não tirou a blusa ontem quando fizemos amor?

- Eu não podia, ou você ia ver antes do tempo – respondeu se livrando dos meus braços – mas tem mais uma coisa – finalizou saindo da cama.

Fiquei sentada esperando enquanto ela ia até a bolsa e pegava alguma coisa. Marisa voltou dando um pulinho na cama para se sentar na minha frente. Tinha um envelope pardo nas mãos.

- O que é isso? – perguntei curiosa.

- Abra – ela respondeu somente me entregando.

Abri o envelope curiosa para saber o que era. Dentro havia uma foto. A puxei com um sorriso no rosto e levei as mãos à boca quando vi ela no meio com os integrantes da banda que mais amava.

- Mentira que você conheceu os caras! – falei com um sorriso bobo.

- Olha atrás.

Virei o papel ainda boquiaberta quando vi uma dedicatória em inglês dos caras me desejando feliz aniversario. Todos os três tinham assinado e Marisa também, colocando um detalhe pequeno “suas duas paixões juntas”. Voei em cima dela beijando-a loucamente. Ela não podia me dar presente melhor de aniversario. Sai de cima dela e peguei a foto novamente. Ela estava linda na foto junto com o pessoal da banda. Aquela foto com toda a certeza iria para um porta-retratos especial.

- Como você conseguiu isso?

- Eu fui em uma coletiva de imprensa que eles fizeram na quarta. Eu conheço a produtora que está organizando o show deles no brasil. Conversei com algumas pessoas que me apresentou a eles e fiz a foto. Depois pedi para o empresário deles pegar o autografo. Achei que ficaria feliz.

- Feliz?! Eu estou muito feliz! Você não existe sabia? Obrigada por tudo – falei a abraçando apertado – obrigada por ser essa mulher maravilhosa...

Passei o sábado inteiro com Marisa na cama. Saímos apenas para comer e depois voltamos para o nosso ninho de amor. Quando deu nove da noite começamos nos arrumar para a balada. Eu nunca tinha sido muito de dançar, mas tinha aprendido com Marisa a gostar desse exercício que movimentava todo meu corpo de forma bem mais gostosa que uma academia. Coloquei uma calça justa preta com um top de couro e um colete por cima. Um coturno preto e um colar cheio de correntes foram os acessórios que Marisa escolheu. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo com um topete e ela me maquiou destacando os olhos com um esfumaçado preto.

Saímos de casa já ia dar onze horas da noite. Passamos na casa de Raquel e demoramos mais um pouco. Luciana já estava nos esperando na frente da balada junto com os amigos de Marisa. Quando conseguimos enfim entrar na balada já ia dar uma hora da manhã. A pista estava cheia de pessoas dançando ao som de um Dj radicalizado na Europa e era difícil encontrar espaço para passar para o camarote. Fomos direto para o bar pegar bebidas e pouco depois já estávamos no local reservado para nós. Conversamos bobagens enquanto a garrafa de uísque que Júlio pediu ia se esvaziando. Eu decidi que dessa vez quem ia ficar bêbada era eu. Pedi um Martini e chamei Marisa para dançar. Todos da mesa se levantaram indo para o espaço mais vago para dançar. Marisa ficou na minha frente dançando sensualmente acompanhando o ritmo da musica e eu acompanhando seu corpo grudado no meu. Dei beijos delicados em seus ombros e pescoço enquanto suas mãos me seguravam nas pernas. Estava distraída com os olhos fechados quando escutei uma voz bem próxima ao meu ouvido.

- Isa! O que você tá fazendo aqui mulher? – abri os olhos e virei minha cabeça na direção da voz para dar de cara com Paty ostentando um enorme sorriso.

- E ai garota – falei soltando Marisa para dar um abraço na loira – to me divertindo um pouco e você?

- O mesmo. Parabéns pelo seu aniversario. É hoje não é?

- Isso mesmo – respondi gritando por causa da altura da musica – obrigada.

- Oi Marisa tudo bem? – cumprimentou Paty – você conseguiu trazer essa ruiva para uma balada eletrônica é novidade – essa daqui nunca saia pra esse tipo de balada.

- Ela me acompanha aonde for – respondeu Marisa com um sorriso. Tenho certeza que ela estava pensando a mesma coisa que eu. Fabiana estava ali também.

- Os meninos estão aqui no camarote do lado. Olha lá eles – falou Paty apontando para o camarote vizinho – eles estavam falando que é seu aniversário hoje.

Olhei para o lugar onde Paty apontava. A primeira coisa que vi foram os olhos de Fabiana sobre mim. Depois todos os garotos da banda acenando como loucos, pulando a pequena cerca que dividia os lugares.

- Parabéns ruiva – falou Fernando me abraçando – ficando velhinha hein!

- Experiente gato, experiente – respondi rindo.

- Parabéns Isa – cumprimentou Pedro – tudo de bom pra ti gata.

- Valeu cara – respondi me livrando dos seus braços para ir abraçar Claudio. Olhei para o lugar de onde eles tinham saído e as namoradas deles continuavam lá sentadas ao lado de Fabiana que virava alguma dose de alguma coisa.

- Não vi vocês chegando – falei no ouvido de Paty.

- Na verdade nós vimos vocês chegarem. Já estávamos aqui quando vocês entraram.

- Entendi – respondi olhando mais uma vez para Fabiana e depois desviar os olhos para Marisa – está tudo bem amor?

- Tem tanta casa noturna em São Paulo e claro que teríamos que ir na mesma que ela né?

- Relaxa meu amor – respondi beijando seus lábios – vamos apenas curtir a noite.

Marisa apenas acenou com a cabeça enquanto olhava com um tom desconfiado na direção de Fabiana. Dei risada da carinha dela e a abracei a beijando mais uma vez. Os meninos ficaram com a gente por um bom tempo. Eles também tinham sido amigos de Júlio, na época em que trabalhava na galeria. Depois de algum tempo eles voltaram para a mesa deles e nós continuamos a nos divertir. Júlio já tinha bebido a garrafa de uísque praticamente sozinho e já pedia outra dizendo que ainda não estava bêbado. Raquel ria demasiadamente, já alegre também. Não sei quem levaria quem para casa naquela noite. Outra musica que Marisa adorava começou e ela me puxou para dançar. Tirei o colete e ajeitei a cinta da calça antes de acompanha-la. Se ela já estava sendo carinhosa comigo antes, passou a ser excessiva depois que viu Fabiana. A acompanhava, mas não sei porque aquilo estava me incomodando. Gostava de dançar com Marisa, seu corpo perfeito rebolando de encontro ao meu, mas me incomodou que Fabiana estivesse vendo aquilo. Mais duas musicas se passaram e voltamos para a mesa. Marisa resolveu tomar uma taça de vinho para ficar mais solta e conseguiu o que queria. Já estava começando a sorrir além do seu normal. Começou outra musica entre suas preferidas e ela puxou minha cadeira para o lado ficando de frente para mim. Depois de afastar a sua se sentou no meu colo para me beijar e soltar meu cabelo. Se eu brigasse com ela, teria ficado brava por desmanchar meu cabelo tão bem arrumado. Ela começou a dançar segurando minha corrente do pescoço se insinuando, provocando. Ri admirando-a tentando toca-la, mas Marisa sempre se afastava quando eu fazia isso. Ela se virou de costas jogando o cabelo no meu rosto me fazendo pirar na visão que tinha das suas costas e seu bumbum bem delineado no vestido justo e curto. As pessoas da mesa começaram a gritar incentivando-a, falando sobre presente de aniversário. A toquei segurando seus quadris enfiando meu rosto na sua cintura. Marisa se sentou sedutora no meu colo me beijando. Se ela estava tentando alguma coisa para provocar Fabiana não me dei o trabalho de olhar para a mesa vizinha a nossa. Apenas virei uma dose de uísque e me levantei indo até a grade que dava para a pista principal e continuei dançando e me esfregando em Marisa.

- Quero ir no banheiro anjo – falou no meu ouvido – me acompanha?

- Claro – respondi indo até a mesa para beber agua – já voltamos.

Sai de mãos dadas com Marisa e desci para a pista abarrotada. Segurei firme na sua mão enquanto ela ia abrindo caminho. Um garoto atravessou no nosso meio e perdi sua mão. Fui a acompanhando com o olhar tentando chegar próxima dela mais uma vez. Estava quase alcançando quando um puxão do meu braço me tirou do caminho. Me virei pronta dar um murro na cara do folgado, mas fiquei sem ação ao ver Fabiana me puxando com força para a saída da boate.

- Me solta, Fabiana! – gritei tentando me livrar das suas mãos – me larga caralho!

Ela não me deu a mínima atenção enquanto me forçava a acompanha-la. Tentei de todas as formas me livrar do seu aperto, mas ela tinha muito mais forças nas mãos do que eu. O segurança da casa abriu a porta quando viu a gente se aproximar. Me segurei na porta, mas sua outra mão me puxou também fazendo que eu saísse aos tropeços atrás dela. Antes de chegar a recepção havia o lobby todo espelhado e foi pra lá que ela me empurrou prendendo meu corpo no seu.

- Quer fazer o favor de soltar Fabiana! Que porra você pensa que está fazendo? – gritei tentando empurra-la – me solta inferno!

Fabiana não me respondeu nada olhando para meus olhos. A encarei tentando parecer brava, mas tenho certeza que ao me prender nos seus olhos dourados a ultima coisa que os meus demonstravam era fúria. Suas mãos me seguravam de encontro ao espelho enquanto as minhas se abaixavam em rendição.

- Feliz aniversário – disse ela tirando um anel do seu dedo para depois pegar minha mão – você pode até jogar ele fora depois, mas quero que fique com isso - finalizou pegando minha mão, colocando o anel no dedo anelar esquerdo.

Fabiana avançou para me beijar e desviei o rosto em tempo de seus lábios roçarem o canto da minha boca. Ficamos paradas nessa posição por alguns segundos. Seus lábios quentes queimavam minha pele. Fechei os olhos tentando controlar meu coração. Só os abri quando senti ela se afastando para depois sair da casa noturna.

Respirei fundo tentando me achar novamente e olhei para o anel que ela havia me dado. Era um anel de prata com detalhes de uma ancora. Abaixei a mão e passei a outra pelo rosto antes de voltar para dentro da casa noturna indo em direção ao banheiro, dando murros e pontapés em quem entrava na minha frente.

- O que aconteceu amor? – perguntou Marisa que me esperava na frente do banheiro lotado.

- Eu me perdi de você. Casa cheia dá nisso – respondi somente – já usou?

- Já. Estava te esperando. Não sabia se voltava pra mesa ou se ficava aqui.

- Vamos voltar pra mesa então – falei dando um beijo em seus lábios.

O resto da noite passou em um clima agradável. Fabiana voltou pouco tempo depois e eu me concentrei em Marisa. Mantive o anel que ela me deu no dedo. Tentei esquecer o que tinha acontecido e por algumas horas não pensei naquilo. O álcool me ajudou bastante nessa tarefa. Saímos da casa já ia dar cinco da manhã. O pessoal que acompanhava Fabiana ainda estava lá. Fomos nos despedir deles e mostrei o anel para Fabiana de longe fazendo um sinal de agradecimento com a cabeça sem que Marisa visse. Ela apenas sorriu erguendo uma long-neck como se estivesse brindando. Dei um meio sorriso e sai junto com Marisa. Não havia mal nenhum em tentar uma trégua com ela.



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Capitulo 18

[09/03/12]

Capitulo 18: Fabiana

Paty estava afoita para sair. Eu, pelo contrario, não tinha motivos para sair, era aniversario de Isabella e a única coisa que eu pensava era que passaria mais um aniversario longe dela. Mas Paty acabou me convencendo a ir para a balada. Todos os meninos iriam e já fazia um tempo que não nos reuníamos. Chegamos na casa noturna por volta das onze da noite. Fomos direto para área vip da casa que já estava a nossa espera.

Pedro se sentou ao meu lado por alguns instantes para conversar. Dizia que eu estava meio abatida ultimamente, meio sem gosto para vida e que ha um tempo queria conversar comigo, mas não conseguia por conta da correria do trabalho.

- Você sabe que você tem que esquecer, não sabe? – falou dando um gole no uísque que segurava.

- Eu sei Pedro. Mas se todo mundo ficar me lembrando eu não consigo – respondi me servindo de uma batata frita que estava na mesa.

- É que você anda tão triste que todo mundo ta preocupado. Porque você ainda mantem a Marisa trabalhando com você? – perguntou pondo a mão em minha coxa.

- Eu tenho os meus motivos e prefiro não falar mais sobre isso, se não se importa. Vai curtir o seu tempo livre, porque logo não teremos mais tempo por conta do novo show.

- Eu sei disso, mas quero que você também se divirta – Falou preocupado.

- Eu estou me divertindo, só que de uma forma diferente.

Na verdade eu não estava me divertindo, não queria estar ali. Queria minha cama e um quarto escuro. Logo Pedro saiu e foi conversar com Claudio. Eu estava em uma conversa animada com Silvia sobre como Fernando estava bobo com a moto que eu havia lhe dado quando avistei um grupo bastante conhecido. Júlio, Raquel, Marisa e Isabella. Tinha outras pessoas que eu não conhecia, mas só conseguia ver como estava sendo tão injusta aquela situação. Eu tentava me afastar, mas parece que quanto mais tentava mais o destino nos juntava. Ela estava linda, radiante e seus trinta e um anos nada lhe afetavam. Marisa estava toda animada. Claro estava ao lado da mulher mais linda do mundo tinha que estar feliz mesmo. Acho que nunca na vida dela, ela encontrou alguém tão especial como Isabella. Resolvi não alardear sua presença, mas elas se encaminharam ao camarote do nosso lado. Não demorou muito para Paty perceber sua presença e ir ao seu encontro. Decidi não dar muita atenção, mas meus olhos teimavam em olhar para o espaço ao lado. Marisa demostrava o incomodo que minha presença lhe causava. Logo todos os meninos estavam lá a cumprimentando pelo seu aniversario. A única coisa que conseguia perceber era que meu coração doía por não poder fazer o mesmo. Eu tinha que arcar com as consequências dos meus erros foi então que decidir ir embora.

- Paty, vem aqui – a chamei quando percebi que ela pulava a cerca que separava o local.

- Oi gata, ta tudo bem? – perguntou preocupada com o que a presença de Isabella e Marisa me causava.

- Eu vou embora, pode ficar ai. Pede para um dos meninos te levar embora. Pra mim não dá – falei bebendo um gole de uísque.

- Para, você não vai embora. Você não pode fazer que tudo isso te incomode.

- Pra que ficar Paty? Só vou me machucar mais ainda. Não quero ficar vendo como ela é feliz e como a Marisa é perfeita pra ela. Olha lá, até dançando com ela a Isabella está. Ela nunca, nunca saiu pra dançar comigo.

- Mas as pessoas mudam e você tem que entender isso. Põe uma coisa na sua cabeça. O que tiver que ser vai será. Ficar fugindo não vai te ajudar em nada. É em oportunidades como essa que você pode agir. Fica só mais um pouco se você não conseguir se divertir nós vamos embora.

Paty tinha razão. Eu sabia de tudo o que ela dizia e resolvi ficar. Mas toda vez que Marisa abraçava ou beijava ela isso me doía como se enfiassem uma faca em meu coração. Tive que suportar. Não demorou muito para eu perceber que Marisa queria me provocar, quando vi ela dançando no colo de Isabella achei que seria demais então resolvi sair dali. Desci e fui ao bar para me manter longe. Mas mesmo assim dava para ter toda visão dos camarotes. E é claro que meus olhos tinham que ficar fixados lá onde elas estavam. Tentei desviar meu olhar para algumas garotas que chegaram perto de mim, pedindo autógrafos e dizendo que eram fãs do meu trabalho. Mas logo vi Marisa e Isabella passarem na minha frente sem perceber que eu estava ali. Pedi licença às garotas e as segui até próximo ao banheiro, percebi que Marisa grudou na mão de Isabella. Acho que ela tinha até passado Super Bonder, achei graça no meu pensamento. Mas é claro que não iria ficar muito tempo assim, um garoto esbarrou nelas e elas se soltaram. Isabella tentou segui-la, mais logo se perdeu no meio da multidão. Essa era minha deixa, peguei no seu braço e a puxei. Ela me xingava esperneava, mas eu nem liguei continuei puxando-a até um lugar afastado do banheiro. A levei até o corredor de entrada da casa, encostei ela na parede espelhada. E juntei meu corpo no seu, para poder olha-la melhor.

- Feliz aniversário – disse soltando-a – você pode até jogar ele fora depois, mas quero que fique com isso – falei tirando um anel que estava usando e coloquei em seu dedo. Tentei beija-la mais ela se virou, ainda consegui sentir sua boca. E ficamos assim por um tempo, ela não tentou me afastar, senti as batidas de seu coração acelerado enquanto o meu quase saia pela boca. Me afastei, já tinha feito o que queria. E sai da casa, fui respirar. Na verdade eu queria voltar lá e toma-la em meus braços. Mas meu minha sanidade não permitia. Quando eu voltei para onde estávamos ela já estava lá. Percebi que ela não tirou do dedo o anel que havia lhe dado, fiquei feliz por isso. Será que alguma coisa já estava mudando dentro de dela? Será que esse seria o começo de uma possível reconciliação? Poderia até ser, só sei que eu iria fazer o que era certo para que isso acontecesse. Iria liberar Marisa. Ao fim da noite Isabella foi embora, se despediu de todos e fez questão de me mostrar que ainda usava o anel. Ela poderia até tirar, mas me fez bem saber que ela por algumas horas considerou mantê-lo em seu dedo. O ultimo anel que havia dado a ela fora a aliança que ela fez questão de me devolver no dia que saiu de casa. Percebi que seu ato era uma trégua. E é claro que eu não ia perder essa oportunidade. Poderia até ser em vão, mas decidi tentar.

No dia seguinte, eu e Marisa teríamos que nos encontrar novamente. Teríamos uma reunião com a Dj que ela havia me indicado. Era muito importante essa parceria e Marisa como sempre competente conseguiu fazer seu trabalho com maestria.

A Dj Rafa, era de uma simpatia que nunca havia visto em nenhuma pessoa. Ficou decidido o dia da gravação no estúdio e o dia que seria a primeira apresentação. Estava correndo tudo como o planejado, todo trabalho estava perfeito. A não ser por um detalhe, Marisa não estava contente. Nunca quis forçar ela a isso, eu não tinha nada contra ela. Seu único defeito era ter se envolvido com a mulher errada. Decidi por um ponto final nesse carnaval todo. Ao fim da tarde fui procurar Isabella, ela poderia até não querer me ver. Mas o que eu tinha que falar com ela era muito importante para ela recusar. Cheguei ao estúdio e aguardei do lado de fora, não queria me encontrar com Raquel. Por incrível que pareça eu não tinha mais tanta raiva dela como antes, ela tinha sido muito descente comigo. E essa atitude me fez mudar alguns conceitos sobre ela. Mas ela pelo contrario tinha certeza que não pensava a mesma coisa sobre mim e deixou muito claro isso na ultima vez que nos encontramos. Isa saiu por volta da seis da tarde. A segui até o estacionamento, foi quando decidi me revelar.

- Isa, posso falar com você? – falei me aproximando.

- Ai, que susto. Deu pra me seguir agora é? – perguntou colocando a mão no peito.

- Não, não estou te seguindo. Só queria conversar com você – falei rindo da sua reação.

- Fabi, na boa eu acho melhor não. Não quero que você fique tentando. Isso não vai fazer bem pra você. Eu não vou abandonar a Marisa, eu a amo – falou se dirigindo a entrada do estacionamento.

- O que eu tenho pra te dizer é importante, é sobre a Marisa.

- O que aconteceu? Ela ta bem? Fala logo – falou parando.

- Não aconteceu nada. Só quero fazer o que é certo – disse me fazendo perceber a tristeza de saber o tamanho da preocupação que ela tinha com Marisa.

- Bom se nada aconteceu com ela, acho que não temos nada pra falar sobre ela.

- Caramba, custa você me escutar? – falei ficando nervosa.

Ela parou alguns minutos e olhando para minha boca respondeu que tudo bem.

- Tem algum bar, por aqui? Prefiro que essa conversa não seja aqui. Já está sendo difícil demais pra mim, fazer isso. Gostaria que as pessoas não ficassem nos atrapalhando.

- Tudo bem, tem um bar a umas duas quadras aqui. É escondidinho, até prefiro que ninguém me veja falando com você.

- Nossa minha presença é tão abominável assim?

- Por mais que você merecesse isso, esse não é o motivo. Não quero que as pessoas me vejam com você por causa da Marisa. Vamos no meu carro, depois te trago aqui.

Entramos no carro e percebi seu desconforto. Só não sabia dizer se era pela minha presença ou medo de eu tentar alguma coisa. Perguntei sobre sua vida e ela se resumiu a um“ Tá ótima, melhor que nunca” resolvi não me estender, não quis prolongar meu sofrimento ao saber da sua felicidade ao lado de Marisa. Chegamos logo ao local que ela me indicou. Realmente era bem escondido. Sentamos em uma mesa afastada da porta e pedi ao garçom uma cerveja e dois copos. Isabella disse que não iria beber, mas quando chegou não resistiu. A servi e ela deu o primeiro gole.

- Ta estou aqui, já bebi. O que você tem pra me dizer sobre a Marisa? – perguntou colocando o copo sobre a mesa.

- Porque Isa? - Perguntei olhando no fundo dos seus olhos.

- Por que, o que?- perguntou me encarando.

- Porque você me deixou acreditar que você tinha me traído?

- É isso que você tem pra me dizer? – perguntou irritada com a minha pergunta.

- Sim, o que tenho pra te dizer vai depender da sua sinceridade – disse me ajeitando na mesa.

Ela me olhou como se tivesse tentando encontrar um porque dessa conversa.

- Você teria acreditado em mim, Fabi? Você não me deu nem o beneficio da duvida em relação à Amanda – disse se encostando na cadeira.

- Você sabe por que eu fui no estúdio aquele dia? Eu fui me desculpar, eu enxerguei que estava errada e sim não vou mentir que não acreditei em você. Mas pedir pra você ir na gravadora foi uma forma de descobrir a verdade. O que eu vi naquele estúdio, no dia seguinte foi você beijando a Raquel. Você tem que concordar comigo que a posição que vocês se encontravam parecia um beijo – falei como um desabafo.

- Mas você sabia que eu nunca iria te trair, o amor que eu tenho por você não me deixaria te trair. Mesmo porque te ter já era o suficiente.

- Mas mesmo assim, você me deixou acreditar todo esse tempo que você tinha me traído. Era a única explicação logica para tudo. E você sabe disso. Há muito tempo você tinha mudado comigo, você pode até dizer que não. Mas você sabe que eu to falando a verdade.

- Eu sei, assumo esse erro. Mas você assume os seus? – falou deixando uma lagrima cair – Você me esqueceu, esqueceu nos nossos planos e principalmente esqueceu o que eu queria.

- Eu reconheço que tenho minha parcela de culpa e você não sabe o quanto eu me arrependo de ter deixado você partir – falei e não consegui conter meu choro – mas agora eu te perdi. E o mais digno que eu posso fazer é deixar as coisas acontecerem normalmente. Eu estou disposta a liberar a Marisa desse contrato.

- Fabi, eu não sei o que te dizer. Você faria isso? – perguntou sorridente, mas com um tom de decepção.

- Sim é o certo a fazer, eu só preciso que você me diga mais uma coisa – falei enxugando minhas lagrimas.

- Claro... eu... digo – falou passando a mão nos olhos para limpar a maquiagem que havia borrado. Só então percebi que ela ostentava o anel que eu havia lhe dado.

- Diz que você me ama, assuma isso.

- Não posso. Eu amo a Marisa. Não vou mentir pra você liberar ela.

- Então porque você ainda está com o anel exatamente aonde eu coloquei?

- Isso não quer dizer nada, eu achei que poderíamos nos tornar amigas.

- Corta essa Isa, você sabe qual foi o motivo que você não tirou ele. Você pode até mentir pra você. Mas a mim, você não engana, você não quer ser minha amiga. Isso é desculpa e você sabe disso.

- Pelo visto não dá pra conversar com você, faça o que sua consciência mandar Fabiana. Essa conversa acaba aqui – se levantou deu um bom gole na cerveja que ainda tinha em seu copo e saiu.

Uma coisa é certa, ela ainda me amava só não queria dar o braço a torcer. Isabella sempre foi assim, sempre estava certa e quando estava errada não dava o braço a torcer. Percebi em sua voz, que ela não queria que eu cancelasse o contrato, talvez assim ela poderia ficar um pouco mais perto de mim, não sei. E o anel, ela poderia ter tirado. Mesmo porque ela teria que explicar para a Marisa o aparecimento de um anel, que ela nunca tinha usado. E teria que dizer que eu que tinha dado a ela. Sentada naquele bar eu refleti sobre a conversa que tínhamos tido. E só depois eu percebi que quando ela me explicava sobre a possível traição ela disse “ que o amor que eu tenho por você” ela poderia ter dito o amor que ela tinha por mim, mas não ela disse o amor que eu tenho por você. Essa era a certeza que eu tinha que ela ainda não tinha me esquecido, ela poderia até amar Marisa. Porque tudo que é novo é bonito é perfeito, mas o amor que ela tinha por mim era maior. Tão grande que ela não conseguiu me esquecer. Então decidir que iria cancelar esse contrato como havia dito a ela, mas que não desistiria.

Passei o resto da noite com um sorriso que ninguém conseguia arrancar dos meus lábios, falei com Fernando sobre minha decisão e marquei uma reunião no dia seguinte com Marisa. Paty minha fiel confidente achou meio insensato essa decisão, mas ela sabia que era o certo. Não iria prejudicar a Marisa com o cancelamento do contrato. Pelo contrario iria dar todos os créditos a ela. Na terça logo pela manha me reuni com Marisa, ela estava meio desconfiada com essa reunião. Pedi para Fernando não participar dessa reunião, a principio ele não concordou mais acabou aceitando quando eu disse que não causaria problemas. Pedi que Marisa se sentasse e logo comecei a reunião

- Bom, Marisa eu pedi essa reunião com você por que não acho justo você fazer uma coisa só porque você está sendo obrigada. Peço desculpas por não ter tomado essa decisão antes. Mas espero que você entenda. Toma, leia e assine – falei lhe entregando o papel.

- O que é isso? – perguntou desconfiada.

- Isso é sua carta de alforria – falei rindo – sei que você não está contente trabalhando comigo e como eu te disse eu prefiro que as pessoas que trabalhem comigo sejam meus amigos.

- Mas você sabe o motivo de eu não ser sua amiga, ou você se esqueceu que beijou minha mulher a força.

- Marisa, Marisa. Como sempre misturando as coisas – falei em tom irônico.

- Não é misturar e você sabe o motivo de eu ter continuado com você.

- Sim eu sei e te agradeço isso. Mais vamos fazer o que é certo.

- Mai o que te fez mudar de ideia? – perguntou confusa.

- Gostaria que você lê-se e assinasse primeiro antes de responder.

Marisa levou alguns minutos para ler o documento.

- Como você pode ver ai eu vou te pagar o que acordamos, do ponto que estamos acredito que minha produção consegue continuar. A única coisa que te peço é poder ter uso de suas ideias. Como você pode ver também, sua porcentagem nos show está garantida nesse documento.

- Como assim, minha porcentagem nos shows? – perguntou confusa.

- É pelo visto, realmente você não lê o que assina – falei com desdém – o contrato que você assinou lhe garante uma porcentagem na vendagem dos ingressos. Só não te pago esse valor agora por que não sei quanto isso vai dar. Mas com a contabilidade ao fim dos shows eu te deposito esse valor.

- Parece justo.

- Umas das coisas que me faz a pessoa que eu sou é a justiça. Eu reconheço o mérito das pessoas que trabalham comigo e isso é muito raro. Agora se você não tem nenhuma duvida é só assinar.

Marisa parou alguns minutos para pensar, parecia que já sabia o que a aguardava. Mas acabou assinando e me entregou o documento.

- Espero que com isso você nos deixe em paz – disse se sentindo aliviada.

- Eu não disse que iria fazer isso, eu disse que iria fazer o que é certo – falei rindo – não sei se a Isabella lhe disse, mas nós nos encontramos.

- Ela... me... disse sim – falou desconfiada. Eu percebi que Isabella não tinha lhe dito nada pelo tom de sua voz.

- Então ela te contou que nos encontramos e tomamos cerveja juntas. Acredito que sim, né? – falei irônica.

- Sim, ela me disse – falou pra não se sentir por baixo.

- Bom, eu prometi a ela que faria isso. Então estou cumprindo o combinado.

- É só isso, tenho que ir.

- Sim por mim é só, mande lembranças a Isa.

- Isso você pode ter certeza que eu não vou fazer, adeus Fabiana – disse pegando a bolsa e saindo.

- Adeus... Marisa.

Me senti estranha por fazer isso, por mais que eu tivesse que fazer não queria perder Marisa ela era uma ótima produtora. Mas a vida assim, perder para ganhar. E o que tinha a ganhar era minha Isabella.



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Capitulo 19

[09/03/12]

Capitulo 19: Isabella

Sai do encontro com Fabiana pensativa. Nem me lembrei de levar ela de volta próximo ao Rabella. Peguei o caminho de casa e liguei para Marisa do carro. Ela estava ocupada com trabalho e sairia tarde. Disse que ia para casa porque tinha que pesquisar sobre alguma coisa de produção e quando estávamos juntas não tínhamos tempo para trabalho. Me despedi tendo que adiar a conversa que teria com ela sobre o fato de Fabiana ter ido até o estúdio. Sei que ela ficaria muito brava, mas não podia esconder isso dela e tenho certeza que Fabiana também faria questão de contar que esteve junto comigo.

O inicio da noite passou rápido enquanto trocava mensagens com Marisa, mas depois que ela me ligou para ir dormir os minutos começou a se arrastar. Tomei um banho demorado e peguei uma tela para fazer um desenho. Misturei as tintas e limpei um espaço no chão para me sentar apoiando a tela no sofá. Quando levantei a mão, o anel que Fabiana havia me dado reluziu no meu dedo. Havia dito a Marisa que havia ganhado ele de uma garota de aniversario. Foi a primeira mentira que contei pra ela dentro desses oito meses em que estávamos juntas. Não me sentia bem com isso. Na Verdade me sentia péssima, mas se dissesse que Fabiana havia me dado a briga seria bem maior. Eu poderia simplesmente jogar ele fora, mas não conseguia. Já tinha tirado ele do dedo duas vezes no estudo aquele dia, mas sempre colocava no mesmo lugar. Era bom ter alguma coisa dela por perto.

Liguei o radio e fiquei escutando musica fazendo o pincel deslizar suavemente, pintando o branco com toda a ebulição de cores que existia no meu intimo. Eu só podia estar ficando louca. Só podia ser isso. Uma lágrima escorreu no meu rosto e não dei importância a ela. Outra teimou em cair para se juntar a primeira no chão. Tudo tinha sido tão mágico com Fabi. Nossas loucuras, nossa empolgação. Mas agora eu não era mais aquela garota de vinte e quatro anos que se deixava levar pela emoção. Fabiana também não tinha mais seus dezoito anos recém-completados. Estava mais madura, mas ainda possuía a impetuosidade da juventude. Ela havia mudado bastante nos seus gestos, seu jeito. Se eu bem a conhecia quando éramos casadas, ela jamais teria cancelado o contrato. Ao contrario teria feito de tudo para infernizar a vida de Marisa. Muita coisa havia acontecido com ela desde que nos separamos. Havia acontecido muitas coisas comigo também e a mais importante dela se chamava Marisa. A comparação era injusta, mas era impossível não fazer. Com Fabiana eu brigava todo dia, por motivos banais que nem nos lembrávamos depois e sempre íamos dormir magoadas uma com a outra. Com Marisa eu nunca tinha tido um pequeno desentendimento que não acabasse na cama, em um ato de amor cheio de carinho. Eu tinha tudo o que uma mulher poderia querer; uma mulher presente, companheira, carinhosa, linda, gentil. Poderia ficar listando adjetivos para Marisa e a língua portuguesa não seria o suficiente para descreve-la. Isso era o que a minha razão dizia, mas a minha emoção fazia com que aquele anel prata com um desenho de uma ancora ficasse literalmente ancorado no meu dedo. Eu já tinha esquecido Fabiana e ela não precisava voltar como um fantasma para assombrar meus sentimentos.

Dormi no sofá mesmo ao lado do quadro pintado. Acordei no dia seguinte com a cabeça doendo por causa da tinta no meu nariz. Tomei um banho e coloquei uma roupa confortável para ir para o estúdio. Liguei para Marisa enquanto tomava café, mas o celular só chamava. Ela havia me dito que tinha trabalho para o período da manhã, mas não havia me dito o horário. Como já marcava dez da manhã conclui que ela já devia estar ocupada. Meu dia nunca começava bem quando não falava com ela primeiro.

Meu primeiro cliente daquele dia seria depois do almoço, pois o cliente que faria a sessão pela manhã tinha desmarcado na tarde do dia anterior. Encontrei Raquel terminando de fazer uma tatuagem em uma garota e fiz sinal para ela ir pra minha sala assim que terminasse.

- Algum problema gata? - perguntou entrando na sala meia hora depois.

- Não. Só queria dizer que o trabalho da Marisa ficou incrível. Parabéns.

- Gostou? Foi ela quem deu toda a ideia do trabalho.

- Ficou ótimo.

- Não foi só por isso que você me chamou aqui – falou a morena se encostando na pia - o que aconteceu?

- A Fabi sabe que eu não fiquei com você. Sabe como isso pode ter acontecido? – perguntei puxando a cadeira para sua frente.

- Fabiana – me respondeu virando os olhos – você se encontrou com ela ontem não foi? Eu vi o carro dela passando aqui na frente.

- Como você sabe qual é o carro dela agora?

- Ela veio aqui no mês passado. Queria tirar a limpo toda a historia da sua “traição” – respondeu fazendo sinal de aspas.

- Eu sabia! Sabia que ela não iria acreditar em mim nunca! – respondi exaltada me levantando da cadeira – lógico que ela só acreditaria se alguém falasse pra ela que eu não a trai. Como ela pode ser tão cabeça dura até hoje? Por que ela simplesmente não pode acreditar em alguma coisa que eu fale pra ela? Porque ela não confia em mim? Por que ela nunca confiou em mim? – finalizei entregue as lagrimas que teimavam em saltar dos meus olhos.

- Ei ruiva! Calma! Tá chorando assim por que? – perguntou Raquel segurando meus braços – A Fabi já foi. Ela é seu passado. Tanto faz se ela confia ou não. O importante que a Marisa confia em você. A mulher com quem você vai se casar confia em você.

- Eu odeio a Fabiana por isso sabia? Foi toda essa desconfiança dela que acabou com nosso casamento, seu ciúmes demasiado por mim que estragou tudo!

- Eu vou te falar a mesma coisa que falei pra ela. Foi bom que isso aconteceu por que você nunca teria encontrado uma pessoa tão bacana como a Marisa ainda casada com ela.

- Você tem razão – falei passando a mão no rosto para secar as lagrimas de frustração – se ela não tivesse sido tão idiota, eu nunca teria conhecido alguém como a Marisa.

Conversei por mais algum tempo com Raquel contando o que tinha acontecido com Fabiana no dia da balada. Fomos interrompidas por Yasmim me informando que Marisa estava ao telefone.

- Oi meu amor – falei atendendo na minha sala – podemos almoçar juntas ou você ainda tem alguma coisa para fazer?... Tá nos encontramos no restaurante então. Tenho algo serio para falar com você... Tá bom amor. Te amo.

Desliguei o telefone e Raquel sorria ao meu lado acenando a cabeça em sinal afirmativo. Ela sabia que a Marisa era louca por mim e eu por ela. Fabiana era apenas um deslize de pensamentos.

Entrei no restaurante indicado por Marisa na hora marcada. Ela já estava sentada na mesa com uma feição de poucos amigos rodando o cardápio pra lá e pra cá. Mesmo com a carinha de nervosa que ela ostentava, estava linda como sempre.

- Oi anjo – falei dando um beijo em seus lábios para depois me sentar ao seu lado – aconteceu alguma coisa?

- Sim, mas o que você tem pra me contar? – perguntou largando o cardápio.

- Não sei por que, mas suponho que você já sabe – respondi encarando seus olhos.

- O que eu sei?

- Que a Fabiana me procurou ontem e saímos para um barzinho.

- Teria sido tão mais fácil escutar da sua boca do que dela com aquela cara de idiota e superior.

- Nós não nos encontramos ontem. Como eu poderia te falar uma coisa assim por telefone? – respondi com a voz mansa tentando acalma-la, mas não surtiu efeito.

- Da mesma forma como me disse boa noite, te amo minha vida. E você poderia ter completado; olha só mais um detalhe eu sai com a Fabiana hoje para irmos tomar uma cervejinha no final do expediente – falou irritada.

Olhei para a carinha de nervosa e suprimi um sorriso para não deixa-la mais irritada. Nunca a tinha visto nesse estado e ela ficava linda. Mais linda ainda se era possível. Levantei da cadeira o suficiente para ficar mais próxima a ela.

- Linda, olha pra mim. Esse tipo de coisa não se fala por telefone. Eu não sai com um amigo ou com algum familiar. Eu sai com a minha ex para colocar um ponto final definitivo em toda essa situação – falei tocando seu rosto – para ela nunca mais se interferir na nossa vida. Ela cancelou o contrato, não cancelou?

- Cancelou, mas o que você teve que dar em troca para que ela fizesse isso? – perguntou tirando minha mão do seu rosto. Sentei me rendendo ao seu nervosismo.

- Ontem eu estava saindo do estúdio e ela me chamou para conversar. Disse que tinha algo importante a me dizer sobre você. Na hora até pensei que tinha acontecido alguma coisa, mas ela me disse que era sobre o trabalho. Geralmente não me envolveria, mas com você é diferente. A levei naquele barzinho que tem á duas quadras do estúdio. Ela veio com um papo estranho e fiz menção de sair. Depois ela me disse que a coisa certa era deixar você livre do contrato.

- Sem mais nem menos? – perguntou Marisa desconfiada – Eu acredito em você, mas ainda tem alguma coisa que você está me omitindo?

- Ela me perguntou se ainda a amava.

- O que você respondeu?

- A verdade. Eu amo você. Ela me disse que não, que era desculpa minha, mas só eu sei o que tenho dentro do meu coração e é você. Em letras garrafais.

- Você não tem ideia de como te odiei essa manhã. Que raiva ouvir da boca dela que vocês tinham se encontrado. Falei pra ela que sabia, mas uma pessoa sabe quando a outra está mentindo. Não faz mais isso comigo. Por favor. Qualquer coisa em relação a ela me diga no exato minuto que acontecer. Você sabe que eu não sou ciumenta, Bella, mas essa Fabiana está fazendo de tudo para a gente brigar.

- Eu sei, mas agora acabou. Você não trabalha mais pra ela. Nossas vidas vão continuar do mesmo jeito que estava antes. Perfeita sem ela – respondi puxando seu rosto para um beijo.

- Lembra daquele cliente que fui ver naquele dia depois que pedi o cancelamento da outra? – perguntou Marisa mudando de assunto – ele quer me contratar.

- Que ótimo amor! Parabéns! É a produção do novo álbum do cara não é?

- Divulgação e produção. A gravadora dele quer a minha assessoria.

- Maravilhoso! Isso merece champanhe!

- Ainda tem mais – falou empolgada – recebi uma ligação de uma produtora do Rio que quer que eu produza a nova turnê de uma cantora Baiana, a Ilanah.

- Turnê nacional?

- Sim. Vou ter que ir para a Bahia me encontrar com ela nessa sexta.

- Maravilha! – falei empolgada me levantando para abraça-la. Nossas vidas continuariam enfim sem Fabiana.

Nos despedimos na frente do restaurante e fui para o estúdio fazer a sessão que já estava marcada para a tarde, depois passaria em casa pegar algumas roupas para ficar o resto da semana na casa de Marisa. Ela saiu dizendo que ia para a produtora entregar o papel que Fabiana tinha lhe dado para mandar para o jurídico por segurança.

Cheguei na casa de Marisa já ia dar sete da noite. Apareceu uma garota querendo fazer uma tatuagem pequena no pulso e resolvi atende-la antes de sair. Entrei com minha chave e o lugar estava estranhamente escuro. Fui até seu quarto e encontrei Marisa com uma bela lingerie preta. Ela apenas me jogou uma toalha falando para eu ir tomar um banho. Acredito que tenha sido o banho mais rápido da minha vida. Sai enrolada na toalha para encontra-la vestida no meio do quarto.

- Sente e aproveite – Marisa falou com sua melhor cara de safada me dando um beijo para depois se afastar até o som.

Marisa começou a acompanhar a musica e me indicou o interruptor ao lado da cama. Apaguei a luz principal para o quarto ficar todo iluminado indiretamente. Não sei onde ela arrumou aquilo tudo, mas ficou perfeito em seu corpo que se mexia sensualmente tirando as peças de roupas. Me encostei nos travesseiros e fiquei assistindo sua deliciosa performance. Quando ficou só de calcinha, Marisa subiu na cama montando em cima do meu corpo. Minhas mãos passearam por toda a pele morena dando atenção especial para o bumbum enquanto ela esfregava os seios em meu rosto, pegando alguma coisa na mesinha ao lado da cama. Marisa voltou a se sentar sobre minhas pernas abrindo um sachê para depois tirar o que restava da toalha. Ela despejou o liquido vermelho em meu corpo lambendo calmamente. Fechei os olhos saboreando aquela sensação deliciosa do frio do liquido misturado com sua língua quente. Não sei o que era, mas o cheiro de morango logo invadiu minhas narinas. Marisa me virou do avesso fazendo jus a minha razão. Ela era perfeita para mim.

O resto da semana passou mais rápido do que pude prever. Marisa passaria o final de semana na Bahia para acompanhar dois shows que a tal cantora faria e só voltaria na segunda de manhã. A levei no aeroporto e depois voltei para o estúdio. O final de semana prometia ser um saco sem ela, mas Raquel e Júlio me arrastaram para vários programas. Assisti um jogo no Pacaembu no sábado a tarde, bebemos até as cinco da manhã em um boteco e no domingo fomos caminhar no Ibirapuera. Era bom estar com eles sempre. No período da tarde fui rever amigos de longa data, inclusive Luciana que havia me dado uma grande força quando me separei de Fabiana. Ela agora estava casada com outra garota e esta pelo menos não tinha ciúmes de mim. Voltei para casa já ia dar uma da manhã. O apartamento parecia estranhamente vazio sem Marisa por perto.

Como prometido Marisa chegou na segunda de manhã cheia de ideias para o novo trabalho. Uma coisa que tinha reparado nela era que nunca conversávamos sobre trabalho antes de Fabiana, mas depois do ocorrido ela sempre me falava o que ia fazer e com quem ia fazer. Adorava o entusiasmo dela e tentava acompanhar sua empolgação. Ela me perguntava como estava indo as coisas no estúdio e sempre me estimulava com suas opiniões.

Depois de duas semanas ela teve que ir viajar novamente e eu fiquei a ver navios. Sai para caminhar numa manhã de quarta e passei em uma banca de jornal na volta para comprar algumas revistas sobre tatuagem. Estava esperando o vendedor desocupar quando uma capa de revista de fofoca chamou minha atenção. Fabiana estava agarrada com uma atriz em alguma casa noturna do Rio. Tirei os óculos escuros e peguei a revista para olhar atentamente. Era uma festa fechada dada por um cantor e o flagra tinha sido feito na saída da festa. A forma como ela beijava a boca da atriz era estranho para mim. Sabia que ela encontraria outras mulheres, isso era fato, mas parecia haver carinho naquele gesto. A atriz era uma grande conhecida do grande publico, não só pelo seu trabalho em novelas, mas por se declarar publicamente bissexual. Aquela foto me incomodou mais do que devia me incomodar. Quando éramos casadas ela sempre me dizia que adorava o trabalho da atriz e que a achava o máximo. Era estranho que agora ela estava agarrada a ela estampando uma capa de revista. Deixei a revista pra lá e sai da banca sem comprar as revistas que tinham me levado até ali. Será que ela finalmente estava dando a volta por cima? Eu esperava que sim, mas precisava ser com uma mulher tão bonita como a mulata de corpo estonteante, rainha de bateria? “Qual é Isabella, tá pirando?” perguntei a mim mesma. “Ela está sendo feliz do mesmo jeito que você está sendo”. Balancei a cabeça e segui para casa tomar um banho e ir para o estúdio.

Durante toda a manhã não parei de pensar na tal foto. Foi meio chocante ver ela com outra. Já fazia tanto tempo desde que a tinha visto a ultima vez e tinha que ver ela justo naquela situação.

Fiz uma sessão para riscar uma tatuagem que iria cobrir as costas de um rapaz e fiz o desenho para uma garota que ia fazer a aprovação naquela tarde. Sai para almoçar com Raquel e na volta fomos para a sua sala falar sobre as coisas que teríamos que comprar para o estúdio quando Yasmim entrou toda empolgada na sala.

- Temos uma cliente especialíssima ai fora – falou excitada – nem acredito que a vi pessoalmente! Ela tá ai fora! Quer um trabalho seu Bella.

- Que isso mulher! – falei rindo – respira. Quem é?

- Acho melhor você mesma ver. É uma grande cantora. Eu sou muito fã dela. Eu posso pedir autografo?

- Se ela te der. Quem é a figura?

- Venham ver – respondeu Yasmim saindo saltitante.

Sai curiosa com Raquel para ver quem era a tal cantora idolatrada de Yasmim. Meu sorriso morreu nos lábios quando vi Fabi junto com Claudio.

- Você estava falando serio Yasmim? – perguntei rindo. Olhei para Raquel que apenas dava um sorriso também – essa é a sua cantora idolatrada?

- Eu falei que não era uma boa ideia – escutei Claudio falando com Fabiana.

- O que você quer aqui Fabiana? – perguntou Raquel no seu melhor estilo agressivo – atrapalhou nossa trepada.

- Aqui é um estúdio de tatuagem não é? – perguntou Fabi tirando os óculos escuros – vim fazer uma tatuagem.

- Fala serio, Fabiana – falei mantendo o riso no rosto – tudo bem Claudião, desculpe o mal jeito cara – finalizei indo abraça-lo.

- Vocês conhecem ela? – perguntou Yasmim surpresa – e vocês nunca me disseram nada?!

- Fica de boa Yasmim – falou Raquel tentando conter a euforia da garota – tem pelo menos uns três mil estúdios de tatuagem em São Paulo, Fabiana. Qualquer um deles dariam tudo para te tatuar. Vai sair de graça ainda.

- Eu quero que a Isabella me tatue. Conheço o trabalho dela.

- De onde você conhece o trabalho dela? – perguntou Yasmim ainda abobalhada com a presença de Fabiana.

- Yasmim vai comprar um pão na padaria, por favor? – falei voltando para o lado de Raquel.

- Para de zoar – respondeu a garota.

- Então não se mete – respondi sendo grossa além do normal. O que será que Fabiana queria com aquilo? - Eu não vou te tatuar – respondi fazendo menção de entrar para a sala.

- Espera Isa – falou Fabiana se adiantando para segurar meu braço – eu só quero uma tatuagem. Só isso.

- Que tipo de tatuagem? – perguntei curiosa.

- O nome de uma garota – ela respondeu tirando um papel do bolso – quero do jeito que está aqui.

- Você não vai conseguir nada com isso Fabi – falei curiosa com o nome no papel. Será que o namoro com a tal atriz estava tão firme assim?

- Conseguir o quê? – perguntou com ar de inocente – eu só quero uma tatuagem – finalizou olhando para minha mão esquerda. O anel que ela tinha me dado ainda estava ali.

- Onde, o quê e que tamanho? – perguntei colocando a mão no bolso da calça.

- No braço direito – falou me mostrando o antebraço – do punho até o cotovelo. É o nome da mulher que amo.

- Que lindo – respondi sentindo meu sorriso falhar – Cobro mil por letra.

- Tá careira hein?!

- Meu estúdio, meu preço. Pensa bem. Samantha Novaes. São 14 letras.

- Como eu disse quero o que está escrito aqui, com essa mesma fonte.

- Para de palhaçada Fabiana – falou Raquel percebendo que meu sorriso havia morrido – você não vai pagar quatorze mil por uma simples tatuagem.

- Meu dinheiro, meu desejo.

Apenas olhei para Raquel que deixou a decisão na minha mão e para Claudio que estava ao lado de Fabiana que me estendia o papel dobrado. Peguei com raiva e abri para ver o nome da vagabunda. No papel lia-se Isabella Amor Eterno.



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Capitulo 20

[13/03/12]

Capitulo 20: Fabiana

- Nossa o que você fez com a Marisa? – perguntou Susana secretaria do escritório.

- Por quê? – perguntei fazendo cara de inocente.

- Ela saiu soltando fogo pelas ventas – disse rindo – você aprontou né, Fabi?

- Eu? Sou uma santa – finalizei rindo.

Não pude conter a felicidade ao ver que Isabella não tinha contado para Marisa sobre nosso encontro. Não me importava qual tinha sido o motivo que a levou a não contar. Apenas estava feliz pelo fato.

Sabia que agora seria mais difícil de me encontrar com Isabella, mas fiz o que achava que era o certo. Se eu tiver que voltar com a minha Isa, não será porque eu pirracei a Marisa e sim porque ela me ama.

As duas semanas seguintes se passaram rapidamente, acho que por conta da correria dos shows nem percebi que os dias passaram tão rápido. Mas as saudades dos meus olhinhos cinzentos nunca passaram, permanecia a me castigar. Parecia que a falta que sentia por Isabella de certa forma estava me fazendo bem, tirando o sofrimento que ainda sentia em meu peito. Eu estava muito produtiva e inspirada. Praticamente teria repertório para uns três cds se quisesse lança-los agora.

Enfim chegou o fim de semana e eu estava precisando fugir um pouco disso tudo, iria para o Rio. O Rio de Janeiro estava sendo minha cidade refugio só que nesse fim de semana iria ser diferente. Por mais que ainda estivesse deprê por causa da Isabella eu tinha que seguir com a minha vida e nada melhor que festa de um grande amigo meu e muita diversão com musica é claro. Eu, os meninos da banda e claro minha fiel companheira a Paty pegamos a ponte aérea no sábado de madrugada após um show em Brasília levaríamos cerca de uma hora e cinquentas minutos. Os meninos queriam ficar num hotel, mas dona Rose fez questão de que eles ficassem na casa dela. Que não teria cabimento eles ficarem em um hotel com tanto espaço em sua casa. Mamãe sempre foi mãezona com eles, porque ela sabe que eles cuidam bem da menina dela. Chegamos na casa de mamãe por volta da seis da manha estávamos exaustos, mas a farra foi tão grande que passamos o dia inteiro tocando e acabamos não descansando. Fui obrigada a me entupir de energético para poder aguentar a noite acordada. Deixei os meninos com mamãe e Paty na sala e fui me arrumar. Sempre fiz questão de me vestir bem até quando não tinha muito dinheiro. Quando éramos crianças as coisas eram muito difíceis as roupas que usávamos era de doações e sempre que nossos pais compravam alguma roupa nova demorava sempre um bom tempo para ganharmos outra então não usávamos muito para durar mais. Meio que pequei trauma disso. Por mais que eu fosse a mais nova me lembrava de tudo da minha infância. Mas naquele dia seria diferente estava afim de um visual mais relaxado porem despojado. Coloquei uma regata branca com uma calça jeans larga, All Star preto com o bico cinza e um boné também cinza para trás deixando apenas uma mecha de cabelo à mostra, brincos de pequenas argolas e uma pulseira cravejada de brilhantes. Saímos de casa por volta das dez horas da noite, era uma festa fechada onde imprensa não entrava, de um cantor de pagode amigo nossos. Ao entrar, fomos recebidos por grupies e logo no encontramos com o anfitrião. Conversamos amenidades, Mauricio era muito atencioso comigo e com a banda. Tínhamos nos conhecido há um ano. Trabalhamos para mesma gravadora e estávamos com um projeto de parceria. Na festa tinha muitas pessoas do meio artístico e algumas que só eram do meio por terem dinheiro, os famosos Roberts. Mas a única que na verdade que realmente me interessava era Samantha Novaes, ela era atriz de novelas e sempre admirei seu trabalho e é claro o seu corpo. E por uma coincidência ela também gostava da minha musica. Foi a primeira coisa que ela me disse quando veio me cumprimentar, disse também que só tinha ido a essa festa por consideração ao Mauricio que era seu grande amigo de muito tempo e por minha causa. Pra mim foi tudo ouvir aquilo, Samantha Novaes queria me conhecer. Sabe um daqueles momentos que você imagina a vida toda e quando acontece você não acredita? Era isso que estava acontecendo comigo. Não estava acreditando que aquilo poderia estar acontecendo. Os meninos logo se arranjaram com um pessoal que estava tocando na festa. Fazia um bom tempo que eles não sabiam o que era tocar por diversão, achei engraçado ver a empolgação deles. Eu pelo contrario passei boa parte da noite com Sam. É com o passar da noite ela fez questão de que eu a chamasse assim. Ela disse que era assim que os íntimos a chamavam, eu disse a ela que não era tão intima assim dela. Ela apenas disse “podemos ser bastante intimas, se você quiser”. Pirei quando ela disse isso, meu ídolo querendo ficar comigo. Por mais que achasse interessante essa possibilidade pensei que não conseguiria trair meus sentimentos por Isabella. Expliquei a Sam que amava minha ex mulher que iria se casar com outra. Por fim acabei contando toda historia por ela. Ela disse que aproveitar as oportunidades que a vida nos dá não quer dizer traição. Disse também que achava fofo todo esse amor que eu tinha por Isabella, mas já que ela era estupida o suficiente de não dar valor quem iria aproveitar era ela. Então ela me beijou, caraca que sensação estranha. Por um algumas horas consegui não pensar em Isabella. No momento do beijo procurei me desligar dela, sabia que ela estava fazendo muito mais coisas com Marisa. Então aproveitei. Passei o resto da noite com ela, bebemos bastante juntas e num momento de distração nos deixamos ser fotografadas nos beijando na saída festa. Sabíamos que no dia seguinte seria manchete em todas as revistas de fofoca, mas não nos importamos no momento, talvez o álcool tenha ajudado nesse quesito. Fomos para seu apart-hotel. E literalmente ela acabou comigo de todas as formas. Transamos em todos os cômodos e todas as posições possíveis. Foi uma delicia sua companhia aquela noite e amanhecer ao seu lado foi maravilhoso. Nos despedimos com a promessa de nos encontrarmos a próxima vez que eu fosse ao Rio ou ela a Sampa. Não acreditava que aquilo poderia durar mesmo porque, a mulher que eu amava era outra. Mas enquanto durasse aproveitaria. Eu e minha trupe fomos embora no domingo à tarde teríamos show a noite em Sampa. Estava exausta, não tive descanso nesse naquele fim de semana e não descansaria até quarta. Teríamos apresentações, gravações e show na segunda e na terça feira. E por incrível que pareça o tempo que consegui dormir foi o tempo de um compromisso para o outro dentro do carro ou avião. Minha casa só fui ver na quarta de madrugada. A minha sorte é que minha equipe mantinha tudo organizado, ainda não tinha uma empregada fixa e só de imaginar a casa bagunçada já me tirava o sono. Sempre fui do tipo psicótica com organização e Paty não me ajudava muito com esse assunto. Dormi até as onze da manha naquela quarta e acordei com uma ideia que me parecia maluca porque tinha tudo para dar errado. Mas mesmo assim segui em frente com ela, liguei para Claudio pra me ajudar com essa ideia mesmo porque ele queria fazer a mesma coisa que eu. No caminho ele só dizia “Você tem certeza que quer fazer isso, Fabi? ”ou” Eu acho melhor, procurarmos outro lugar” e eu não dava ouvidos. Chegamos ao local por volta da uma da tarde. Claudio ainda disse que era a ultima chance de desistir e é claro mandei ele relaxar. Quando entramos, percebi na cara da recepcionista seu espanto.

- Meu deus, você é quem eu imagino que é? – falou empolgada.

- Se você imagina que eu sou Fabiana Pontes, você acertou – falei rindo da reação da garota.

- Meu deus, Meu deus Fabi Pontes. Não acredito só pode ser uma alucinação – falou se levantando da cadeira, toda afoita.

- Não sou não gata. Oh pode pegar se quiser – falei estendendo o braço para garota.

Claudio ria da situação nos sempre nos divertíamos com a reação das pessoas quando nos viam.

- Bom Fabi, posso te chamar assim né? – falou fazendo sinal de afirmativo com a cabeça.

- Claro gata, pode me chamar de como você quiser – falei a garota toda animada a minha frente.

- Bom... Fabi... em que posso te ajudar? – falou ajeitando o cabelo.

- Eu quero uma tatoo... é .... como você se chama gata?

- Yasmim, meus deus Fabiana Pontes perguntando meu nome – falou voltando a se empolgar.

- Então Yasmim, quero fazer uma tatoo com a Isa... quer dizer Isabella e meu amigo Claudio também quer uma. Sei que deveríamos marcar hora, mas como a nossa agenda ta lotada. Pensei que você poderia me ajudar – falei pegando em sua mão para fazer um charme.

- Ai meu deus, seu eu gostasse. Bom, isso não vai ser problema a Bella ta sem cliente agora à tarde. Tem um só para o fim da noite, acho que ela te atende. Vou lá dentro chama-la. Só um momento. Fabi – falou saindo dando pulos.

Claudio assistia se divertindo disse que eu foda e que se eu conseguisse o que queria ele iria montar um altar em minha homenagem. Apenas respondi que se eu conseguisse ele teria que pagar uma caixa do uísque mais caro pra mim. Apertamos a mão selando a aposta.

Logo minha ruiva que tanto amava apareceu, linda como sempre. Percebi sua irritação com minha atitude quando ela me disse que a tatoo seria mil reais a letra. Deu pra ver que ela estava com ciúmes. Ela achou que eu tatuaria o nome de Sam, provavelmente ela já tinha visto a foto. Achei engraçado, mas sabia que ela não daria o braço a torcer. Raquel pelo contrario sempre querendo me espezinhar, disse que achava um absurdo eu querer dar quatorze mil em uma tatoo. Calei a boca dela dizendo que o dinheiro era meu. Entreguei o papel com o nome a Isabella e quando ela abriu senti no seu olhar o alivio que sentia por ser seu nome e não de Samantha.

- Você ta de brincadeira né, Fabiana? – falou olhando para o papel mostrando a Raquel.

- Não, é isso mesmo que eu quero. “Isabella Amor Eterno” – falei fazendo cara de desentendida.

- Eu não vou tatuar isso em você – falou nervosa.

- Ah, Isa vai dar uma de Marisa agora? Aprendeu com ela a não ser profissional? – falei irônica.

- Não coloca a Marisa nessa loucura. Eu disse que não vou fazer e pronto – falou ainda mais irritada.

- Isso é injusto – falei me apoiando no balcão.

- O que? – perguntou me encarando.

- Se fosse qualquer outra pessoa que viesse aqui para fazer essa mesma tatoo você faria.

- Tem razão, mas você não é qualquer pessoa. E esse não é o motivo certo para se fazer uma tatoo.

- Os motivos que me levaram a fazer essa tatuagem somente interessam a mim. E o que me torna tão especial, assim? A ponto de você não querer fazer a tatuagem.

- Nada, não é que você é especial. Não faço distinção entre meus clientes.

- Tudo que eu quero é uma tatuagem, e se eu não fizer ela aqui eu farei com qualquer outro. Só que não teria o mesmo significado se você não fizer ela.

- Já pensou na dor de cabeça que essa tatuagem vai te trazer? Primeiro eu sei que você é mole pra dor e dói pra fazer nessa parte do braço, segundo você vai para de pegar mulher. A Samantha não vai gostar de ver o nome de outra ai, terceiro você vai pagar muito mais caro pra tirar depois e posso te garantir que dói muito mais que fazer. Não tem nenhum sentido essa tatuagem.

- Você sabe que sentindo tem pra mim essa tatuagem, não importa o agora. O que importa é que eu to gravando algo que vivi e que vou carregar pra sempre independente que seja na pele ou no coração.

Isabela não me respondeu nada apenas abaixou a cabeça e depois saiu nervosa para dentro do estúdio. Raquel foi atrás dela, acho que pra conter seus nervos. Dava pra ouvir as coisas que Isabella jogava no chão. Eu sabia que ela estava nervosa, e esse seu nervosismo me dava a clara demonstração que ela ainda sentia alguma coisa por mim, mesmo que teimasse em mentir para si mesma. Me apoiei no balcão e fiquei escutando a discursão que se prolongava dentro do estúdio. Claudio balançou a cabeça na direção da saída, mas neguei com um dedo. Não íamos embora ainda. Isabella não tinha me dado sua resposta.

Demorou exatos cinco minutos para que ela retornasse tão vermelha quanto seus cabelos de raiva.

- Eu faço, mas cobro dois mil a letra – ela falou tentando uma ultima vez me fazer desistir.

- Eu pago até três mil a letra. Eu não estou brincando Isa.

- Para de loucura. Não se paga cinquenta e quatro mil por uma tatuagem que custa menos de seiscentos.

- Perai ruiva, deixa ela é até melhor estava pensando em te levar num bom motel e com esse dinheiro, vamos nos divertir muito – falou Raquel se intrometendo na negociação.

- Raquel o que você vai fazer com esse dinheiro não é problema meu. Eu só quero minha tatoo – falei rindo da atitude de Raquel, acho que ela pensou que assim eu ficaria brava e desistiria da tatoo.

- Ta certo, acho que você não vai me deixar em paz se eu não fizer. Mais vou logo avisando não vai dar em nada isso – falou Isabella indo para dentro de sua sala.

Claudio espantado com o meu poder de persuasão disse que nunca mais duvidaria de mim. Depois de meia hora ela saiu com o rascunho. Ela estava linda nervosinha. Com os olhos vermelhos de raiva. Concordei com o desenho e me pediu para voltar no dia seguinte para começarmos. Mas insisti para ela fazer a tatoo naquele dia porque não poderia voltar depois para fazer e o motivo era agenda lotada. Ainda insisti que já que estava pagando tão caro ela poderia fazer uma forcinha e me tatuar. Ela parou pensou e acabou concordando contrariada pela minha insistência. Ela me pediu para entrar para começarmos e acabar com aquela palhaçada. Claudio ficou discutindo com Raquel o que queria fazer. Pedi a ele para segurar a megera por muito tempo.

Entrei em sua sala e vi os vidros que ela havia quebrado no chão. Ela estava tão brava que nem se deu o trabalho de limpa-los. Não demorou mais de meia hora para ela começar a riscar a tatoo. Tentei puxar assunto e sua resposta sempre era um bufar e agulhas no meu braço. Ela me tatuou com a cabeça baixa e de vez em quando erguia a cabeça para ver se eu estava sofrendo por conta da dor. Estava doendo pra caralho, não vou negar. Mas fazia minha cara de sorridente e fingia que não estava sentindo nada. Demorou três horas para ela terminar, nesse período Raquel entrava para ver se estava tudo bem e logo saia, a ultima vez que ela entrou foi para avisar que tinha desmarcado o ultimo cliente por conta do meu capricho. Ao fim da sessão, enquanto ela limpava e colocava o plástico no meu braço ela decidiu quebrar o silencio.

- Porque isso, Fabi? – falou passando a mão para o plástico grudar.

- Isso, o que?- perguntei me fazendo de desentendida.

- Ta vendo, é isso que eu tenho raiva em você. Você fica se fazendo de sonsa, mas você sabe muito bem o que eu te perguntei – falou tirando a luva.

- Você não faria a mesma coisa? – falei me levantando da maca

- Isso é loucura, você ta obsessiva e a prova disso é pagar uma fortuna por uma tatuagem – falou se levantando da cadeira para ficar a minha frente.

- Você não entendeu ainda, eu pagaria o que fosse, daria tudo o que tenho, se eu pudesse passar algumas horas com você. E isso que eu gastei hoje tornou meu dia muito mais feliz – falei cochichando em seu ouvido.

- Mais Fabi, você sabe que eu amo a Marisa – falou olhando em meus olhos.

- Você até pode amar ela, mas o amor que você sente por mim é maior que esse amor que você tem por ela – falei me aproximando mais ainda de seu corpo.

- Você sabe... sabe que isso... não é verdade – falou com a voz mole.

- Se isso não é verdade, porque suas pernas ficam bambas? Porque seu coração dispara toda vez que eu chego perto de você? Eu conheço você e sei que você me ama – falei encostando minha boca mais perto da sua. Íamos nos beijar naquele momento, mas ela desviou assim que Raquel entrou na sala.

- Ta tudo bem por aqui, ruiva? – falou Raquel entrando na sala.

- Ta sim, a Fabi ta... quer dizer acabei – falou tentando disfarçar o que não dava para disfarçar.

- Bom, ficou perfeito como tudo o que você faz Isa. Agora precisamos acertar, né – falei pegando a carteira – agora acho que temos um problema. Não pensei que iria pagar tão caro por uma tatuagem. Não tenho esse valor aqui. Como podemos fazer.

- Você pode trazer... – falou Isabella.

- Não você pode depositar na minha conta Fabiana, só espero que não nos dê o calote – falou Raquel interrompendo Isabella.

- Não se preocupe, não vou dar calote. Amanha mesmo já esta na conta – falei guardando a carteira.

- Que bom, assim amanha mesmo podemos ir aquele motelzinho que eu te falei Ruiva – falou abraçando Isabella.

- Bom, tenho que ir. Amanha alguém liga para pegar o numero da conta, falou Raquel. Bom divertimento amanha. – falei dando risada – tchau Isa, pensa no que te falei, até a próxima.

- Tchau Fabiana – falou Raquel brava.

Isabella apenas respondeu com um balançar de cabeça. Tinha conseguido o que queria. Coloquei uma ponta de duvida em seus sentimentos por Marisa. Mas isso não queria dizer que seria fácil dali pra frente, seu gênio ainda era o mesmo.

Sai do estúdio e já estava anoitecendo. Eu e Claudio fomos para um bar para ele me pagar a aposta. Por mais que soubesse todas as recomendações após fazer uma tatuagem e uma delas era não beber por alguns dias para ela não sangrar e acabar borrando o trabalho. Não me importei, porque meu corpo era resistente. A tatuagem poderia até sangrar mais não a ponto de borrar o desenho. Ficamos conversando sobre o ocorrido ele ainda não acreditava que eu tinha conseguido convencer Isabella a fazer essa sandice. Mas a prova estava ali, marcado no meu braço para o resto da vida. Estávamos na metade da garrafa quando recebi uma ligação. Era Samantha dizendo que estava em Sampa, que tinha vindo para me ver. Por mais que eu achasse loucura em menos de uma semana ela ter vindo atrás de mim. Adorei, mesmo porque não era qualquer mulher era Samantha Novaes. E ela estava em um hotel me esperando só de lingerie.



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Capitulo 21

[16/03/12]

Capitulo 21: Isabella

Andei devagar até a porta do estúdio a tempo de ver Fabiana saindo no carro junto com Claudio. Olhei para Yasmim e Raquel que me encaravam esperando respostas diferentes. Passei a mão no cabelo e voltei para minha sala organizar o material sem me dirigir a elas. O lugar estava uma zona; os restos de vidros pelo chão. Meus apetrechos esparramados como se fosse um deposito. Eu poderia dizer que estava irritada, mas meu estado transcendia a irritação. Eu estava sentindo muito mais coisas no meu intimo e tinha medo de tentar racionalizar o que estava sentindo. Raquel entrou na sala e se encostou na pia cruzando os braços me vendo andar de um lado para o outro com pressa, tentando não demonstrar que ainda estava nervosa com o que tinha acontecido.

- Quer conversar, ruiva? – ela me perguntou quebrando o silencio.

- O que ela tinha que fazer aqui? – perguntei ainda de cabeça baixa com uma pá de lixo.

- Te provocar. Obvio – respondeu indo para minha cadeira - Porque está tão nervosa? Você nunca mais vai fazer uma tatuagem tão cara e tão fácil.

- Eu não receber o dinheiro dela – falei encarando seus olhos – não é justo. Se eu aceitar o valor todo vai parecer até um assalto.

- Claro que vai. Ela não estava disposta a pagar o valor que fosse? Então ela vai pagar.

- De maneira nenhuma. Se você faz questão de cobrar que seja então o valor justo – respondi me sentando no lugar onde Fabiana ocupara. A sensação era de que o cheiro dela tinha impregnado o lugar.

- Você não quer cobrar Bella? Você fez um trabalho para um cliente e não quer cobrar? Não estou entendendo.

- Eu estou tentando fazer de tudo para que a Fabiana saia da minha vida. Não quero nada que seja dela.

- E o beijo dela? Você quer?

- Do que você está falando?

- Não se faça de desentendida! – falou Raquel me fitando com desconfiança – se eu não tivesse entrado aqui você estaria nos braços dela.

- Claro que não – retruquei sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas – eu jamais faria isso com a Marisa!

- Será mesmo Bella? Se você não se importa mais com a Fabiana para que ficar nesse estado?

- Eu não sei. Pensei em algum momento que poderíamos ser amigas, mas não dá. Me irrita tudo que ela faz para ficar perto de mim.

- O nome não é irritação e você sabe disso. Você fica brava com você mesma por que não consegue se controlar quando ela está perto. Não vai fazer uma burrice, ruiva.

- Eu não vou fazer nada Raquel – falei me levantando – alias vou fazer sim. Vou pra casa curtir minha bela morena.

- Você vai contar pra Marisa que tatuou a Fabiana?

- Não.

- Você está fazendo tudo errado. Isabella. Cuidado.

- Eu sei me cuidar. Obrigada gata. Você é sempre foda.

- Precisando vou estar sempre aqui para te apoiar em tudo – falou Raquel me abraçando – mas fala serio ruiva, é trinta e seis mil...

- Vai se ferrar Raquel – falei rindo saindo para a recepção – não vamos aceitar esse dinheiro. E você senhorita Yasmim – falei me virando para a garota que fechava o estúdio – Fabi Pontes nunca esteve aqui e se ela voltar não se dê o trabalho de me chamar, ok?

- A Raquel me explicou tudo. Pode deixar. Eu não sabia da historia de vocês.

Assenti com a cabeça e sai indo para o apartamento. Marisa já estava lá com o jantar preparado. A beijei carinhosamente antes de tomar um banho. Enquanto a agua quente caia sobre meu corpo apoiei a cabeça no azulejo e deixei minha mente vagar para Fabiana. Ou eu estava lidando com uma psicopata ou ela era realmente apaixonada incondicionalmente por mim. Se fosse a ultima opção porque inferno ela tinha que sair com uma rainha de bateria? Levantei a cabeça quando Marisa abriu a porta do box com um sorriso.

Sai do chuveiro apenas para busca-la para se juntar a mim. Beijei a sua boca mais apressada agora, querendo fundir seu corpo junto ao meu. Minha língua se enroscava a sua com pressa enquanto a arrastava para debaixo da agua corrente. Marisa protestou por poucos segundos antes que a agua quente a encharcasse da cabeça aos pés. Tirei suas roupas com pressa querendo senti-la por inteiro. Quando consegui meu objetivo cai de joelhos enfiando minha cabeça no meio de suas pernas já a minha espera. Apertei o bumbum intensificando minhas chupadas ouvindo ela gemer alto de prazer. Marisa mexia vigorosamente o quadril ao encontro da minha boca. Quando senti que ela estava quase gozando me levantei para beija-la enquanto minha mão ocupava o lugar da boca. A penetrei com dois dedos sentindo sua perna se levantar na altura da minha cintura. Abandonei a boca para encurvar seu corpo até encontrar os seios. Comecei a beija-los e lambe-los enquanto o vai e vem da mão no sexo se intensificava. Marisa gozou demoradamente apertando minha cabeça que ainda estava apoiada no meio dos seus seios. Quando seu corpo começou a relaxar a abracei apertado. O pulsar do seu coração acelerado junto ao meu me dizia que aquilo ali era real. Ele batia por mim e o meu por ela. Não existia a possibilidade de ele bater por uma terceira pessoa.

- Te amo – falei com a boca grudada na sua – te amo tanto...

- Eu também amor. A cada dia mais com essas demonstrações.

- Nunca meu deixe – pedi deixando escapar uma lagrima ocultada pela agua do chuveiro – nunca, nunca...

- Eu nunca vou te deixar. Nunca.

A beijei mais uma vez e saímos da agua. Marisa já tinha preparado a mesa e enroladas em toalhas jantamos. Fiz questão que ela ficasse no meu colo o tempo todo. Eu precisava senti-la perto de mim mais do que nunca naquele dia.

Uma secretaria de Fabiana ligou no dia seguinte para pegar o numero da conta para fazer o deposito do valor da tatuagem como ela havia combinado com Raquel. Falei para Yasmim não dar nenhuma informação, que era apenas para dizer que tinha sido uma cortesia. O que disse para Raquel era verdade. Não queria nada que fosse dela.

Marisa viajou no final de semana e só voltaria dali a dez dias. Tivemos uma bela despedida em um dos melhores motéis da cidade e pouco depois ela embarcou. Fiquei ainda um tempo no saguão do aeroporto depois que ela sumiu na sala de embarque. Iria sentir sua falta nesses dias. Resolvi voltar para o estúdio para fazer alguns desenhos de amostra, Estava caminhando na direção da saída quando uma revista que uma mulher lia me chamou a atenção. A capa era sobre fofocas das novelas, mas em um canto tinha uma foto de Fabiana. Me aproximei um pouco mais e em uma foto menor a tatuagem que tinha feito poucos dias atrás com o questionamento de quem era Isabella. Claro que isso ia dar noticia. Foi ai que me dei conta da merda que tinha feito. Com toda a certeza ela abriria a bocona para falar sobre a tatoo. Se Marisa descobrisse que eu tinha feito, eu estava perdida. Passei numa banca de jornal e comprei um exemplar da mesma revista. Li a matéria, mas não havia nada além de especulação. Fabiana não havia dito nada ainda.

Os dias começaram a se arrastar e a saudade que sentia de Marisa aumentar. Nesse meio tempo fiquei atenta a tudo que saia na mídia sobre Fabiana. Nada sobre a misteriosa Isabella. Em um programa de teve ela apenas disse que era alguém especial, sem muitos detalhes. Era para eu respirar aliviada, mas algo nas informações sobre Fabiana me irritava. Ela ainda era vista pra cima e pra baixo com Samantha. Ela devia ser psicótica. Só podia ser isso. Apertei minha tecla do foda-se. A vida dela não me importava mais. Apenas era agradecida por ela não ter dito nada sobre o desenho. Marisa me disse que também viu a tatuagem em algum lugar. Ficou muito irritada e tive que me desdobrar para acalma-la. Se ela soubesse que eu ainda tinha feito seria o fim.

Já fazia oito dias que Marisa estava fora. Sem muita coisa para fazer no sábado de manhã, me joguei em um momento de preguiça e fiquei no sofá assistindo DVD e comendo pipocas. Escutei meu celular tocar no quarto e corri pensando ser Marisa. Quando vi o numero de São Paulo mesmo murchei.

- Alô? – atendi voltando para a sala e para meu conforto no sofá.

- Oi Isa! Tudo bem com você garota? – perguntou Paty toda feliz do outro lado da linha.

- Tudo certo Paty e com você? – perguntei colocando uma pipoca na boca.

- Seguinte gata, sabe que dia é amanhã?

- Seu aniversario! Você acha que eu esqueci?

- Não sei, mas é bom lembrar um dia antes né? – falou rindo – só pra garantir o presente.

- O que você quer de presente?

- Quero que você venha na reunião de amigos que estou fazendo hoje a noite.

- De maneira nenhuma – respondi num impulso.

- Credo Isa! É assim que se fala?

- Desculpa gata, mas não quero mais me encontrar com sua irmã.

- Deixa eu te explicar? – pediu nervosinha – A banda está fazendo um show em Minas. A Fabi não vai estar aqui.

- Você acha que eu acredito em você? Por favor, né, Paty. Porque você não acompanhou a banda?

- To falando serio Isa. Minha mãe veio do Rio. Não ia enfiar a bichinha em mais um avião rumo a Minas. Hoje à noite eu quero fazer uma reunião de amigos. Sem aquela palhaçada que a Fabi gosta. Só os mais íntimos, pessoas por quem tenho consideração. Amanhã à noite a festa vai ser arromba em uma boate.

- Não sei não Paty... – falei coçando a cabeça – isso vai dar merda.

- Não vai dar merda nenhuma não. Se você não acredita em mim entra no site da banda e veja a agenda. Show em Uberlândia às dez da noite. Você sabe que geralmente atrasa. Não vai dar tempo de eles chegarem aqui até ter terminado.

- Como vai a Rose? – perguntei me referindo a sua mãe. Estava com muitas saudades dela.

- Ela está ótima. Está falando aqui que é pra você vir. Ela também está te garantindo que a Fabiana não vai estar aqui.

- Ok. Vocês venceram – falei derrotada – que horas?

- As nove. Vamos fazer um jantarzinho básico e colocar a fofoca em dia.

- Pra mim está ótimo. Estarei ai as nove, mas se isso for qualquer tipo de armação...

- Relaxa Isa, eu respeito sua decisão. Até mais gata. Valeu.

- Beijos.

Desliguei o telefone e fiquei pensativa. Por vias das duvidas peguei o computador e conferi no site os shows agendados. De fato estava lá. Show em Uberlândia marcado para as dez da noite. Um pouco mais aliviada relaxei para aproveitar a noite. Rose era um encanto de pessoa e Paty uma grande amiga. Não ia deixar que Fabiana interferisse no carinho que possuía por elas.

O frio aumentou durante a noite e se tem uma coisa que sempre detestei era passar frio. Coloquei uma calça preta justa com um tomara que caia de couro. Decidi sair do coturno básico e apostei em um bota de salto bem alto. Terminei de fazer uma maquiagem básica sem os tons escuros que sempre adorei e finalizei deixando o cabelo solto no seu natural. Coloquei um sobretudo antes de sair. Durante o longo caminho até Alphaville fui pensando que Fabiana poderia aparecer por lá. Só não voltei para casa porque tinha anotado o numero do telefone da casa de show e dei uma de maluca ligando para saber se ainda tinha ingressos. A simpática moça que me atendeu disse que já estava esgotado.

A casa estava toda iluminada. Toquei a campainha e logo Paty apareceu sorridente para me receber. Rose me recebeu bem humorada, me dando um abraço caloroso. Na sala havia varias pessoas do Rio. Amigos de Fabiana e Paty que eu tinha conhecido em nossas viagens para a casa de Rose. Me sentei em uma conversa animada e logo relaxei. Com toda a certeza Fabiana não apareceria por ali. Não demorou para que Rose nos chamasse para o jardim onde a comida seria servida ao ar livre. Adorei a decoração de muito bom gosto. Luzes indiretas iluminavam todo o lugar. Rose se sentou ao meu lado mais falando que comia. Eu via toda a felicidade estampada no seu rosto. Suas filhas estavam bem encaminhadas na vida. Estávamos na sobremesa quando varias vozes começaram a vir de dentro da casa. Olhei curiosa para ver quem era e senti meu coração gelar quando vi Fernando entrando no jardim junto com Silvia. Não demorou para que todos os meninos da banda e mais uma galera aparecesse com algumas garotas. Fiquei petrificada quando Fabiana apareceu com o braço enlaçado na cintura de Samantha.

- Você achou que eu ia ficar fora dessa comemoração? – perguntou Fabiana indo abraçar a irmã – vamos ver seu aniversario chegar todos juntos.

- Eu achei que você ia mesmo fazer o show! – falou Paty pulando no pescoço da irmã – obrigada por essa surpresa!

Assisti enquanto todos beijavam e abraçavam Patrícia. Parecia mesmo que ela tinha falado a verdade, que não esperava que Fabiana aparecesse ali. Pensei em qual seria minha saída de mestre naquele momento. Eu poderia sair sorrateira, pois ninguém ainda tinha me visto ou vestir uma mascara e ficar ali como uma tonta. Optei pela primeira opção. Quando comecei a me levantar do canto onde estava, Rose segurou meu braço.

- Você está aqui pela Paty – falou me fitando nos olhos – não faça isso com ela.

- Desculpe Rose, mas é melhor eu ir. Depois eu falo com a Paty – respondi pegando sua mão dando um beijo nela.

Já estava com a minha rota traçada até a porta que me tiraria dali quando ouvi a voz de Claudio denunciando minha presença.

- E ai, ruiva?! Bom te ver gata! – falou em alto e bom tom chamando a atenção do resto dos meninos, inclusive de Fabiana – achei que não te encontraria em uma reunião como essa – finalizou um pouco mais baixo no meu ouvido.

- Eu pensei que não estaria numa situação dessas – respondi também no seu ouvido – não tinha show não é?

- Tinha, mas foi cancelado. Relaxa gata. A Fabi está em outra.

Assenti com a cabeça com um sorriso mórbido. Que ótima noticia ele tinha para me dar. Ai era que eu não ficaria ali mesmo. Os meninos vieram me cumprimentar e suas respectivas acompanhantes. Paty me pediu desculpa de longe sinalizando que ela não sabia da surpresa. Assenti com a cabeça com um olhar assassino. Se ela estivesse um pouco mais perto voaria no seu pescoço.

Fabiana me olhou com um sorriso no rosto e eu delicadamente virei o meu. O diabo do braço ainda continuava na cintura da rainha do pandeiro, quer dizer bateria. Discretamente programei o telefone para uma chamada falsa. Não demorou cinco minutos e ele tocou. Pedi licença para as pessoas ao meu redor e entrei na sala para fingir que atendia a ligação. Respirei fundo com o telefone na orelha mexendo a boca cantando uma musica. Voltei para a festa e me adiantei para Paty, sentada ao lado de Fabiana e da Rainha.

- Tenho que ir nessa gata – falei esticando minhas mãos para levanta-la – obrigada pelo convite.

- Não faz isso Isa – pediu com um olhar de manha – ainda não deu meia noite. Por favor! Por mim!

- Eu não posso...

- Oi Isa – falou Fabiana chamando minha atenção – tudo bem com você?

- Tudo – respondi voltando minha atenção para Paty – não dá gata. Estava ótimo, mas não dá.

- Oi meu nome é Samantha – se intrometeu a rainha. Não sei qual foi meu olhar, mas deve ter sido dos piores.

- Isabella – respondi somente encerrando o assunto, voltando para Paty – Nos vemos em outro momento mais oportuno.

- Puxa Isa! Já vai ser meu segundo aniversario que você não vê chegar – falou ainda segurando minhas mãos – e outra a Marisa nem está em São Paulo!

Será que eu seria presa se esganasse ela ali? Olhei para o lado onde Claudio e Fernando se aproximavam.

- Qual é ruiva? Você não vai embora não é? – perguntou Claudio parando ao meu lado – agora que a farra vai começar você vai sair fora?

- Nada a ver Isa! – emendou Fernando – fica ai de boa que tá tudo suave.

- Quem quer ir embora? – perguntou Rose se aproximando escutando a conversa – Você vai embora Isa?

- Eu tenho que ir Rose – falei me desculpando – eu tenho que fazer outra coisa e...

- As onze e meia da noite? – perguntou Rose debochando da minha cara – nem eu que sou velha caio nessa! Não inventa desculpas.

- Parece que fui derrotada não é? – falei tomando o cuidado de não olhar para Fabiana – Só até virar meia noite ok?

Enquanto Paty e os meninos comemoravam me abraçando olhei para Fabiana com a cabeça enfiada no pescoço da rainha falando alguma coisa. Eu precisava de álcool. Urgente.

Sai do meio da roda que eles fizeram e voltei para o lado oposto onde Fabiana estava. Troquei meu suco por uma dose de uísque seguida de outra. Nessas horas era que eu queria ser fraca para bebida. O álcool ingerido não fez nenhum efeito inicial. Conversei amenidades com todos, mas meus olhos sempre teimavam em voltar disfarçadamente para Fabiana e Samantha. Elas até faziam um casal bonitinho. Duas sapas famosas era o que a imprensa queria para fazer balburdia. Minha maior bandeira foi quando as duas entraram para dentro da casa sorridentes. Tenho certeza que meu rosto ficou vermelho como um pimentão. Rose apenas apertou minha mão delicadamente.

- Vocês duas vão ser felizes, filha – falou com a voz afável – você já é feliz, não é?

Assenti com a cabeça enquanto virava mais uma dose de uísque. Nem sentia mais o ardor. Descia como agua para um sedento. Tentei me distrair com os meninos que falavam sobre musica. Muito original para músicos, mas me meti no meio da conversa deles. Eu entendia do que eles estavam falando e logo se empolgaram para tocar. Rose os incentivou dizendo que queria um show particular. Ela ainda me surpreendeu me entregando um violão.

- De maneira nenhuma Rose – falei empurrando o instrumento para o lado – eu não sei tocar.

- Claro que sabe Isa! – me dedurou Pedro – quantas vezes eu te ensinei? Os caras também e aposto que a Fabi também te ensinou.

- Mas não para tocar assim... – falei constrangida – no meio de tanta gente.

- São todos amigos.

- Mas e se eu não souber a musica?

- Vamos tocar as que você sabe.

- Vocês estão querendo acabar comigo mesmo hoje hein?! Não me deixam ir embora e agora querem me colocar nessa enrascada.

- Toca Isa – ouvi a voz de Fabiana atrás de mim – você sabe.

Me virei para enxerga-la abraçada com a rainha. Pensei por alguns segundos abaixando a cabeça enquanto os meninos começavam a dedilhar notas. Eu não podia fazer aquilo ali no meio de tanta gente, na frente de Samantha.

- Não – respondi categórica me levantando – eu to indo nessa – finalizei saindo. Fui detida por sua mão no meu braço.

A cena seria cômica se não fosse trágica. Fabiana segurava meu braço com uma mão e com a outra ainda enlaçava a cintura de Samantha. Minha vontade era de dar um tapa na cara dela, mas tinha prometido que não ia me importar com ela mais.

- Ainda não é meia noite – ela falou encarando meus olhos – não se ofenda com tão pouco.

- Não tenho com o que me ofender – respondi dando um passo na sua direção – se você puder fazer a gentileza de soltar meu braço, eu quero falar com minha mulher antes que ela vá dormir – finalizei tendo certeza que todos os olhos daquela festinha estavam cravados em nós.

Fabiana apenas soltou meu braço e sorriu. Ainda consegui escutar ela chamando os meninos para a roda para começar a bagunça.

Parei perto da entrada onde não havia barulho e liguei para Marisa. Falei com ela por alguns minutos. Somente ela conseguia me acalmar naquele momento Só me despedi dela quando vi Rose acenando que iam parabenizar Patrícia.

Entrei na farra do parabéns sem me importar com Fabiana ou com a rainha sorridente ao lado dela. Depois de toda a programação feita por Rose e uma amiga de Paty fiquei conversando com Juliana, mulher de Claudio, que queria mais uma tatuagem minha. Silvia também se juntou dizendo que queria tatuar o rosto da filha nas costas. Estávamos em uma conversa animada quando os meninos voltaram a tocar. Virei mais uma dose de uísque e me animei para pedir uma musica.

- Quero que você cante uma musica Pedro, pode ser? – perguntei pegando a garrafa de uísque.

- Demorou gata. Qual o rock do bom que vai vir?

- Paralamas do sucesso. Meu erro – respondi olhando para Fabiana.

- Serio?

- Serio – respondi virando outra dose de uísque - Vamos curtir musica.

- Vamos lá – falou Fabiana puxando a musica – essa musica é boa.

Acompanhei a musica enquanto a voz grave de Pedro tomava conta do lugar. Não consegui parar de olhar para Fabiana que me retribuía o olhar. Aquela musica conseguia dizer tudo o que eu sentia. Todo o meu amor que havia dado pra ela, incondicionalmente, sem pensar em nada. Tirei o sobretudo sentindo o calor que tomava conta do meu corpo enquanto acompanhava as batidas nas minhas próprias pernas. Paty parou ao meu lado e ficou me olhando preocupada. Eu já tinha bebido demais para conseguir mascarar o que estava sentindo. Mesmo querendo eu não poderia me enganar. Eu conhecia os passos de Fabiana, eu via seus erros. Não havia nada de novo. Ainda éramos iguais. As mesmas pessoas com ideais diferentes.

Quando a musica terminou sai para que ela não visse a lagrima que teimava em cair dos meus olhos. Andei apressada até a casa e corri para o banheiro onde havia encontrado ela na vez em que estivera ali. Fiquei por um bom tempo com a cabeça encostada no espelho tentando me conter. Fazer com que meu coração não pulsasse na velocidade alucinante que ele teimava em seguir. Aquela era minha deixa para ir embora de uma vez.

Fui até o jardim, mas não enxerguei Fabiana. A rainha estava conversando com alguns amigos de Paty. Peguei meu sobretudo e sai sob o olhar atendo de Rose. Parei por alguns minutos na sala olhando para os quadros que eu tinha pintado em nossa pequena casa na zona leste de São Paulo. Tudo naquela época era demais para que eu carregasse no peito. Eu não podia ter uma bagagem extra com Marisa. O espaço tinha que ser todo dela. Me aproximei da estatua de anjo e abaixei a cabeça sobre ele sentindo minhas entranhas virarem agua. Era muita coisa que eu não veria mais. Que eu não podia ver mais, porque o poder que elas tinham sobre mim era maior do que eu poderia conter. Que eu tinha que deixar para trás de uma vez por todas.

Ouvi a voz de Fabiana vindo do andar superior. Ela tocava um violão. Levantei a cabeça e olhei para as escadas. Sua voz estava com um tom de lamento. Eu sabia que não podia subir, mas minhas pernas não sabiam, criaram vida própria e subiram lentamente, degrau por degrau até o andar superior. Sua voz me guiava até o final do corredor. A porta aberta me convidava para entrar e apreciar a melodia na bela voz. A voz que tinha me acordado todos os dias durante cinco anos. Fabiana cantava uma musica desconhecida para mim, mas sua letra terna, quase um triste lamento. Não consegui mais dominar o furacão que me consumia por dentro, dando vazão as lagrimas que havia sufocado por muito tempo. Lágrimas de um lindo amor perdido nos entremeios de uma razão torpe. Só consegui assimilar o final do refrão: o amor pode acordar. O meu amor não estava mais hibernando, mas eu não podia amar duas ao mesmo tempo.

- Isa... – falou Fabiana se virando – seus olhos vermelhos refletiam a mesma dor que me atormentava – eu... eu...

Andei apressada a ela caindo de joelhos na sua frente afundando meu rosto no seu colo. Porque tudo tinha que ter sido tão errado? Havia acreditado piamente que seriamos para sempre.



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Capitulo 22

[20/03/12]

Capitulo 22: Fabiana

Cheguei ao hotel onde Samantha estava hospedada já tarde da noite. Ela estava linda e se fosse em outro momento não teria resistido. Teria ficado com ela.

- Oi gata, nossa não imaginei que me procuraria tão rápido – falei dando um beijo no rosto.

- Senti saudades do seu cheiro, delicia – falou me abraçando para sentir meu cheiro.

- Sam, precisamos conversar.

- O que foi gata? Aconteceu alguma coisa? – respondeu puxando meu braço tatuado.

- Ai... – puxei o braço num reflexo pela dor.

- O que foi ta machucada?

- É sobre isso que precisamos conversar – falei puxando a manga da blusa.

- Não acredito que você fez isso, você deve ama-la muito para fazer isso?

- Amo, mas você não sabe a melhor. Foi ela que tatuou pra mim – falei me sentando fazendo sinal para ela se sentar ao meu lado.

- Ta de brincadeira, vocês voltaram?

- Não, eu forcei uma barra pra ela me tatuar. Até rolou um clima, mas ela é turrona não vai dar o braço a torcer.

- A mais então se vocês não voltaram, podemos aproveitar.

- Não dá Sam, eu não posso ficar com você pensando nela. Não seria justo com você.

- Sabe, eu até que te entendo. Posso te confessar uma coisa, eu também gosto de uma pessoa.

- Serio, mais e ai.

- Ela não aceita minha carreira. Não pelo fato de eu ser atriz, mas a exposição. Ela terminou comigo tem um mês e eu decidi para de sofrer, sabe. Seguir minha vida, eu ainda tenho esperança que ela volte. Mesmo porque a amo, mas se isso não acontecer não posso deixar minha vida passar esperando ela.

- Eu até posso não voltar com a Isa, mas sinto que to traindo ela sabe. Não quero sentir isso. Posso te confessar uma coisa, quando eu te via na tv. Eu ficava imaginando como seria se eu ficasse com você. Como eu te disse você era a minha musa.

- Era porque, não sou mais?

- Ainda é. Mas é diferente agora. Agora que te conheço melhor vejo que te quero como minha amiga.

- E também tem a Isabella. Né?

- Sim... Mas posso te dizer que se fosse em outro momento da minha vida... Eu te escolheria.

- E eu iria adorar ser sua mulher. Tenho até um pouco de inveja dela, sabia. O tanto de loucuras que você fez e ainda faz por essa mulher, quem não gostaria?

- A Isabella.

- Sim, só ela...

Passamos a noite conversando sobre a vida. Ela me contou tudo sobre sua vida desde o momento do seu nascimento. Como que foi sua infância difícil, como foi seu primeiro teste de atriz e como tem sido sua carreira. Seus amores e seus fracassos, enfim me contou tudo. Nos divertimos muito e percebi que tinha muito mais coisas em comum com ela. Dormimos abraçadas essa noite como duas amigas que se cuidam. Fui para casa de tarde. Paty estava preocupadíssima comigo. Esqueci de avisa-la que iria dormir fora. Me deu uma puta bronca, mas logo recuou quando mostrei a tatoo. Ela achou a mais linda declaração de amor que alguém poderia fazer. Pena que Isa não achava o mesmo. Os dias se passaram e quando vi já tinha se passado dez dias que não via Isabella. Samantha havia se tornado uma amiga muito presente na minha vida, nunca imaginei que chegaríamos a ser tão amigas. Era engraçado quando saia nas revistas fotos conosco com especulações de um possível namoro. Quando os repórteres perguntavam da tatuagem e sobre o que Samantha achava dela apenas dizia que as duas eram pessoas especiais na minha vida.

No dia do aniversario de Paty, estava muito triste. Ela faria uma reunião em casa e não poderia ir por conta de um show em Uberlândia. Todos nossos amigos do Rio viriam inclusive minha mãe. Esse era meu presente de aniversario para ela. Meu pai não poderia vir por conta do trabalho.

Mas faltando apenas uma hora para o show ele foi cancelado por conta da super lotação da casa de show. Haviam mais ingressos vendidos que lugares. Eu, Samantha e toda banda tentamos pegar o primeiro avião para Sampa mas não tinha mais passagens teríamos que esperar o próximo que sairia em três horas. Sam tinha ido assistir o show a meu convite ela estava louca para vê-lo. Mas infelizmente teríamos que deixar para um outro dia. Chegamos em Sampa e fomos direto para casa. Todos estavam tão animados que nem perceberam nossa chegada. Fui para o jardim após deixar minha bagagem e de Samantha na sala. Ela cochichou em meu ouvido que estava nervosa. Perguntei por que e ela disse não é todo dia que se conhece a sogra. Fazendo menção as fofocas que estava saindo nas revistas. Apenas disse para ela relaxar que dona Rose era foda e a abracei. Ainda estávamos abraçadas quando chegamos ao jardim, cumprimentei minha maninha que estava ficando velhinha dizendo que não perderia seu aniversario nunca. Que se não desse pra eu ir, deus faria alguma coisa para que isso acontecesse. Dei um beijo em mamãe enquanto os meninos cumprimentavam Paty e apresentei Samantha a Mamãe. Tadinha ela realmente estava nervosa, pude perceber porque ela tremia. Só quando Claudio cumprimentou Isabella que eu percebi sua presença. Não acreditava que ela estava ali. Abraçada a Samantha eu estava, abraçada a ela eu continuei. Não sabia como agir, estava sendo uma situação totalmente diferente pra mim e acredito que para ela também. Apenas sorri e ela desviou o olhar.

- É ela? – falou Samantha ao meu ouvido

- Sim, é linda. Não é? – respondi olhando para Isabella.

- O pior é que a filha da mãe é – disse rindo.

Nos sentamos ao lado de Paty e ela me disse mais uma vez que não acreditava que eu tinha conseguido só podia ser destino. Me deu uma picada e sorriu para Samantha. Foi quando Isabella apareceu do lado de Paty se despedindo que resolvi dizer um oi.

- Oi Isa, tudo bem com você?

- Tudo – disse nervosa.

- Oi meu nome é Samantha – falou Sam se adiantando para cumprimenta-la.

Isabella a olhou com um olhar fuzilante. Acho que se ela pudesse matar Samantha seria naquele momento que ela faria.

Isabella continuou incisiva na tentativa de ir embora até que Claudio, Fernando a chamaram para conversar. Logo mamãe também se juntou a eles. Só ouvi quando ela disse que ficaria até a meia noite. Ela olhou para mim e eu estava com minha cabeça no ombro de Sam. Seu olhar parecia fogo de tanta raiva. Decidi continuar ali, não estava fazendo nada. Apenas estava num momento de carinho com uma amiga. Eu sabia que ela estava com ciúmes. Mas não fiz nada para tal, também não faria nada para contrariar. Era o dia de Paty e por mais que eu quisesse explicar para Isa o que estava acontecendo entre mim e Sam. Não quis estragar a noite. A noite seria só de Paty.

Sam me chamou para dentro da casa, queria ir ao banheiro.

- Ela ta com ciúmes – disse Samantha saindo do banheiro.

- Percebi.

- Não vai fazer nada? Vai deixar ela achando que estamos juntas?

- Vou fazer exatamente o que ela me mandou, nada – respondi rindo.

- E se ela me bater? To com medo dessa garota, ela tem um estilo agressivo – disse arregalando os olhos.

- É realmente ela é agressiva, mais ela não vai não vai querer se delatar. Então relaxa.

Nos encontramos com mamãe na cozinha com um violão na mão. Ela disse que os meninos iriam tocar e falou para irmos lá para fora. Ao chegar no jardim escutei Isabella recusando o violão que mamãe oferecia. Os meninos também incentivaram, mas ela se negou. Resolvi interferir.

- Toca Isa... Você sabe.

- Não. To indo nessa.

- Ainda não é meia noite. Não se ofenda por tão pouco – falei segurando seu braço e percebi que todos nos olhavam.

- Não tenho com o que me ofender, se você puder fazer a gentileza de soltar meu braço, eu quero falar com minha mulher antes que ela vá dormir – disse olhando para seu braço.

A soltei e sorri. Ela entrou louca de raiva para dentro da casa. E eu me juntei aos meninos na farra. Logo ela reapareceu se serviu de um copo com uísque e virou. Pediu para Pedro cantar uma musica para ela e virou outro. Pedro perguntou qual musica ela queria e ela disse que seria Meu Erro do Paralamas. Pedro perguntou de ela estava brincando e ela respondeu que não. Resolvi começar a canção e Pedro continuou. Entendi o que ela quis dizer com essa canção. E não tinha mais direito de nada. Que eu tinha tido minha chance e a desperdicei. Enquanto a canção rolava só conseguia olhar para ela que seguia a musica batendo na perna e cantava baixinho. Ao fim da canção ela entrou para dentro da casa. Fui atrás dela e não a encontrei. Subi para meu quarto e me sentei na cama. Eu sabia que seu amor por mim não tinha acabado. Mas com essa canção ela conseguiu me deixar bem claro que eu não tinha nada a fazer. Então resolvi definitivamente deixa-la em paz. Precisava por para fora tudo que estava sentindo naquele momento. Peguei meu violão e comecei a tocar Quando Assim. Nuria Mallena.

Quando eu era espera, nada era. Nem chovia nem fazia.

Só senti que a calma, não acalma. Quando só a solidão

Quando eu era estrela, era inteira. Na mentira que eu dizia

Ser o que não era, convencia. Dentro da minha ilusão

Quando eu fui nada, faltou o nada. Tudo pronto pra escrever.

Eu não sabia buscar, foi quando apareceu, o que eu quis inventar

Pra preencher o meu mundo particular, no peito que era seu

No seu mundo não há, mais nada que não eu.

Já sei dizer que o amor pode acordar.

Terminei a canção e ainda chorando senti que tinha alguém na porta. Quando olhei era Isabella.

- Isa... eu...eu...

Não consegui terminar a frase, também nem conseguia ela entrou correndo e se ajoelhou na minha frente. Apoiando a cabeça no meu colo e desabou no choro. Também me ajoelhei e a abracei. Choramos muito abraçadas. Há muito tempo que eu desejei isso, mas não podia fazer com que ela sofresse e o que eu estava fazendo com ela era isso. Ela sofria por me amar e por amar Marisa. Não podia mais fazer isso, eu já tive a minha chance e a perdi no momento que deixei ela sai por aquela porta. Segurei sua cabeça olhando em seus olhos vermelhos cheios de agua.

- Eu te amo tanto, tanto que não quero te ver assim. Eu prefiro sofrer a te ver assim. Não precisa mais sofrer eu vou te deixar em paz. Eu te prometo. A beijei sabendo que seria a ultima vez que beijaria aquela boca que por tantas vezes era minha fonte de loucura. Olhei meus olhos que tanto adora uma ultima vez, me levante e sai. A deixei mais uma vez. Deixei ela partir para ser feliz. Fui até o jardim, pedi desculpas a Paty. Ela me perguntou preocupada o que tinha acontecido. Apenas disse que naquele momento eu estava desistindo do grande amor da minha vida. Ela me abraçou e me disse que era para eu ser feliz. Todos assistiram a cena sem entender o porque eu estava chorando. Samantha me abraçou e me tirou dali. Ela sabia que eu precisava sair dali e me levou para um hotel. Chorei a noite toda. Chorei até não ter mais forças. Eu sabia o que tinha que fazer, e o que tinha que fazer era suportar a ideia de que nunca mais a veria novamente. Como minha vida tinha que continuar logo pela manha liguei para Fernando para saber como quando seria o show de Uberlândia.

- E ai moça como você está? – perguntou Fernando.

- Eu estou... na verdade não sei como estou. Preciso me dedicar a minha carreira – falei comovida com sua preocupação – mas e ai.

- Então Fabi, eu respeito sua vontade. Mas preciso te contar uma coisa.

- O que?

- A Isabella foi assaltada essa madrugada.

- Como, aonde?

- Perto da sua casa. Ela me ligou de um orelhão pedindo para ir busca-la.

- Mas ela tá bem, o que levaram?

- A... Levaram tudo.

- Como ela tá, Fernando?

- Teve uma tentativa de estupro, ela reagiu e eles bateram nela. Ela conseguiu fugir e me ligou.

- O que? Eles tentaram estuprar ela? Ela ta ferida?

- Agora já ta tudo bem, levei ela pra delegacia. Ela fez Bo. Exame de corpo e Delito. E o retrato falado. Depois eu a levei para o hospital por conta dos machucados e depois ela pediu para eu a deixa-la no estúdio. Acabei de sair.

- Valeu Fê, depois a gente se fala.

Desliguei o telefone, peguei as chaves do carro e sai. Samantha antes de eu sair me perguntou o que tinha acontecido. Apenas disse que Isabella tinha se machucado. Não conseguia pensar, só queria ver ela. Saber como ela estava. Em meia hora estava no estúdio, com certeza levei varias multas. Mas não me importei. Ao chegar me lembrei da promessa que eu tinha feito a ela. Então decidi não entrar. Eu precisava vê-la então fiquei dentro do carro do outro lado da rua esperando ela sair. Não demorou muito tempo e vi ela saindo com Raquel. Ela estava com machucados no rosto e o braço com gesso. Sai do carro, minhas lagrimas mais uma vez inundaram meu olhos. Ela estava com a cabeça abaixada e quando me levantou me viu eu tentei sair mais ela me chamou. E eu congelei. Eu sei que precisava ficar longe dela mais precisava ouvir de sua boca que ela estava bem. Atravessei a rua e vi Raquel cochichando algo em seu ouvido enquanto Isa olhava brava para ela.

- Oi, como você ta? – falei ainda com lagrimas em meus olhos.

- Não ta vendo não? – falou Raquel segurando seu braço.

- Para Raquel, eu preciso... falar com ela – falou Isabella colocando a mão sobre a mão de Raquel que segurava seu braço.

Raquel apenas assentiu com a cabeça e ficou esperando no portão atrás de Isa.

- Eu estou bem agora, foi mais o susto – falou colocando o braço engessado na tipoia.

- Eles conseguiram fazer alguma coisa? Além de te bater? – falei enxugando as lagrimas.

- Não! Não... isso não. Não permitiria, lutaria até a morte se fosse o caso.

- Tá, precisa de alguma coisa? – perguntei

- Não, de boa. Não precisa se preocupar.

- Vou indo nessa então, só precisava saber como você estava – falei me virando.

- Só isso? Você só tem isso a me dizer? – falou com lagrimas nos olhos.

- Isa, você quer que eu te diga o que? Tudo o que eu tenho feito até agora é te machucar. Até isso que te aconteceu é minha culpa. Se eu não tivesse ido ontem nada disso tinha te acontecido.

- Mas isso, não foi culpa sua. E outra você não sabia que eu estaria lá.

- Mesmo assim, até sem querer eu to te machucando. Se não tivéssemos nos encontrado de novo, você não teria mais contato com a Paty e ontem você estaria na sua casa. E não numa festa de aniversario na minha casa. Se eu não tivesse insistido... nada disso teria acontecido – falei soluçando por conta do choro que não conseguia conter.

- Ei, nada disso é culpa sua Fabi. Realmente isso não teria acontecido se eu não tivesse ido ontem, mais a decisão de ir foi minha.

- Eu tenho que ir, eu vou cumprir a minha promessa Isa. Nunca mais você vai me ver.

- Mas... eu...

- Adeus Isabella.

Me virei e a deixei lá. Nem escutei o que ela disse depois num sussurro. Entrei no carro e sai cantando pneu, sem olhar para trás. Voltei para casa e me enfiei no quarto sem falar com ninguém e isso durou um dia, dois, uma semana, três. Todos estavam preocupados comigo eu sabia que tinha que seguir com meus compromissos. Mas não conseguia me levantar daquela cama. Fernando estava preocupado com a minha carreira, tantos compromisso desmarcados. Ele foi algumas vezes em casa, para tentar fazer com que eu retomasse tudo. Apenas dizia que quando estivesse preparada voltaria. Um dia decidi que precisava voltar a trabalhar, eu precisava sair desse estado de depressão. Então voltei com minha carreira, mas não tinha o mesmo gosto. Eu não estava fazendo tudo porque amava fazer musica. Eu apenas estava cumprindo com minha obrigação. Surgiram algumas notas nos jornais sobre mim, questionando o que tinha me acontecido. Tinha desmarcado muitos compromissos e quando voltei não parecia a mesma Fabiana Pontes que todos conheciam. Me perguntavam o que estava acontecendo e eu sempre dizia “Nada a declarar” O dia do meu aniversario chegou, Paty tentou me convencer de fazer alguma coisa para me animar, mas não quis. Mamãe apesar da preocupação teve que voltar para o Rio. Meu pai estava sozinho há muito tempo. Ele me ligava todos os dias para saber como eu estava. E sempre dizia, minha menina eu te amo. Você tem que melhorar.

No dia do meu aniversario eles queria vir para Sampa achei melhor que não. Eles iriam perder tempo comemorando uma vida que eu não queria mais. Samantha todo esse tempo ficou comigo. Ela estava de recesso tinha acabado uma novela quando nos conhecemos e estava esperando para começar outra. Enquanto isso não acontecia ela ficou ao meu lado. Passei o dia em casa, alguns amigos ligaram inclusive os meninos da banda. Insistiram para que saíssemos. Mas decidi ficar em casa mesmo e pedi para não virem, não estava afim de comemoração. De noite desci para a cozinha peguei uma cerveja. E fui para o jardim. Paty e Samantha estavam em casa, mas não viram que eu tinha saído do quarto. Logo elas se juntaram a mim, estavam felizes que enfim eu tinha resolvido comemorar. Por mais que fosse uma forma mórbida de comemoração pelo menos estava reagindo. Bebi, de tudo que tinha em casa. Eu, Paty e Sam por volta onze da noite já estávamos louconas de bêbadas. Já estava rindo até da morte da bezerra. Entrei para dentro da casa para pegar o celular, já não sabia o que estava fazendo. Não sabia se o numero de Isabella era o mesmo, mas precisava dizer para ela tudo que eu estava sentindo por ela naquele momento. Na verdade o álcool precisava, se eu estivesse sã não teria ligado. Então liguei deu um toque, depois outro e outro. Até que ela atendeu. Estava com voz de quem estava dormindo.

- Alô... Quem ta falando? – falou Isabella.

- Oi... meu amor. Como você ta? – perguntei com a voz mole.

- Fabiana? O que você tá fazendo? Me ligando essa hora?

- Bom na verdade eu nem sei por que to te ligando, só sei que daqui a uma hora acaba o dia do meu aniversario. E percebi que mais uma vez eu passo um ano sem você.

- Porque você ta fazendo isso? – falou baixinho. Acho que para Marisa não escutar.

- Porque eu te amo... e eu não consigo esquecer esse amor. Eu só queria ouvir a sua voz hoje. Talvez amanha eu me lembre do que fiz e me arrependa. Mas agora não to me importando.

- Fabi, quem ta ai com você?

- A Paty e a Sam.

- Se a sua namoradinha está ai porque você ta me ligando pra dizer que me ama. Você devia dizer isso a ela.

- Não... não... você não ta entendendo. A Sam não é minha namorada.

- Não é o que parece, toda foto que sai sua na mídia você esta com ela. Em momentos muito carinhosos por sinal.

- Ta com ciúmes, Isa. Olha a Sam é só minha amiga. Se eu conseguisse te tirar de dentro de mim eu poderia até estar com ela. Mas eu não consigo, eu sinto que to te traindo.

- Quer dizer que você não ta com ela? Mas e as outras, porque com certeza deve haver outras?

- Não tem ninguém Isa. Desde que eu descobri tudo a única pessoa com quem sai foi a Sam, mas depois percebemos que somos apenas amigas. Ela também gosta de outra, e estar com alguém pra esquecer outra pessoa não é legal.

- Bom, mas isso não é da minha conta. Você me prometeu Fabi.

- Eu sei mais preciso ouvir da sua boca. Que você me ama.

- Eu não vou fazer isso.

- A é você ama a Marisa. Tinha me esquecido. Tudo bem, quem sabe um dia eu possa fazer que nem você.

- O que?

- Dizer te amo, a uma outra mulher. Esquecer tudo que nós vivemos e construímos juntas e seguir. Que eu não me arrependa por não ter tentado mais uma vez. Que eu possa olhar para essa pessoa e não me lembrar de você, da sua boca a me beijar, dos seus olhos a me olhar, do seu jeito de me amar. Quem sabe um dia eu consiga tudo isso.

- Fabi, vai dormir. Você já falou besteiras demais.

- Eu vou dormir sim, mas vou te confessar uma coisa. A minha vontade agora e desde a ultima vez que nos encontramos é dormir e não acordar mais. Quem sabe eu consiga uma dessas coisas. Adeus, meu amor.

-Fabi... o que você vai fazer? – falou preocupada.

- Vou fazer o que deveria ter feito, desde do dia que você foi embora – disse e desliguei. Ela me retornou, mais não atendi. Acabei desligando o celular de vez.

Eu estava tão loca que nem sabia mais o que estava falando. Mas essa era a vontade que eu sentia ultimamente. Eu queria morrer, para quem sabe assim eu conseguir tirar essa dor do meu peito. Mas não faria nada para me machucar. Apesar desse pensamento covarde me atormentar, eu não teria coragem de fazer nada comigo mesma. Voltei para o jardim, Paty perguntou o que eu estava fazendo porque estava demorando muito e disse a ela que tinha ligado para Isabella. Ela disse que eu não deveria ter feito aquilo e mais uma vez as forças que eu tinha adquirido para sair daquele quarto naquela noite se perderem e eu entrei em um estado de choro compulsivo. Vi sua preocupação e de Samantha quando disse qual era minha vontade e ela disse que procuraríamos um medico no dia seguinte para curar essa depressão que me atormentava. Eu iria conseguir sair dessa e esquecer tudo o que eu estava sentindo. Ela não me reconhecia, nem eu estava me reconhecendo nesses últimos dias. Acabei adormecendo em seu colo no jardim. Acordei pela manha e já estava no quarto, nem sabia como eu tinha chegado até ali. Minha cabeça doía, meu estomago revirava. Meu corpo todo estava dolorido. Mas tive que levantar, tinha muitos compromissos naquele dia. Apesar de Paty insistir para eu procurar um medico, decidi não ir. Já estávamos fazendo os shows da nova turnê. E apesar de ter planejado tanto eu estava fazendo eles na depre. Não poderia parar agora para me tratar. Assim que terminasse eu iria procurar um medico. Continuei fazendo tudo como planejado, apesar de ter contratado com a Dj Rafa de fazermos o show de abertura da turnê infelizmente ela não pode ir por problemas na família adiamos até a metade da turnê. E quando aconteceu, percebi que meu grau artístico tinha melhorado muito desde que comecei minha carreira. Apesar desse show ter me garantido quatro indicações ao Premio da Musica, eu não estava feliz. Era tudo o que eu queria. Ser reconhecida pelo meu trabalho, mais queria que tudo isso tivesse acontecendo em um outro momento. Um momento que eu pudesse curtir e não indiferente.



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Capitulo 23

[23/03/12]

Capitulo 23: Isabella

Entrei no carro ainda transtornada por todas as emoções que tinha vivido aquele dia. Eu sabia que não devia ter ido até lá, mas de alguma forma tinha sido bom. Bom para que eu pudesse aceitar de uma vez por todas que ainda a amava e bom para Fabiana me deixar em paz para ficar com Marisa. Depois que ela me disse que não me procuraria mais, chorei já sentindo sua ausência. Chorei por não conseguir manter meu coração firme no amor de Marisa. Eu estava divida entre dois mundos totalmente diferentes. Um onde eu tinha tudo o que eu queria para ser feliz e outro onde eu tinha tudo o que eu queria para reviver os momentos mais felizes que já tive. Respirei fundo ligando o carro e me coloquei em movimento. Peguei a rodovia com as lagrimas inundando meus olhos. Ainda doía tanto deixar Fabiana para trás. Eu poderia simplesmente voltar lá e agarra-la. Beija-la de verdade, não só um selinho sofrido.

Mas eu tinha que continuar seguindo na rodovia escura que estava comparada ao meu coração; sabia qual seria o final dela e que eu não precisava enxergar tudo. Só precisava ver os primeiros cinco metros para saber que estava segura com Marisa. Meu coração se apertava ao pensar nas duas. Eu as amava, mas não podia ficar divida. Não podia ter duas ao mesmo tempo, não podia fazer isso com Marisa e nem com Fabiana. Parei no acostamento sem condições de seguir por conta de outra crise de choro que atingiu. Abaixei a cabeça no volante soluçando alto. A dor que sentia era imensa, uma tortura sentimental.

Uma batida no vidro fez com que eu me assustasse. Um homem com uma jaqueta escura pediu para abaixar o vidro. Olhei para o lado e tinha outro homem com uma arma apoiada no vidro. Tinha um carro na minha frente que eu não tinha visto parar e dar a ré não era uma boa pedida. Se eles estivessem dispostos a tudo poderiam me acertar um tiro com facilidade. Resolvi fazer o que é mais sensato durante um assalto. Ergui a mão e fiz sinal de que ia abrir a porta para ele não achasse que eu teria algum tipo de reação. Desci do carro pisando desordenada nas pedrinhas do acostamento.

- Pode levar tudo – falei deixando a porta aberta ainda com as mãos a mostra – só me deixa ir.

- Uma ruivinha gostosa assim? – debochou o cara do outro lado – o que você acha cara?

- Delicinha - respondeu o outro se aproximando de mim – ela estava chorando, deve ter perdido o namorado.

- Não esquenta não... Nós cuidamos de você – finalizou beijando meu rosto apoiando a arma na minha cintura.

- Por favor, só me deixa ir. Eu não vou reagir.

- É claro que não. Você está precisando de dois machos agora. Já que o bosta do seu namorado te deixou, nós é que vamos dar um trato em você.

Fiquei petrificada quando o outro homem se juntou ao primeiro que ainda mantinha a arma na minha direção. Eles começaram a me tocar, abriram minha roupa falando absurdos. Sabia que tinha que fazer alguma coisa ou só achariam meu corpo depois de alguns dias. Quando o que estava segurando a arma se distraiu por um segundo achei a minha única chance para conseguir fugir dali. Não sei como aconteceu só sei que me vi rolando com os dois marmanjos no chão entre chutes e socos. Eles se assustaram com a minha força, mas ainda me deram uma bela surra. Se fosse um de cada vez tinha certeza que conseguia acabar com eles, não se brinca com uma mulher na tpm divida entre dois amores, mas os dois de uma vez acabaram comigo. Um carro parou ao ver o que acontecia e eles se assustaram. Saíram correndo enquanto dois outros rapazes vinham me acudir no chão. Só vi eles saindo levando meu carro. Ainda estava tremula tentando falar o que tinha acontecido. Um dos rapazes que não deviam ter que vinte e cinco anos, me disse que iriamos para a delegacia. Pedi para me deixarem em um orelhão e liguei para Fernando. Meu braço latejava de dor e o frio me congelava já que meu sobretudo tinha virado lenda nessa altura na noite. Não demorou mais que vinte minutos e ele apareceu dispensando os garotos que ficaram comigo até a sua chegada. Eu sabia que estava mal, mas devia estar bem pior porque a cara que ele fez quando chegou junto com Pedro não ajudou. Fomos para o hospital e depois passei por todos os tramites legais para fazer o B. O. Fernando foi super camarada comigo e ficou o tempo todo me ajudando, me apoiando. Quando por fim pude ir embora pedi para que ele me deixasse no estúdio que já estava aberto.

- Cara eu não sei nem como te agradecer – falei assim que descemos do carro. Ele tinha me dado um casaco de frio – se não fosse por você teria sido muito mais difícil.

- Não precisa agradecer não ruiva. Qualquer coisa que você precisar, não importa o dia e a hora me liga. Eu sou seu amigo, sempre vou estar a sua disposição.

- Obrigada. Obrigada também Pedro – falei dando um abraço no outro garoto – por tudo.

- Que isso ruiva? Um por todos e todos por um. Se cuida tá garota.

- Valeu cara – agradeci enxergando Raquel saindo desconfiada do estúdio.

- O que aconteceu Bella? – perguntou ao ver meu estado – que porra foi essa?

- Ela foi assaltada – explicou Fernando – seguido de uma tentativa de estupro, mas está tudo bem agora.

- Você tá legal mesmo ruiva? – perguntou me abraçando – porque não me ligou antes? Eu teria ido te encontrar.

- Os meninos estavam comigo – expliquei – não queria atrapalhar mais gente.

- Eu não sou qualquer gente, sou sua amiga porra. E o que você estava fazendo com os meninos?

- Estava numa festa. Depois te explico Raquel – falei voltando minha atenção para os garotos – mais uma vez obrigada.

Os meninos apenas acenaram com a cabeça e saíram com o carro. Raquel me levou pra dentro querendo saber como aconteceu tudo e mais uma vez revivi os momentos de terror que passei nas mãos dos dois homens. Yasmim providenciou um café para mim e comi lentamente contando tudo o que Raquel queria saber.

- O que você estava fazendo em Alphaville às duas da manhã? – perguntou se encostando numa cadeira.

- Eu estava na casa da Fabiana. É aniversario da Paty hoje e ela sempre comemora na virada – respondi tomando um pouco do café com leite.

- Tinha que ser não é? Você está indo atrás daquela imbecil de novo não é?

- Eu pensei que ela não estaria lá. Paty me garantiu que ela estava em um show em Minas. Até liguei para a casa de show e a garota que me atendeu confirmou. Só que deu algum problema e ele foi cancelado.

- Fala serio ruiva! Você se mete na casa dela e acha normal? Você está perdendo o juízo, isso sim.

- Relaxa Raquel. Eu vou ligar para Marisa. Depois você me leva pra casa?

- Claro ruiva. Liga ai e a gente já sai.

Falei com Marisa por muitos minutos. Tive que explicar pra ela que estava tudo bem e que o susto maior já tinha passado. Quando ela me perguntou onde foi que aconteceu o assalto, senti minhas pernas fraquejarem. Eu não podia mentir pra ela, não era justo com a mulher que eu amava. Expliquei que tinha sido perto de Alphaville. Ela me questionou sobre o que eu estava fazendo em Alphaville. Eu tinha dito a ela que estava na comemoração de aniversario de uma amiga na noite anterior, mas desta vez tive que jogar a real. Disse que Patrícia, irmã de Fabiana, tinha feito a festa. Sua voz sumiu do outro lado da linha com uma respiração profunda. Ela só me disse que se estava tudo bem, tinha que desligar. Ainda tentei explicar que Fabiana não estava na festa no inicio, mas ela se recusou a escutar a explicação por telefone. Ela chegaria na manhã seguinte e eu poderia me explicar. Desliguei o telefone sabendo que no dia seguinte teria uma discursão feia com Marisa.

Na saída do estúdio vi Fabiana do outro lado da rua. Meu coração saltou com aquela visão. Ela não cumpriria sua promessa como havia me dito na noite anterior. Quando ela fez menção de sair a chamei para dizer que sentia muito por tudo o que estava acontecendo. Pedir desculpas pela cena na casa dela e que não voltaria lá sem a sua permissão. Raquel me disse para parar com toda essa loucura que eu estava vivendo. Apenas olhei para ela e voltei minha atenção para Fabiana.

Raquel tratou de ser grossa com ela tentando me proteger. Não a julgava. Sei que ela só queria meu bem.

- Para Raquel, eu preciso... falar com ela – falei tentando amenizar a situação e dizer num gesto que estava tudo bem. Esperei Raquel se afastar até voltar minha atenção para Fabiana - Eu estou bem agora, foi mais o susto.

- Eles conseguiram, fazer alguma coisa? Além de te bater? – perguntou com angustia. Com toda a certeza Fernando deu o serviço completo pra ela.

Fabiana me perguntou se precisava de alguma coisa e finalizou para sair. Tudo o que eu tinha pensado em falar pra ela veio por terra. Ela só veio atrás de mim por causa do ocorrido, caso contrário teria cumprido sua promessa. Eu não queria deixa-la ir embora, eu não queria que ela saísse da minha vida dessa maneira, mas eu não podia ter duas e entre a escolha de um casamento fadado ao fracasso e outro com um futuro próspero fiquei com a segunda opção. Sussurrei eu te amo e a vi partir. Se o destino quisesse dar uma segunda chance para o amor que sentíamos, ele daria sem que eu precisasse machucar ninguém.

Raquel fez o jantar pra mim antes de ir embora. Passei uma parte da noite olhando para o teto pensando nos caminhos que me levaram até aquele estado que me encontrava. Adormeci sem achar respostas.

Acordei com o toque suave de Marisa em meu rosto. Abri os olhos para enxergar a bela morena que analisava o estrago feito no meu rosto. O olhar que ela me lançava não era bom. Sabia que não devia dar bom dia, mas arrisquei.

- Bom dia – falei me poiando com o braço bom para me sentar. Marisa se sentou na cadeira posta ao lado da cama.

- Como isso foi acontecer Isabella? – perguntou com a voz magoada.

- Eu fui abordada por dois cretinos – falei passando a mão na cabeça ajeitando o cabelo.

- Isso você já me falou por telefone. Como você foi parar na casa da Fabiana enquanto eu estava viajando?

- Foi aniversário da Paty. Ela sempre comemora na virada e quando a Fabiana chegou eu ia vir embora, mas acabei ficando para a virada do dia e... quando fui embora fui abordada na rodovia.

- Você nem pensou por um segundo que estando na casa da Fabiana ela apareceria por lá? – perguntou com desdém – francamente Isabella!

- Eu não estou mentindo pra você – falei encarando seus olhos negros que não conseguia decifrar naquele momento – A Paty me ligou, disse que a Rose estava lá, que a Fabiana estava em um show em Uberlândia. Eu liguei para Minas para saber se era verdade. Liguei na casa onde o show aconteceria e a moça me confirmou. Então resolvi ir. Sei que foi estupido da minha parte, mas fui. A Fabiana chegou de surpresa no meio da sobremesa.

- Você vive me dizendo que nós temos que tira-la de nossas vidas, mas pra quê que você foi lá? Esquece essas pessoas, esquece tudo o que envolve ela.

- A Rose e a Paty sempre foram muito legais comigo, me tratavam como se eu fosse da família. Me tratam até hoje porque sabem que eu não tenho ninguém. Elas são o único indicio de família que conheço. Não posso tira-las da minha vida.

- Você não pode tirar a Fabiana da sua vida é isso? – perguntou nervosa se levantando da cadeira – mantê-las por perto é manter a Fabiana por perto.

- A Fabiana está namorando com aquela atriz, Samantha não sei o quê. Ela apareceu com a rainha se exibindo pra todo mundo.

- E você ficou se roendo de ciúmes pelo seu tom.

- Eu fiquei desconfortável sim. Não vou mentir, mas se precisava ficar claro alguma coisa, ficou naquela noite.

- O que precisava ficar claro, Isabella? – perguntou Marisa parando no meio do quarto.

- Que você é tudo pra mim – falei com um nó na garganta – me desculpa, eu sei que errei, mas eu acreditei mesmo que não a encontraria lá.

- Eu já te disse que não sou de criar cenas de ciúmes, mas desta vez eu não posso evitar – falou indo para a porta – eu volto a noite para ver se está melhor.

- Amor, para com isso! Não aconteceu nada demais lá!

Tentei chamar Marisa e até fui atrás dela na sala, mas ela já tinha ido embora. Sabia que a tinha magoado e isso me doía muito. Não queria perde-la. Não saberia ficar sem ela. Da mesma forma que não estava conseguindo ficar sem Fabiana. Dei um chute numa mesinha com raiva e acabei com o pé doendo. Peguei o telefone de casa e tentei ligar varias vezes no seu celular. Inútil. Ela atendia e desligava. Dei um tempo para ela ficar calma e tentei ligar de novo na parte da tarde, mas só caia na caixa postal. Decidi ir até a sua casa já no final do dia. Antes passei em uma floricultura e comprei um ramalhete de rosas brancas num gesto de paz e peguei o ônibus que me deixava em Interlagos. Abri o portão da casa, apertei a campainha e me detive na porta. Marisa apareceu poucos segundos depois com o rosto surpreso.

- Me perdoa? – perdi com cara de cachorro que caiu da mudança.

Marisa apenas balançou a cabeça num gesto negativo dando um lindo sorriso. Acho que para me punir ela puxou meu braço machucado, mas segurei firme a dor. Entrei na sala e ela pegou as rosas e depois me deu um beijo apaixonado.

- Que seja a primeira e a ultima vez.

- Nunca mais. Prometo. Nem a bisavó dela vai conseguir me persuadir a tomar um chá no além. Eu te amo.

- Acho bom mesmo – falou mudando sua mão para o braço bom – vem, você precisa descansar.

Fomos para seu quarto e ela me jogou na cama montando no meu corpo me beijando. As coisas ficariam bem. Tudo não tinha passado de um deslize no caminho.

Os dias tomaram seu curso normal, mas o deslize ainda não estava totalmente no eixo. Não por causa de Marisa e sim por minha causa que não conseguia parar de pensar em Fabiana. Ela havia cumprido sua palavra de não vir mais atrás de mim e assim foi. Marisa continuou com suas longas viagens e Raquel passou a ser minha companheira na minha recuperação. Meu carro foi encontrado três semanas depois. Ele teve a placa trocada e estava sendo usado para outros crimes. A policia me ligou dizendo que ele já estava a minha disposição no pátio. Outras coisas que eu tinha dentro não foram localizadas, mas o que era mais importante pra mim foi, que era meu carro. O único bem material de valor que eu possuía depois do estúdio.

O dia em que tive noticia de Fabiana novamente foi numa terça feira, um mês depois do ocorrido. Era aniversario dela, fiquei tentada a ligar para desejar os parabéns, mas seria uma coisa estupida de se fazer. Mais uma entre tantas que eu estava colecionando em coisas que dizia respeito a ela. Fiz um jantar para nós duas e nos enfiamos embaixo da coberta para assistir filme. Marisa já dormiu logo no inicio e eu desliguei a teve para que o sono dela fosse tranquilo. Consegui adormecer pouco depois para acordar com o chamado insistente do celular.

- Alô... Quem ta falando? – perguntei sem reconhecer o numero.

- Oi... meu amor. Como você ta? – ouvi a voz de bêbado de Fabiana no outro lado da linha.

- Fabiana? O que você tá fazendo? – perguntei olhando para Marisa que se mexia na cama - Me ligando essa hora?

- Bom na verdade eu nem sei porque to te ligando, só sei que daqui a uma hora acaba o dia do meu aniversario. E percebi que mais uma vez eu passo um ano sem você.

- Porque você ta fazendo isso? – perguntei levantando da cama para não acordar Marisa.

- Porque eu te amo... e eu não consigo esquecer esse amor. Eu só queria ouvir a sua voz hoje. Talvez amanhã eu me lembre do que fiz e me arrependa. Mas agora não to me importando.

- Fabi, quem ta ai com você?

- A Paty e a Sam.

- Se a sua namoradinha está ai porque você ta me ligando pra dizer que me ama –perguntei irritada - Você devia dizer isso a ela.

- Não... não... você não ta entendendo. A Sam não é minha namorada.

Voltei para a porta do quarto para ver se Marisa ainda dormia escutando Fabiana desfiar tudo o que o álcool a estava estimulando a fazer. Tentei me irritar e desligar na cara dela, mas era tão bom ouvir sua voz novamente, mesmo que bêbada. Fabiana desligou falando umas coisas esquisitas. Liguei de volta, mas ela não me atendeu. Andei até a cozinha e peguei um copo com agua. Deixei o telefone na mesa e voltei para o quarto. Marisa ainda dormia profundamente. Me deitei ao seu lado e tentei dormir. O sono foi algo que não me visitou mais naquela noite.

- Amor tenho uma ótima noticia para você – falou Marisa entrando excitada na minha sala no estúdio me assustando – ai desculpa, não me disseram que você estava tatuando.

- Tudo bem – falei afastando a cadeira da garota que estava sentada apoiando os braços no encosto para eu tatuar as costas – vou deixar a Sabrina respirar um pouco – finalizei rindo para a garota que estava vermelha segurando a mão do namorado.

- Então, tenho uma surpresa... – falou saltitante me dando um beijo no cabelo.

- O que foi? – perguntei tirando a mascara – você ganhou na mega sena? – brinquei.

- Não brinca! É serio. Dois shows que produzi foram indicados para o premio da musica como melhor show! Não é o máximo!

- Parabéns meu amor – falei me levantando tirando a luva para abraça-la – você merece linda – finalizei beijando sua boca. Percebi pela visão periférica que o namorado de Sabrina ficou todo sorrisinho ao ver duas sapas se pegando na sua frente.

- A entrega do premio vai ser daqui a um mês. Quero você linda do meu lado quando meu nome for anunciado.

- Com toda a certeza. E por quais shows foram a indicação? – perguntei jogando as luvas no lixo para pegar novas.

- Por duas cantoras. A Ilanah e o da outra – respondeu revirando os olhos.

- Da Fabi? – perguntei parando de colocar as luvas no meio.

- Tem outra? – perguntou nervosa – enfim, se ela me render pelo menos o prêmio vai valer ter passado pelo suplicio. Eu tenho que ir agora amor. Me liga quando sair. Vou pra sua casa.

- Pode deixar – falei dando outro beijo em seus lábios antes de pegar outra mascara.

Voltei a me sentar onde estava para continuar o desenho. Sabrina ficou toda empolgada para saber sobre as cantoras que até esqueceu da dor que estava sentindo. Falei que não conhecia uma das cantoras, a baiana Ilanah e a outra era uma ex minha. Foi o suficiente para o trabalho fluir bem até o final, porque ela não se cansou de fazer perguntas sobre Fabiana. Era bom falar sobre ela sem ninguém me importunando, me dizendo que era errado.

O dia da premiação chegou e com ele a certeza que eu veria Fabiana de qualquer jeito. Ela faria uma apresentação e era indicada a quatro prêmios com chances de levar todos. Seria muita ironia se ela ganhasse melhor show. As duas mulheres que amava juntas no mesmo palco. Iria ser trágico. Porem uma parte minha torcia para que isso acontecesse. Era uma vitória para Marisa. Sai do estúdio as duas da tarde para ir ao cabelereiro. Cortei as pontas e retoquei a pintura do vermelho intenso. Pedi para alisar e prender só um pouco na frente. A parte detrás ficou solta. A maquiagem ficou perfeita pelas mãos de um profissional. Os olhos com lápis e rímel preto, a sombra escura. Meus olhos cinzentos destacados. A roupa que usaria já estava na casa de Marisa. Sairíamos de lá para o local onde a premiação seria feita. O vestido longo preto tomara que caia, com uma enorme fenda na coxa ficou perfeito com o sandália de salto alto. Eu não me lembrava da ultima vez que tinha usado um vestido. Acreditava piamente que ficaria parecendo um travesti, mas ficou bom. Pelo menos dava para enganar. Marisa me presenteou com um belo par de brincos prateados que iam até meu ombro. Ela também estava linda, usando um vestido meio prateado revelando todas as suas curvas com a gola alta e as costas nuas. Quando o carro parou na porta do hotel fiquei realmente nervosa. Nunca antes tinha ido em um evento do tamanho da premiação. Como Marisa era produtora, passamos rápidas pela entrada. O lugar já estava apinhado de pessoas no salão que antecedia o anfiteatro. Foi lá também que vi Fabiana junto com a banda.

- Não acredito! Ruiva! – falou Claudio mais uma vez dedurando minha presença. Eu sabia que seria impossível não trombar com eles lá, mas poderia ser só na hora do evento – cara como você tá gata! Se você não jogasse no mesmo time que eu, iria me apaixonar por você agora.

- Vai zoando Claudião – falei indo dar um beijo nele com a mão de Marisa devidamente grudada na minha – e ai garotada? – finalizei cumprimentando todos os outros.

Dei um beijo em cada um que estava lá, inclusive Samantha e Fabiana. Eu não tinha como descrever Fabiana. Ela estava linda. Ofuscava a rainha com maestria. Dei um beijo em seu rosto, enlaçando minha mão livre na sua cintura para isso. Encarei seus olhos por poucos segundos e levantei a mão esquerda que Marisa segurava passando no meu lábio. O gesto foi apenas para ela ver que em toda a produção que eu usava a única coisa que destoava era o anel que ela me deu, mas que eu fazia questão que estivesse ali. Marisa também cumprimentou todos meio que a contra gosto. Querendo ou não se eles ganhassem melhor show, ela também ganharia. Naquela noite a palavra de ordem era manter a falsa cordialidade.



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Capitulo 24

[27/03/12]

Capitulo 24: Fabiana

Chegamos a casa de apresentações no começo da noite. Estava tudo lindo, perfeito. Mas não estava curtindo. Eu sabia que quem escolhe é o publico, Mas se eu ganhasse algum premio seria injusto porque sei que não ando fazendo um bom trabalho. A única coisa que me consolava era saber que veria minha Isa, mesmo que de longe. Seria interessante receber o premio de melhor show. Eu e Marisa recebendo uma premiação no mesmo palco, talvez não desse certo. Sam, logo que chegamos, foi para os bastidores; ela iria apresentar uma premiação eu só não sabia qual era. Eu e a banda faríamos uma apresentação um pouco antes da entrega de artista revelação. Tínhamos ensaiado uma musica para apresentar, mas estava na duvida se seria a melhor escolha. Não demorou muito e Sam logo voltou toda animada dizendo que teria uma surpresa pra mim só que não me contaria até o momento. Estava tentando fazer com que ela me contasse e quando olhei para o lado lá estava ela linda como sempre, minha Isa. Ela estava magnifica de vestido. Fazia muito tempo que não a via assim, há muitos anos ela tinha abandonado a alta costura. Marisa também estava linda, a filha da mãe era perfeita. E era isso que era trágico pra mim. Percebi que quando elas nos viram Marisa agarrou na mão de Isabella como se fosse sua única fonte de vida achei engraçado. Isabella como sempre cordial veio nos cumprimentar, acho que a contra gosto de Marisa. Achei que ela não falaria comigo. Mas estava enganada, não só falou como também me deu um beijo no rosto. O mais estranho foi ela me mostrar que estava com o anel que eu havia lhe dado, o que ela queria dizer com isso? No momento não dei muita importância. Elas se encaminharam para seus assentos e logo a banda toda também. Eu estava muito nervosa quando começou a premiação. Samantha pegou em minha mãe e disse para eu me acalmar. Acho que era porque eu tremia e minha mão suava. Teve uma apresentação de um grupo de rock. E logo veio a primeira premiação da noite Melhor Cantora. Fiquei em estado de choque quando ouvi meu nome ser anunciado como vencedora. Grudei na cadeira estática. Samantha ria dizendo que eu tinha ganhado. Que eu precisava ir receber. Só acordei quando ela disse, anda mulher esse reconhecimento você merece. Me levantei abracei todos os meninos e Fernando.

- Vai lá garota, esse premio é seu. E você trabalhou duro por isso – disse Fernando me abraçando sem conter as lagrimas que inundaram seus olhos.

- Você sabe que eu devo esse premio a você, então ele é todo seu – disse em seu ouvido.

Subi ao palco e peguei meu premio, agora tinha que agradecer.

- Eu queria agradecer primeiramente aos meus fãs. Que sem eles a realização desse sonho não seria possível. A minha banda, meus amigos de uma vida toda. Galera é nosso. Ao meu empresário, amigo e pai postiço que apostou em mim desde que me ouviu cantar a primeira vez em um churrasco de família. A minha família que sempre estiveram presentes em tudo na minha vida. Paty, Mãe e pai. Amo muito vocês. São tantas pessoas, mas que infelizmente o tempo não me permite e agora com o nervosismo eu não to lembrando. Valeu porraaaaaaaa. É meu – falei e sai em direção à escada que dava para a plateia. Ia em direção ao meu assento e olhei para Isabella, seus olhos estavam vermelhos mostrei premio e ela apenas assentiu com a cabeça dizendo meus parabéns.

Sentei e abracei Samantha chorei compulsivamente sem parar. Me acalmei, respirei fundo e continuei a prestar atenção na apresentação. Não demorou muito e Paty chegou, completamente atrasado. Ela tinha ido ao Rio resolver algumas coisas e seu voo havia atrasado. Foi até engraçado quando ela viu o premio ela gritou um “Caralho eu sabia” que deu para todo mundo da plateia inclusive o cantar que estava apresentando a próxima premiação. Pedi para ela se sentar dando gargalhadas com sua reação. A noite continuou e logo mais uma premiação onde eu era indicada. Olhei para Isabella e ela estava rolando o anel no dedo. Como se estivesse fazendo uma prece. Ali eu pude perceber que não tinha me esquecido. Por isso que ela fez questão de ir com o anel. Ela queria me mostrar isso. Eu a amava tanto. E por mais que eu havia prometido não queria desistir. Isso era maior que eu, apenas não conseguia. Um comediante apresentou Melhor Álbum e mais uma vez era meu nome que estava naquele envelope. Subi afoita ao palco. Não estava acreditando em tudo que estava acontecendo.

- Bom... nossa.... éééé... além de todas as pessoas que eu já disse. Meus fãs, meninos, Fernando, Samantha minha amiga maravilhosa, minha irmã atrasada Paty, pai e mãe eu queria agradecer esse premio a uma pessoa especial na minha vida. Todas as musicas desse álbum eu fiz inspirada nela. Foram baseadas em lembranças e momentos muito felizes. Mas também no pior momento da minha vida. Então.... ééé... – parei alguns minutos para pensar se deveria fazer aquilo. Mas acabou saindo – Meu amor, o que posso te dizer nesse momento é que eu te amo. E te agradeço por tudo que passamos juntas. Você é e sempre foi a minha vida. Tudo isso que conquistei, foi pensando em você. E apesar de você não estar ao meu lado agora. Esse premio é e sempre será seu.

Enquanto eu falava eu olhava para Isabella, em nenhum momento ela desviou o olhar de meu. Suas lagrimas, por mais que ela tentasse conter caiam como em agradecimento as minhas palavras. Marisa a olhava com decepção. Ela não sabia como esse momento era importante para mim e Isabella. E ela talvez nunca compreenda.

Desci do palco e ainda não conseguia desviar o olhar de Isabella. Marisa me fuzilava com o olhar acho que se pudesse ela me mataria ali na frente de todos. Só tive tempo de deixar o premio com Paty e os meninos e eu fomos para os bastidores. Como programado subíamos ao palco logo depois da premiação de Melhor DVD. De ultima hora resolvi mudar a musica e escolhi cantar uma chamada Nossos Momentos. As cortinas se abriram e lá estávamos nós. Eu com minha guitarra, sentada em uma cadeira. Comecei o solo de guitarra e quando Claudio começou com a batera me levantei da cadeira dando um chute nela para trás. Cantei toda a musica prestando atenção em Isabella. Eu andava por todo o palco como se fosse um louca, pirando todo mundo que nos assistiam. Essa era a minha grande sacada misturei sertanejo com rock. Ficou muito bom, principalmente porque a musica descrevia um dos momentos mais difíceis que passei ao lado de Isabella. O momento que eu parei de me drogar. Era uma musica de agradecimento a ela por ter me ajudado a passar por esse problema. Terminamos a musica e voltamos a nos sentar. Quando cheguei a minha cadeira Samantha não estava lá. Olhei para o palco e lá estava ela, dizendo que iria apresentar Artista Revelação. Essa era a surpresa que ela havia me dito. Fiquei super feliz e ficaria mais feliz ainda se recebesse ele das mãos da minha grande amiga.

Como de fato aconteceu, lá estava eu novamente recebendo um premio. Das mãos de Samantha, ela estava toda feliz e me disse que essa era sua surpresa pra mim.

- Nem... sei mais o que dizer. Apenas obrigado pela confiança e consideração pelo meu trabalho e da minha equipe. Muito obrigado mesmo.

As apresentações da noite continuavam e só faltava uma premiação Melhor Show. Estava muito nervosa nesse momento. Não por recebe-lo e sim por ter que fazer isso com Marisa do meu lado. Olhei para ela fazendo sinal de figas. Por mais que estivesse nervosa, não perderia a oportunidade de espezinhar ela. Quando disseram os nossos nomes automaticamente olhei para Marisa, ela estava sendo abraçada por Isabella. Tive inveja dela por isso, eu adoraria que Isabella estivesse do meu lado a me abraçar em cada premio que eu tinha ganhado. Abaixei a cabeça imaginando que Isabela estava ali, comigo. Fiz questão de esperar Marisa para subirmos no palco, juntas. Próximo às escadas peguei em sua mão. Ela tentou se soltar, mas a segurei bem forte. Teríamos que fazer aquilo, pelo menos que ela tentasse manter as aparências. Subimos e quando ela pegou seu premio fiz reverencia a ela. No fundo eu sabia que ela merecia isso, ela havia feito um ótimo trabalho e merecia ser reconhecida por isso. Deixei ela agradecer primeiro. Ela agradecia a todos que a apoiaram e inclusive Isabella. Foi nesse momento que decidi ser eu mesma, me afastei para ficar um pouco atrás dela. E enquanto ela ia dizendo como Isabella era importante em sua vida, eu levantei a manga do casaco e mostrei a todos a tatuagem indicando que a Isabella que ela estava falando era a mesma da tatoo. Alguns deram risada da cena, mas Isabella colocou a mão nos olhos em sentido negativo, tenho certeza que ela não gostou, mas eu adorei fazer aquilo e o melhor de tudo Marisa não percebeu.

- Eu queria agradecer a todos por esse trabalho, principalmente a Marisa. Que durante esse processo me mostrou que era muito talentosa e competente. Esse premio é mais dela do que meu, porque sem o trabalho dela não estaríamos aqui hoje. Mais em agradecimento especial, queria agradecer a Isabella sua futura esposa. Sem ela, essa mulher aqui não teria ideias tão magnificas. Então... – parei um minuto para olhar Marisa. Seus olhos tinham fogo, dei risada – então... muito obrigado Isabella por aparecer em nossas vidas.

Peguei meu premio que estava sobre o balcão de desci sendo seguida por Marisa. Seu salto parecia que ia furar o piso por conta das suas pisadas de raiva. Estava feliz por toda essa noite, mas principalmente por poder mostrar a Marisa que ainda não tinha desistido. Que o destino ainda tinha muita coisa a escrever.

Acabou a premiação e eu era a grande estrela na noite com quatro estatuetas. Saímos da apresentação e fomos para a casa de show onde teria uma festa de homenagem aos premiados. Ao entrar tive dar algumas entrevistas. Claro que eu teria que esclarecer o que eu tinha feito na premiação. Alguns repórteres perguntaram como estava meu coração por ter sido a que mais levou prêmios e sempre dizia estou muito feliz. Outros perguntaram se a ruiva que estava com a Marisa era a Isabella da tatuagem. Eu disse que ela tinha sido uma pessoa muito especial na minha vida e continuava sendo. Ou seja confirmei e não confirmei. Me espantou ver Marisa e Isabella sentadas a nossa mesa. Tinha imaginado que depois do que eu tinha feito elas iriam embora. Mas não sei por que elas decidiram continuar na minha presença. Tenho certeza que tinha sido ideia da Isabella. Tentei não ser eu mesma, mas não me contive em um determinado momento.

- E ai Marisa como é ganhar um premio ao meu lado – falei bebendo um gole de uísque.

- A mesma coisa que se eu estivesse recebendo de qualquer outra pessoa – falou sem me olhar.

- Mas eu não sou qualquer pessoa ou você se esqueceu disso.

- Não infelizmente você não me deixa esquecer – finalizou se levantando pedindo a Isabella para que lhe acompanhasse.

Samantha pediu para eu parar de provoca-la, que tinha sido desagradável. Que era para eu apenas curtir a festa e fingir que elas não estavam lá, mas não tinha como fingir sabendo que Isabella vinha me dando demonstrações de que não queria que eu esquecesse. Elas voltaram logo depois, acho que saiu para se acalmar, para não ter que voar na minha garganta. Me levantei logo depois e fui ao encontro de uma cantora amiga minha. Ela tinha ganhando o premio de melhor musica e precisava dar os parabéns. Fiquei lá com ela alguns minutos. Ela era uma graça, adorava o meu jeito de agir com as mulheres e sempre que me via pedia para eu dar um cheiro em seu pescoço. Ela sempre dizia que seu marido não conseguia fazer ela sentir a mesma coisa que ela sentia quando eu fazia isso. Achava engraçado, não que ela era lésbica ou bi. Ela somente gostava da sensação. Voltei para mesa sendo seguida pelo olhar fuzilante de Isabella, ela estava com ciúmes e isso era tudo o que eu precisava para jogar minha promessa para o espaço. Eu queria ela e tenho certeza que ela me queria, só não conseguíamos nos entender. Eu tinha certeza de que quando isso acontecesse ela veria tudo que ainda tínhamos para viver. E dessa vez eu iria agir de uma forma totalmente diferente com ela. Mostraria o quanto eu havia mudado e melhorado. O quanto que tinha aprendido com essa separação. Eu tinha mudado por Isabella e precisava urgentemente dela do meu lado. Acho que a amava mais agora, mais do que quando estávamos juntas.

- E ai, ta feliz Patita? – falou Paty me abraçando assim que me sentei na mesa.

- Super, só que não ta completa essa minha felicidade – falei correspondendo ao abraço.

- Por quê? Essa noite é sua.

- Por causa disso, oh – falei apontando com a cabeça para Marisa que beijava Isabella.

- Mas você um dia vai conseguir encontrar alguém para compartilhar momentos como esse.

- Eu não quero ninguém, eu quero ela. E vou fazer o que for preciso – falei e me levantei indo em direção ao bar.

Quando eu voltei para a mesa percebi que Isabella estava só. Não sabia onde Marisa estava e nem procurei saber.

- Oi, dança comigo? – falei estendendo a mão para a mulher a minha frente.

- Não acho uma boa ideia – disse Isabella olhando para mim.

- Vamos lá, é só uma dança. Não custa nada.

- Fabi, por favor, não faz isso – falou Isabella tentando achar Marisa.

- Eu não estou fazendo nada, só quero dançar com você. Você não acha um ótimo presente – falei ainda com minha mão estendida.

- Ta bom, mais rapidinho – falou Isabella pegando na minha mão.

Fomos para perto do palco onde ninguém conseguiria nos ver. Assim não causaria problemas.

- Você esta linda... nesse vestido – disse a afastando um pouco para poder ver o vestido melhor.

- Obrigada, não fiquei parecendo um travesti? – perguntou com os olhos arregalados.

- De forma nenhuma, você ficou linda de vestido. Não sei por que parou de usa-los.

- A você sabe que sempre gostei de um estilo mais a minha cara. Mas vou lhe confessar. Estou me achando um máximo nele.

- Que bom, ficou feliz em te ver tão feliz. Esse é o meu melhor premio.

- Fabi, porque você fez aquilo?

- Aquilo o que? Eu fiz tantas coisas essa noite.

- O agradecimento, o lance da tatuagem. Você não disse que ia desistir.

- Sim, eu disse. Mas hoje você me mostrou que não é isso o que você quer.

- Eu? Eu não te mostrei nada.

- Não? Esse anel no seu dedo que você fez questão de me mostrar. E as batidas do seu coração que estou sentindo agora contra o meu. Você poderia ter recusado o meu pedido de dança. Realmente é isso que você quer? Você quer que eu te deixe?

- Sim, já te mostrei de tantas formas que quero isso – disse tentando se afastar do meu corpo que estava colado ao seu.

- Não quer não. Você sabe que você não pode mais ser feliz ao lado dela. Porque sei que a única coisa que você pensa sou eu. Você quer saber como seria nossas vidas desse momento em diante.

- Não eu não quero – falou olhando para minha boca.

- Não e se eu te beijar você vai mudar de ideia? – falei me aproximando de sua boca.

- Não faz isso, por favor...

- Porque eu sei que é isso que você quer.

- Fabi... a Marisa.

- Esquece ela por um minuto – terminei de falar e a beijei. Sua boca buscava a minha com urgência. Como se estivesse com saudades, sua língua se enroscava na minha e isso já era o suficiente para me deixar excitada. Eu queria aquele corpo, eu a desejava como nunca desejei. Mais sabia que isso não seria possível. Nos beijamos por alguns segundos.

- Eu não te disse que nunca mais era pra você fazer isso – falou com os olhos fechados ainda grudada ao meu corpo.

- Pelo menos dessa vez você não me bateu – disse com um sorriso malicioso.

- Deveria.

- Você não gostou?

- Não eu não gostei.

- Então porque você ainda está grudada ao meu corpo? – falei indo em direção a sua boca para mais uma vez beija-la.

- Tem razão – falou se soltando do meu corpo.

Só tive tempo de dizer uma ultima coisa.

- Vê se dessa vez você não conta pra ela – disse rindo da sua expressão para depois a chama-la novamente – diz que me ama.

- Não – falou balançando a cabeça dando uma risada sem graça.

- E... olha. Eu te amo, minha vida.

Ela olhou e saiu bufando. Ela sabia qual era o poder que eu tinha sobre ela e o nome disso era amor.

Voltei para a mesa e me servi de mais uma dose de uísque. Isabella e Marisa já estavam sentadas a mesa. Paty, olhava atenta a tudo o que acontecia. Ela sabia que uma hora tudo isso ia dar em merda. Olhou para mim e apenas disse que precisávamos conversar. Assenti com a cabeça para depois conversar com Samantha. Ela tinha visto o que tinha acontecido entre eu e Isabella. Foi atrás da gente no momento que saímos para dançar ela tinha medo do que pudesse acontecer então resolveu ficar por perto. Ela estava animada, mas sabia e tinha medo que eu me machucasse. Pediu para eu ir com calma para não me machucar mais do que estava machucada.

A festa acabou por volta das cinco da manha, demoramos um pouco para sair porque tive que cumprimentar alguns presentes amigos meus. Quando por fim consegui sair, encontrei Marisa e Isabella na porta da casa. Marisa dava uma entrevista e Isabella estava ao seu lado. Estava agradecendo a alguns fãs que estava na saída e não prestei muita atenção no que Marisa falava. Só consegui prestar atenção quando um repórter perguntou para Isabella se ela era a Isabella da tatuagem de Fabi Pontes. Ela apenas respondeu que preferia não se pronunciar que a noite era da sua mulher. Foi digno da parte dela, é obvio que ela não mentiria. Ela não era dada a isso, mas provavelmente não quis estragar a noite de Marisa. Olhei para ela nesse momento e ela retribuiu ao meu olhar. Sai andando em direção ao carro e antes de entrar olhei novamente para Isabella ela e Marisa olhavam para mim, Marisa tentou tirar satisfações comigo, mas foi impedida por Isabella. Ela puxou Marisa e a deixou de costas para mim dei um tchau e entrei no carro. Não sei o que aconteceu depois, queria ser uma mosquinha para poder ouvir tudo. Eu e o pessoal fomos para minha casa para fazer a nossa comemoração passamos o dia entre bebida, musica e churrasco. Teríamos aquele dia de folga e resolvemos aproveitar. Chamei Fernando para uma conversa no escritório. Disse a ele que precisávamos marcar com Marisa uma reunião para fazer o acerto da parte dela com a arrecadação dos shows. Ele disse que faria isso no dia seguinte e que depois me passaria a data acordada com Marisa. Pedi a ele também que queria saber de todos os passos das duas. Ele achou estranho meu pedido e me pediu para explicar. Falei que precisava saber toda vez que Marisa viajasse, ou seja, toda vez que Isabella ficasse só. Só poderia falar com ela assim. Ele me perguntou o porquê de tudo isso e respondi que a guerra ainda não tinha acabado e que eu estava só começando. Ele apenas riu e disse que como sempre ele fazia tudo o que eu queria e que se eu quebrasse a cara ele estaria do meu lado. Disse isso e saiu dando passagem para Paty. Eu sabia que não conseguiria enrolar ela para não termos essa conversa. Então resolvi enfrentar a fera.

- O que você ta fazendo Fabiana? – falou se sentando na cadeira a minha frente.

- O que? – disse me levantando.

- Senta ai, que eu to falando com você – falou brava – você não disse que ia deixar elas em paz?

- Falei, mas não é isso que a Isa quer Paty – falei me sentando novamente.

- E como você sabe?

- Eu sei... por conta de tudo que vem acontecendo. Ela estava com o anel ontem Paty.

- Isso não quer dizer nada, ela pode ter colocado porque combinava com a roupa.

- Faça me o favor Paty, você sabe que eu não tô louca, ela me beijou ontem.

- Serio, como assim?

- Foi na hora que saímos para dançar e bem... ela não me beijou. Eu beijei ela, mas ela retribuiu ao meu beijo e dessa vez nem me bateu.

- Fatita, eu só não quero que você se machuque mais. Quando a gente ama, agente não quer o mal.

- Por isso que eu to indo atrás dela de novo, eu a amo tanto que só quero o seu bem e seu que do meu lado ela vai ser muito feliz.

- Ta Fabi, e o que você mudou pra poder ter essa certeza?

- Eu tive que perder ela, pra saber que o amor que tenho por ela é tão grande. Mas tão grande que dói só de imaginar que tem outra tocando sua pele, beijando sua boca, olhando os meu olhinhos que tanto amo. Isso já é o suficiente para eu mudar. Eu quero que ela seja feliz.

- Mas ela é feliz com a Marisa, elas se gostam.

- E eu? Não posso ser feliz ao lado da mulher que amo. Porque eu tenho que sempre abrir mão dela? Porque a Marisa não pode fazer isso também?

- Isso é egoísmo seu.

- Não, isso não é egoísmo. Isso é amor. Você já amou Paty? Você sabe o que é isso? Então não venha me dizer o que é certo – falei me levantando novamente com raiva de tudo aquilo.

- Ta certo, Fabi. Sabe qual é o meu mal? Eu sempre acabo te apoiando. Só me promete uma coisa. Deixa as coisas acontecerem naturalmente, porque se não sair como você esta imaginando você não vai sofrer.

- Você é minha irmã e melhor amiga. Não fica contra mim numa hora dessas. Eu amo ela e não posso mais ficar longe dela. E eu sei que ela ta mexida.

- Ta certo, vem aqui sua louca. Eu te amo e só quero o seu bem – falou me puxando para um abraço.

Passei o dia muito mais confiante do que nos dias anteriores. Alguma coisa dentro de mim, me fez erguer. Sabia que dali para frente tudo diferente só que antes eu precisava resolver um ultimo problema. Eu precisava pagar o que devia para Marisa até o momento, isso era questão de honra. Ao fim de tudo isso eu não teria mais nenhum vinculo com Marisa. Agora Isabella pelo contrario eu tinha muitas coisas ainda pra tratar com ela. Coisas que poderiam resolver as nossas vidas.



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Capitulo 25

[30/03/12]

Capitulo 25: Isabella

A noite tinha tudo para ser um belo desastre. Primeiro eu estava totalmente nervosa pela presença de Fabiana, com medo de que ela fizesse alguma coisa para provocar Marisa ou até mesmo a mim. Eu também estava tensa por Marisa. Ela havia me dito com todas as letras que queria ganhar sim o prêmio, mas com Ilanah e não com Fabiana. Eu ao contrario já torcia para que ela ganhasse com Fabiana. Queria ver as duas juntas no palco. As duas mulheres que estavam conseguindo me enlouquecer, mesmo não sendo por querer.

Fabiana recebeu seu primeiro prêmio. Aplaudi olhando para o telão onde passava imagens suas em shows. Queria mesmo era olhar onde ela estava, mas não podia fazer isso com Marisa ao meu lado. Na volta apenas fiz um aceno positivo com a cabeça sussurrando um parabéns. Não demorou para que ela fosse chamada uma segunda vez e foi ai que tudo deu errado.

Fabiana agradeceu a mim pelo premio. Marisa apenas deu um murro na cadeira com raiva e eu tentei segurar as lagrimas que inundavam meus olhos. Eu sabia o significado que aquilo tinha para Fabiana. Às vezes, quando éramos casadas, ficávamos conversando sobre o dia que ela receberia o premio da musica. Geralmente essas conversas eram embaladas por alguma quantidade de álcool que havíamos ingerido. Eu ria muito enquanto ela ficava fazendo o seu discurso de agradecimento para as paredes e depois caiamos na cama rindo dos nossos sonhos impossíveis. Agora era uma realidade que não partilhávamos. Não podia pular no pescoço dela, beija-la e dizer que ela merecia tudo o que estava acontecendo. Eu não podia nem ao menos conter duas lagrimas que escorriam no meu rosto. Marisa me olhava incrédula. Sequei o rosto com a mão e cochichei para Marisa que não podia deixar de ficar feliz por ela. Tinha acompanhado sua luta por cinco anos. Desde que Fabiana era uma ilustre desconhecida tocando em algum barzinho cheio de bêbados na noite. Chorava porque estava emocionada com sua vitória. Significava muito pra mim também. Marisa apenas balançou a cabeça em sinal negativo e pegou minha mão dando um beijo nela.

Fabiana apareceu pouco tempo depois cantando no palco. Era a primeira vez que veria uma apresentação sua depois da fama. Ela cantava uma musica que tinha escrito pouco tempo depois de irmos morar juntas. Minha garganta deu um nó novamente. Não era justo tantas lembranças em uma só noite. Mais uma categoria e mais uma vez minha bela loirinha estava lá agradecendo o apoio de todos. A noite era dela e ela merecia cada aplauso daquela plateia. Marisa pareceu esquecer da provocação de Fabiana. Voltou a ficar carinhosa comigo e suas mãos começaram a suar. A categoria onde ela estava concorrendo era a ultima da noite e quanto mais perto estava mais ela foi ficando tensa. A abracei e a beijei tentando transmitir um pouco de conforto. Quando seu nome foi chamado dei um sorriso e pulei no seu pescoço dando um abraço. Ela merecia aquele premio e eu estava muito feliz por ela ter ganho ele junto com Fabiana. As duas mereciam. Acompanhei com um sorriso enquanto as duas subiam no palco de mãos dadas. Meus dois amores, minhas duas vidas. Porque inferno não podíamos fazer um trio ao invés de um casal? Seria fácil mandar fazer uma cama maior e seriamos felizes para sempre. Simples. Dei risada do meu pensamento enquanto Marisa agradecia e dedicava o premio para mim. Foi nessa hora que Fabiana resolveu aprontar mais uma levantando a manga para mostrar a tatuagem. Eu sabia que ela faria alguma coisa. Abaixei a cabeça em sinal negativo já esperando o bofetão que Marisa enfiaria nela, mas isso não aconteceu. Não contente ela teve que soltar mais uma para provocar Marisa. Eu mantive minha cabeça baixa até ela se sentar ao meu lado.

- Minha vontade era de sair daqui agora – Marisa falou com raiva – agora vão saber que é seu nome que está tatuado no braço dela.

- Amor não fique tão nervosa – falei pegando sua mão – ninguém vai saber de nada. Eu sou uma completa anônima aqui.

- Eu sei disso, mas pelo visto ela está querendo te colocar no meio disso para que todos saibam o quanto ela ainda te ama.

- A Fabiana não vai fazer nada disso. Ela vai nos deixar em paz em algum momento. Vamos curtir a noite que está tão gostosa – pedi dando um beijo em seus lábios.

- Você não está nem um pouco preocupada com isso não é? Você está gostando...

- Não diga nada do que você vá se arrepender depois – cortei advertindo – se eu quisesse estaria com ela, sentada ao lado dela, mas onde eu quero estar é exatamente onde eu estou.

- O que me conforta é que eu sei disso – falou me dando um beijo – obrigada por estar aqui comigo.

- Eu vou estar sempre com você.

A premiação terminou com um belo show de Ilanah. Por mais que não gostasse de axé e afins a produção toda do show estava linda e o que a tornava mais especial era que tinha o dedo de Marisa ali.

- Vamos para casa – falou Marisa assim que saímos do teatro no final da premiação – quero comemorar com você...

- A ideia é tentadora anjo, mas eu queria muito ir na festa dos premiados – falei pegando sua mão – eu sei que você não está muito afim de ir, mas eu nunca fui num grande evento como esse. Queria conhecer tudo.

- A Fabiana vai estar lá...

- Amor esquece a Fabiana. Tudo o que eu quero é ir nessa festa, conhecer mais pessoas do meio. Poxa, to parecendo pinto no lixo com tanta novidade e você quer cortar meu barato?

- Tudo bem linda – Marisa falou tocando meu rosto – eu sei que tudo é novo pra você. Desculpe minha falta de tato, mas é que já estou tão acostumada a isso tudo que as vezes me encho, sabe.

- A gente vai poder ir? – perguntei com olhos pidões.

- Claro.

A abracei contente por ela ter concordado em ir. Estava contente também por ficar mais um tempo perto de Fabiana. Eu sabia que o que estava fazendo era errado. Eu não podia querer duas ao mesmo tempo, mas o meu coração ainda estava divido assim como os anéis em meus dedos. Do lado direito a aliança de Marisa e do outro o anel de Fabiana.

A festa estava lindamente decorada. Eu nunca antes tinha ido em um lugar tão bacana como aquele. Lá eu não era esquisita por ter sessenta por cento da pele tatuado e sim moderna. Conheci varias pessoas que Marisa me apresentava, Cantores, atores e atrizes da tv, apresentadores, celebridades instantâneas por conta de reality, Cumprimentava cada um sorrindo. A maioria eu não fazia ideia de quem era já que não assistia televisão e não curtia muito a musica nacional. Minhas pernas bambearam quando vi o guitarrista de uma banda que eu era louca. Parecia uma criança pedindo para Marisa me apresentar a ele. Como eu era louca pelo som do cara. Um dos melhores sempre tocando com bandas internacionais. Marisa riu e me levou até a roda onde ele estava. Sabia que estava fazendo papel de tiete, mas mandei para merda a etiqueta. Conversei um pouco com ele e logo Marisa me deu um discreto aperto de mão me chamando para a nossa mesa. Sabia que não podia ficar o tempo todo babando pelo cara. Agradeci a atenção e sai me segurando para não pular de alegria.

- Esse cara é muito foda linda – falei me referindo ao guitarrista – ele manda muito, muito bem. Já tocou a Ritchie Kotzen, Eddie Jackson, Joe Satriani...

- Quanta empolgação meu amor – falou Marisa rindo da minha cara – alguns desses nomes não sei quem é, mas fico feliz que esteja feliz.

- Obrigada – agradeci dando um beijo em seus labios – você realizou um sonho meu. De não ver ele só no palco, mas poder trocar algumas palavras.

- Eu faço tudo por você minha linda. Nossos acompanhantes de mesa chegaram – falou se afastando de mim visivelmente contrariada.

Levantei os olhos para ver Fabiana e os meninos chegarem e ocuparem seus lugares conversando animadamante. Claudio já veio falando comigo de longe perguntando como eu estava. Sabia o sentindo da pergunta dele, sobre a tragica noite. Respondi que estava tudo bem e que queria esquecer aquele episódio. Logo estavmos em uma conversa animada. Maria tentava demonstrar naturalidade ao conversar com os meninos, mas não estava nem sequer olhando para Fabiana ao contrario dos meus olhos furtivos que teimavam em ir parar nos olhos de mel.

Mais uma vez Fabiana fez questão de provocar Marisa. Saimos da mesa para ela se acalmar e andamos um pouco em lugares mais afastados. Ela estava nervosa e deixei que ela desfiasse toda a raiva que ela estava sentindo das investidas de Fabiana. Eu tantava acalma-la, mas não podia negar que estava contente por ela estar na nossa mesa. Fabiana ficava indo e vindo, tanto com Samantha quanto com outras mulheres. Eu sabia que ela podia sair dali acompanhada, e isso me irriatava. Por que as mulheres sempre tinham que ficar derretida com seus olhos de mel? Meu olhos de mel.

- Linda vamos conversar com Ilanah? – chamou Marisa se levantando – ela que disse que quer falar algo sobre os shows.

- Ah linda, vocês vão conversar sobre trabalho. Posso ficar aqui com os meninos? – perguntei rezando para ela não me tirar da mesa – não quero me meter em assunto que não conheço.

- Você acha que é uma boa ideia? – perguntou se referindo a Fabiana.

- Não se preocupe. Ela está batendo as asas por ai.

- Tá. Se cuida – finalizou me beijando.

Assim que Marisa deu as costas voltei a me concentrar na conversa sobre a premiação que tinha ocorrido. Os meninos tinham tocado muito e estava dizendo isso a eles quando Fabiana se materializou do meu lado me chamando para dançar. Meu tronco grudou na cadeira em recusa, mas minhas desobedientes pernas se levantaram para acompanha-la.

A musica que estava tocando naquele momento era lenta. Automaticamente meus braços voaram para seu pescoço, numa tentativa de deixar nossos corpos mais próximos. Não contive em perguntar sobre sua atitude depois da sua promessa, mas minha voz mole como minhas pernas não demostrava qualquer irritação. Ela havia sacado meu sinal com o anel. Da mesma forma que queria que ela soubesse que eu ainda a queria, também queria que não soubesse. A bem da verdade, eu não sabia o que eu queria.

Fabiana me beijou mais uma vez. Meu coração que queria sair pela boca era bloqueado por sua língua que se enroscava na minha. Metade de mim queria recuar e dar um tapa nela, mas outra metade queria ficar ali agarra-la ainda mais se possível, fundir nossos corpos e foi essa parte que falou mais alto. Correspondi o beijo que tanto queria, sentindo seu sabor deliciar meus lábios, Minhas pernas de moles viraram agua sendo aparadas pelos braços de Fabiana que me envolvia me segurando forte.

- Eu não te disse que nunca mais era pra você fazer isso – falei com os olhos fechados ansiando por mais.

- Pelo menos dessa vez você não me bateu – Fabiana me respondeu ainda com os braços em meu corpo.

- Deveria.

- Você não gostou?

- Não eu não gostei – menti. Não podia dar asas a algo que não podia viver mais.

- Então porque você ainda está grudada ao meu corpo? – tornou a perguntar avançando mais uma vez para minha boca.

- Tem razão – falei caindo na realidade a afastando de mim para depois sair dali.

- Vê se dessa vez você não conta pra ela – Fabiana falou sabendo que eu contaria – Isabella mais uma coisa: diz que me ama.

- Não – respondi com um sorriso me traindo.

- E... olha. Eu te amo, minha vida.

Me afastei de Fabiana antes que eu fizesse uma besteira maior do que eu já tinha feito. Como eu contaria para Marisa que tinha beijado ela mais uma vez? Não tinha explicação palpável para o ato. Encontrei com Marisa perto da mesa. Ela apenas me olhou e esticou a mão para nos sentarmos. Passei o resto da noite pisando em nuvens de algodão. Eu não tinha mais dezoito anos para me sentir como estava me sentindo, mas o amor não tem idade para acontecer e nem para revive-lo. Eu estava tendo um novo amor e revivendo outro. Ao mesmo tempo.

Saimos da casa de show com o intuito de continuar a comemoração em casa, mas uma pergunta de um repórter fez os planos mudarem. Ele queria saber sobre a tatuagem de Fabiana. Com o frio na barriga me congelando dei apenas um sorriso e respondi educadamente que ele não tinha nada a ver com isso. Marisa entrou no carro com raiva. Ela repetia todas as vezes que gora a imprensa sabia quem era a misteriosa Isabella. Não teve acordo para terminarmos a noite numa boa. Marisa foi dormir chateada e eu não consegui pregar os olhos. Estava me sentindo um monstro por não falar pra ela tinha beijado Fabiana. E pior ainda por ter gostado do beijo.

Não contei nem para Raquel sobre o que tinha acontecido na festa. Não queria ninguém me recriminando sobre meus sentimentos. Se eu pudesse escolher de forma sensata não pensaria duas vezes para ficar com Marisa, mas a única coisa que eu não estava sendo era racional.

Marisa passou o resto da semana e final de semana em casa. Na segunda de manhã ela iria viajar para Goiás para acompanhar os shows de Ilanah. Ficaria fora por mais sete dias. Essas longas viagens dela estavam me matando. Estavam me dando muito tempo para pensar em coisas que eu não queria pensar. Não fui leva-la para o aeroporto porque segundo ela tinha que resolver alguma coisa antes de embarcar.

- Volta logo meu amor – pedi dando um beijo em seus lábios – não quero ficar tanto tempo longe de você.

- Eu vou voltar linda. A turnê está quase acabando. Mais um mês e vou tirar férias para preparar o nosso casamento. Já é daqui a dois meses.

- Nem acredito que já está chegando. Não vejo a hora de ficar todo o tempo ao seu lado – falei tentando fazer ela se deitar no sofá.

- Não Bella – protestou enquanto beijava seu pescoço – tenho que resolver logo isso agora para ir para o aeroporto.

- Onde você vai agora cedo? – perguntei abrindo o fecho da sua calça.

- Eu vou para uma reunião na produtora – falou fechando a calça – prometo te recompensar quando voltar. Podemos ir para Paraty passar uma semana lá. O que acha?

- Perfeito – respondi saindo de cima do seu corpo – vou contar cada segundo até você voltar. Te amo.

- Eu também linda.

- Vou te acompanhar até o taxi. Vou fazer minha caminhada – falei pegando as chaves do apartamento.

Desci com Marisa até o carro que a esperava e a vi indo mais uma vez. Sai com passos apressados até uma área arborizada perfeita para a caminhada matinal. Coloquei os fones do celular na orelha e escolhi uma radio para ouvir. Geralmente não ouvia radio, só as musicas que baixava da internet, mas queria ouvir a voz de Fabiana então procurei por uma radio popular. Fiquei escutando as musicas e depois de quarenta minutos começou a tocar Fabi Pontes. Como a voz dela era maravilhosa. Linda. Na volta para casa passei em uma banca para comprar alguma revista com símbolos egípcios para compor um desenho para um cliente. Vasculhei algumas revistas sobre historia, mas foi outra capa que me chamou a atenção. Fabiana estava com a tatuagem a mostra na premiação na foto e abaixo uma legenda: será esta a Isabella?

Abri a revista procurando a matéria e logo que a encontrei meus olhos foram puxados para uma foto pequena minha junto com Marisa na saída da festa. Aquilo não podia estar acontecendo. Ninguém poderia saber quem eu era. Quem era a Isabella. Voltei para casa nervosa e a secretaria eletrônica acusou uma chamada. Coloquei para tocar pensando em ligar para Marisa e contar o que eu tinha visto, mas a mensagem cortou meu pensamento no meio.

- Oi meu amor – ouvi a voz de Fabiana – eu sei que não devo fazer isso, mas é mais forte do que eu. Eu fiz essa musica essa noite. Espero que goste.

O som de um violão tomou conta da ligação. Não demorou muito para a voz de Fabiana tomar conta da linha.

Eu sei que você me pediu

Mas não consigo Manter meus olhos longe da sua boca.

Você me disse que me esqueceu, mas não é o que vejo

Quando me vejo presa no mar cinza que me afoga

Você pode mentir

Pode lutar

Mas eu sei que não resiste

Nossos corações

Alma gêmeas ligadas no mesmo ritmo

Eu tentei ser forte

Mas você é tudo o que quero

Fabiana terminou de cantar a musica e ia dizer mais alguma coisa, mas a duração da mensagem não deixou ela continuar. Decidi não apagar de inicio. Havia outra mensagem.

- Ops não deu tempo para falar em apenas uma mensagem – ela falou rindo – tem mais uma coisa. Diga que me ama. Assuma o que você sente por mim. Você me disse uma vez que nunca me abandonaria e você estava certa. Você não me abandonou, prendeu meu coração ao seu. Se tudo o que você mais quer é ficar com a Marisa apenas me liberte. Me liberte para poder amar outra pessoa o tanto que eu te amo. Me deixa sentir desse mesmo amor que você sente pela Marisa. Não me tortura desse jeito. Se você não quiser fazer isso então me diga que me ama e só assim eu vou ver que minhas tentativas têm fundamento. Eu te amo Isa.

A mensagem acabou enquanto eu me debulhava em lagrimas no sofá. Eu não podia fazer isso com ela não era justo. Não era justo com ninguém. Levantei do sofá e peguei as chaves do carro. Liguei para Paty do elevador para saber onde Fabiana estava. Ela me respondeu que ela estava no escritório. Desliguei antes de ouvir o que ela estava emendando. Talvez alguma recomendação. Voei como uma louca pelo transito. As lembranças vinham em torrentes. Eu precisava me decidir e seria naquela manhã. Minhas lagrimas borravam minha visão, não por medo, mas porque minha escolha doía demais.

Parei o carro na frente do escritório e entrei. Na recepção a mesma moça que eu tinha visto da outra vez em que estive ali, quando minhas certezas ainda estavam firmes. Perguntei por Fabiana e a moça me disse que eu poderia deixar o recado e que ela informaria para Fabiana junto com meu telefone. Eu já estava ali e não podia voltar atrás. Entrei por um corredor sob os protestos da garota dizendo que eu não podia fazer aquilo. Fui abrindo porta por porta com o barulho no escritório aumentando, chamando a segurança. Passava rápida abrindo as salas apressada assustando algumas pessoas. Quando cheguei na ultima porta abri com força assustando as pessoas que estavam dentro.

- Fabiana eu...

Parei a frase no meio. Marisa estava com ela e Fernando com alguns papeis sobre a mesa e todos me olhavam surpresos e confusos. Sequei as lagrimas olhando para fora onde os seguranças chegavam para segurarem meu braço.

- Eu falei que ela não podia entrar... – começou a explicar a recepcionista.

- Tudo bem – respondeu Fabiana se levantando.

Ainda perdida olhei para Marisa que também se levantava. A única coisa em que pensei foi sair dali. Voltei correndo para o estacionamento. Só tive tempo de ver Fabiana e Marisa me olhando da porta.



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Capitulo 26

[03/04/12]

Capitulo 26: Fabiana

A noite da festa tinha sido muito reveladora para mim. Eu pude ver que mesmo eu não dando o melhor, meu publico era fiel. Imagine se eu der o máximo de mim o que eu posso conseguir. Mas também percebi que Isabella queria que eu ficasse com ela. Eu até entendo o amor que ela tem pela Marisa, mas esse amor não é maior. Eu sabia que ela estava confusa, e ficava triste por fazer isso com ela. Mas por outro lado ficava feliz por saber que a chama que nos uniu quando nos conhecemos estava acesa novamente.

A semana seguiu muito corrida como sempre. Fernando a cada dia me mantinha informada sobre os passos de Marisa e Isabella. Também recebemos uma proposta de turnê extensa pela américa latina. Não tivemos folga, tinha que compensar o tempo perdido. Somente na segunda feira seguinte que me forcei a ter folga por conta da reunião com Marisa. Precisava resolver isso o quanto antes. Soube por Fernando que logo depois dessa reunião ela partiria para uma viagem a Goiás e ficaria fora por sete dias. Tentei de todas as formas convence-lo a me contar como ele conseguia essas informações e ele apenas dizia que tinha seus contatos. No domingo voltamos para casa cedo por conta do mal tempo na cidade onde haveria um show. Os organizadores acharam melhor cancelar a apresentação. Parece que o terreno não era próprio para um show daquela magnitude e pra ajudar ainda tinha que chover. Cheguei em casa as dez horas da noite. Paty estava lá com uma peguete, disse que se eu quisesse descasar ela sairia com a garota. Eu disse a ela que não precisava, ficaria no meu quarto para não atrapalha-las e ela poderia ficar a vontade. Mas dava para ouvir do meu quarto o barulho que elas faziam, Paty não era muito puritana e sempre gritava na hora do sexo. Não vou mentir, fiquei até com um pouco de vontade. Fazia tanto tempo que não sabia o que era ter uma mulher em meus braços que estava subindo pelas paredes. Mas só de pensar que poderia ter minha Isa o quanto antes eu aguentava e suportava a pressão fisiológica que me abatia. Quando por fim elas decidiram ir dormir, resolvi descer. Fiz algo para comer e enquanto cozinhava me lembrava de quando fazia pratos especiais para minha Isa. Mesmo quando não estávamos bem, adorava cozinhar para ela e agora estava tendo que cozinhar somente para mim. Isso me entristecia. Após comer peguei uma cerveja, meu violão e um caderno. Senti que estava inspirada e precisava colocar para fora. Ficou uma letra linda, sabia que era para Isabella. E minha vontade era ligar pra ela naquele momento. Mas sabia que era tarde e provavelmente Marisa estaria com ela e por isso não me atenderia. Eu precisava mostrar para ela, pensei em ir no estúdio depois da reunião que teríamos de manha. Mas era bem provável que ela não me receberia, por conta da chata da Raquel. Eu precisava fazer alguma coisa então o que fiz foi ir dormir para clarear as ideias. Acordei, tomei meu café com o telefone na mão. Paty achou estranho tanto empenho, não contei para ela sobre o que tratava. Apenas disse que estava resolvendo um negocio e sai de perto dela. Mas na verdade estava ligando para companhia de telefonia. Eu sabia qual era o numero do RG e CPF de Isabella. Com isso eu saberia o numero de telefone e o endereço. Mataria dois com uma cajadada só. Após conseguir o que queria liguei deu caixa postal. Então deixei recado, como eu disse precisava mostrar pra ela canção que tinha feito e estava muito determinada. Só que o tempo de gravação da caixa de mensagem não havia dado para dizer tudo o que queria então liguei novamente.

- Ops não deu tempo para falar em apenas uma mensagem, tem mais uma coisa. Diga que me ama. Assuma o que você sente por mim. Você me disse uma vez que nunca me abandonaria e você estava certa. Você não me abandonou, prendeu meu coração ao seu. Se tudo o que você mais quer é ficar com a Marisa apenas me liberte. Me liberte para poder amar outra pessoa o tanto que eu te amo. Me deixa sentir desse mesmo amor que você sente pela Marisa. Não me tortura desse jeito. Se você não quiser fazer isso então me diga que me ama e só assim eu vou ver que minhas tentativas têm fundamento. Eu te amo Isa.

Era isso, tudo ou nada. Estava decidida. Ou eu teria essa mulher ou sumiria. Custe o que custar tiraria ela da minha mente e coração.

Entrei para o banho e demorei para sair. Parece que queria lavar minha alma. Sai de casa rumo ao escritório, no caminho só pensava na possível merda que tinha feito. Claro que ela poderia decidir por mim, mas também poderia decidir por Marisa. E não sabia se seria capaz de suportar se ela não me escolhesse. Mas nunca, nem em meus pensamentos mais louco pude imaginar que aconteceria o que aconteceu no meio da reunião.

Quando cheguei Marisa já estava a minha espera com Fernando. Olhei no relógio para ver se estava atrasada, mas não. Eles havia chegado cedo mesmo. Ela se levantou e estendi minha mão para um aperto mais fiquei com minha mão estendida. Ela tinha me deixado no vácuo, vagabunda. Achei engraçado, pedi para ela entrar e a segui rindo.

- Sente-se – falei lhe indicando a cadeira.

- Bom, Marisa esse é um papel onde consta todo o lucro dos show até agora já feito. Você pode ver logo a baixo o valor que você ira receber – disse Fernando lhe explicando tudo o que continha no papel.

- Nossa mais é tudo isso? – Marisa mostrou espanto ao contatar a quantia –isso está certo?

- Sim, ou você acha que eu vou te dar dinheiro de graça – falei espezinhando.

- Não, só estou achando muito.

- Eu fiz questão de que o Fernando colocasse tudo o que tínhamos recebido até agora mesmo não precisando para que não fique nenhuma duvida – olhava para o papel mostrando a ela as minhas reais intenções.

- Bom, Marisa se tudo correr como estamos imaginando seu próximo pagamento será uma quantia maior que essa. Já que estamos na metade das apresentações e as cidades que fomos não são capitais. É bem provável que esse valor seja triplicado – explicou Fernando.

- Porque isso agora, você poderia me pagar no final como está no contrato – falou Marisa desconfiada.

- Eu sei, mas sei que esse é o justo. Já estou colhendo os frutos do seu trabalho, nada mais certo dar sua parte que é de direito – queria mostrar que não era uma má pessoa – eu quero que você entenda uma coisa, eu posso até ser uma garota mimada como tenho certeza que você acha. Mas como todo tirano eu também tenho a minha bondade – finalizei rindo para depois me surpreender com a presença de Isabella.

- Fabiana eu... – estava com os olhos cheio de lagrimas.

Logo os seguranças apareceram agarrando seu braço, para tira-la de lá.

- Soltem ela, agora – falei irritada.

- Eu falei que ela não podia entrar... – disse Susana assustada com minha reação.

- Tudo bem – respondi me levantando e automaticamente olhando para Marisa.

Isabella saiu correndo da sala. Achei que Marisa iria atrás dela. Achei estranho ela não ir ao invés disso ficou parada na porta junto comigo. Quando a vi voltado para se sentar na cadeira resolvi ir atrás de Isabella. Quando cheguei ao estacionamento ela já estava saindo cantando pneu, ainda a chamei mais não surtiu muito efeito. Voltei para dentro do prédio meio sem saber o que fazer ou pensar. Porque ela tinha ido atrás de mim no escritório? Será que ela tinha escutado a minha mensagem? Será que ela já tinha a minha resposta? Eram tantos serás e eu não tinha nenhuma resposta. Só que eu precisava terminar o que estava fazendo lá dentro da sala de reuniões. Fiquei meio preocupada com a reação de Marisa, mas decidi enfrentar. Entrei na sala e me sentei novamente à frente de Marisa. Ela estava de cabeça baixa. Apenas se levantou quando eu disse que poderíamos continuar a reunião. Foi ai que ela se pronunciou.

- Você falou com ela? – perguntou com lagrimas nos olhos.

- Não, quando a cheguei no estacionamento ela estava indo embora.

- Você ta feliz, agora?

- Marisa, não era nada disso que eu queria. Eu amo a Isabella, o que eu quero é a mulher que eu amo ao meu lado. Pra poder mostrar a ela isso.

- Quando você vai entender que ela não te ama? Nós somos felizes juntas. Eu vou casar com aquela mulher e você não tem o mínimo de respeito por isso. Se ela quisesse ficar com você ela estava aqui do seu lado.

- E porque será que ela veio me procurar? Ainda mais daquele jeito.

- E você sabe o porque?

- Não, eu não sei. Mas vou acabar descobrindo.

- Escuta aqui, garota – falou se levantando e colocando o dedo na minha cara – você fica longe dela ou eu não sei o que eu faço com você.

- Tira esse dedo da minha cara, até agora eu não to sendo agressiva. Mas se você não tirar esse dedo da minha cara eu quebro ele – falei me levantando também.

- Meninas vamos parar com isso, acho que já ta bom por hoje. Agressão é só o que ta faltando e eu acho que ninguém vai querer pagar pra ver – falou Fernando interferindo.

- Você ta avisada, da próxima vez que eu imaginar que você chegou perto dela eu não respondo por mim – falou indo em direção a porta.

- Essa é uma ameaça que eu to louca pra pagar pra ver

Marisa saiu batendo a porta, eu não queria que chegasse a esse ponto, mais já que chegou eu não poderia fazer nada. Pedi a Fernando que procurasse saber se ela iria embarcar mesmo. Eu precisava falar com Isabella, mas ele não concordou.

- Você não acha que essa historia esta indo longe demais? Até te ameaçar ela fez – disse Fernando preocupado.

- Fernando eu sei o que eu to fazendo, eu amo aquela mulher e o que precisar fazer e passar pra tê-la de novo eu farei. Então faça, por favor, o que eu to pedindo – falei finalizando a conversa.

Eu sabia que aquela historia não ia dar certo, mas eu precisava saber o que ela tinha pra me falar. E se ela quisesse voltar? Eu tinha que saber. Fiquei no escritório até de tarde, Fernando me ligou e disse que realmente Marisa tinha embarcado e que Isabella estava no estúdio. Agradeci e sai para encontra-la.

Cheguei ao estúdio e fiquei esperando ela sair. Isabella demorou, acho que por conta do trabalho que tinha. Quando saiu, Raquel estava ao seu lado. Eu estava longe em um lugar que elas não pudessem me ver. Esperei ate Raquel entrar no carro que estava estacionado na frente do estúdio e ir embora e Isabella ir em direção ao estacionamento que estava seu carro, a segui com o carro e parei na frente do estacionamento descendo abruptamente fazendo Isabella entrar no carro. Parecia um sequestro, mas como ela não interviu ninguém achou estranho. Dirigi algumas quadras e parei em uma rua meio que deserta para conversarmos.

- Vim saber o que você foi me falar – falei pegando em suas mãos.

- Eu ia te dar a resposta que me pediu, não esperava encontrar a Marisa lá.

- Ela não te disse que teria reunião comigo?

- Não acho que para me preservar

- Mas então qual é a resposta que você tem?

- Eu nunca tive a intenção de te prender Fabiana. Quando eu sai daquela casa, eu abri mão de tudo. Inclusive do seu amor. Eu não quero continuando te machucando. Eu não quero continuar me machucando. E principalmente a Marisa. Eu não posso negar que você mexeu comigo novamente, mas eu quero e vou ficar com a Marisa.

- Porque Isa? Porque você vai fazer isso? Você sabe que o que a gente teve e o que a gente tem é maior que o que você tem com ela.

- E o que a gente teve além cinco anos de brigas, acusações e ciúmes? Não quero reviver tudo isso de novo.

- Você sabe que não foi só isso que tivemos. E o que você não sabe é o quanto que eu mudei nesse tempo todo que fiquei longe de você. O quanto cresci e evolui para poder estar aqui hoje te pedindo para me dar mais uma chance. Eu quero poder te mostrar uma outra convivência, um outro lado meu.

- Não dá mais, meu casamento é daqui a dois meses e eu vou me casar com ela. Você querendo ou não. Então se você me ama o tanto que você me ama, me deixa ser feliz com ela.

- Uma das coisas que aprendi com isso tudo é saber quando não dá mais pra mim, se realmente é isso que você quer. Mesmo sabendo que sem você a minha vida já não importa mais. Que tudo o que eu fiz até hoje, foi por você e pra você. O que me resta e te deixar partir. Acho que essa será a maior prova de que eu mudei e a maior prova de amor. Se realmente você vai ser feliz então eu prefiro sofrer até meus últimos dias e te deixar casar com ela. Do que te forçar a ficar do meu lado sem me amar. Agora eu entendi que você a ama mais. Adeus Isa.

Isabella apenas me deu um beijo no rosto e saiu. Me deixando ali com todo o meu sofrimento e amargura. Definitivamente tudo estava terminado e dali para frente não saberia mais o que fazer. Não saberia mais como seguir. Eu estava tão transtornada que não sabia nem como ligava o carro. Nesse momento Paty me ligou. Ela me disse que estava me procurando, mas quando Fernando contou a ela que eu tinha ido atrás de Isabella ela resolveu esperar eu ligar. Mas como eu estava demorando ela ficou preocupada e resolveu me ligar. Apenas disse aos prantos para ela ir me buscar. Ela perguntou onde eu estava que ela pegaria um taxi e já estava indo me encontrar. Disse e fiquei ali por alguns minutos a sua espera. Sai do carro deixando a porta aberta vagando sem rumo até encontrar um bar. Pedi para o garçom me trazer uma garrafa de uísque. Virei o primeiro copo e o segundo em poucos minutos não demorou muito para acabar a garrafa. Pedi outra e na metade da garrafa recebi a ligação de Paty.

- Onde você ta? – falou gritando do outro lado da linha.

- Não sei... to num bar perto de onde deixei o carro

- Caralho pensei que tinha acontecido alguma coisa, chego aqui e a porra do carro ta todo aberto. Tem até policia aqui sua louca.

- E dai deixa rebocar essa merda, não me importo.

- Onde você ta Fabiana? O Fernando ta aqui comigo ele fica aqui e eu vou te buscar.

- Perai, oooo moço onde é que nós estamos? A ta.

- To num bar chamado, Donna. Fica perto de onde eu estava.

- Ta eu pergunto, me espera ai que eu já to chegando.

- Ta.

Desliguei o celular e tomei mais um copo de uísque, um pouco antes da garrafa acabar Paty chegou voando em mim me batendo me chamando de louca. Disse para ela se sentar e me acompanhar eu estava comemorando o fim da minha vida e estava precisando de companhia. Ela disse que eu já tinha bebido demais e que era para irmos embora. Relutei pedi mais uma garrafa de uísque. Já estava muito mais que bêbada, nem estava conseguindo pegar a garrafa pra encher o copo novamente. Paty ficou assistindo a cena deplorável que eu estava fazendo. Apenas balançava a cabeça. Logo Fernando também chegou trazendo meu carro, Paty havia vindo com o dele.

- Fabiana você ta maluca? Como que você abandona o carro daquele jeito no meio da rua. Tive que pagar muito caro para a policia não rebocar ele.

- Nandãoooooo, ah muleque. Senta aqui pra a gente comemorar.

- Comemorar o que garota, não temos nada a comemorar. Vem vamos pra casa.

- Não, você vai se sentar aqui comigo e vai beber comigo como a Paty esta fazendo.

- Ta louca a Patrícia nem ta bebendo.

- Porque você não me disse, porra. Vou te pedir um copo. Perai. Oooooooo moço trás dois copos aqui ohhhh – falei apontando para mesa.

- Não precisa, campeão me trás só a conta dessa maluca.

- Eu disse que não vou embora – me levantei, peguei a garrafa e sai – eu to comemorando.

Paty veio atrás de mim, gritando para eu parar só escutei quando ela falou.

- Fabi, o carro.

Ai tudo se apagou, acordei em um quarto de hospital. Não sabia o que tinha acontecido para eu estar ali. Olhei para o lado e Paty estava sentada em uma cadeira dormindo. A chamei.

- O que aconteceu? – falei tentando levantar a cabeça, mais ela doía demais para conseguir faze-lo.

- Oi, ta sentindo alguma coisa? – Paty se levantou e veio para beira da cama.

- Minha cabeça doi. O que aconteceu?

- Você tomou um porre ontem, ai foi atropelada. Como você bateu a cabeça os médicos acharam melhor te deixar aqui em observação

- Chama o medico eu não fico aqui nem mais um minuto.

- Você ta maluca? Você vai ficar aqui sim senhora. Você não tem escolha.

- A tenho sim – falei me levantando tirando o soro que estava no meu braço.

- Fabi, não faz isso.

- Eu vou sair daqui, você ajudando ou não – falei olhado para ela com um olhar fuzilante.

Paty apenas balançou a cabeça e saiu. Ela sabia que eu não ficaria ali muito mais tempo por mais que precisasse. Terminei de me arrumar, e sai ela já estava a minha espera perto do elevador.

- Porque você ta fazendo isso?

- Porque eu não posso ficar aqui.

- É pro seu bem, Fabi.

- Eu sei que você só quer o meu bem, mas eu estou ótima. Agora me leva pra casa.

Fomos o caminho todo sem ela me dirigir a palavra, chegamos em casa e fui até o bar peguei uma garrafa de vodca e subi para o meu quarto. Passei os dez dias seguinte assim. Bêbada, em casa, tinha cancelado todos os meus shows a revelia de Fernando e o pior de tudo tinha voltado a me drogar. Eu não queria mais saber de nada, eu tinha desistindo da minha vida como Isabella havia desistido de mim. Paty muito preocupada tentava falar comigo, me fazer entender que eu estava perdendo tudo aquilo que eu havia lutado por um amor que não me fazia bem. Mas não dava ouvidos. Eu estava tão drogada e bêbada que nem ligava, na verdade nem ouvia o que ela me falava. Eu já nem sabia o que fazia, peguei meu carro atrás de mais droga e acabei parando no apartamento de Isabella. Acho que foi meu subconsciente que me levou até ali. Na verdade eu nem sabia como eu tinha conseguido chegar até ali.

Pedi para o porteiro para ser anunciada, só ouvi ele falando.

- Acho melhor a senhora descer, ela não esta nada bem.

Logo Isabella desceu.

- Meu amor eu preciso falar com você – falei gritando quando vi Isabella na portaria do prédio.

Ela falou alguma coisa com o porteiro e veio ao meu encontro.

- O que você ta fazendo aqui?

- Eu precisava te ver – falei segurando na grade.

- Fabi o que você bebeu? O que você ta fazendo? Alguém sabe que você ta aqui? Pode abrir aqui, seu Sergio – disse para o porteiro abrir o portão.

- Eu to bem, meu amor. Na verdade não, eu sinto a sua falta, falta da sua boca – falei indo em direção da boca de Isabella. Logo senti meu corpo ir ao chão.

- Marisa, não faz isso – falou Isabella tentando segurar Marisa.

- Eu não mandei você ficar longe dela, heim – Marisa gritava como uma louca.

- Você, acha que é quem pra mandar em mim – falei me levantando, quase não conseguindo.

- Me solta Bella, eu acabo com isso hoje.

- Para, você não vai fazer nada com ela.

- Solta ela meu amor, vamos ver se ela aguenta.

- Não chama ela assim, sua vadia – falou Marisa vindo em minha direção para ser contida por Isabella.

- Amor deixa que eu resolvo isso, deixa eu falar com ela. Ela vai embora e vai nos deixar em paz – falou Isabella encarando Marisa.

- Eu vou, mas você vem comigo. Se você ficar aqui, é o fim Isabella. Eu te juro que é o fim.

- Meu amor me escuta, eu não vim fazer mau nenhum pra você. Eu só quero falar com você.

- Não Fabi, você ouviu a Marisa. Eu tenho que subir. Me desculpa.

- Não faz isso Isa, não me abandona de novo. Por favor – só pude ver Isabella entrando atrás de Marisa e me deixando lá naquele estado.

Ela realmente, não estava nem ai pra mim. Ela realmente tinha esquecido. Ainda gritei seu nome por algum tempo, então desisti. E fui embora. Precisava me entorpecer, então fui para a boca de ratão. Já tinha o que precisava então voltei para casa. Passei a noite inteira me drogando acabei adormecendo. A cara que vi logo pela manha era da ultima pessoa que eu não queria que me visse daquele jeito. Minha mãe.

- Acorda e levanta. Hoje você vai parar com isso de uma vez por todas – falou minha mãe me jogando uma toalha para um banho. Sabia que seria a conversa mais difícil da minha vida e dessa com certeza eu não poderia fugir.



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Capitulo 27

[06/04/12]

Capitulo 27: Isabella

- Qual sua explicação, Isabella? – gritou Marisa jogando um pote de alumínio de algodão no chão – O que você tem para me dizer sobre o papel que você fez hoje?

Eu não conseguia para de chorar com a cabeça baixa na maca. Depois que sai do escritório de Fabiana fui direto para o estúdio completamente transtornada. Raquel tentou falar comigo, mas logo Marisa chegou também completamente nervosa querendo explicações. Respostas para perguntas que eu não tinha. Eu quase tinha feito uma estupidez por impulso: Voltar com Fabiana.

- Para de chorar Isabella! Fala comigo! – gritou mais uma vez me pegando pelos ombros – o que está acontecendo?

Respirei fundo e levantei a cabeça para encarar seus olhos negros que fervilhavam de raiva. Eu tinha que falar alguma coisa. Seria mais uma mentira que saia da minha boca.

- Eu não esperava te encontrar lá – falei passando a mão no rosto – a Fabiana ligou em casa, deixou uma mensagem na caixa postal e me pediu para dizer que a amo...

- Foi isso que você foi fazer lá? – perguntou ainda mais nervosa – dizer que ainda a ama?

- Não, claro que não – como me doía dizer isso. Sentia que algo dentro de mim estava sendo arrancado a força – Eu não fui falar que a amo. Ela falou que se eu não pudesse dizer isso, que a libertasse desse sentimento. Fui pedir pela ultima vez para ela me esquecer.

- E precisava ir chorando desse jeito? Transtornada desse jeito? – perguntou Marisa andando de um lado para o outro – alias não precisava você nem ir lá. Você poderia simplesmente ignorar.

- Eu sei que ela está sofrendo por mim! Não posso ser totalmente indiferente ao que ela sente! Em todo esse tempo eu sempre quis o bem dela, não é agora que vai mudar!

- Tudo isso é só bondade mesmo Isabella? – perguntou parando na minha frente passando as mãos nos cabelos – será que não existe um carinho especial por ela ainda no seu coração?

Me virei na cadeira para encara-la. Não podia mentir para esse sua pergunta. Eu deveria, mas não podia.

- Existe, Marisa – falei engolindo as lagrimas – eu poderia mentir para você, mas não consigo. Eu ainda sinto sim, um carinho especial por ela. Marisa me fitou com seus olhos negros indecifráveis. Balançou a cabeça em sinal negativo e pegou a bolsa jogada num canto da sala. Quando ela voltou para minha frente senti meu coração se dividindo em dois. Suas lágrimas saltavam dos seus olhos borrando sua maquiagem. Eu era um monstro por fazer isso com ela. Eu amava Marisa intensamente, não queria perde-la de forma alguma e a simples ideia de que isso acontecesse me assustava profundamente. Eu não era digna do amor que ela sentia por mim, também não era digna do amor que Fabiana me demonstrava todas as vezes que estávamos perto uma da outra. Tampouco era digna de ter duas mulheres lindas querendo meu amor.

- Você tem sete dias Isabella – falou por fim com a voz chorosa – sete dias para pensar no que você quer pra sua vida. Se sou eu ou a Fabiana.

Dito isto ela saiu batendo a porta com força. Eu mais uma vez cai em um choro compulsivo. Eu a queria tanto, tanto que chega doía, porem doía da mesma forma como eu queria Fabiana. Levantei da cadeira e sai correndo atrás dela, mas o taxi já estava em movimento. Voltei para dentro do estúdio e dei de cara com Raquel na porta me olhando.

- Se você perder essa mulher, você vai passar recibo de burra – falou me dando as costas indo para sua sala.

- Eu preciso de uns dias de férias – falei me apoiando na sua mesa com a cabeça baixa – arruma alguém para ficar no meu lugar.

- Eu tenho um amigo tatuador. Convenço ele a vir ficar aqui comigo uns dias. O que você vai fazer?

- Vou pensar nessa bagunça sentimental que está acontecendo aqui dentro – respondi levantando a cabeça.

- Vê se faz a coisa certa garota. Vai descansar hoje.

- Eu tenho uns desenhos para fazer. A partir de amanhã eu já não venho.

O dia transcorreu em um tormento completo. Minha cabeça variava entre Fabiana e Marisa. Eu queria as duas, eu amava as duas. Não sei se é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo de forma intensa e irracional, mas eu amava as duas e não queria abrir mão de nenhuma. Comecei a pesar os dois lados. Eu já tinha sido casada com Fabiana. Conhecia como ela era de todas as formas possíveis de se conhecer alguém. Suas manias, seu jeito. Marisa eu ainda não conhecia completamente. Nunca a tinha visto tão transtornada por ciúmes, com fundamento, como ela ficou. Com Fabiana eu já tinha me separado porque não tinha dado certo. Com Marisa eu não sabia como seria. Era uma nova aventura, uma nova vida. Fabiana era ciumenta, não confiava em mim. Marisa confiava em tudo o que eu falava para ela. Não precisava perguntar para ninguém para saber quando eu falava a verdade e lamentavelmente agora não era sempre que eu falava a verdade. Eu poderia reviver o que já tinha passado com Fabiana, com Marisa eu iria conhecer uma nova maneira de amar e se doar para alguém. Foi essa ultima parte que pesou mais na minha decisão.

Sai do estúdio com Raquel já pensando no que iria fazer. Me despedi dela agradecendo por me entender em um momento tão confuso na minha vida pessoal, mas agora eu já sabia qual era a escolha certa. A escolha mais sensata.

Estava indo para meu carro quando fui interceptada por Fabiana. Não reagi, apenas a segui tranquilamente. Eu sabia que essa conversa era necessária.

- Vim saber o que você foi me falar – falou Fabiana depois de encostar o carro em uma rua com pouco movimento.

- Eu ia te dar a resposta que me pediu, não esperava encontrar a Marisa lá – respondi me preparando para o viria a seguir.

- Ela não te disse que teria reunião comigo.

- Não acho que para me preservar – falei pensando que até nisso Marisa estava certa.

- Mas então qual é a resposta que você tem?

- Eu nunca tive a intenção de te prender Fabiana – respondi com a familiar sensação das entranhas virando agua - Quando eu sai daquela casa, eu abri mão de tudo. Inclusive do seu amor. Eu não quero continuando te machucando. Eu não quero continuar me machucando. E principalmente a Marisa. Eu não posso negar que você mexeu comigo novamente, mas eu quero e vou ficar com a Marisa.

O que se seguiu depois foi minha emoção me mandando calar a boca e agarra-la para um beijo, mas a razão não me permitiu por N motivos que eu já tinha pensado durante o dia. Não tinha mais vinte e cinco anos como ela. Fabiana ainda tinha uma vida inteira pela frente. Encontraria alguém especial para amar e essa parte era a que eu não gostava, mas não podia mais prender ela a mim. Fui firme em minha decisão. Não poderia mais voltar atrás, eu amava uma mulher com quem queria construir um futuro, ter filhos. Com Fabiana eu não teria nada disso. Eu sabia que teria muita dor de cabeça ao seu lado, com fama, exposição e um monte de garotas querendo uma noite com ela. Eu amava também, não podia negar, mas era o mais sensato a ser feito.

Sai do carro com o adeus de Fabiana ainda rodando minha cabeça. Sussurrei um eu te amo entre as lagrimas sabendo que aquele era realmente o fim. O adeus que não nos demos quando sai de casa. Fui direto para o apartamento. Tomei um banho demorado pensando na minha decisão. Eu já tinha tudo para ser feliz e estava deixando uma mulher maravilhosa como Marisa me escapar por entre os dedos. Na manha seguinte liguei para a produtora de Marisa para saber onde ela estava hospedada em Goiás e liguei para a companhia aérea e reservei uma passagem para Goiânia e fiz uma mochila pequena de viagem. Desci no Santa Genoveva no final da tarde passando o endereço do hotel de Marisa para o taxista.

- Eu trabalho para a produtora Marisa Silva – falei para a simpática recepcionista do hotel – preciso entregar um documento que ela vai precisar essa noite. Você pode anunciar pra mim?

- Claro. Qual seu nome?

- Monica.

Fiquei olhando para o aparelho enquanto a garota discava o ramal do quarto. 515. Ela ficou muda por alguns momentos enquanto o telefone do quarto só chamava. Depois de me dizer o obvio que ela não estava pedi para me registar em um quarto. Depois do check-in Subi para o quarto que me fora destinado. Me joguei na cama pensando na loucura que tinha feito naqueles dois dias. Na manhã do dia anterior estava disposta a renunciar seu amor por Fabiana e agora estava a dois mil quilômetros de casa querendo seu amor. Eu estava ficando louca mesmo. Só podia ser isso. Tentei dormir para clarear as ideias, mas a única coisa que consegui fazer foi tirar um cochilo. Pedi o jantar para o quarto e fiquei assistindo tevê até as duas da manhã. Com o show que ela estava fazendo só voltaria para o hotel depois desse horário. Liguei exatamente as duas e quinze e o telefone só chamou. Liguei novamente as duas e quarenta e o mesmo se repetiu. Tentei uma terceira vez as três e meia da manhã e desta vez ouvi sua voz do outro lado da linha com um tom triste. Desliguei e sai do quarto indo para o quinto andar. Bati na porta e não demorou mais que trinta segundos para ela se abrir. Sua cara de surpresa ao me ver ali era genuína.

- Eu não preciso de sete dias para ter certeza que eu te amo – falei deixando escapar uma lagrima.

Marisa apenas sorriu e me puxou para dentro da suíte me beijando com pressa, arrancando minha regata. Desamarrei o roupão que ela usava tocando a pele morena e quente por baixo da pequena camisola. Minhas mãos automaticamente foram para o seu bumbum a erguendo para meu colo. Em passos trôpegos encontrei a cama sendo devorada por sua boca. A joguei sobre os lençóis e tirei o short que usava começando a beijar suas pernas, subindo para suas coxas. Marisa apenas me falava o quanto me amava e que eu era louca por ter ido ao seu encontro. Minhas mãos foram tirando sua camisola pela cabeça enquanto minha boca avançava por sua pele. Encontrei os seios lascivos ansiando pelo meu toque e foi exatamente o que fiz abocanhando um e com a outra mão segurando o outro. Alternava entre os dois querendo engoli-la por inteiro. Subi para seu pescoço e sua boca. Me afastei para fitar seus olhos com um tom de alivio e voltei novamente para sua pele fazendo o caminho reverso. Voltei a dar atenção devida aos seios antes de descer para a barriguinha e virar seu corpo na cama. Marisa automaticamente empinou o bumbum enquanto minhas mãos faziam sua calcinha deslizar pelas pernas. Beijei suas costas afastando o cabelo negro e comprido. Minha língua ia fazendo um rastro por onde passava. O doce sabor que ela tinha entorpecendo meus sentidos. Ergui seu quadril e afundei meu rosto beijando, mordendo curtindo toda reação que ela tinha quando fazia isso. Marisa ficou de quatro se oferecendo inteira e aceitei de bom grado o banquete na minha frente. Me deliciei com seu sabor enquanto ouvia seus gemidos altos me pedindo mais. A virei novamente e a puxei para minha boca, deixando minha língua brincar com seu sexo em chupadas apressadas. Não demorou para Marisa contrair seu corpo e gozar demoradamente para mim.

- Eu fiquei com medo de te perder Bella – falou colocando um pedaço de bolo na minha boca. Havíamos feito uma pausa para recuperar a energia.

- Eu não quero te perder, anjo – respondi beijando seu cabelo – não quero que nada atrapalhe o que temos.

- Ninguém vai te tirar de mim. Nem mesmo a cantora mais badalada do momento.

- A Perez já é casada – ri pegando um suco.

- Você sabe de quem eu estou falando – resmungou brava – esse assunto não existe mais, certo?

- Certo. Prometo que tudo vai ficar bem agora – respondi afastando a bandeja com o lanche – sabe o que eu quero de você agora?

- Hum... deixa eu pensar – respondeu rindo.

- Eu quero você inteira...

- Você vai ficar aqui comigo?

- O que você acha? – perguntei beijando seu pescoço.

- Eu te amo... te amo tanto...

- Eu também linda – respondi com sinceridade – muito, muito.

Passei dias incríveis com Marisa. Quando ela estava ocupada com a produção aproveitava o tempo livre para conhecer as cidades que íamos. Nas suas folgas nos deliciávamos nos braços uma da outra, sentia seu coração pulsar forte de encontro ao meu. Tudo iria se ajeitar. O tempo tomaria conta disso.

Voltamos para casa depois de seis dias. Marisa ficou em casa o tempo todo. Ainda não tinha voltado para o estúdio e ela trabalhava pelo computador e telefone. Invariavelmente interrompia seu trabalho com beijos e caricias. Aos poucos minha mente se desligou de Fabiana. Não que eu a tinha esquecido. Isso jamais conseguiria, mas sabia que ela iria suportar tudo e virar o capitulo onde eu estava. Ela tinha tudo o que ela sempre quis. Reconhecimento do seu trabalho, ganhava muito dinheiro com aquilo que gostava de fazer e tinha muitas mulheres lindas, capas de playboy querendo ficar com ela. Um dia ela se apaixonaria novamente.

Numa quarta de manhã saímos para ver alguns apartamentos. Marisa queria um perto do Ibirapuera e eu ria do jeito meigo dela ao ver as opções. Eu sabia que um apartamento naquelas imediações não estava a altura do nosso bolso, mas não queria estragar seu entusiasmo. Na parte da tarde fomos comprar eletros para a nossa casa. Marisa não queria que usássemos nada do que já tínhamos. Tudo tinha que ser novo. Tentei argumentar com ela que meus moveis eram novos, pois tinha comprado eles há um ano atrás, mas não houve acordo. Vencida passamos quase a tarde toda em lojas de eletrodomésticos. Marisa viu os modelos que queria para a casa e fomos para o apartamento pesquisar na internet os melhores preços. Estava com Marisa sentada sobre minhas pernas com o notebook quando recebi uma chama do interfone. A afastei com um beijo fui até a cozinha atender.

- Fala Sergio.

- Tem uma garota aqui querendo falar com você – falou com a voz estranha – sabe aquela cantora? Uma que canta a abertura da novela.

- Fabi Pontes. Eu não vou atende-la. Diga que estou ocupada – respondi vendo Marisa parar na minha frente com os olhos cheios de raiva.

- Acho melhor a senhora descer, ela não esta nada bem.

- Ok.

Olhei para Marisa que queria me fuzilar com o olhar. Ela estava vermelha como meus cabelos de tanta irritação.

- O que essa vadia quer aqui? – perguntou nervosa.

- Não faço ideia. O porteiro disse que ela não está bem. Eu vou ver o que ela tem.

- Você não vai não. Como ela sabe onde você mora?

- Não sei – respondi balançando a cabeça em sentido negativo – mas eu vou descer sim. Ela pode estar precisando de mim – finalizei indo para a porta.

Entrei no elevador a contra gosto de Marisa. Durante a curta viagem o infeliz do meu coração fez o favor de ficar disparado. Eu iria ver Fabiana mais uma vez. Ela ainda não tinha desistido de mim, mesmo que eu já tivesse desistido dela. Pelo vidro escuro da entrada vi ela tentando se manter em cima das pernas. Ela tinha feito merda mais uma vez. Sua voz enrolada e seu jeito de dopada revelava isso enquanto ia dizendo coisas que meus ouvidos não queriam ouvir, mas minha emoção sim. Quando ela avançou sobre mim, minha reação foi segura-la, mas foi Marisa que surgindo do nada a jogou no chão dando inicio a uma cena patética.

- Marisa, não faz isso – falei tentando segurar Marisa ao mesmo tempo que olhava para Fabiana tentando se levantar.

Eu estava em uma situação complicada. Por mais que eu fosse forte, Marisa parecia um touro de nervosa e Fabiana também não ajudava com seu estado de álcool e drogas. Tentei amenizar a situação, mas recebi um ultimato de Marisa. Olhei para Fabiana com a velha sensação de impotência e entrei no prédio deixando Fabiana em um estado lamentável na calçada. Eu não sei mais o que eu podia fazer por ela, pra ela me esquecer. Marisa puxou meu braço com força para dentro do elevador dando murros no alumínio. Desci no andar do meu apartamento e fui até a janela. Fabiana continuava sentada na calçada chorando.

- Tá preocupada com ela Isabella? – perguntou Marisa ainda nervosa.

- Claro que estou – respondi com surpresa – olha o estado dela. Você não está?

- Claro que não. Quero que ela se exploda. Será que nunca vamos ficar em paz?

- Eu vou ligar para o Fernando – falei pegando o celular.

- Você não vai não. Ela não achou o caminho da sua casa? Que encontre o caminho da casa dela agora. Ou da boca onde ela comprou drogas.

- Eu vou ligar sim, Marisa. Não vou deixar que um momento de raiva domine sua sanidade. Ela precisa de ajuda. Que não seja minha, mas de algum amigo dela – respondi indo para o quarto escutando Marisa quebrar alguma coisa na sala. O telefone de Fernando estava dando caixa postal então tentei o de Paty.

- Oi Isa – ela atendeu meio arredia – o que você tem de novo?

- A Fabiana apareceu aqui em casa. Está bêbada e drogada – falei indo para a janela.

- Ela está ai? Puta que pariu, eu falei pra ela te esquecer!

- Ela saiu com o carro agora – respondi voltando para a sala – eu não sei pra onde ela está indo.

- Porque você deixou ela sair nesse estado dirigindo? Você não podia...

- Eu estou com a minha mulher em casa – cortei – não posso me envolver mais, Paty. Eu já fiz de tudo para ela me esquecer.

- Tá certo, Isabella. Você já fez tudo o que podia – falou magoada – obrigada por ter me avisado.

Paty desligou o telefone na minha cara e eu fui me sentar ao lado de Marisa no sofá. Ela tremia de raiva. A abracei, mas ela se afastou dos meus braços.

- Eu vou pra casa. Preciso trabalhar – ela falou pegando as chaves do carro.

- Amor eu não tenho culpa do que a Fabiana fez. Eu não posso ficar me escondendo sendo que eu não fiz nada.

- Não importa Isabella. Eu não quero ficar aqui agora.

- Faça o que você achar melhor – respondi jogando o telefone na mesinha.

- É assim?

- Quer saber? Vai esfriar a sua cabeça, quando você estiver mais calma você me procura – finalizei indo para o quarto.

Ouvi o barulho da porta da sala se abrindo e fechando. Voltei para a sala e Marisa já tinha saído. Ela tinha sido injusta. Ela não podia me culpar por me preocupar com alguém. Eu nem tinha feito nada demais. Nem mesmo tinha passado o endereço para ela. Peguei uma garrafa de Martini na cozinha e virei no gargalho. Desta vez a errada era a Marisa.

Não liguei e nem fui atrás de Marisa. Ao contrario liguei para Paty, mas ela foi grossa. Me disse que se eu não queria o mal de Fabi que era para eu não procura-la nem para saber como ela estava. Me disse que não era nada pessoal, mas ela estava do lado da irmã. Entendi sua reação. Eu faria o mesmo se estivesse no lugar dela.

Na manhã seguinte Marisa veio me pedir desculpas. Aceitei, mas adverti que ela nunca mais duvidasse de mim, nem desconfiasse dos meus sentimentos. Voltei para o trabalho no estúdio e o amigo de Raquel ficaria conosco pelo tanto de tatuagens e pelo crescimento do estúdio. Não contei a Raquel nada do que estava acontecendo. Não era uma boa coisa para se compartilhar. No outro dia, durante minha caminhada matinal li a pior noticia que poderia querer de Fabiana em uma capa de fofoca. Ela tinha sido internada em uma clinica de reabilitação. A matéria falava sobre os cancelamentos constantes dos compromissos por causa de drogas e álcool.

Eu estava matando ela. Lentamente.

- A Fabiana foi internada – falei para Raquel entrando na sua sala. Ela estava tatuando o braço de um homem.

- Ela sofreu um acidente? – perguntou se virando para mim.

- Não. Reabilitação – expliquei – álcool e drogas.

- Já era para se esperar isso daquela garota – respondeu voltando a se concentrar no desenho.

- Não fala assim Raquel – falei me sentindo mal com sua resposta – eu amo ela – finalizei num impulso.

- Não. Você não ama ela. Você ama a Marisa.

- Também. Vou ligar para o Fernando para saber como ela está.

- Não faz isso. Deixa essa garota com os problemas dela pra lá. Depois ela sai da reaheb e tudo vai ficar bem. Ela vai compor uma linda canção com esse triste episodio e vai ganhar mais fãs.

- Não posso – respondi indo para a porta – eu não consigo fingir que ela não existe.

Liguei para Fernando, mas assim como Paty ele também estava arredio de me dar informações sobre ela. Também disse que me adorava e coisa e tal, mas a Fabiana vinha em primeiro lugar. Também entendia sua posição. Comecei a acompanhar as noticias suas que saiam na mídia. Marisa saiu para sua mais longa viagem antes do nosso casamento. Ela ficaria fora por um mês viajando pelo nordeste com Ilanah e voltaria um mês antes da data que tínhamos escolhido para firmarmos o compromisso.

Durante as duas semanas seguintes pareci uma fã de Fabiana Pontes tentando achar qualquer tipo de informação que teria sobre ela. Tentava fazer com que Yasmim falasse sobre ela sem parecer suspeito quando Raquel não estava por perto. Só relaxei quando vi uma reportagem informando que ela havia parado o tratamento no meio e tinha pedido para sair. Eu sabia que ela não estava pronta ainda e que não podia ir pra rua do jeito que estava. Isso estava claro em seu rosto, na foto ao lado da matéria.

Marisa me ligou informando que iria prorrogar sua viagem por mais uns quinze dias por conta de algo que eu não entendi e não quis entender. Fiquei feliz que ela ia ficar fora mais um pouco assim eu poderia ter noticias de Fabiana sem me preocupar em ficar me escondendo dela. Na tarde daquele mesmo dia fui para Alphaville. Parei na frente de sua casa, mas havia uma grande movimentação de carros. Eu sabia que não deixariam Fabiana sozinha e nem podiam. Na semana seguinte voltei ao mesmo lugar. Desta vez a casa estava tranquila. Não havia carros na entrada. Mesmo que tivesse alguém em casa eu iria me arriscar. Queria ver ela, saber como ela estava.

Desci do carro atenta a movimentação dentro da casa. Não havia nenhuma. Toquei a campainha, mas ninguém apareceu. Tentei a maçaneta que estava aberta e entrei furtiva. Na sala não havia ninguém. Sai para o jardim e avistei Fabiana sentada no gramado perto da piscina de costas para mim. Andei devagar até o seu lado crente que ela perceberia a aproximação de alguém, mas ela não notou. Quando parei na sua frente vi uma triste cena. Fabiana estava com pinos de cocaína ao seu lado e cheirava uma fileirinha. Meu sangue subiu na hora.

- Que porra você está fazendo Fabiana? – perguntei nervosa jogando o pó para o lado – você acabou de sair da merda da reabilitação e já está usando porcarias?

- O que você está fazendo aqui, Isa? – perguntou surpresa e ao mesmo tempo nervosa – você não tem mais nada a ver com minha vida. Vai atrás da sua mulher.

- eu estou aqui porque eu me importo com você. Por mais que eu tente eu não consigo deixar de querer o seu bem, mas pelo visto você não está se importando consigo mesma.

- Se importa tanto que me deixou jogada na sarjeta gritando o seu nome – falou com rancor nos olhos – aquilo pra mim foi pior do que a morte. Foi a maior humilhação que você me fez passar.

- Eu te humilhei? Você aparece na minha porta bêbada e drogada, gritando o meu nome dizendo que me ama e eu que te humilhei? Você tinha a menor noção do que estava fazendo?

- Eu queria só falar com você. Tudo bem que eu não sabia o que estava fazendo, mas eu só queria falar com você. Me deixar ali por causa dela foi a pior dor que eu tive. Então você sabe muito bem o que estou fazendo.

- Você está tentado se matar aos poucos é isso? Você está tentando matar as pessoas que só querem o seu bem aos poucos? Será que você não percebe o mal que está fazendo as pessoas que te amam? Sua mãe, a Paty, a banda e principalmente você mesma.

- Não. Estou só estou tentando te esquecer. Sã eu não consigo isso. Se eu acabar morrendo pelo menos vai ser um problema a menos pra você.

- Então tá. È isso que você quer? Então vamos ver como é o inverso – falei me abaixando pegando um pino de cocaína despejando no azulejo na borda da piscina.

- O que você está fazendo? – perguntou surpresa – você não vai...

- Não vou o que? – perguntei com raiva deixando escapar uma lagrima – que eu não posso me matar como você? – finalizei pegando a nota de dinheiro ainda enrolada em sua mão.

- Para! Não quero que você faça isso!

- Eu também não quero que você faça isso! – gritei com raiva conseguindo enrolar em canudinho perfeito – mas você faz não é? Eu quero que você fique com a lembrança que foi por sua causa que experimentei essa merda – finalizei me abaixando para cheirar o monte de pó branco no chão.

Quando dei o primeiro tiro senti as mãos de Fabiana me empurrando para o lado. Cai esparramando a droga com a perna enquanto meu nariz ardia com a porcaria ingerida e com Fabiana se sentando sobre mim.

- Por que você fez isso? Por quê?

- Porque eu te amo – respondi chorando – eu te amo e não quero que você se mate.

- Você não pode me amar – respondeu deixando seu corpo cair sobre o meu – você ama a Marisa.

- Sim eu amo ela, mas eu te amo também. Eu não sei mais o que eu to fazendo, mas eu não quero ficar sem você. Não faz isso – finalizei aos prantos.

Fabiana chorava enquanto me beijava. Não relutei apenas deixei que seus lábios continuassem com beijos desordenados sobre meu rosto. Quando ela ficou mais calma a afastei para o lado e a puxei para ficar em pé.

A puxei para dentro de casa com uma mão enquanto coçava o nariz com a outra. Como alguém podia usar aquilo? Me perguntava sentindo o nariz e a parte superior da boca se anestesiarem. A puxei escada acima e a joguei em um banho gelado. Fabiana protestou, mas abracei embaixo do chuveiro já começando a ficar meio tonta. Balancei a cabeça para tentar fugir do efeito da cocaína e tirei suas roupas. Ficamos abraçadas por um longo tempo embaixo da agua gelada. A única coisa que nos esquentava eram nossos corpos devidamente grudados um no outro.

A tirei da agua e a sequei a deitando na cama. Procurei pelo seu guarda roupas e encontrei o closet numa porta ao lado do banheiro. Peguei um moletom qualquer e uma calcinha e a vesti enquanto ela só fazia chorar. Tirei minhas próprias roupas encharcadas e coloquei um outro moletom seu. Deitei com ela na cama até ouvir seus soluços cessarem sendo vencida pelo sono. Depois que ela dormiu dei uma varredura pelo quarto em busca de mais drogas e encontrei seu pequeno deposito atrás de uma gaveta do banheiro. Conhecia seus esconderijos por conta do tempo em que tive que enfrentar essa mesma tortura com ela. Joguei tudo no vaso e dei descarga. No jardim joguei também o que estava na beira da piscina e joguei agua no que tinha ficado no chão. Fui para a cozinha preparar alguma coisa para ela comer e estava subindo com a bandeja quando ouvi a porta da frente se abrir. Parei para ver quem era e dei de cara com Fernando, Rose e Paty me olhando com cara de confusos.

- O que você está fazendo aqui, Isa? – perguntou Paty já vestindo a postura de protetora de Fabiana.

- Eu estou cuidando da Fabiana – respondi também vestindo minha postura de protetora.

- Ela está assim por sua causa. Sua presença só vai piorar as coisas.

- Pior do que já estão não fica – falei descendo o degrau que tinha subido - eu encontrei a Fabiana no jardim com três pinos de cocaína. Encontrei mais cinco no banheiro e tenho certeza que vou encontrar pelo menos mais uns dez quando começar a revirar as coisas dela. Você acha que pode ficar pior?

- Ruiva você sabe que eu quero tanto seu bem como o da Fabi, mas eu tenho que concordar com a Paty. Ela vai ficar mauzona quando te ver.

- Ela já me viu por uma cortina de loucura – respondi voltando para a escada – eu sei que sou a pessoa menos indicada para estar aqui, mas fui eu quem conseguiu fazer ela parar uma vez. Se vocês me derem licença...

- Isabella eu não quero que você chegue perto da minha irmã. Deixa ela te esquecer! Deixa ela ser feliz!

- Ela nunca vai ser feliz do jeito que está e você sabe disso, Paty – falei tornando a descer o degrau – o que vocês vão fazer? Internar ela a força em uma clinica? Ficar gerando fofoca na mídia para acabar com a carreira dela que está só no começo? Eu não vou permitir que isso aconteça!

- Isabella eu...

- Deixa ela, filha – falou Rose pela primeira vez segurando seu braço em tom apaziguador – a Isa sabe o que está fazendo. Cuida da minha filha. Eu não sei mais o que faço com ela.

- Pode deixar Rose. Ela vai ficar bem.

Dei uma ultima olhada para os três e subi as escadas para o quarto de Fabiana. Ela tinha se mexido na cama, mas continuava dormindo. Coloquei a comida em um canto e entrei no seu closet revirando suas coisas. Depois de vinte minutos desci as escadas em busca de Paty e Rose. Fernando ainda estava na casa e Pedro tinha acabado de chegar.

- Eu falei que encontraria mais – respondi despejando outro tanto de pinos na mesa da cozinha onde todos estavam – vocês não procuraram no quarto dela?

- Claro que sim, mas como ela pode esconder tudo isso? Isso é quase trafico! – falou Paty assustada.

- Fundos falsos. Ela tem tara por isso – respondi me sentando ao lado de Fernando – eu não quero causar mal a ela. Eu juro. Eu só quero que ela fique bem. Eu conheço as manias dela quando se droga, onde ela esconde e onde ela compra. O nome do cara onde ela arruma essas merdas é Ratão. Eu já sai na mão com ele uma vez. Mantenham esse cara longe dela.

- Como ela pode esconder tudo isso sem que a gente não tenha visto? – perguntou Rose contrariada – obrigada Isa.

- Posso dar mais um conselho? – perguntei sem esperar a resposta – porque tem álcool nessa casa ainda? Meu deus! Aquele bar ainda tá cheio de vodka e uísque!

- Ela não anda bebendo. Só de vez enquando – falou Paty com a voz sumindo.

- Só que depois que ela parar de usar cocaína a primeira coisa que ela vai procurar é o álcool. Se vocês querem que ela fique bem a ajudem. Não passem a mão na cabeça dela. A Fabiana não tem mais doze anos. Ela já tem vinte e cinco.

- Vamos conversar no escritório Isa? – convidou Rose me indicando o corredor.

Sai da mesa sob o olhar atendo dos meninos e de Paty. Eu ia receber alguma bronca quilométrica de Rose, mas não estava me importando. Eu queria Fabiana bem. Entrei no cômodo atrás de Rose e fechei a porta preparando meus ouvidos para o que viria a seguir. Ela me indicou uma poltrona e se sentou na outra de frente.

- Porque você está fazendo isso? – perguntou se encostando na poltrona.

- Porque eu quero ela bem – respondi com sinceridade.

- Porque?

- Porque eu tenho um carinho muito grande por ela.

- Por que? – forçou Rose mais uma vez.

- Porque eu a amo – respondi vencida.

- Que tipo de amor é esse Isa?

- Não sei explicar Rose – falei sentindo meus olhos se inundarem – eu tento achar explicação para esse amor desde que a reencontrei, mas não acho.

- Você sabe que você precisa encontrar essa explicação, senão tudo isso que você está fazendo não vai servir de nada.

- Eu sei. Eu sei que sou eu quem está causando tudo isso, mas quero mudar isso. Não sei como, mas quero.

- E sua mulher? Marisa o nome dela não é? Onde ela fica nessa historia?

- Não sei Rose. Não me pergunte sobre coisa que ainda não achei respostas. Eu amo a Marisa com esse mesmo amor esquisito que sinto pela Fabiana.

- Tente se encontrar menina. Não brinque com os sentimentos de ninguém

Rose fez menção de falar mais alguma coisa, mas a voz de Fabiana chamando a mãe não permitiu que ela continuasse. Ela estava alterada, perguntando quem tinha mexido nas coisas dela.

- Fui eu – respondi saindo do escritório com Rose.

- Isa? Não foi um sonho? – perguntou confusa. Ela estava tão dopada que não se lembrava.

- Você quer dizer delírio? – perguntei cruzando os braços.

- O que você fez...

- Não importa o que eu fiz. Volta para o quarto. Eu coloquei um lanche para você lá.

- Você não pode mandar em mim!

- Cala a boca e sobe! – falei indo em sua direção a empurrando para as escadas.

- Mas...

- Não mandei calar a boca? – falei olhando em direção a Rose que colocava a mão no peito assustada.

Fabiana foi até o quarto sem dizer uma palavra como eu havia mandado. Quando entramos deixei que ela falasse.

- Pode falar agora.

- O que você ainda está fazendo aqui? – perguntou nervosa. Sei que ela estava louca para usar drogas e comigo por perto ela não o faria.

- Eu vou refrescar a sua memória. Eu cheguei aqui e você estava caída ao lado da piscina como uma imbecil enchendo a cara com essas merdas. Você por um acaso se lembra que por sua causa eu também cheirei? Que você me fez fazer isso?

- Mas o que você fez com as minhas coisas?

- A mesma coisa que fiz seis anos atrás. Então agora deita nessa cama, come a merda do lanche que fiz pra você e fica quieta.

Fabiana subiu na cama resmungando alguma coisa ininteligível e fez o que tinha ordenado. Ela me conhecia o suficiente para saber que eu não estava brincando.

Andei pelo quarto olhando seus cds que estavam ao lado do som. Minha visão periférica me mostrava que Fabiana estava inquieta olhando para mim. Não demorou muito e ela levantou da cama vindo em minha direção segurando meus braços fazendo com que os cds que eu segurava fossem parar no chão.

- Eu não sei o porque de estar fazendo isso, mas é que você não entende! Eu preciso Isa, por favor! Onde você colocou?

- No lixo – respondi calma – lugar de lixo é no lixo.

- Porque você fez isso, agora vai dar mó trabalho – falou colocando as mãos na cabeça como se estivesse perdendo o ar.

- Escuta e dessa vez presta atenção. Se eu tiver que passar por tudo de novo. Eu vou passar.

- Eu preciso sair, você faz o que quiser – falou indo em direção a porta só para depois perceber que eu havia trancado.

- Você não vai sair desse quarto, não vai ser tão fácil assim – falei me sentando na poltrona.

- Cadê a chave dessa merda? – perguntou nervosa dando um chute na porta.

- Eu escondi ela – falei mantendo a calma – e nem que você me bata eu vou te devolver.

- Sua vagabunda! O que você quer aqui? Minha vida estava perfeita sem você!

- Eu vi como estava perfeita. Um trapo ao lado da piscina.

- Vá embora! Eu não te quero aqui! Volta para vadia da sua mulher.

Tentei manter a calma, mas quando ela mencionou Marisa não consegui me segurar. Ela não tinha nada a ver com aquilo.

- Não coloca ela nessa sua história imunda – falei nervosa – mas tá certo. Já que você resolveu baixar o nível, vamos lá.

- Vamos lá onde?

- Você não quer se drogar? Não quer buscar drogas? Eu vou com você. A boca do Ratão ainda é no mesmo lugar?

- Não... Não... Você não vai fazer isso. Você não pode fazer isso.

- Então você se decida – falei voltando a me sentar – essa é a única forma de você ter o que você quer. Só vai usar se eu usar junto.

Fabiana voltou a se sentar na cama ainda descontrolada, mas respirando fundo tentado se acalmar. Ela sabia que eu faria o que estava ameaçando. E ela não me deixaria fazer isso.

- O que você quer de mim? – perguntou deixando escapar uma lagrima.

- Por enquanto uma musica – respondi indo pegar o violão ao lado de uma mesa – você pode cantar alguma coisa do Legião.

- Agora eu não consigo – falou de jogando na cama de costas.

Ela ficou nessa posição com os olhos vidrados no teto até adormecer. Quando ela acordasse teria outra crise de abstinência novamente. Sai do quarto e dei de cara com Paty indo bater na porta. Sai e tranquei cuidadosamente para Fabiana não sair.

- Está tudo bem? – perguntou me seguindo para o andar inferior. Na sala além dos que já estavam na casa também tinham chegado Claudio e Ariane. Meu sangue ferveu quando a vi ali.

- Está tudo bem Isa? – perguntou Rose preocupada – eu ouvi os gritos da Fabiana. Ela está bem?

- Ela está dormindo – respondi terminando de descer as escadas indo em direção a Ariane – o que essa piranha tá fazendo aqui?

- Qual é Isa? – falou Paty surpresa – ela é amiga da Fatita.

- Amiga da onça – falei avançando sobre ela.

- Ainda tem ciúmes de mim Isa? Não fique...

- Me dá a sua bolsa – pedi estendendo a mão.

- Pra que?

- Nãos e faça de santinha. È você quem está trazendo drogas pra ela.

- Claro que não...

- Quantas vezes ela vem aqui por semana Rose? – perguntei sem tirar os olhos de Ariane.

- Não sei umas três vezes, mas você está errada Isa. A Ariane não faria isso com a Fabi.

- Vamos ver se estou errada – falei partindo pra cima da garota arrancando a bolsa da sua mão com estupidez. Abri o zíper e comecei a jogar o conteúdo no chão sob seus protestos. Achei o pequeno rasgado no fundo e o peso dos pinos – será que estou errada? – Finalizei mostrando cinco pinos.

Fernando olhou incrédulo pra mim. Rose e Paty estavam igualmente chocados. Não demorou para que eles a colocassem para fora. Era mais uma fonte fechada.

- Ninguém que seja de completa confiança pode entrar nessa casa – falei me sentando no sofá com as mãos no rosto - qualquer um pode trazer drogas pra ela.

- Pode deixar Isa – respondeu Rose – vamos te ajudar a cuidar dela.

Apenas assenti com a cabeça na sua direção. A real reabilitação de Fabiana começara.



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Capitulo 28

[10/04/12]

Capitulo 28: Fabiana

Mamãe nem me deu tempo para respirar, gritava comigo. A dor de cabeça que comia meu juízo me fez perder as estribeiras.

- Caralho mãe. Eu já disse que to bem. É invenção da Paty – falei ainda no chuveiro.

- Olha como você ta falando minha filha. Você sabe o que você ta fazendo. E sabe muito bem o que você me obriga a fazer. Eu não quero você se matando.

- Mãe se você ta pensando em me internar em uma clinica pra doido já fique sabendo que eu não vou. Eu não vou, porra – falei dando um murro na parede.

- Você vai. Agora você tem duas escolhas ou você pode ir por vontade própria ou a força – disse saindo do banheiro indo em direção ao closet.

- Mãe você não ta entendendo. Eu não quero, você não pode fazer isso. Eu tenho shows para fazer.

- Até mentindo você está, você sabe muito bem que todos os seus shows foram cancelados e eu tenho uma novidade pra você a gravadora está querendo cancelar o contrato que eles tem com você.

- Isso não é verdade – falei com espanto – eu não estou sabendo nada disso. O Fernando não me disse que a gravadora queria cancelar o contrato.

- Pois é verdade minha filha, você deveria prestar mais atenção na sua vida. No que você esta fazendo com a sua vida, seus amigos dependem de você.

- Esse é o problema mãe todo mundo aqui depende de mim. Será que ninguém percebeu que eu não quero mais isso. Que é pra eles se virarem.

- Não seja egoísta Fabiana. Sempre tive orgulho por você ser justa. Não me decepcione falando e agindo de forma tão egoísta. E tudo isso por causa de uma mulher que não te quer.

- Não fala dela, sua...

- Sua o que? Fala.

- Quer saber, sua vagabunda. Vai se ferrar eu não te quero aqui.

Após falar isso só senti o ardor do tapa que ela me deu na cara.

- Escuta aqui, eu nunca te bati porque nunca foi preciso, mas agora eu te desconheço. Você não me quer aqui? Eu não te quero aqui, sua irmã não te quer aqui e até seus amigo não te querem aqui dessa forma – falou mamãe aos prantos.

- Acho que vocês não estão entendendo essa casa é minha, os motivos que eu estou fazendo só interessa a mim então some daqui. Eu não quero saber de mais ninguém.

- Você só quer saber dela? Pois pode ter certeza se você continuar a se drogar eu vou ser a primeira pessoa a intervir se por algum motivo a Isabella resolver voltar com você. Eu vou contar pra ela o que você anda fazendo e como você anda agindo.

- Você não entende, tudo o que eu fiz foi por ela. Até quando eu achava que ela tinha me traído. Tudo o que eu conquistei foi por causa dela. Agora pra mim nada mais faz sentido. Então seu só tenho uma coisa a fazer.

- Se matar? Então faça de uma vez. Porque eu prefiro você morta do que te ver desse jeito. Eu sempre aceitei tudo o que você fez na vida Fabiana. Mas isso eu não aceito. Você vai pra clinica sim. Seja a força ou não.

- Ta bom, chega... – falei aos gritos – eu vou só assim você vai parar de me encher.

- Você vai? Que bom, agora se arruma que saímos em cinco minutos – falou minha mãe saindo e batendo a porta do quarto.

Fui obrigada a ceder senão ela não ela não iria sair do meu pé. Seria só por um tempo. Fomos o caminho todo da clinica caladas dentro do carro. Fernando nos levou. Quando chegamos, um médico veio me falar que tinha sido bom eu ter ido por vontade própria. Assim não seria tão traumático. E que o tratamento dependeria somente e exclusivamente de mim. Eu nem dei muita bola. Não queria me curar, só queria que todos saíssem do meu pé. Eu já não ligava para nada, a única coisa que eu queria eu não poderia ter. Então de que valia ficar sóbria? Alguns dias após minha internação, recebi uma visita de Ariane.

- E ai moça, veio tripudiar também – falei rindo.

- Não gata, achei o oh eles fazerem isso com você – disse me abraçando – vim saber se estava precisando de uma coisa.

- Agora eu estou precisando um dos grandes – disse me voltando a sentar.

- Eu posso te ajudar com isso, mas aqui dentro fica meio complicado. Você não pode fazer nada para sair daqui – falou olhando para os lados.

- A hora que eu quiser, mas se eu sair agora minha mãe vai ficar no meu pé.

- Não seja por isso, você pode ficar em casa.

- Não, eu vou aguentar mais uma semana acho que já vai ser o suficiente para dar uma enrolada neles.

- Bom, mas e agora o que posso fazer por você?

- Você pode ficar aqui conversando comigo.

- Ótimo.

Ariane ficou a tarde toda comigo naquele dia. Eu sairia em uma semana e ela me ajudaria com o meu problema de abastecimento. Era perfeito o esquema que bolamos. E ninguém iria desconfiar dela, ninguém sabia que eu comecei a usar drogas com ela. Só Isabella, mas ela não estaria nunca mais por perto. Então não atrapalharia. Como eu havia prometido, saí em uma semana. Fiz o papel de boa moça e fiquei em casa. Ariane cumpriu o prometido e como pagamento por seu favor e lhe dava ótimas noites de prazer e é claro uma grana para ela me arrumar mais e se manter. Procurava me drogar sempre a noite ou quando ninguém estava por perto. Mas não demorou muito para me descobrirem. Queriam me internar de novo mais disse que não iria e se fosse internada a força eu fugiria. Eu sabia que o que estava fazendo não era justo, mas sabe quando você não se importa. A droga meio que tira todo sentimento que tem dentro de você. Eu estava assim, não amava mais ninguém e com isso finalmente eu não conseguia mais sentir nada pela Isabella. Estava conseguindo o meu objetivo, sempre que eu lembrava dela eu cheirava uma quantidade suficiente que me fazia esquecer. Passaram-se mais uns dias e tive uma puta briga com Paty, não queria ela se metendo no que não era da sua conta. Até avançar em cima da Paty eu avancei. Iria bater nela se não fossem os gritos de desespero da minha mãe. Elas saíram e eu fui me drogar novamente. Estava no Jardim, não lembro de muita coisa. Só que tive uma visão de Isabella sentada ao meu lado também usando. Ou eu achava que estava tendo uma alucinação, naquele mesmo dia acordei no meu quarto. Acordei na neura e fui atrás de mais droga em um dos lugares que eu havia escondido. Não achei nada, procurei no meu quarto todo, em todos os meus esconderijos e não encontrei. Fiquei louca, a droga já fazia parte de mim e a ideia de ficar sem ela me deixava paranoica, agressiva. Desci as escadas gritando quem tinha mexido nas minhas coisas. Quando cheguei no fim dos degraus Isabella apareceu como se fosse um anjo. Do nada.

- Fui eu – respondeu Isabella

- Isa? Não foi um sonho? – perguntei confusa. Não me lembrava muito bem.

- Você quer dizer delírio? – perguntou com os braços cruzados, ela estava linda toda nervosinha

- O que você fez...

- Não importa o que eu fiz. Volta para o quarto. Eu coloquei um lanche para você lá.

- Você não pode mandar em mim!

- Cala a boca e sobe! – falou me empurrando escada a cima.

- Mas...

- Não mandei calar a boca?

Fiz como ela tinha me mandado. Eu sabia que contraria-la seria perda de tempo. E também não queria conversar com ela na frente de todos. Por mais que eu ainda estivesse sobre o efeito da cocaína eu não queria que ela me visse daquela forma. Bem na verdade eu não queria vê-la. Mas já que estava ali teria que enfrentar.

- Eu não sei o porque de estar fazendo isso, mas é que você não entende! Eu preciso Isa, por favor! Onde você colocou?

- No lixo, lugar de lixo é no lixo.

- Porque você fez isso, agora vai dar mó trabalho.

- Escuta e dessa vez presta atenção. Se eu tiver que passar por tudo de novo. Eu vou passar.

- Eu preciso sair você faz o que quiser – falei sem perceber que a porta estava trancada.

- Você não vai sair desse quarto, não vai ser tão fácil assim.

- Cadê a chave dessa merda?

- Eu a escondi e nem que você me bata eu vou te devolver – sua calma era o que me dava mais raiva.

- Sua vagabunda! O que você quer aqui? Minha vida estava perfeita sem você!

- Eu vi como estava perfeita. Um trapo ao lado da piscina.

- Vá embora! Eu não te quero aqui! Volta para vadia da sua mulher.

- Não coloca ela nessa sua história imunda, mas tá certo. Já que você resolveu baixar o nível, vamos lá – falou colocando o dedo na minha cara.

- Vamos lá onde?

- Você não quer se drogar? Não quer buscar drogas? Eu vou com você. A boca do Ratão ainda é no mesmo lugar?

- Não... Não... Você não vai fazer isso. Você não pode fazer isso.

- Então você se decida, essa é a única forma de você ter o que você quer. Só vai usar se eu usar junto.

Não acreditei que ela estava me propondo aquilo, de forma nenhuma iria permitir que Isabella fizesse de novo. Me sentei e respirei fundo tentando me acalmar. Não sabia por que ela estava fazendo aquilo, ela nem me amava. Eu estava confusa com essa atitude de Isabella, por um minuto pensei que era efeito da droga. Mas não ela estava ali mesmo, tentando de todas as formas me ajudar. Mas por quê? Perguntei o que ela queria e ela apenas me respondeu que queria uma musica. Não estava em condições de cantar ou tocar. Primeiro porque minha voz estava zuada e segundo por causa do efeito das drogas eu andava com tremedeiras nas mãos. Então recusei, disse que não poderia naquele momento. Era a primeira vez que eu recusava uma musica pra Isa. Mesmo quando brigávamos e estava brava com ela nunca recusava. Me deitei olhando para o teto e adormeci. Acordei algumas horas depois. Estava em crise, precisava da droga. Meu corpo pedia isso e não tê-la era como se me faltasse o ar. Briguei, xinguei, joguei coisas na parede e até ameacei bater nela. Mas Isa não cedeu. Foi firme até o fim. E quando ela via que eu estava agressiva demais ela dizia que eu só poderia usar se ela também usasse ai eu parava com a crise e dormia. Foi assim durante a noite toda e o dia seguinte.

Acordei pela manha do terceiro dia, mais calma. Parecia que um trator tinha passado pelo meu corpo. Isa estava dormindo ao meu lado segurando minha mão. Levantei tentando não acorda-la. Fui ao banheiro lavei o rosto e voltei para o quarto. Fui até a porta e ela estava trancada, me lembrei que ela havia escondido a chave. Pensei em procurar, mas ela estava tão linda dormindo. Toda aconchegada na minha cama que achei melhor não faze-lo. Fiquei admirando ela dormindo e me lembrei de seu pedido do primeiro dia. O violão estava sobre a poltrona. Peguei, me sentei e tentei dedilhar. Minha mão ainda tremia um pouco, mas persisti. Logo a melodia tomou conta do quarto. A musica era Inferno do Reação em cadeia.

Fico perdido quando você fecha a porta

Insatisfeito por não ter uma resposta.

Acostumado a viver só com você

Compenetrado em fazer acontecer

Talvez aquilo que me disse faz sentido

Que o meu corpo já não É mais seu abrigo

Não tenho culpa por você não me querer

É uma desculpa pra tentar me convencer

Que acabou, que acabou pra nós dois.

Encontrei o inferno, ao descobrir o céu

Paguei o seu preço, o seu destino é meu.

Isabella acordou e se sentou na cama. Ficou me olhando com um sorriso que há muito tempo eu não via. Terminei a canção, me levantei e me sentei na cama.

- Bom dia, meu a... – falei lembrando que já não poderia mais chama-la assim – Isa.

- Bom dia, vejo que está melhor – falou passando a mão nos cabelos.

- Sim, mas primeiro de tudo tenho que pedir desculpas.

- Não fala nada agora. Eu sei como você fica, por isso nem liguei.

- Mas mesmo assim, me desculpas – falei sentindo culpa pelas barbaridades que disse.

- Quero você bem, porque só assim eu... – falou dando uma pausa

- Você pode ficar em paz com a Marisa – disse terminando a frase.

- É, isso mesmo – falou com a voz tremula.

- Tudo bem, mais o importante que você está aqui.

- Vamos descer? Vou preparar o café para nós.

- Na boa, to sem fome.

- Você tem que comer alguma coisa, a noite foi difícil.

- Tá, vou tomar um banho e já desço.

- Não senhora, eu te espero.

- Você poderia tomar comigo – falei dando um sorriso sacana.

- Não tudo bem, essa eu passo – falou me cortando. Eu sabia que ela não iria, mas não custava tentar.

Fui tomar banho e logo descemos. Chegamos a cozinha e lá estava, minha mãe, Paty, Fernando, Claudio e Pedro. Passaram esses dias lá e estava com cara de exaustos. Estava envergonhada, sabia que todos estavam ali por minha causa. É como se minha vida parasse a vida de todos eles parava também. Então apenas disse um bom dia de cabeça baixa. Foi como um coral o bom dia deles. Minha mãe já tinha feito café para todos, mas Isa disse que faria algo diferente para nós. Ela sabia o que eu podia comer naquele momento. Algo natural. Ela estava toda perdida na cozinha então resolvi ajuda-la. Terminamos café e fomos para o jardim, achei estranho ninguém perguntar nada. Ou me questionar. Fomos apenas eu e Isabella para o jardim. Não demorou muito tempo e os meninos foram embora também. Eles se despediram de mim e de Isa e disseram a Isabella que qualquer coisa era para ela ligar. Não gostei muito disso, acho que eles tinham medo que eu fizesse algo com ela. Mas acabei entendendo, provavelmente eu devo ter sido muito agressiva esses dias.

- Como você esta se sentindo essa manha? – perguntou Isa se sentando ao meu lado.

- Envergonhada – respondi.

- Por quê? – perguntou novamente, percebi que ela queria que eu assumisse que estava errada.

- Porque eu sei o que fiz, Isa. Eu me deixei levar pela situação. Não posso te dizer que não estou louca para dar um tapa. Mas sei que tenho que vencer essa vontade.

- E agora o que você pretende fazer?

- Melhorar, quem sabe assim...

- Assim... o que? – perguntou fazendo cara feia por causa do sol que batia em seu rosto.

- Melhor não.

- Melhor não o que?

- Ai para de e perguntar tanta coisa – falei rindo.

- Eu só queria saber. Sabe você ultimamente anda fazendo muito isso.

- Isso o que? – perguntei curiosa.

- Começa uma frase e não termina.

- Eu só faço isso com você. Tenho que pensar o que posso te falar, porque isso te incomoda?

- Não eu gostaria que você fosse sempre franca comigo.

- Por quê?

- Porque sempre fomos assim uma com a outra.

- Assim como? – perguntei tentando irrita-la.

- Ai para de perguntar.

- Ta vendo como é gostoso – falei rindo.

- Mas falando serio, porque você voltou a fazer isso? Nós lutamos tanto pra vencer esse vicio.

- Esse é o problema Isa, nós lutamos por muita coisa juntas. E nos perdemos no meio de nossas próprias confusões. Quando você me mostrou que eu estava sozinha novamente eu pirei. Eu percebi que sem você não tem porque lutar.

- Fabi, eu sempre quis estar ao seu lado e é isso que pretendo daqui pra frente. O que quero que você entenda é que se não deu certo como casal nós podemos fazer dar certo como amigas.

- Eu... não... quero – falei deixando uma lagrima cair.

- Por quê? O carinho que tenho por você é o que me faz estar aqui. Porque não podemos ser amigas?

- Porque se é pra te esquecer eu prefiro que você não esteja aqui. Eu sei que a forma que eu escolhi pra fazer isso está errado. Mas foi a única forma que eu consegui.

- Então você estava se drogando pra me esquecer? – perguntou com a cabeça baixa.

- Sim, e quando passava o efeito eu cheirava mais pra te esquecer novamente.

- Fabi, eu... eu... sempre te... – falou Isa sendo interrompida pela presença de Samantha. Mas que droga ela aparecer justamente nessa hora. Eu disse que tinha ido me ver, que não tinha conseguido vir antes por conta de um trabalho.

- Fabi, podemos conversar as sós? – perguntou Samantha.

- Claro...

- Não ela não pode – falou Isabella se levantando colocando as mãos na cintura.

- Isa, o que foi. Não posso receber visitas agora? – perguntei nervosa.

- Não você não pode, vai pro seu quarto – falou fuzilando o meu olhar de raiva.

- Mas você não pode fazer isso – falou Samantha também ficando brava.

- Tão posso como estou fazendo. Fabi vai pro seu quarto. Depois que eu falar com essa ai, você fala com ela.

- Mas...

- Vai logo Fabi – falou empurrando o meu braço.

Acabei indo não queria discutir com ela porque senão ela iria embora e eu não queria isso. Quando estava entrando na cozinha, Paty perguntou onde eu estava indo. Abaixei a cabeça e disse que Isa tinha me mandado subir. Ela deu risada da situação e então eu subi. Não demorou muito para Samantha subir toda molhada.

- O que aconteceu? – perguntei a Samantha dando risada de sua cara que estava toda borrada por causa da maquiagem.

- Ela me derrubou na piscina, aquelazinha – falou brava – me da uma toalha e uma roupa pra me trocar.

- Mais por quê? – perguntei pegando a toalha – porque ela te jogou na piscina?

- Eu fui dizer a ela que ela não podia fazer isso comigo, porque eu era sua amiga. Ai ela ficou toda nervosinha, colocou o dedo na minha cara e me disse umas coisas que prefiro nem falar. Só que ai eu me apavorei e fui recuando ai quando percebi já estava caindo na piscina.

- Então propriamente ela não te derrubou. Você caiu – falei rindo.

- Vai ficar defendendo ela, ai que ódio. Como eu queria trucidar ela.

- É mais você tem medo dela, como você conseguiria fazer alguma coisa?

- Não sei só sei que eu to com essa vontade.

Depois que ela se trocou com o moletom que dei a ela descemos pra ir pra piscina. Isabella estava na cozinha com Paty e minha mãe. Eu passei dando risada e Samantha fuzilava o olhar de Isabella que olhava com cara de desdém.

- Mas esquecendo esse momento, como você tá? – perguntou Samantha se sentando na cadeira.

- Eu to bem, mas também to muito confusa. As coisas foram acontecendo Sam. Não sei como me deixei levar.

- Mas por que você ta confusa? E porque ela está aqui? Pelo o que eu entendi ela disse pra você nunca mais procurar ela e quando eu chego aqui ela está aqui toda cheia de si parecendo a dona da casa.

- Esse é o motivo da minha confusão, eu não sei por que ela está aqui. Acho que é culpa. Não sei, pode ser que ela se acha culpada pelas coisas que eu fiz.

- Mais você não anda fazendo mais essas coisas?

- Não, passei uns dias difíceis. Mas ela sempre me acalma.

- Ela largou a mulher dela?

- Não sei, nem perguntei.

- Então acaba sendo perigoso pra você a presença dela aqui.

- Por quê? Essa eu não entendi. A presença dela só está me fazendo bem.

- É, mas e se ela for embora. Como você vai ficar?

- Não sei, Sam. Na verdade tem muita coisa acontecendo que eu não sei como explicar. O que posso te dizer é que por enquanto eu estou bem, e pretendo me manter assim. Tenho algumas coisas a resolver com as pessoas. Mas agora eu não consigo, por causa da vergonha que to sentindo.

- Ai mulher, você sempre foi tão forte. Porque isso agora?

- A verdade?

- Sim.

- Isabella sempre foi minha maior força, mas também minha maior fraqueza. Eu preciso trabalhar isso dentro de mim, porque sei que tenho que esquece-la. Eu posso até não conseguir, mas tenho que reaprender a viver sem ela.

- Isso mesmo. Mas acho que essa historia não acabou.

- Não acabou o que? – perguntou Isabella se juntando a nós, se sentando a minha frente.

- Até isso, olha eu posso até entender o que você está fazendo. Mas uma coisa que eu nunca vou entender é falta de educação – falou Samantha olhando para Isabella. Finalmente ela estava enfrentando Isabella.

- É Isa, ta demais. Desculpa, mas eu gostaria de falar com a Sam a sós.

- Porque, acho que o que ela vai te dizer não é uma coisa que eu não posso ouvir – falou cruzando as pernas.

- Bom, se você quer ficar. Então fique.

- Ótimo. Então sobre o que falavam? – perguntou Isabella.

- Falávamos, sobre como era bom as noites que passávamos juntas – falou Samantha colocando a mão na minha perna – como fazíamos loucuras na cama.

- É... que legal... – falou Isabella engasgando com o suco que tomava.

- É, eu adoro quando ela me pega de quatro. Sabe ela me fez sentir um prazer que nunca ninguém fez. Não é Fabi? – falou Sam se virando para mim, com a mão ainda na minha perna.

- Não me meta nessa. Eu to caindo fora – falei me levantando.

- Não Fabi, fala como que você deu todo esse prazer pra ela – falou Isabella me encarando.

- É, Fabi conta pra ela. Ah bobagem né menina, você sabe como que é. Apesar que ela pode ter sido mais sem sal com você, né?

- Bom, você podem ficar ai se matando que eu não to nem ai. Não quero participar disso. Sam quando vocês terminarem sobe lá no quarto – falei saindo deixando as duas lá me olhando.

Quando cheguei ao meu quarto minha mãe estava lá arrumando algumas roupas no armário. Ela disse que já estava saindo sem olhar pra mim. Pedi a ela um minuto.

- Me perdoa, eu não queria... – falei a mamãe sendo interrompida por ela.

- Não fala nada, só me diz por que você fez isso? – perguntou com lagrimas nos olhos.

- Mãe eu não tenho como explicar muita coisa que fiz na minha vida. Mas o que posso te dizer agora é que eu te amo. E que a pessoa que você viu alguns dias atrás nunca mais você vai ver.

- Eu espero, também te amo minha vida. Vou confiar em você, como sempre acreditei. Espero que não me decepcione.

- Não vou. Eu te prometo que não vou.

- Tá, agora vem aqui me dar um abraço – falou mamãe abrindo os braços.

Choramos alguns minutos abraçadas. Nunca precisamos conversar muito tempo para nos resolvemos. Sempre que prometia uma coisa pra minha mãe eu cumpria. Por mais que dessa vez fosse difícil pra mim, por ela eu não me deixaria levar. Logo Samantha se juntou a nós e juntas descemos para a sala. Passamos uma tarde até que agradável só os olhares de Samantha e Isabella que me irritava um pouco. Mas pro final da tarde Paty veio falar comigo. Mas ainda não estava preparada. Com ela seria mais difícil a conversa. Disse a ela que quando eu estivesse preparada conversaria com ela. Fui até o escritório e quando voltei para o jardim encontrei Isabella e Samantha conversando em um canto. Elas estava calmas então resolvi não intervir. Disse a mamãe que estava com vontade de comer churrasco e ela disse que poderíamos fazer e chamar os meninos. Eu disse que não, não queria. Estava envergonhada demais pra isso. Ela entendeu então que faríamos só nós. As meninas se juntaram a nós e mamãe falou da minha ideia. Elas adoraram, logo estava tudo pronto e eu fui pra churrasqueira pra assar as carnes. Fui pra cozinha atrás de cerveja e Isabella veio atrás de mim perguntando o que eu queria.

- Uma cerveja – falei com a geladeira aberta.

- Tem laranja ai? Podemos fazer suco que tal?

- Claro, tem vodca? Melhor ainda.

- Não, algo sem álcool Fabi.

- Por quê?

- Você não pode beber, pelo menos até se controlar. Como antes, entendeu? – falou pegando as laranjas.

- Mas não tem nada haver. Eu beber não quer dizer que vou querer cheirar, Isa – falei brava.

- A Isabella tem razão, Fabi. Tá tão legal assim, não precisamos de álcool pra nos animar – falou Samantha se postando ao lodo de Isabella.

- Ficaram amiguinhas agora? – falei surpresa com a atitude de Samantha.

- Não é isso e outra acho que nem tem álcool aqui. Então, vamos ficar de boa.

- É como eu disse, só quando você estiver mais controlada – falou Isabella colocando as laranjas sobre a mesa.

- Tá certo, fui vencida. Duas contra uma não dá. To em desvantagem – falei fechando a geladeira e voltando para a churrasqueira.

Estava todo mundo feliz, eu ainda estava um pouco fora de mim. A vontade de me drogar apertava de vez enquando. Mas olhava pra Isabella e passava. Jantamos e eu fui para o meu quarto. Samantha foi a minha procura para dizer tchau, ela ia embora. Pedi para ela ficar, mas ela disse que tinha que ir, tinha gravação de um comercial pela manha no rio. Eu entendi, mas fiz ela prometer que logo voltaria. Nos despedimos com um selinho como sempre fizemos que foi visto por Isabella. Achei desagradável isso, ela se despediu de Samantha um pouco seca e foi para o quarto de hospedes. Levei Sam até a porta e voltei para falar com Isa. Bati na porta e entrei. Ela estava de toalha, pedi desculpas e disse que depois voltaria. Ela disse que não tinha problemas, só colocou um roupão para ficar mais confortável com a minha presença.

- Você vai dormir aqui hoje? – perguntei olhando o guarda-roupas que continha as poucas roupas que ela trouxe.

- Sim, vou te dar um voto de confiança – falou se sentando na cama.

- Mas por quê? – falei me sentando ao seu lado.

- Porque, como eu disse estou te dando um voto de confiança.

- Eu gostaria que você ficasse lá comigo, eu posso dormir no chão e você fica na cama.

- Mas Fabi, não tem muito cabimento você dormir no chão. Sendo que tem vários quartos vazios aqui.

- Por favor, não quero ficar sozinha. Eu te prometo que não tento nada.

- Eu não tenho medo de você, não é por isso que me acomodei aqui.

- Por favor, vai.

- Ta certo.

- Obrigado.

- Gostaria de falar com você sobre esse medo, precisamos resolver isso.

- Pode ser outra hora? Preciso te perguntar uma coisa.

- Pergunte.

- E a Marisa, Isa. Onde ela está? – falei encarando seus olhos.

- A Marisa está viajando, volta em quatro dias.

- Ela sabe que você está aqui?

- Não, vou contar a ela. Só estava esperando você melhorar.

- Então você vai embora, quando ela voltar? – perguntei abaixando a cabeça.

- Sim, eu tenho que ir.

- Porque você está aqui, Isa? Já me passou pela cabeça varias respostas para essa mesma pergunta. Mas só você vai poder me responder.

- Porque o que tivemos foi muito forte, para eu deixar você se matar.

- Mas a ultima vez que nos falamos, você disse que só tivemos brigas e desconfianças.

- Sim, eu sei que te disse isso. Mas também sei que não foi só isso. Tirando esses momentos, nós fomos felizes. E é por isso que eu estou aqui.

- Agora mais calmas eu gostaria de saber mais uma coisa de você. Por que você acha que eu agi daquela forma com você.

- Porque você não confiava em mim.

- Mas porque eu cheguei a esse ponto?

- Não sei Fabi, talvez você não me amava o suficiente para confiar em mim. Ou você não via o amor que eu tinha por você – falou Isa se irritando com o conteúdo da conversa.

- Calma, não precisa se irritar. Estamos só conversando.

- É que você vem com esses assuntos, isso não importa mais.

- Pra mim importa, porque desde que você me deixou eu estou saindo como vilã e isso não é justo.

- Ta Fabi, qual foi o motivo.

- Os primeiros anos eram tudo perfeito, lindo e magico. Depois você se afastou eu entendo que você nunca gostou da minha carreira por conta do que eu canto. Mas, poxa, você era minha mulher, se fosse ao contrario eu estaria lá do seu lado. Como sempre fiz, mesmo não gostando da Raquel eu te apoiei quando você foi trabalhar com ela. Eu não poderia te proibir de voar. Teríamos tudo pra dar certo, mas você se afastou e com isso eu passei a desconfiar de você. Na minha cabeça essa mudança da noite pro dia não era normal.

- Você ta falando que sempre me apoiava, mas nunca esteve no meu lado mesmo. Sempre quando eu chegava com alguma coisa pra te falar sobre os meus planos você estava sempre ocupada, nunca conseguia prestar atenção em mim – falou chorando.

- Eu sei que errei com você nisso também. Você se lembra aquele momento que passamos necessidade?

- Hã...

- Eu nunca mais quis fazer você passar por isso, então prometi pra mim que nunca mais você iria passar por isso – levantei da cama colocando as mãos na cabeça – me doía saber que você não tinha as coisas básicas pra sobreviver. Então resolvi me dedicar ao meu trabalho, pra você nunca mais precisar passar por aquilo de novo.

- Não precisava nada disso, Fabi. Pra mim só importava ter você do meu lado. Confiando em mim, da mesma forma que eu confiava em você. Me amando da mesma forma que te amava. Nós erámos mais felizes com um miojo e uma lata de sardinha do que se tivéssemos caviar com champanhe todos os dias.

- Eu errei, eu reconheço isso. Mais eu errei porque eu te amava demais.

- Bom, mas isso já passou – falou enxugando as lagrimas.

- É, não importa mais. Eu não posso mudar o que passou. Mas eu posso fazer diferente agora. Eu sei que você vai embora e vai casar com a Marisa.

- Sim...

- Mas eu quero que você saiba que quando você sair por aquela porta você pode ter certeza que pode voltar. Sempre, você faz parte de mim. E só o fato de não te ter me faz enlouquecer. Quando você entrar naquele cartório e se casar com ela, eu quero estar lá, porque eu sei que você vai estar feliz e sei também que a Marisa vai te fazer feliz. Ela vai fazer diferente e melhor que eu. Eu descobri que eu não posso te esquecer, mesmo porque isso é impossível. Eu te amo e sempre vou te amar. Mas eu prefiro você feliz ao lado dela do que saber que você sofre ao meu lado.

- Fabi, eu...

- Não precisa falar nada, eu vou pro meu quarto pra você poder tomar banho. Te espero lá – dei um beijo em seu rosto e sai.

Acho que fiz a coisa mais certa e sensata da minha vida. Isa seria feliz e era isso que mais importava pra mim.



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Capitulo 29

[13/04/12]

Capitulo 29: Isabella

Os primeiros dias que passei com Fabiana foram bem mais difíceis do que imaginava. Acreditava piamente que ela logo recobraria a sanidade e daria conta da besteira que estava fazendo, mas não foi como planejei. Liguei para Raquel falando que não ia trabalhar por alguns dias e liguei para um amigo tatuador que tinha trabalhado comigo na Galeria e pedi que ele fosse me cobrir no Rabella. Raquel não gostou muito da ideia, mas ela sabia que quando eu me concentrava em alguma coisa, eu ia até o fim. Ela sabia também que eu estava fazendo isso para que o meu passado não voltasse com uma sombra para me desmoronar. Acho que esse foi o argumento fundamental para que ela assinasse embaixo de tudo o que tinha lhe dito.

Fabiana acordou bem mais tranquila no terceiro dia. A fase pior da abstinência tinha passado e desse ponto em diante seria bem mais tranquilo. Estávamos em um papo tranquilo na beira da piscina quando a rainha resolveu dar o ar de sua graça. Como eu havia dito no primeiro dia, ninguém que fosse de total confiança podia chegar perto de Fabiana. Ela não era de minha total confiança e quando ela pediu para falar a sós com Fabiana resolvi que era hora de intervir.

- Não ela não pode – falei me levantando para tomar conta da situação.

- Isa, o que foi. Não posso receber visitas agora?

- Não você não pode, vai pro seu quarto – continuei incisiva na minha decisão.

- Mas você não pode fazer isso – falou a rainha querendo me contradizer. Se eu já não ia com a cara dela, agora menos ainda.

- Tanto posso como estou fazendo. Fabi vai pro seu quarto. Depois que eu falar com essa ai, você fala com ela.

- Mas....

- Vai logo Fabi – falei mais alterada. Ela sabia que me contrariar era perda de tempo.

Fiquei assistindo Fabiana entrar dentro da casa com a cabeça baixa. Assim que ela sumiu na sala voltei a me sentar pegando o copo de suco de abacaxi que tinha feito para o café.

- Isabella você acha que é quem para tratar a Fabiana desse modo? – perguntou a rainha toda bravinha – você não pode vir aqui e mandar ela...

- Escuta aqui garota – falei me levantando rápida indo parar na sua frente com meu corpo praticamente colado no seu. Encarei seus olhos e na hora a surpresa foi substituída pelo receio – você pode até ser a rainha da bateria, mas quem canta o enredo aqui sou eu. A Fabiana faz o que eu mando sim e se não fizer, ela arca com as consequências. Só fala com ela quem eu permito e nesse momento você não tem permissão.

- Porque essa coisa toda? Eu sou amiga dela e quero o bem dela – falou Samantha dando um passo para trás – você não pode vir do nada e colocar as regras do seu jeito.

- Não posso? – perguntei avançando mais um passo na sua direção – o que eu não posso? Você acha que uma garota petulante como você pode me dizer o que posso ou não fazer? – continuei avançando enquanto ela dava mais um passo para trás – você só vai falar com a Fabiana depois que me entregar o casaco e a bolsa.

- De maneira nenhuma! Você não é minha dona e tão pouco é dona da Fabi – respondeu recuando mais um passo – eu conheço a Fabiana e eu...

- Você é quem sabe – respondi ainda avançando – você não vai chegar perto dela com as coisas que carrega.

Samantha tirou o casaco com raiva e jogou no chão junto com a bolsa. A cara dela de medo misturado com raiva estava me divertindo.

- Você é uma estupida sabia?! Eu conheço a Fabiana. Eu sei do que ela precisa.

Encarei seus olhos com mais raiva ainda. Ela não era ninguém para falar que conhecia Fabiana.

- Você conhece? – perguntei espumando de raiva avançando os passos que ela recuava – Você conhece o olhar dela de loucura quando diz que prefere morrer a se manter limpa? Você conhece o jeito agressivo com que ela tenta te bater só para poder sair dessa casa e ir se drogar? Você conhece a infinidade de palavrões que ela desfia enquanto ofende até a própria mãe? Você é qualquer mulher que ela catou por ai há menos de sete meses. Não conhece nem um terço da Fabiana que eu conheço há quase sete anos. Você não é ninguém – finalizei enxergando que mais um passo ela cairia na piscina.

- Você pode até conhecer ela, mas não é especialista em reabilitação. O que você está fazendo é errado!

- Errado é eu estar aqui com você nessa conversa patética quando já deveria ter te colocado para fora dessa casa – falei avançando mais um passo para que ela desse o seu derradeiro recuo para a agua atrás de si – não venha me dizer o que sei e o que não sei...

Cortei a frase no meio vendo Samantha caindo na piscina. Virei de costas para dar um pequeno riso enquanto ela tentava vir à tona. Voltei minha atenção a ela quando escutei seus braços se agitando na agua. Também não ia deixar a criatura morrer afogada, mas a rainha já estava nadando para as escadas na extremidade. Voltei para a mesinha onde estivera tomando café e peguei o suco dando um grande gole nele. Samantha parou na minha frente tremendo de raiva. Se ela não fosse medrosa teria avançado sobre mim.

- Agora você pode ir falar com ela – falei me servindo de um pedaço de queijo. Samantha fez menção de pegar a bolsa jogada no chão – sem a bolsa – finalizei dando uma mordida na generosa fatia.

Samantha apenas sibilou com raiva e andou apressada para dentro da casa. Terminei de comer meu queijo e comecei a tirar a louça do café levando para a cozinha. Rose me perguntou sobre o barulho da piscina e disse que Samantha tinha caído nela, mas que estava tudo bem. Ela se trocaria com alguma roupa que Fabiana lhe daria. Busquei o resto das coisas e coloquei a bolsa com o casaco da rainha no sofá da sala. Tinha receio do que elas estavam conversando. Não queria que Samantha falasse alguma coisa para Fabiana que fosse tirar ela do sério dando vazão para alguma crise, nem que ela ficasse enchendo a cabeça dela para sair. Conhecia bem Fabiana para saber que ela não transaria com alguma mulher com a mãe em casa. Fiquei um pouco mais aliviada quando vi as duas indo para a piscina. No quarto eu não poderia me interferir, mas lá fora sim. Tentei me controlar para dar espaço para elas, mas meus medos foram aumentando com o ciúme me dizendo que Samantha estava falando alguma coisa para Fabiana. Algo que tiraria ela do trilho que com tanto custo a tinha colocado. O ciúme, claro, falou mais alto.

Peguei um copo de suco e fui me intrometer na conversa delas. Vesti minha melhor cara de irônica e me sentei com elas. Samantha resolveu colocar as asinhas pra fora, mas não dei muita importância. Nem mesmo quando ela começou a me provocar, engoli sua lorota. Fiquei satisfeita ao ver que Fabiana recusara o seu joguinho saindo da conversa.

- Ficou satisfeita agora? – perguntou a rainha brava – será que nem conversar com um amigo ela pode?

- Depende do tipo de amigo – respondi colocando o copo na mesa – se for um amigo que vá acrescentar alguma coisa, ela pode sim.

- Você tá se sentindo não é?

- Não – respondi com sinceridade. Resolvi baixar a guarda um pouco. Eu estava agindo pelos ciúmes e isso não era certo – eu estou protegendo ela. Eu não te conheço. Não sei o que você já fez da sua vida ou o que deixou de fazer. Eu não quero ficar bancando a chata, mas eu tenho que agir assim. A Fabiana não pode sofrer nenhum tipo de tentação de sair daqui. Eu não quero ter que passar pelos dois dias torturantes que tivemos.

- Eu não vou tirar ela daqui. Eu sei que ela precisa ter um tempo de descanso e enquanto isso posso segurar minha fome de sexo – falou com um sorriso tentando me espezinhar – eu vejo os noticiários. Sei como é difícil a vida de um viciado.

- Você vê os noticiários... – repeti com um sorriso – o noticiário é sempre belo. Venha falar comigo quando você perder a família para as drogas. Você não viu a realidade nua e crua da sua mãe morrendo de overdose – desabafei com uma lagrima. A filha da puta tinha tocado no meu ponto mais oculto – você não sabe o que é viver em abrigos e ver seus amigos morrendo por causa das drogas. Você não sabe nada sobre a vida de um viciado – finalizei saindo da cadeira secando a lagrima que teimava em rolar pelo meu rosto.

Tentei não me importar mais com Samantha. Ela não representava nenhum tipo de ameaça para a recuperação de Fabiana e com isso me dediquei a fazer outras coisas, como falar com Paty sobre os exercícios de Fabiana. Tinha visto uma academia na casa e ela não poderia ficar ali parada. Seria bom que ela exercitasse bastante o corpo para suar muito e beber muito liquido. Rose discretamente me agradeceu por ver Fabiana sóbria novamente. Eu não sabia qual era a dor de uma mãe ao ver o filho assim, mas sabia a dor que isso tudo causava. Liguei para Marisa quando vi Fabiana distraída conversando com a irmã. Havia dito a Marisa que estava resolvendo um problema, mas não dei detalhes pra ela. Não sabia qual seria sua reação e por enquanto não podia deixar que ela atrapalhasse a recuperação de Fabiana. Ela ficava me perguntando onde estava, mas dizia pra ela confiar em mim. Era errado, mas para não mentir precisava omitir.

- Isa eu quero conversar com você – falou Samantha parando ao meu lado passando a mão no cabelo.

- Tem mais alguma ofensa pra me fazer? – perguntei colocando o celular no bolso.

- Não. Vamos conversar como adultas que somos – respondeu com um leve sorriso se desenhando na face – foi você que fez ela parar uma vez, não foi? A Paty me contou.

- Foi – respondi somente.

- O que eu posso fazer para ajudar?

- Nada – respondi seca. Mais uma vez meu juízo me exorcizou para deixar o ciúme de lado – Na boa Samantha, você pode deixar ela feliz. Fazer coisas que agrade ela sem precisar sair dessa casa. Faça ela se sentir amada, querida. Ela precisa sentir o apoio da família e dos amigos.

- Eu estou tentando – falou com um sorriso – eu adoro essa garota.

- Imagino – respondi desviando os olhos. Lá vinha o ciúme de novo.

- Desde o dia que ela me dispensou, depois que você fez a tatuagem, eu passei a enxerga-la como uma amiga querida. Confesso que queria bem mais que amizade com a Fabi, mas o amor que ela tem por você é uma coisa assustadora. Mesmo separada ela acha que está te traindo ficando com outra pessoa.

- O que você quer com essa conversa? – perguntei mudando de assunto.

- Como você sabe fazer ela parar? – perguntou com um olhar curioso – como você sabe lidar com viciados?

- Não importa – respondi encarando seus olhos.

- Você perdeu sua mãe para as drogas? Foi isso?

- Eu não quero falar sobre isso – falei com um nó na garganta.

- Você tem um jeito tão agressivo, esse estilo rock’n roll todo. Você já usou drogas? – perguntou Samantha com a voz calma – é por isso que você...

- Eu nunca usei essas merdas. Eu experimentei cocaína há poucos dias atrás quando vi a Fabi totalmente dopada ao lado da piscina – respondi calmamente – se você soubesse o quanto eu odeio as drogas, você jamais me perguntaria isso.

- Desculpe. É aquela velha mania de associar a imagem.

- Não se iluda com a imagem – respondi encarando seus olhos. O castanho escuro estava sereno. Ela só estava curiosa mesmo.

- Talvez um dia eu entenda esse amor que você tem por ela e ela tem por você – falou Samantha colocando a mão sobre os olhos para proteger da claridade – você a ama muito pra abdicar da própria vida pra deixa-la bem.

- Você não faz ideia do quanto, mas não é o tipo de amor que está pensando – falei vendo Paty acenar para nós da porta da sala. Samantha se levantou e foi na frente. Se ela não fosse a mulher que a Fabiana tinha pegado, eu poderia me tornar sua colega.

O resto do dia foi tranquilo. Não estava tão grilada com Samantha e no fim do dia ela foi embora. Fui obrigada pela ironia a ver o beijo que Fabiana deu nela. Foi nesse momento que senti na pele toda a dor que Fabiana deve ter sentido todas as vezes que ela me viu com Marisa.

Como Fabiana estava mais tranquila, fui para o quarto de hospedes. Tirei a roupa para um banho sabendo que teria que ligar para Marisa e contar o que estava fazendo.

Fabiana entrou no quarto com uma feição um pouco abatida. Se sentou ao meu lado e me chamou para dormir com ela. Já tinha ido estrategicamente para o quarto de hospedes para sair um pouco do domínio que Fabiana tinha sobre mim, mesmo sem saber. Não era só sua recuperação que estava sendo exaustiva; a vontade que eu tinha de estar nos seus braços também me consumia. Me controlava hora após hora, minuto após minuto para que ela não visse minhas mãos tremendo e nem meu corpo pulsando com desejo de tê-la mais uma vez. Uma única vez.

Fabiana tocou no ponto do que fora o nosso casamento e do fim dele. Acho que precisávamos ter essa ultima conversa para que o passado, por mais que fosse presente, ficasse para trás. Aquilo ainda me corroía por dentro e pela primeira vez consegui falar a ela que tudo o que eu precisava era do seu carinho, do seu amor, principalmente da sua confiança.

- Bom mais isso já passou –falei passando as mãos no rosto para secar minhas lagrimas de frustração.

- É, não importa mais. Eu não posso mudar o que passou. Mais eu posso fazer diferente agora. Eu sei que você vai embora e vai casar com a Marisa.

- Sim...

Fabiana por fim aceitou minha amizade. Eu não sabia mais se conseguia ser só sua amiga. Muita coisa havia mudado desde o dia em que havia dito e repetido que queria apenas sua amizade. Ela era outra pessoa e isso ficava claro com sua aceitação. Em outro momento ela teria colocado um sorriso no rosto, teria dito que era o máximo e que conseguia o que queria. Aquela Fabiana a minha frente conhecia a natureza do verdadeiro amor, a felicidade de quem amamos independente que seja com outra pessoa.

Fabiana saiu do quarto e fiquei olhando para as paredes. Eu a amava, intensamente, loucamente. Não sabia mais dizer se meu coração estava divido, mas ele ainda pulsava também por Marisa. Tomei um banho demorado e peguei o celular. Respirei fundo para fazer a ligação. Eu sabia que seria difícil. Muito difícil.

- Oi meu amor – falei ao ouvir a voz de Marisa – como você está?

- Oi linda! Eu estou bem – respondeu com um tom carinhoso – você já vai dormir? – perguntou surpresa. Ela sabia que eu sempre dormia tarde.

- Não. Talvez eu nem durma hoje – respondi com sinceridade – vai depender da nossa conversa.

- Você quer ir pra gandaia em plena quinta, anjo? – perguntou Marisa rindo – não acho que seja uma boa ideia.

- Não é isso – respondi me sentando na cama – Mari eu não quero mentir pra você. Eu tento de todas as formas ser o mais sincera possível. Acredito que a verdade é a base de tudo, mesmo que a verdade doa.

- Você está me assustando Bella – falou Marisa mudando o tom de voz – o que você vai fazer? O que você está fazendo?

- Eu estou na casa da Fabiana – falei fechando os olhos esperando sua reação.

- Fala que é uma brincadeira de mau gosto... Fala que você não está na casa daquela criatura.

- Não vou mentir pra você, linda. Sempre prezei a sinceridade. Eu não quero te enganar, mentir.

- O que você está fazendo ai Bella? – perguntou nervosa – Uma hora dessas da noite?!

- Você sabe que ela teve uns problemas e que estava muito mal...

- Uma viciada qualquer.

- Ela não é uma viciada qualquer – respondi chateada – ela ia acabar se matando. E você sabe também que eu já fiz ela parar uma vez...

- Isso não é mais problema seu! – gritou nervosa – você não podia ter feito isso comigo! Não podia!

- Eu não fiz nada demais a não ser ajudar alguém que estava precisando de mim – respondi com a voz calma tentando amenizar a conversa – você sabe que sou capaz de mover céus e terra para não ver alguém do meu convívio morrer com isso...

- Ela não é do nosso convívio! Ela é ninguém!

- Ela é alguém importante pra mim. O que eu quero que você entenda é que estou tentando ser honesta com você como sempre fui. A Fabiana é alguém por quem tenho um carinho muito grande e não é você que vai mudar isso. Não posso apagar meu passado como se não fosse nada.

- Há quanto tempo você está ai? Três dias presumo...

- Isso mesmo, Hoje é o terceiro dia. Não te contei antes porque eu não queria sair daqui e deixar ela no estado que estava.

- Você não devia nem ter ido!

- Não fala assim meu amor...

- Nesse momento eu não sou seu amor – falou Marisa com um tom magoado – eu não quero falar com você enquanto estiver perto dela.

- Tudo bem Marisa – respondi seca – você sabe muito bem o que eu estou fazendo e onde eu estou. Como disse não quero passar de novo por tudo o que já passei por causa das drogas e porque fui fraca de não enfrenta-la. Se você não consegue entender meus motivos, se não confia em mim, talvez você não seja realmente meu amor. Quando quiser falar comigo, você sabe onde me encontrar. Boa noite.

Marisa desligou o telefone primeiro na minha cara. Eu sabia que não podia tirar sua razão. Não sei qual seria minha reação no lugar dela. Passei a mão no cabelo tentando me recompor e sai do quarto. Fabiana estava deitada assistindo algum filme e apontou o lado da cama. Apenas dei um sorriso e sai em direção as escadas para fazer pipoca. Rose já estava dormindo e Paty tinha saído com algum garoto. Levei uma bacia de pipocas para o quarto de Fabiana e me deitei ao seu lado. Fomos dormir quase cinco da manhã assistindo filmes e falando bobagens.

O dia seguinte foi uma briga para tirar Fabiana da cama as oito da manha para fazer ela malhar. Paty já estava nos esperando na sala de ginastica quando descemos. Fabiana começou a fazer os exercícios sonolenta ainda, mas logo despertou e se empenhou em fazer a serie que a irmã tinha preparado. Na tarde daquele dia os meninos apareceram para fazer uma pequena farra. Fabiana se divertiu com eles e deu muita risada. Enfim ela estava começando a se entrosar novamente.

Marisa não me ligou naquele dia. Fiquei chateada, mas fiz o possível para que ninguém notasse. A toda hora olhava para o aparelho esperando receber uma ligação sua ou uma simples mensagem, mas isso não aconteceu. No quinto dia resolvi tirar Fabiana de casa.

- Hoje nós temos uma programação especial – falei assim que terminamos o café da manhã.

- Eu já fiz meus exercícios – se queixou Fabiana – não quero malhar mais...

- Não é isso – respondi com um sorriso enigmático – vamos dar um passeio.

- Isso é um convite ou uma imposição? – perguntou Fabiana rindo.

- Um convite irrecusável. Hoje tem uma exposição no Ibirapuera de tecnologia e eu quero que vá comigo.

- Melhor não Isa – respondeu receosa – não quero que as pessoas me vejam por ai.

- Uma hora vai ter que ver não é? Vamos, vai ser divertido...

Fabiana pensou por um momento com a cabeça baixa. Eu sabia que se expor novamente era um risco que ela teria que passar mais cedo ou mais tarde e minha preferencia era de que isso acontecesse comigo ao seu lado. Ela ia me dar a resposta quando o meu celular tocou. Era Marisa.

- Pensa direitinho – falei me levantando da mesa da cozinha – quero um sim como resposta.

Sai apressada para o jardim para atender Marisa. Não fazia ideia do que estava por vir então respirei fundo antes de dizer alô.

- Oi Isa – falou com um tom de receio – eu... eu estou com saudades.

- Eu também Mari – respondi com sinceridade – você volta depois de amanhã?

- Sim. Eu conversei com a Raquel ontem e ela me disse algumas coisas que me fizeram repensar sobre minha decisão. Eu quero ser sempre o seu amor.

- Você sempre será, anjo – falei com um imenso sorriso – eu te adoro.

- Mesmo que eu não concorde com o que está fazendo eu devo ficar ao seu lado. Eu estava nervosa, falei coisas que não devia. Eu não sei como lidar com tudo o que você passou e não quero que sofra novamente. Eu pretendo te reconquistar por inteiro outra vez.

- Mari eu... eu...

- Eu sei que você está mexida com ela. Não preciso usar toda a minha inteligência para saber que seu coração nesse momento não é todo meu, mas eu quero ele inteiro.

- Amor não fala assim...

- É a verdade Isabella. A verdade dói você me disse isso. Você vai me ver daqui a dois dias?

- Claro meu anjo. Eu vou te buscar no aeroporto. É só me dizer o horário do voo.

- Eu te aviso. Eu te amo, não se esqueça disso...

- Eu não vou me esquecer. To com saudades...

- Eu já estou chegando. Cuidado com o que você vai fazer.

- Pode deixar – respondi com um sorriso deixando escapar um suspiro de alivio e pesar.

Desliguei o celular e levantei a cabeça em uma prece silenciosa. Eu teria que achar um ponto comum entre meus desejos. Voltei para dentro da casa, mas Fabiana não estava mais na cozinha. Subi até seu quarto e ela também não estava lá, Um alarme começou a soar dentro da minha cabeça. Andei por todo o andar superior e não a encontrei. Rose estava conversando com Paty em seu quarto e também não tinha visto Fabiana. Desci para o andar inferior fazendo menção de ir até a porta da frente, mas dei de cara com Fabiana entrando na casa.

- Onde você foi? – perguntei aliviada.

- Fui ver se o carro está com o tanque cheio para o nosso passeio – me respondeu com um meio sorriso.

Saímos de casa depois do almoço em direção ao Ibirapuera. Paty e Rose nos acompanharam para se distraírem também. Assim que chegamos na exposição Fabiana foi parada por uma fã para tirar uma foto. Me afastei com um sorriso junto com Paty e Rose e fiquei assistindo enquanto ela dava autografo para outro garoto. O que eu queria estava surtindo resultado. Fabiana precisava ter um contato direto com os fãs para saber que se lembrar que não era só seus amigo e família que se importavam com seu bem estar. Havia milhares de pessoas esparramadas Brasil que a admirava e respeitava seu trabalho. Ela tinha que se lembrar que o seu publico era fiel. Sempre seria e ela tinha que voltar para eles como a antiga Fabi Pontes que eles amavam. Alguns jornalistas que estavam cobrindo a exposição queriam falar com Fabiana, mas ela se recusou a falar com eles. Voltamos para casa já ao cair da noite. Fabiana estava radiante. Bem diferente da garota que havia encontrado desistindo da vida.

- Isa eu quero te fazer um convite – falou Fabiana entrando no quarto de hospedes. Ela estava com mania de me pegar só de toalha.

- Diga – falei sem me preocupar em pegar o roupão.

- Quer jantar comigo? – perguntou um pouco tímida – podemos ir em algum restaurante. Você escolhe.

- Não sendo de peixe cru, pode ser qualquer um – respondi com um sorriso soltando o cabelo.

- Isso é um sim? – perguntou com um sorriso.

- Sim. Isso é um sim – respondi rindo.

- Ótimo! Vamos sair as nove da noite.

Apenas assenti com a cabeça vendo Fabiana sair toda felizinha do quarto. O relógio já marcava sete e meia. Se eu fosse do tipo comum de mulheres vaidosas estava ferrada, mas uma hora e meia dava tempo e sobrava para eu me arrumar. Infelizmente minha brilhante observação não me ajudou porque ao abrir o guarda roupas constatei que lá só tinha roupas básicas esporte. Mesmo sem querer tive que apelar para Patrícia. Tínhamos o mesmo porte físico e quase a mesma altura.

Paty soltou um grito de entusiasmo e se prontificou a me arrumar. O tempo de uma hora e meia seria pouco para tanta coisa que ela jogou em cima da cama falando que eu teria que provar tudo para saber o que ficaria melhor. Decidi servir de cobaia para ela e depois de duas horas desci para encontrar Fabiana. Mais uma vez a sensação de estar parecendo uma travesti me afligiu, mas meu receio se dissipou quando vi Fabiana na sala conversando com a mãe. Ela estava linda, um jeans preto com uma camisa branca e um casaco por cima. Os cabelos lindamente bagunçados como sempre gostei. Parei para admira-la por um minuto antes de terminar de descer. Seus olhos pareciam iluminados ao me olhar de cima a baixo. Talvez Paty tenha acertado no fim das contas.

- Nossa... Você está linda Isa – falou Fabiana se levantando com um sorriso – valeu esperar tanto tempo.

- Coisa da Paty. Fui sua cobaia hoje – respondi aceitando a mão que ela me estendia.

- Coisa minha nada – respondeu Paty do alto da escada – é que você é linda e a roupa só ficou mais bonita com você dentro.

- Hum... Obrigada – respondi fazendo pose – vamos? Não quero atrasar mais do que já estamos atrasadas.

- Claro. Tchau mãe, tchau Paty.

Apenas acenei para as duas mulheres e saímos sob a mira de dois olhares risonhos. Fabiana foi dirigindo calmamente pela rodovia enquanto íamos escutando musicas. Pedi para ouvir o seu cd, mas ela se recusou a colocar. Depois de muito custo comecei a ouvir o seu segundo trabalho. Era bom, muito bom. Nunca gostei nem da palavra pop, mas era um country-pop-rock de qualidade. Chegamos no restaurante escolhido por Fabiana, um lugar lindo que ela tinha me prometido que me levaria um dia. Depois de quatro anos ela cumpriu sua palavra.

- Esse lugar é lindo, Fabi – falei pegando sua mão por cima da mesa – obrigada.

- Eu disse que traria aqui um dia – respondeu dando um beijo na minha mão – lembra?

- Lembro – respondi rindo – estávamos comendo pão com presunto e coca-cola.

O garçom chegou e atrapalhou nosso momento nostalgia. Escolhi a indicação da casa e Fabiana um salmão grelhado.

- Um vinho também – falei com um olhar cumplice com Fabiana.

- Eu... vou...

- Vai.

- A carta de vinhos – pediu Fabiana para ser logo atendida. Não demorou para que ela escolhesse um. Assim que o garçom saiu voltei a me concentrar nos olhos de mel que estavam lindos, com um brilho diferente do que estava acostumada a ver. Ela de fato não era mais a mesma Fabiana que eu fora casada. Eu estava diante de uma nova mulher que havia se transformado. Uma mulher que estava me conquistando, me instigando a conhecer novamente. Uma mulher que me fazia esquecer de Marisa.

- O que você achou do dia de hoje? – perguntei provando a deliciosa costeleta de carneiro a minha frente.

- Foi muito bom – respondeu com um sorriso – eu estava com medo de ser duramente criticada por alguém, mas foi tão gostoso ver que as pessoas não me esqueceram.

- Elas nunca vão te esquecer. Não é tão fácil quanto você acha.

- O que você quer dizer com isso? – perguntou curiosa tomando um gole de vinho.

- Quero dizer que não quero ser queimada no fogo do inferno, mas não estou vendo muitas opções para mim.

- Não entendi ainda.

- Não importa – respondi com um sorriso – eu te adoro sabia? Adoro esse brilho no seu olhar quando está se dedicando a alguma coisa, esse seu medo típico de uma virgem na primeira noite com o marido – finalizei rindo.

- Você tem que me zoar, né Isa? – falou me devolvendo o riso – eu estou com medo sim. Eu sei que fiz muita besteira. Coisas que me envergonho.

- Não importa o que passou. O importante é o que você vai fazer daqui pra frente.

- Vou voltar a me dedicar a música. Fazer shows, cantar... Vou ter um pouco da minha vida de volta.

- Você vai fazer isso com a mesma maestria que estava fazendo antes. Eu tenho certeza – falei pegando a taça de vinho – um brinde para um futuro brilhante como esses brincos da sua irmã.

Fabiana riu e me levantou sua taça brindando. Eu sempre tive uma curiosidade depois que nos reencontramos e vi o momento perfeito para saciar minha duvida.

- Fabi se por um acaso da vida você não tivesse contratado a Marisa, você nunca mais ia atrás de mim? Ia ficar com essa raiva pra sempre dentro do seu coração?

- Provavelmente – respondeu sincera – ainda estaria acreditando no meu próprio julgamento. Mas de qualquer forma nós iriamos nos encontrar novamente.

- Onde?

- No prêmio da musica.

- É. Parece que o destino nunca nos deixaria na mentira.

- Não. Você querendo ou não, eu sempre serei uma presença constante.

- Quem disse que eu não quero? – perguntei com sinceridade – eu... eu te adoro...

Fabiana apenas sorriu e tomou um gole do vinho. Minhas faces deviam estar vermelhas e pegavam fogo enquanto entornava meu próprio vinho.

Estávamos na sobremesa quando vimos em uma parte reservada um ator hollywoodiano. Conversamos sobre os filmes que o cara já tinha feito e sobre a divulgação que ele estava fazendo no Brasil do seu ultimo lançamento. Na saída do restaurante é que nos demos conta de que havia fotógrafos na frente da casa. O único problema é que vi isso no momento em que dava um abraço apertado em Fabiana agradecendo a noite tão agradável. Me virei assustada com o flash na nossa cara e com a repórter de fofoca que começou a perguntar coisas para Fabiana. Ela delicadamente se esquivou da jornalista ainda segurando minha mão indo para o carro que acabava de chegar.

O resto da noite seguiu sem nenhum incidente. Eu estava radiante por ter tido uma noite tão fantástica ao lado da bela loirinha. Quando nos conhecemos a chamava sempre de minha menina. Ela tinha voltado naquela noite derrubando todas as barreiras que meu coração inutilmente tentava construir. Sabia que estava sendo carinhosa além do aceitável com Fabiana, mas saia espontaneamente quando estava ao lado dela. Nos despedimos na frente do quarto que estava ocupando. Fabiana esperou que eu fechasse totalmente a porta antes de ir para o seu. Demorei cinco minutos para conseguir fazer isso.

Acordei preguiçosamente no dia seguinte. Virei para o lado procurando por Fabiana me dando conta que não tinha dormido com ela. Me joguei na cama novamente passando a mão no cabelo. Eu precisava ser forte, não podia deixar a situação sair do meu controle. Fiquei durante um tempo olhando para o teto me exorcizando sobre meus sentimentos quando ouvi uma batida na porta. Paty entrou alegremente usando apenas um biquíni e um óculos de sol no cabelo.

- Vai dormir a tarde toda é? – perguntou abrindo a janela do quarto.

- Claro que não – respondi jogando o edredom de lado – que horas são agora?

- Uma da tarde. O almoço tá pronto.

- O que? – perguntei me levantando em um pulo – não acredito que dormi até essa hora! E a Fabiana?

- Ela está na piscina. Estamos nos divertindo na agua.

- Não podia ter dormido tanto – respondi indo para o banheiro – eu já vou descer.

- Te espero lá embaixo.

Paty saiu do quarto e eu troquei de roupa colocando um biquíni por baixo da roupa. Poucos minutos depois estava me juntando ao pessoal na piscina. Fabiana já estava com a pele vermelha deitada em uma espreguiçadeira. Dei um beijo em seu rosto antes de tirar a roupa e me jogar na agua. O resto do sono que ainda tinha foi substituído pela surpresa da temperatura da agua. Estava fria. Rose começou a rir junto com as meninas enquanto me adaptava a temperatura quieta em um canto. Poucos minutos depois comecei a nadar de um lado para outro com Paty ao meu lado.

- Que tal um jogo dentro da piscina? – sugeriu a loira pegando uma bola ao lado – dois contra dois.

- Eu não sei jogar isso, filha – protestou Rose ao lado de Fabiana – vão vocês.

- Qual é Rose? Eu jogo com você contra essas duas perdedoras – incentivei rindo.

- Perdedoras? – se indignou Fabi – agora é questão de honra mãe. Eu e a Paty conta você e a Isa.

Comemorei a disputa e Rose se animou. Estava perdendo de cinco a três quando ouvi meu celular tocar. Sai da piscina com pressa indo até a bermuda num canto. Era Marisa.

- Oi linda – atendi entrando dentro da casa.

- Oi meu amor. Adivinha onde eu estou?

- Você já chegou em São Paulo – perguntei assustada.

- Não. Estou no aeroporto esperando o meu voo. Daqui há umas quatro horas estarei em São Paulo.

- Você está onde agora?

- Em Fortaleza. Tenho uma grande novidade para te contar. Você vai... Vai ir me encontrar?

- Vou – respondi me agachando perto da porta de entrada – claro que vou. Você vai para Cumbica ou Congonhas?

- Congonhas.

- Então até mais tarde linda.

- Até mais meu amor.

Desliguei o telefone e abaixei a cabeça sobre o joelho. Respirei fundo e sai em direção a piscina. O jogo não estava tão animado como antes. Chamei Rose para conversar.

- O que foi Isa? – perguntou pegando uma toalha – aconteceu alguma coisa?

- A Marisa vai chegar hoje a noite – respondi olhando para Fabiana – eu tenho que ir.

- Entendo...

- Rose qualquer coisa que acontecer eu quero que me ligue. A qualquer hora.

- Tá. Pode deixar – falou a mulher se virando para a piscina – Paty vem ajudar a mãe na cozinha, vem.

A loira apenas assentiu com a cabeça e saiu da agua indo direto para dentro de casa. Fabiana estava com a cabeça baixa, mas logo saiu da agua vindo em minha direção.

- Você vai embora né?

- Eu preciso ir. Me promete que tudo o que fiz não vai ser em vão – pedi pegando sua mão.

- Eu te prometo – respondeu Fabiana com um sorriso triste – obrigada por tudo.

- Mantenha contato, me liga a hora que você quiser tá.

Fabiana apenas assentiu com a cabeça me dando um abraço apertado e saiu para dentro de casa. Peguei minhas roupas e subi para o quarto de hospedes. Fiz minha pequena mala e troquei de roupa. Escutei Paty e Rose indo para o quarto de Fabiana e me sentei na cama em um agradecimento silencioso por tudo o que tinha acontecido. Eu sempre amaria Fabiana, mas tinha que continuar seguindo. Sai do quarto com a mochila e fui até o seu. A conversa que elas estavam tendo mudou na hora em que toquei a maçaneta. Dei um abraço apertado em Paty e Rose. Fabiana disse que me acompanharia até meu carro.

Descemos as escadas em silencio. Quando chegamos a porta Fabiana abriu dizendo que fazia isso para que eu voltasse. Joguei a bolsa no banco de passageiros e me despedi com um abraço apertado e um beijo no rosto, Meu coração estava apertado, como se eu estivesse terminando um relacionamento. Como se eu estivesse terminando uma segunda vez. Entrei no carro e dei a partida sentindo meu rosto molhado com as lagrimas que teimavam em cair. Fabiana ainda estava parada na frente da casa me olhando sai lentamente vendo pelo retrovisor Rose e Paty se juntar a ela. Parei o carro e abaixei a cabeça no volante. Minhas pernas não queriam ir embora. Eu não queria ir embora. Alguma parte em mim queria ir ao encontro de Marisa e outra queria descer do carro e correr para os seus braços. Foi essa ultima parte que falou mais alto. Em segundos me vi indo em direção a loirinha que me olhava com a curiosidade estampada no rosto. Não vi Rose e Paty, só via a mulher que amava. A mulher que me tirava a razão. Quando me aproximei Fabiana começou a falar alguma coisa, mas não entendi o que era. Só via o movimento da boca que eu adorava. A agarrei e busquei seus lábios em um beijo apressado correspondido de imediato. Sua língua se entrelaçava com a minha em uma sintonia perfeita, mais ainda se era possível. Minhas mãos passeavam por todo os lugares do seu corpo onde elas alcançavam. Queria senti-la por inteiro mais uma vez, somente mais uma vez. Me afastei dando um ultimo beijo nos lábios que tinham o poder de não me deixar pensar e sai na direção do carro. Dei a partida e sai como uma louca para longe da tentação que Fabiana representava. Que eu não podia mais resistir.



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Capitulo 30

[17/04/12]

Capitulo 30: Fabiana

Sai do quarto onde Isa estava muito triste, porém aliviada. Pudemos esclarecer algumas incertezas que ainda pairavam no ar. Eu sabia que ela ainda sentia alguma coisa por mim. Mas decidi que não forçaria mais nada. Se ela resolvesse se casar com a Marisa, mesmo sabendo que seu sentimento por ela não é o mesmo eu estaria lá. Eu teria que aceitar e procurar seguir minha vida. Fui para o meu quarto, coloquei meu pijama e fiquei aguardando Isa vir se deitar. Escolhi alguns filmes para assistirmos antes de dormir. Não demorou muito e logo ela apareceu na porta de camisola. Parei alguns segundos para admira-la da minha cama. Seu corpo bem tornado estava perfeito naquela camisola. Passei a mão na cama chamando ela para se deitar, ela apenas sorriu e se dirigiu até a escada. Continuei assistindo o filme que tinha colocado, mas não conseguia prestar atenção por causa da camisola de Isa. Comecei a achar que não seria uma boa ideia ela dormir comigo. Antes eu estava com medo de ficar sozinha, agora estava com medo de ficar sozinha com Isa. Não sabia se conseguiria me controlar. Estava concentrada em meu pensamento quando Isa entrou com uma tigela de pipoca. Fizemos de tudo naquela noite, menos o que o meu desejo pedia. Não tentei nada, por mais que estivesse com vontade. Quando ficávamos em silencio podia ouvir sua respiração ofegante a me pedir por ação. Mas continuei firme com minha decisão. Adormecemos quando estava amanhecendo. Pela manha Isa acordou com uma energia que nem parecia que tinha dormido algumas horas. Ela estava decidida a me forçar a fazer exercícios. Eu estava com muito sono e não queria sair da cama. A muito custo ela conseguiu o que queria. Comecei fazendo alongamentos, depois fui para a esteira. Com um nível baixo. Mas Paty tinha que sempre fazer uma graça e aumentou o nível da esteira me forçando a correr no aparelho. Isa ria como uma louca. era bom ver sua alegria ao meu lado. Mesmo que isso custasse a minha integridade física. Se eu acabasse tropeçando iria me machucar e feio por sinal. Estava exausta no fim da sessão de tortura. Eu suava como uma porca então fui tomar um banho. Acabei adormecendo logo após o banho. Acordei somente a tarde, Isa tentou me acordar na hora do almoço, mais estava sem forças até para comer. Eu sabia qual era o meu problema, eu estava entrando novamente em depressão. Eu iria me esforçar mais e para demostrar a todos que eu estava ressurgindo das cinzas eu precisava voltar a ativa. Mas ainda tinha medo das consequências dos meus atos. Os meninos da banda apareceram em casa pela tarde. Eu ainda estava meio arredia. Foi então que Pedro veio falar comigo primeiro.

- Como você está? – perguntou ainda com um olhar preocupado.

- Eu estou bem, você sabe qual está sendo meu remédio – respondi me sentando na grama do jardim que tinha em frente a piscina.

- E que remédio né? E como você vai ficar quando ela partir? – disse se sentando ao meu lado.

- Eu vou continuar sendo a pessoa que sempre fui. Eu tinha desistido da vida Pedro. Mas ela me fez ver que a vida não é só o amor que eu tenho por ela.

- Isso mesmo, garota. Essa é a Fabi que eu conheço e tanto amo.

- Me perdoa por ter deixado vocês na mão, mas daqui pra frente será como era antes. Eu prometo – falei com um sorriso maroto.

- Agora sim eu posso voltar a sorrir, nós somos uma família se um cai todos caem. Para que assim possamos nos levantar juntos. A musica não tem graça sem você, Fabi. Por isso se um dia você decidir parar, todos pararemos com você.

- Não se preocupe meu amigo isso nunca vai acontecer.

- É o que espero – finalizou me dando um abraço apertado e logo Fernando e Claudio se juntaram ao abraço. Eu estava voltando. Mas antes tinha que resolver alguns medos que ainda tinha.

Passamos a tarde nos divertindo como sempre fizemos. A noite chegou rápido e logo estávamos eu e Isa novamente no quarto dormindo abraçadas. Na manha seguinte fomos a uma feira de tecnologia no Ibirapuera. Mamãe e Paty faram conosco. Me surpreendi com seu convite. Ela sabia que andar comigo em publico não seria vantajoso. Poderíamos encontrar algum paparazzi e possivelmente Marisa ficaria sabendo de nosso passeio. Mas felizmente isso não aconteceu. Apenas algumas fãs me paravam para pedir autografo, perguntar como eu estava e quando voltaria. Respondi todas as perguntas. Esse era um medo que eu acabava de vencer, meus fãs ainda acreditavam em mim. E acima de qualquer coisa é por eles que tinha que voltar. Esse carinho era tão bom e eu não sei como pude esquecer. Voltamos para casa quase no fim da tarde, Isa estava sendo um anjo na minha vida e precisava agradece-la por me trazer de volta para a vida. Então a convidei para jantar fora. Iria leva-la a um restaurante que havia prometido para ela há alguns anos atrás, quando ainda estávamos casadas. Eu já estava pronta e agoniada pela sua demora, mamãe estava ao meu lado quando a visão mais magnifica que já tive apareceu na escada. Ela estava linda, como sempre. Mas estava também com um brilho no olhar que a muito tempo não via.

- Nossa... Você está linda Isa... Valeu esperar tanto tempo.

- Coisa da Paty. Fui sua cobaia hoje – respondeu pegando minha mão que eu estendia.

Realmente Paty tinha feito um ótimo trabalho, mais todo credito era de Isa. Sua beleza natural é o que realçava o vestido que ela usava e não o contrario. No caminho ela me pediu para ouvir meu novo trabalho. Eu estava envergonhada mais acabei cedendo a suas insistências. Via seu entusiasmo a cada musica que tocava. Eu sabia que ela não curtia, mas dessa vez estava diferente. Ela estava curtindo, mas não fez nenhum comentário. Chegamos ao restaurante, ela ficou surpresa. Tivemos um momento nostálgico. Ela lembrou da minha promessa e exatamente o que estávamos fazendo naquele dia. Estávamos comendo pão com queijo e presunto e Coca-Cola. Foi bom saber que ela se lembrava do nosso passado e cada detalhe dele, mas procurava não me apagar a isso. Porque eu sabia que em algum momento ela iria embora. Fizemos o pedido e ela me deixou escolher o vinho. Eu estava liberada aquela noite. Mas não abusei, mesmo porque estava dirigindo. Tinha uma muvuca em alguma mesa e percebemos que era um ator de hollywood. Falamos sobre o trabalho do cara por um bom tempo. Na hora que fomos embora, enquanto esperávamos o carro na entrada do restaurante eu a abracei forte. Acho que foi o efeito do vinho que fiz isso. Não percebemos que tinha paparazzis na entrada. Logo um flash nos assustou e percebi que isso daria merda. Não queria que Marisa descobrisse que estávamos nesse grau de companheirismo e acabasse atrapalhando esse nosso novo momento. Isabella pelo visto nem se importou muito com o ocorrido, alguns repórteres me perguntavam sobre as drogas, como é chegar ao fundo do poço e se eu e Isa estávamos juntas. Apenas disse que não tinha nada a dizer. Logo o carro chegou e fomos embora. Chegamos em casa já era de madrugada. A acompanhei até o quarto que ela tinha se instalado a tarde. Parecia que estávamos nos conhecemos novamente. Sabe quando a gente começa um relacionamento, que você leva a garota em casa. As duas ficam olhando com cara de bobas e esperando o beijo acontecer? Então parecia isso, mas me contive e não a beijei. Eu iria respeita-la até o fim. Eu realmente estava disposta a passar por tudo para vê-la feliz. Fui para o meu quarto e a vontade de jogar tudo por alto e entrar naquele quarto, de tê-la novamente em meus braços, amar cada pedaço daquele corpo me atormentou a noite inteira. Até fui ao seu quarto, ela estava dormindo então desisti. Pela manha levantei, fiz meus exercícios com Paty e fomos para piscina. Mamãe estava terminando de preparar o almoço quando Paty foi acordar Isa. Disse a ela para deixa-la dormir, mas ela disse que estava um dia tão lindo pra Isabella desperdiçar dormindo. Em pouco tempo Isa apareceu na beira da piscina de shortinho e biquíni. Ela me deu um beijo molhado e demorado no rosto e tirou o short para cair na piscina. Foi engraçado a cena dela amuada no canto da piscina com cara de quem estava sofrendo por conta frio da agua. Não demorou muito e ela já estava nadando com Paty. Patrícia sugeriu um jogo na piscina e mamãe logo recusou dizendo que não sabia jogar. Isa a incentivou dizendo que seria fácil ganhar de mim e de Paty porque éramos duas perdedoras. Ai era questão de honra. Começamos o divertido jogo e quando estávamos ganhando de Isa e mamãe o celular de Isabella tocou a fazendo sair da piscina com pressa. Ela foi para a cozinha, mas dava pra vê-la da piscina, percebi que alguma coisa estava para acontecer. Ela desligou o celular e ficou agachada na porta de cabeça baixa. Depois se levantou e veio para a beira da piscina chamando minha mãe. Nesse momento percebi que ela ia embora. Dava pra ver no seu olhar que era isso que aconteceria. Minha mãe chamou Paty para a cozinha enquanto eu saia da piscina.

- Você vai embora né? – perguntei engolindo o choro.

- Eu preciso ir. Me promete que tudo o que fiz não vai ser em vão.

- Eu te prometo – respondi triste - obrigada por tudo.

- Mantenha contato, me liga a hora que você quiser tá.

Assenti com a cabeça baixa e a abracei forte enquanto ela me dava um beijo no rosto. Entrei para dentro da casa e fui direto para meu quarto. Logo mamãe e Paty entraram no quarto.

- Você vai ficar bem, Fatita? – perguntou Paty me abraçando.

- Vou, eu sabia que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde – respondi olhando para mamãe.

- Filha você vai ficar bem, pensa que ela sempre vai estar presente na sua vida – falou mamãe se sentando na cama.

- Eu vou mãe, não se preocupa. A promessa que te fiz eu vou manter – disse indo em sua direção para depois me sentar ao seu lado – agora que ela vai estar presente eu já não tenho certeza.

- Vai sim, Fatita. E você sabe o por quê.

Isa entrou no quarto com sua pequena mala, se despediu de mamãe e Paty e eu peguei sua mala para acompanha-la até a porta. Descemos as escadas sem dizer uma só palavra. Olhei para ela e abri a porta.

- Eu estou abrindo a porta, para que você um dia volte. Tá? – falei lhe entregando a mala.

- Pode deixar que eu volto, Fabi. Eu nunca mais te tiro da minha vida. Ouviu, você sempre será importante pra mim.

- Eu sei e não se preocupa. Agora você só terá coisas boas para ler sobre mim – falei dando um sorriso sem graça.

Fomos até o carro onde ela jogou a mala no banco. A abracei novamente e dei um beijo em sua testa. Ela entrou no carro e saiu. Minha mãe e Paty saíram preocupadas comigo. Mas disse a elas que eu estava bem. Enquanto eu via o carro de Isa ir embora minha mãe e Paty entraram. Do nada o carro parou. Fiz menção de entrar, mas o carro não prosseguiu. Foi quando vi a porta se abrir e Isa vir em minha direção. Não sabia o que fazer.

- Fica Isa... – falei sendo interrompida por um beijo apressado que Isa me dava. Nossas línguas se buscavam com urgência fazendo do beijo, o beijo mais perfeito que já demos. Suas mãos passavam pelo meu corpo como se estivesse se despedido de cada parte dele. Foi nesse momento que percebi que Isa já não sabia mais o que queria. Eu queria ela comigo, não queria que ela fosse embora. Eu queria dizer que eu era a mulher de sua vida. Mas eu não podia, tinha que deixar ela perceber isso. E se isso não acontecesse. Mesmo assim eu estaria ao seu lado como sua amiga. Mas uma vez vi Isa partir. Só que dessa vez não tinha magoa nem rancor, só tinha a certeza que dali pra frente escreveríamos um novo capitulo de nossas vidas.

Voltei para dentro da casa, minha mãe me aguardava na sala. Enquanto Paty fazia uma ligação. Percebi a preocupação das duas. Mas não tinha o que se preocupar, eu ficaria bem. Em algumas horas Samantha estava em casa. Eu tinha muita sorte de tê-la como minha amiga. Quando Paty contou que Isabella tinha ido embora ela parou o que estava fazendo, pegou o primeiro avião para me ver.

- Oi – falou Sam entrando no quarto.

- Oi, moça o que você esta fazendo aqui? – perguntei assustada com sua presença.

- Vim ver como você está, e ai... ta tudo bem – falou me dando um grande abraço.

- A Paty te ligou né? Ela não deveria te incomodar. Eu estou bem, não precisa ninguém se preocupar. Eu não vou fazer nada que posso me machucar.

- Ai Fabi, ta todo mundo preocupado com você, com medo de você voltar a fazer aquelas coisas.

- Não gata, essa fase eu já passei. Definitivamente eu não quero mais isso.

- Você não acha que é muito cedo para você dizer isso.

- Eu sei o que quero e agora o que mais quero é voltar a cantar.

- Mas é o seu coração, ele está tranquilo? – perguntou.

- Tranquilo não, mas em paz sim. Eu fiz o que podia Sam, agora tenho que continuar de onde eu parei.

- Quer ir dar uma volta? – falou fazendo menção de sair.

- Acho que por enquanto não, por mais que eu saiba o que quero. Não quero dar entrada para o capeta – falei rindo.

Passaram seis dias desde que Isabella foi embora, eu ainda pensava nela. Mas tentava me ocupar o máximo, os meninos iam todos os dias em casa. Voltamos a ensaiar, eu ia retomar minha carreira e tinha que terminar turnê que larguei na metade. Fernando como bom empresário que era já tinha tudo organizado, viajaríamos em dez dias para um show em Mato Grosso. Eu sentia que minha voz ainda não estava legal por isso contratei uma fonoaudióloga para me ajudar com isso. Demos uma pequena festa na casa do Fernando, claro que sem álcool. Eu ainda estava em tratamento para minha voz e a medica disse que seria prudente não beber. Lá eu conheci Viviane, prima de Silvia, que estava passando uns tempos em sampa. Ela morava em Londres, nos demos bem logo de cara. Ela era super inteligente, carismática e acima de tudo linda. Era uma boa pessoa para manter convívio. Saímos muito, levei ela para todos os pontos turísticos de São Paulo e com isso acabamos ficando. Eu estava animada com ela, apesar de pensar em Isabella. Ela não me ligou desde que voltou para sua casa. Acho que talvez nunca mais me procuraria, não a procurei também. Eu estava respeitando o seu espaço. Decidi que tentaria amar Viviane. Ela demostrava que não queria somente um affair. Quando saiamos e perguntavam se ela era minha nova namorada eu dizia que sim. E a viagem dela que era de uma semana se transformou em duas. Ela me dizia que teria que voltar para Londres, até marcava data para seu retorno. Mas quando chegava o dia ela desistia. Eu estava gostando dela e ela de mim. Quem sabe ela não seria meu mais novo amor. Ela viajava comigo a cada show que tinha que fazer. Fazia um bom papel como minha nova namorada. Sim já éramos namoradas. A pedi em namoro dentro do avião indo para Fortaleza. Todos estavam contentes com esse novo relacionamento. Inclusive minha mãe que achava muito pouco tempo para um relacionamento serio. Mas já se sentia aliviada com meu retorno a vida. Viviane já tinha ganhado todos e apesar de saber que nunca a amaria como amo Isabella, a cada dia queria sua presença em meu lado. Resolvemos que em poucos meses eu iria com ela para Londres. Ela tinha abandonado tudo lá, para ficar comigo aqui. Me sentia preocupada em relação a isso. Não gostaria que ela desistisse de tudo, mesmo porque nem eu e nem ela sabíamos se daria certo. Iriamos para Londres pra resolver como seria dali pra frente.

Eu estava me preparando para sair de casa para uma viagem na Bahia quando recebi uma ligação que me trouxe tormento.

- Fabi, tudo bem? – perguntou a voz do outro lado da linha.

- Oi... Isa... nossa não esperava sua ligação – falei me sentando na cama. Minhas pernas tremiam, meu coração pulsava acelerado.

- Eu sei que já faz algum tempo, como você está? – perguntou com a voz tremula. Eu sabia que não estava sendo fácil para ela também.

- Eu estou bem, estou saindo para um show na Bahia.

- Estou te atrapalhando, desculpa eu te ligo outra hora.

- Não de forma alguma. E outra já demorou tanto tempo para ligar. Eu estava com saudades.

- Eu... também Fabi. Com muitas saudades, mas achei mais prudente não ligar. Depois de tudo o que aconteceu. Não queria mexer com a sua cabeça novamente e... não... queria que você interpretasse mal o que aconteceu.

- Isa, eu sei que você....

- Fabi não...

- Deixa eu falar – falei ouvindo sua voz se calar do outro lado da linha – eu sei que você só estava se despedindo. Tudo bem, acho que essa foi a melhor forma de nos despedirmos.

- É.

- Sim, se tivéssemos terminado calmamente o nosso relacionamento não teríamos passado por tanta coisa desagradável.

- Isso é verdade, mas não liguei por isso. Eu tenho uma coisa pra te contar. E não sei como dizer por isso vou contar de uma só vez.

- É e o que é? – falei pegando as chaves do carro.

- Fabi eu me caso em dois dias.

- Mas já? Não era... é... não era mais pra frente – falei me sentando na cama. Eu sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Mas não tão rápido, sem eu ter tempo de engolir. E não sei, talvez no meu sub consciente eu ainda tivesse esperanças de que ela resolvesse ficar comigo.

- Fabi... você vai ficar bem?

- Vou sim, mas porque agora? – perguntei inconformada com o anuncio.

Isabella me explicou seus motivos, mas não posso negar que essa noticia foi como uma bomba pra mim. Nos despedimos e senti em sua voz que ela achava que nunca mais nos veríamos. Eu queria estar lá e faria de tudo para que isso acontecesse. Eu estava saindo de casa quando Paty chegou. Pedi a ela para me acompanhar até o aeroporto para trazer o carro para casa. No caminho contei que Isabella iria se casar ela ficou preocupada comigo.

- Mas e agora o que você pretende fazer? – perguntou com os olhos arregalados.

- Somos a família dela, a única que ela tem. Se esqueceu? Esse é um momento feliz para ela e estaremos lá – falei me concentrando na direção.

- Você ta louca, isso não é uma forma de tentar alguma coisa? – perguntou Paty preocupada com minha atitude.

- Paty eu te juro que não. Eu quero ela bem e se sua felicidade é com a Marisa eu estarei lá. E outra agora tenho a Vivi né. Eu to gostando dela. E dessa vez vou fazer de tudo para dar certo. Eu só quero que a Isa tenha certeza que pode me ter como sua amiga. E a promessa que fiz pra ela a quase sete anos atrás de nunca abandoná-la quando ela me contou sobre sua família, eu vou cumprir. Entendeu? – falei parando no farol.

- Tudo bem Fabi, até acho saudável isso. Mas o que pretende fazer?

- Eu volto amanha e tenho o dia cheio pelo o que a Isa me falou o casório será logo pela manha. Eu gostaria que me comprasse uma roupa e pra você, a mamãe e pra Vivi.

- Você vai levar a Viviane? – perguntou confusa.

- Paty a Vivi faz parte de minha vida e consecutivamente se a Isa aceitar a gente como sua família, ela terá que aceitar a Vivi e vice versa.

- Ta certo. Bom vou preparar tudo. Onde vai ser?

- Num cartório lá no Morumbi

- Tá.

- Cuida disso pra mim tá nos vemos amanha a noite – falei saindo do carro. Já havia chegado ao aeroporto.

- Pode deixar e a Vivi vai com você?

- Ela já esta aqui com os meninos. Eu te ligo, tá?

- Ta bom, vai com deus.

- Te amo, fica com ele. Tchau – falei dando um beijo em seu rosto e sai em direção a porta de entrada.

Pegamos o avião e contei para Vivi sobre minha vontade. A principio ela não gostou muito. Mas acabou aceitando, se isso me fizesse feliz ela iria. Fernando me disse que a gravadora queria fazer um acústico com todos os sucessos já lançados. Aproveitando que eu estava num bom momento da volta. Que seria em alguns meses e logo após esse acústico faríamos uma longa turnê pela America Latina.

O dia fatídico tinha chegado, saímos todas um pouco atrasadas. Paty como sempre fazia isso. Mas não iria brigar com ela. Eu já estava nervosa o suficiente. Gastaríamos mais ou menos uma hora pra chegar e a cada metro que percorria meu nervosismo aumentava.

Chegamos ao cartório, estacionei o carro e minha mão começou a tremer. Vivi pegou minha mão quando saímos do carro. Minha mãe ainda me perguntou se eu tinha certeza do que estava fazendo. E eu disse que sim. Entramos no cartório e lá estavam Isa e Marisa, Raquel e Julio e algumas pessoas que eu não conhecia. Percebi pela cara de Marisa que ela não me queria ali. Logo Isa veio ao nosso encontro.

- Fabi... o que... você esta fazendo... aqui? – perguntou medindo Vivi.

- Eu te disse que estaria aqui, não disse. Somos uma Família se lembra. Se você vai se casar sua família tem que estar presente – falei deixando uma lagrima cair.

- Serio, você faria isso por mim? – falou me olhando com os olhos vermelhos.

- Eu faria coisas por você que você nem imagina. Mas agora enxuga essas lagrimas que senão você vai borrar a sua maquiagem.

- Ai... e... quem é você? – falou olhando para Vivi.

- Me desculpe Isa essa é a Viviane... minha namorada.

- Muito prazer – cumprimentou Vivi.

- A, sua namorada. Não sabia que estava namorando.

- Pois é, tem muita coisa que tenho que te contar. Mas isso não é hora.

- Bella – chamou Marisa ela nem se dignou a vir nos cumprimentar.

Elas conversaram por alguns minutos e logo vieram a nosso encontro, mamãe e Paty já estavam ao nosso lado.

- Oi... Fabi posso falar com você – perguntou Marisa.

- Claro.

- Vamos lá pra fora – falou indicando a porta.

- Mari, por favor – falou Isabella.

- Pode deixar Isa, eu falo com ela – falei tentando acalmar os ânimos. Para depois sairmos até a calçada.

- O que você quer com tudo isso? – perguntou Marisa nervosa.

- Que Isabella seja feliz – respondi apenas.

- Eu sei que tem alguma coisa por trás disso, Fabiana. Eu te conheço e sei todos os seu joguinhos.

- Marisa eu amo a Isabella, nunca te neguei isso. Mas hoje o que mais importa pra mim é que ela seja feliz. E se ela escolheu ter essa felicidade ao eu lado eu aceito. Ela sempre será minha dentro do meu coração.

- Você não vai tentar nada?

- Não, só quero que você faça ela feliz.

- Ta certo. Vamos entrar.

Entramos e todos estavam aflitos. Brinquei dizendo que Marisa ainda não tinha me matado. Para descontrair. Mas não surtiu muito efeito. Logo o juiz apareceu dizendo que em alguns minutos começaria a cerimonia.

Marisa e Isabella foram para perto de Raquel e Julio. E mamãe e Paty se juntaram a elas para cumprimentar os dois. Vivi me perguntou se eu estava bem e eu disse que sim. Dei um beijo demorado em seus lábios sobre o olhar insistente de Isabella. Por alguns minutos eu tentava não lembrar qual era o real motivo de estar ali. Mas cada vez que olhava para Isabella a certeza que a tinha perdido de vez me assombrava.



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Capitulo 31

[20/04/12]

Capitulo 31: Isabella

Cheguei em Congonhas pouco antes do voo de Marisa chegar. Fui até o banheiro para ver a situação dos meus olhos. Eles estavam ardendo e com toda a certeza estavam vermelhos. Havia chorado desde a hora em que deixei Fabiana até o horário de sair de casa. Eu estava contente por Marisa chegar depois de tanto tempo, mas estava triste porque esse tempo que tive ao lado de Fabiana foi tão curto. Queria ter ficado mais, curtido mais, mas eu sabia que já tinha ultrapassado o limite do perigo. Eu tinha caído na tentação. Sai do banheiro e fui para um café esperar. Pouco tempo depois o voo foi anunciado. Poucos minutos depois vi Marisa surgindo na área de desembarque. Ela abriu um sorriso lindo quando me viu e acenou de longe. Não demorou para que ela estivesse em meus braços em um abraço apertado.

- Que saudades meu amor – falou buscando minha boca para um beijo – parece que faz um ano que não te vejo!

- Também estava com muitas saudades meu amor – falei enroscando minha mão em suas mechas negras – você me fez falta.

- Cheguei a pensar em abandonar a Ilanah um final de semana só para vir te dar um beijo...

- E porque não fez isso? – perguntei me afastando para pegar sua mala.

- Porque eu não podia né? – respondeu rindo – lembra que eu te falei que tinha uma novidade pra você?

- Lembro. O que é?

- Eu vou produzir dois shows dela em Portugal e depois disso vou me encontrar com a Rafa. Ela me fez uma proposta muito atraente de trabalho na Alemanha.

- Que máximo meu anjo! – comemorei com genuína felicidade me dirigindo para a saída segurando sua mão – mas pra quando?

- O show em Portugal é exatamente daqui a um mês. Depois disso vou me encontrar com a Rafa.

- Você vai viajar por um longo tempo então?

- Sim. Que olhos vermelhos são esses, Bella? – perguntou tocando meu rosto.

- Estou com algum tipo de alergia – menti – estão assim desde ontem.

- Você pingou algum remédio?

- Sim.

Marisa começou a me contar seus planos para o futuro. Ela estava crescendo com velocidade no mundo da produção. Sua competência a estava guiando para isso. Por algum motivo que me recusava a aceitar não estava tão entusiasmada como ela. Eu deveria, mas era como se algo estivesse me tirando dos seus planos. Teríamos que adiar nosso casamento por conta da nova viagem. Não queria que isso acontecesse. Queria estar o quanto antes segura no seu amor sem pensar tanto em Fabiana como eu estava fazendo. A sua ausência me dava espaço para isso.

Entramos no carro e logo me pus em movimento. Não demorou para que estivéssemos em sua casa em Interlagos. Assim que Marisa entrou na casa me puxou para o sofá para eu me sentar ao seu lado.

- Eu quero te fazer uma pergunta Bella e quero que seja mais sincera o possível comigo.

- Claro – respondi acenando também com a cabeça – o que foi?

- O que significa isso? – perguntou tirando um jornal da bolsa.

Peguei o jornal da mão dela e num canto da primeira página tinha uma foto minha com Fabiana tirada na noite anterior na porta do restaurante que fomos. Havia uma pagina selecionada e ela me indicou para abrir nela. Havia uma nota informando que a Fabi Pontes dera a volta por cima e estava de namoro novo ou recaída antiga. Dei um meio sorriso fechando o jornal.

- Fomos a um restaurante ontem. Havia fotógrafos e tiraram essa foto enquanto eu agradecia a noite – expliquei devolvendo o jornal.

- Eu já tive minha crise de ciúmes hoje de manhã quando vi isso. Não foi nada demais?

- Não meu amor – respondi puxando seu rosto para um beijo – foi a primeira vez que ela saiu de casa depois da crise abstinência. Acho que tanto eu quanto a Fabi precisávamos de um momento de distração.

- O que aconteceu na casa dela?

- Nada com que tenha que se preocupar – respondi incomodada com seu interrogatório – a Rose e a Paty ficaram com a gente o tempo todo. Se não confia em mim pode perguntar pra elas.

- Não precisa ser estupida – respondeu se levantando do sofá – se coloca no meu lugar e me diga como você ia se sentir se me visse em um jornal agarrada com outra mulher.

- Eu não entenderia – respondi sincera – iria pedir explicações como você está fazendo.

- Você dormiu com ela?

- Dormi.

- Como você me responde com toda essa naturalidade?! – perguntou nervosa.

- Você me perguntou se eu dormi com ela. Sim eu dormi. Eu não transei com ela, não fiz amor, nem trepei com ela.

- Agora ela está bem não está?

- Sim ela está.

- Você vai voltar a vê-la?

- Não pretendo – respondi com verdade. Já tinha me feito essa mesma pergunta varias vezes antes e a única forma de não me perder de Marisa era tirando Fabiana da minha vida. Mesmo que doesse. Se ela me procurasse seria diferente – não quero estragar o que resta da sua confiança em mim.

- Eu te amo Bella – respondeu se sentando ao meu lado novamente – eu não quero ter perder, mas não vou entrar em uma batalha que vou perder.

- Você não precisa entrar em batalha nenhuma. Eu quero você. Eu te amo. Acredita no que eu sinto por você – pedi segurando seu rosto.

- Eu acredito – me respondeu com um sorriso me puxando pelas mãos – vem. Quero um banho.

- Essa ideia me parece tentadora – respondi a abraçando por trás beijando seu pescoço.

Fomos até seu quarto e pelo caminho fui tirando as peças de roupas que ela usava. Entramos embaixo da agua e a beijei ternamente deixando que agua corrente levasse embora minhas dúvidas. Marisa estava muito mais carinhosa ao me tocar ao mesmo tempo que me instigava a continuar a exploração pelo seu corpo. Nunca antes tive que me controlar para transar com ela, a única pessoa que reinava em minha cabeça e coração era a bela morena, mas depois da reveladora temporada na casa de Fabiana eu tinha que manter os olhos abertos para ver que eu não estava amando Fabiana e sim a mulher com quem iria me casar. Cai de joelhos colocando sua perna em meu ombro deixando minha língua explorar seu sexo em chupadas apressadas. Marisa gemia alto rebolando e se esfregando em meu rosto. Ela era perfeita pra mim. Não podia ser diferente. Não tinha que ser diferente. Tinha que desligar minha mente da bela loirinha.

Senti todo o seu corpo se contrair e depois relaxar em um gozo. A suguei lentamente e subi novamente para seu rosto lhe dando um beijo apressado a prensando contra a parede. Automaticamente Marisa ergueu a perna na altura na minha cintura e minhas mãos deslizaram para seu sexo. A penetrei e me abaixei para os seus seios. Entre beijos e chupões ela novamente se entregou ao prazer.

Saímos do chuveiro e fomos para a cozinha. Preparei um jantar rápido com as coisas que tinha trazido do apartamento e pouco tempo depois estávamos jantando. Depois de um tempo subi para o quarto enquanto Marisa ia para o computador ver um e-mail. Não demorou nem cinco minutos e ela já estava entrando no quarto com uma cara de quem ia aprontar alguma.

- O que foi amor? – perguntei ao ver seu sorriso da porta – já viu seu e-mail?

- Não. Não tem e-mail. Eu quero te fazer um pedido – falou tirando uma rosa vermelha que trazia escondida atrás de si – quer se casar comigo? – finalizou se abaixando ao lado da cama.

- Eu já te fiz esse pedido não? – perguntei rindo pegando a flor da sua mão para depois dar um beijo em seus lábios.

- Um pouco antes do tempo, quem sabe? – falou apontando a rosa.

Olhei atentamente para a flor em minha mão. Havia uma caixinha vermelha perfeitamente oculta entre as pétalas. Abri e meu coração parou por um segundo. Havia duas alianças douradas dentro.

- Não entendi – respondi com um sorriso bobo encarando os olhos negros – você quer adiantar a data é isso?

- Sim. Como eu vou viajar e não sei quanto tempo vou ficar na Alemanha com a Rafa, eu quero que você vá comigo. Uma lua de mel.

Dei um sorriso e abaixei a cabeça olhando para as alianças. Meu pensamento voou em Fabiana. Eu sabia que iria casar, claro, era o que eu queria, mas fui pega totalmente de surpresa. Aceitar seu pedido era ter a certeza que estaria mais longe ainda de Fabiana antes do que eu tinha imaginado. Levantei os olhos deixando escapar uma lágrima. Marisa sorriu interpretando meu gesto como emoção e me abraçou apertado. Eu teria que decidir naquele momento. Ela ou Fabiana. A afastei um pouco para fitar seus olhos negros cheios de carinho. Eu não podia usar a emoção naquele momento. Eu tinha que escolher sem que ela soubesse que eu estava escolhendo quem eu amava mais. Quem era melhor pra mim.

- Claro meu amor – respondi beijando seus lábios a deitando na cama – eu te amo, amo, amo – repeti mais para mim do que pra ela.

- Eu te amo. Nós seremos as duas mulheres mais felizes desse mundo. Eu vou te fazer a mulher mais feliz do mundo.

Apenas assenti com a cabeça beijando-a mais uma vez, me livrando dos roupões que usávamos. Eu tinha feito minha escolha. Não existia volta. A verdade nunca existiu volta.

A semana seguinte foi adiantando todos os nossos planos. Voltei a trabalhar no Rabella e toda noite saiamos para comprar alguma coisa para nossa nova casa. Na verdade minha nova casa, pois Marisa havia me dito que não seria interessante dar continuidade na compra do apartamento já que ela iria para fora do pais por tempo indeterminado. Se o trabalho com a Dj desse certo ficaríamos durante um tempo morando na Alemanha, até ela terminar o tal projeto. Enquanto isso iriamos trocar os moveis da sua casa e vender as coisas do apartamento e entrega-lo. Pedi para me desfazer do apartamento depois do casamento assim não teria que dividir atenções com duas coisas ao mesmo tempo. Já tinha ficado bem claro que eu não sabia lidar com duas situações ao mesmo tempo.

Raquel tentava me fazer falar sobre Fabiana, mas eu recusava sempre. Eu sabia que ela já tinha sacado que eu não estava totalmente feliz como há seis meses quando a tinha reencontrado novamente. O fato de eu não querer tocar no assunto era a prova clara que isso me machucava. O fato de não estar com Fabiana me atingia como uma flecha.

Outra semana se passou e a cada volta que o relógio dava era uma hora mais perto do meu futuro definitivo. Se eu tinha mudado de comportamento com Marisa eu não sei. Tentava de todas as formas não demonstrar, me alegrando com cada coisa nova que ela inventava, a amando todas as noites de forma apaixonada e intensa, mas me pegava divagando em mundos distantes regularmente.

Faltavam dois dias para o grande dia. O dia que iria ficar em definitivo com Marisa. Raquel e um amigo de Marisa seriam as testemunhas. Todos que faziam parte da minha vida comemoravam, mas eu apenas fingia que acompanhava o entusiasmo deles. Ainda havia uma pessoa que precisava saber, a pessoa mais importante: Fabiana. Tinha me torturado durante uma semana tentando achar um consenso entre ligar e não ligar. Acabei ligando para ela do Rabella.

- Fabi, tudo bem? – Falei assim que ouvi seu alô.

- Oi... Isa... nossa não esperava sua ligação – respondeu surpresa.

- Eu sei que já faz algum tempo, como você está?

- Eu estou bem, estou saindo para um show na Bahia.

- Estou te atrapalhando, desculpa eu te ligo outra hora – falei fechando os olhos. Não Haveria outra hora.

- Não de forma alguma. E outra já demorou tanto tempo para ligar. Eu estava com saudades.

Trocamos algumas palavras sobre o beijo que dei nela no dia em que fui embora. Eu queria acabar logo com aquela tortura. Não tinha porquê fazer rodeios

- Fabi eu me caso em dois dias.

- Mas já? Não era... é... não era mais pra frente – sentiu que o tom de sua voz mudou drasticamente.

- Fabi... você vai ficar bem?

- Vou sim, mas porque agora?

- A Marisa vai para fora do país para um projeto junto com aquela dj e decidimos adiantar nossos planos. Eu vou com ela – falei deixando uma lágrima escapar pelo meu rosto sem deixar transparecer tanta angustia na minha voz – não queremos adiar a data então depois de amanhã eu vou me casar às dez horas no cartório que fica nas imediações do Morumbi.

- Tá... eu... eu...

- Te adoro tá? Nunca se esqueça disso – falei dando vazão as lágrimas – até um dia.

- Até Isa.

Desliguei o telefone e cai num choro compulsivo. Não vi que Raquel tinha entrado na sala e escutado o fim da conversa. Só senti sua presença quando ela me abraçou e começou a me confortar. Quando me acalmei mais ela saiu da sala e voltou trazendo duas folhas nas mãos. Raquel foi até a janela da sala e colocou uma folha onde estava escrito o nome da Marisa e na outra extremidade o nome de Fabiana.

- Qual você tira primeiro ruiva? – perguntou se sentando ao meu lado.

- Não faz isso – pedi secando o rosto com as mãos – eu não quero mais ter que escolher.

- Você precisa e pensa bem no que você vai escolher. É sua ultima chance – falou dando um beijo nos meus cabelos – escolhe com calma e me diga qual foi a folha que você tirou primeiro.

Assenti com a cabeça sem entender seu jogo. Raquel saiu da sala e fiquei sentada na cadeira olhando para os dois nomes. Vinte minutos depois me levantei e fui até o nome de Fabiana. Ele sairia primeiro e por razões obvias. Eu já tinha tirado ela primeiro da minha vida.

Sai da sala indo encontrar Raquel na recepção e entreguei o papel para ela.

- Se você decidiu se livrar primeiro desse nome é porque já não tem muita serventia. A gente só se livra do que não serve.

Chorei mais uma vez e ela novamente me confortou na minha sala. Estava me odiando por me permitir ser tão emotiva, mas eu precisava secar por dentro de toda a dor que estava sentindo por não ter Fabiana. Fiquei em estado de letargia no resto do dia trabalhando mecanicamente, sem me preocupar com a paixão que sempre coloquei no meu trabalho.

No fim do dia Marisa apareceu e fomos comprar as roupas que usaríamos. Eu estava com todo animo para usar preto, mas escolhi um terninho bege bem claro. Marisa iria com um vestido também em tom pastel na altura dos joelhos. Quando ela saiu do provador dei um imenso sorriso. Ela estava linda. Linda.

Na véspera do dia D tirei folga do Rabella e ajudei Marisa a preparar a festinha que faríamos na casa de Raquel. O lugar era grande e acomodaria bem os poucos convidados. O bufê que serviria já estava pronto e na noite do dia seguinte estaria tudo a postos. Naquela noite passei o tempo todo acordada transando com Marisa. Não dormimos nem por um minuto as voltas com nosso prazer. Era uma noite de despedida da vida de solteiras. A nossa despedida.

Chegamos no cartório e Raquel já estava lá com Júlio e com os amigos de Marisa. Conversamos sobre o dia feliz que estava sendo quando vi Fabiana entrar com Paty e Rose. Não sei se meu coração parou de medo ou de alegria, mas ele deu uma pausa até eu acordar para a realidade novamente.

- Fabi... o que... você esta fazendo... aqui? – Falei indo em sua direção. Havia uma morena com elas que eu não conhecia.

- Eu te disse que estaria aqui, não disse. Somos uma Família se lembra. Se você vai se casar sua família tem que estar presente.

- Serio, você faria isso por mim? – falei sentindo todo o meu rosto ficar rubro e as faces ardendo. Elas eram maravilhosas como sempre.

- Eu faria coisas por você que você nem imagina. Mas agora enxuga essas lagrimas que senão você vai borrar a sua maquiagem.

- Ai... e... quem é você? – Perguntei olhando para a morena. Não estava grossa, era apenas meu jeito delicado de tratar as mulheres que ficavam ao lado de Fabiana.

- Me desculpe Isa essa é a Viviane... minha namorada.

Meu mundo parou por um minuto com a palavra namorada rodando pela minha cabeça. Acho que era coisa demais para um único dia.

- A, sua namorada. Não sabia que estava namorando.

- Pois é, tem muita coisa que tenho que te contar. Mais isso não é hora.

- Bella - ouvi Marisa me chamando me tirando da situação constrangedora. Segui em passos largos com a cabeça baixa respirando fundo para controlar meu coração que parecia um tambor desordenado e minhas mãos que tremiam – o que ela está fazendo aqui? – finalizou perguntando irritada.

- Eu falei para ela que ia casar hoje. Elas são minha família, não é justo que elas não estejam presente.

- Só atravessando um oceano com você pra essa garota não te perturbar mais não é?

- Para com isso, Mari – respondi tentando conter os ânimos – eu adoro elas. Não estraga nosso dia...

Marisa assentiu com a cabeça e saiu para onde as mulheres estavam. Como ela tinha que ser grossa com todos que relacionado com Fabiana não fez questão de cumprimentar ninguém e pediu para falar a sós com ela. Só esperava que não saísse briga.

Logo depois elas voltaram, mas Marisa fez questão de me manter longe. Meus petulantes olhos não a obedeceram e tive que assistir o beijo que ela dava em sua namorada. Se fosse em outro momento eu ficaria nervosa, iria brigar com ela, mas estava entrando em estado de letargia novamente. Minhas pernas falharam quando o juiz anunciou que faria a união estável naquele momento.

- As duas se apresentam de livre e espontânea vontade? – perguntou o homem com a voz rouca.

- Sim – respondeu Marisa pegando minha mão. Eu apenas assenti com a cabeça.

A partir daquele momento tudo começou a acontecer em câmera lenta. Tentava me concentrar no que estava acontecendo, mas os ruídos chegavam até mim como se eu estivesse no fundo de uma piscina. Só me dei conta de que já era a hora de assinar quando vi uma caneta estendida na minha direção. Foi nesse momento que fraquejei.

Levantei os olhos para Marisa e seu sorriso sumia lentamente enquanto lagrimas rolavam pelo meu rosto. Me virei para Fabiana e ela estava segurando a mão da namorada e de Rose, como se fosse uma corrente. Voltei meus olhos para Marisa e dei um passo encurtando nossa distancia. As lagrimas borravam minha visão enquanto pegava seu rosto com minhas mãos e encostava a minha testa na sua. Dei um beijo sôfrego em seus lábios. Eu estava fazendo minha escolha.

- Me perdoa – falei baixinho em seu ouvido.

- Eu nunca vou conseguir competir com ela não é? – perguntou Marisa me abraçando falando em meu ouvido.

- Não é isso – respondi encostando minha cabeça em seu pescoço – eu vou... eu quero...

- Não Bella – respondeu Marisa se afastando para pegar meu rosto – eu não quero desse jeito. Eu quero você inteira e se não for assim, eu não quero.

- Amor não...

- Você sabe que ama ela e não a mim. Você pode sim ter me amado um dia e talvez ainda me ame, mas eu quero ser amada da mesma forma como amo. Você me amou um dia, mas agora não é mais a mesma coisa. Eu pensei que podia fazer você me amar novamente, mas não posso lutar contra esse sentimento tão forte que une vocês duas.

- Não tem nada nos unindo Mari! Ela está com a namo...

- Para Isabella – falou Marisa colocando um dedo nos meus lábios – eu te amo. Mas agora eu tenho que sair de cena – falou tirando o anel que eu tinha dado – eu sempre vou lembrar de você com carinho. Obrigada por me fazer a pessoa mais feliz do mundo. Não agora, mas esse ano que passou foi o mais fantástico da minha vida.

Marisa me beijou com paixão enquanto nossas lagrimas se juntavam em nossos rostos. Ela me largou abruptamente e saiu rápida da sala onde estávamos. O casal de amigos a seguiu para saber o que tinha acontecido. Eu apenas passei a mão na cabeça chorando como se fosse uma criança em soluços altos. Raquel me abraçou apertado, mas logo me livrei dos seus braços. Olhei para Fabiana que estava confusa e para o restos das pessoas que me olhavam com a mesma curiosidade do que estava acontecendo. Pedi para Raquel arrumar as coisas no cartório e fiz menção de sair sendo segurada pela mão de Rose.

- Está tudo bem filha? – perguntou com um tom preocupado.

- Desculpa Rose, Não vai ter mais casamento – falei dando um beijo na sua mão – obrigada por ter vindo. Estou indo nessa. Preciso ficar sozinha

Sai rápida da sala sob os olhares curiosos. Eu não sabia para onde ir. Estava sem rumo mais uma vez.

Parei na calçada olhando para os lados como uma pessoa sem saber para onde ir. Peguei o celular no bolso e disquei para Marisa, mas ela tinha desligado o aparelho. Tirei ele da orelha lentamente me virando na direção onde ouvia passos se aproximando.

- O que aconteceu Isa? – perguntou Fabiana preocupada – porque a Marisa saiu daquele jeito? Minha mãe disse que não vai ter mais casamento...

- Eu hesitei Fabi – respondi secando as lágrimas com a palma da mão – ela terminou comigo.

- Mas... vocês não queriam isso? Porque ela terminou?

- Porque meu coração não é só dela – respondi dando um passo pra trás – eu preciso ir. Obrigada por ter vindo - finalizei me afastando.

- Isa espera!

Balancei a cabeça em sinal negativo enxergando Viviane vindo em nossa direção. Sai apressada dali andando a esmo. Estava tão atordoada que nem me lembrei do carro. Algumas quadras depois entrei em um boteco qualquer e pedi um uísque. A solução não era beber, mas eu precisava aplacar a dor que sentia dentro do peito. Meu celular começou a tocar insistentemente com Raquel e Paty me ligando. Desliguei o aparelho fiquei durante um tempo me dedicando a acabar com a garrafa que foi colocada a minha frente.

Quando finalmente cheguei no apartamento já era final da tarde. Ainda tinha tentado falar com Marisa outras vezes, mas sei que ela não me atenderia. Entrei no quarto e me joguei na cama. Fiquei olhando para o teto deixando minhas lagrimas rolarem pelo meu rosto. Eu amava Marisa, mas tinha completa consciência de que ela estava certa. Não podia usa-la para esquecer Fabiana. Eu nem sabia se queria esquece-la. Adormeci perdida entre minhas confusões. Acordei com o toque insistente da campainha. Abracei os joelhos na cama tentando fazer com que aquele barulho infernal parasse. Depois de um tempo ele cessou e eu voltei a cair nos braços da agonia.

Acordei no dia seguinte como se tivesse enfiado mil agulhas na minha cabeça. Ela latejava de dor. Me arrastei até o banheiro em busca de comprimidos e me joguei na cama novamente. Aquele que era para ser o dia mais feliz da minha vida estava entrando no rol dos piores dias que já tive. Desliguei os telefones e avisei para o porteiro que se alguém perguntasse por mim era para dizer que eu não estava. Passei o dia vagando pela casa tentando falar com Marisa pelo celular. Eu sabia que ela não ia voltar comigo, mas precisava me desculpar pelo meu ato. Todas as minhas tentativas foram em vão. Ela havia desligado seus telefones também.

No terceiro dia resolvi sair para dar uma volta na praça perto de casa. Coloquei um óculos escuro grande para esconder o lastimável estado dos meus olhos e sai para o elevador. Estava passando na portaria quando Sergio me chamou me dizendo que haviam deixado um pacote pra mim na noite anterior. Assenti com a cabeça em agradecimento e abri. Era a chave da casa de Marisa. Havia um bilhete junto.

“Estou embarcando amanhã cedo para Portugal. Estou deixando as chaves para você pegar as suas coisas. Deixe ela na produtora. Um dia quando a dor passar espero ser sua amiga. Seja feliz Bella.

Amor Marisa”.

Mais uma vez as lagrimas inundaram meus olhos. Desisti de sair e voltei para o apartamento ficando mais três dias isolada do mundo.

Acordei numa quarta feira decidida a dar a volta por cima. Me arrumei e fui para o Rabella. Entrei sem fazer barulho e Yasmim nem notou minha presença entretida com uma revista. Na capa havia uma foto de Fabiana. Fechei os olhos e me apoiei no balcão, foi quando a garota fechou a revista rápida por conta do susto.

- Bella que susto! Falou levando a mão ao peito – tá querendo me matar do coração é?

Ri do jeito dela antes de perguntar por Raquel. Ela estava em sua sala tatuando a perna de um rapaz.

- Oi – falei da porta chamando sua atenção.

- E ai ruiva – falou surpresa se afastando do lugar onde estava – de volta a vida?

- De volta a vida – respondi com um sorriso amarelo – você me aceita de volta?

- Esse lugar é seu, Bella – respondeu tirando a mascara – me dá quarenta minutos pra gente conversar? Já to terminando aqui.

- Tá. Minha sala tá ocupada?

- O Rafael tá fazendo um desenho para aprovação lá. Vai dar uma força pra ele.

Assenti com a cabeça e entrei na minha sala. Rafael era o garoto da galeria que fora trabalhar com Raquel por conta da minha lua de mel. Ele estava fazendo um dragão alado saindo de uma flor de lótus. A ideia toda do desenho era muito boa e ele estava fazendo com perfeição. Ficamos conversando durante um tempo sobre as cores que seriam usadas e nem vi o tempo passar. Raquel entrou na sala depois de uma hora.

- Onde você se meteu ruiva? – perguntou Raquel se encostando na maca – porque não atendeu a porra do celular pra falar que estava viva?

- Eu não queria falar com ninguém. Precisava de um tempo meu – falei puxando a cadeira para mais perto dela – foi mal.

- Foi péssimo né? – falou brava – não faz mais isso não. Eu me preocupo com você.

- Eu sei. Obrigada.

- O que você vai fazer agora? Vai atrás da Fabiana?

- Não – respondi balançando a cabeça – vou trabalhar muito, vou beber muito e pegar mulher por ai.

- Vai voltar a galinhar né ruiva? – falou Raquel com um sorriso – porque você não pega um avião e vai para Portugal? A Marisa está hospedada no Mundial em Lisboa.

- Você falou com ela? – perguntei surpresa por ela saber onde Marisa estava hospedada.

- Ela ligou ontem. Conversamos bastante. Se você for atrás dela, pode ter uma chance de reconciliação.

- Não quero – respondi me virando para a parede – não seria justo com ela, não seria justo comigo. Eu preciso me encontrar primeiro, fazer uma arrumação completa na bagunça que está meu coração.

- E a Fabiana?

- O que tem ela?

- Você vai procura-la?

- Não. A Fabiana está namorando e pra ela apresentar pra mãe é porque é serio. Não quero atrapalhar. Quero que ela seja feliz com essa garota.

- Parece que eu estou vendo a velha Isabella de volta, ou estou enganada?

- Não está não. Eu estou de volta amiga e nada, nada vai atrapalhar meu trabalho.

- Legal. Posso te passar meu cliente da tarde? Estou tatuando em dobro sem você aqui.

- Você é foda hein Raquel! – falei rindo – pode passar sim. O que é?

- Um nome. Coisa fácil.

- Já passou para o transfer?

- Seu trabalho gata.

Ri jogando uma biqueira na sua direção. Minha vida estava recomeçando novamente depois de tanta tribulação.

Os dias escorreram pela lacuna do tempo. Tentei não pensar me dedicando durante o dia no estúdio e a noite às mulheres que conhecia em baladas e barzinhos. Mesmo tentando me ocupar ao máximo ainda tinha tempo que ficava sozinha e era nessas horas que Marisa e Fabiana voltavam. Depois de três semanas passei a me lembrar de Marisa com carinho, com saudade da sua companhia e não como minha mulher. Já toda vez que escutava alguma coisa de Fabiana ou via alguma foto ou vídeo seu, minhas pernas bambeavam, o sorriso era fácil nos meus lábios. Eu amava Fabiana. Sempre amaria. Raquel tinha ido comigo buscar minhas coisas que tinha levado para a casa de Marisa e lá deixei um envelope com o pagamento da minha parte das coisas que havíamos comprado. Eu estava fechando a porta chamada Marisa. Talvez um dia nos tornemos amigas. Ainda ia demorar muito tempo para que eu tivesse noticias suas.

Rose e Paty ainda tentavam falar comigo com regularidade, mas fugia com medo de saber que Fabiana estava feliz ao lado da namorada. Eu sabia que elas ainda estavam juntas e eram vistas sempre em momentos carinhosos. Por mais que eu queria sua felicidade, não queria testemunhar sua alegria ao lado de outra mulher. Mas meu coração ainda não sabia disso.

- Bella eu preciso da sua ajuda! – falou Yasmim entrando na minha sala afoita – por favor me ajude!

- O que aconteceu? – perguntei assustada.

- A Fabi Pontes vai gravar um acústico no próximo sábado. Eu preciso ir nesse acústico. Eu vou cortar meus pulsos se eu não for! Eu já tentei de tudo para conseguir um ingresso, mas não deu certo. Você é minha ultima esperança.

- Tá – assenti incrédula – e você quer que eu desenhe um ingresso pra você é isso?

- Não Bella! É serio. Você conhece os meninos que tocam com ela, o empresário dela, até a mãe dela. Você pode ligar para alguém e conseguir um ingresso pra mim.

- Você não tá falando serio tá?

- Claro que estou. Por favor Bella! Eu vou pra cama com você se conseguir isso.

- Você é hetero anjo. Não me daria prazer nenhum. Melhora sua oferta.

- Qualquer coisa! – pediu juntando as mãos em forma de prece – por favor!

- Vai pra recepção Yasmim – pedi com um sorriso – eu preciso terminar de fazer esse desenho – finalizei apontando para a folha onde estava desenhando anteriormente.

- Que saco viu?! - resmungou a garota saindo da sala.

Tentei voltar a me concentrar no desenho sem muito resultado. Comecei a pensar demasiadamente em Fabiana. Como será que ela estava? Era um bom motivo para eu ligar para saber dela. Fiquei divagando se devia ligar ou não. Acabei discando para Fernando.

- E ai cara? – falei assim que ouvi sua voz com eco. Devia estar no viva voz.

- Fala ruiva! Quanto tempo!

- Um bom tempo. Como você está? Pode falar agora?

- Suave eu estou tranquilo e você?

- De boa. Cara eu te liguei por um motivo meio tosco na verdade – comecei a falar tentando achar um meio de pedir os ingressos – lembra da Yasmim que trabalha aqui no estúdio?

- Sei. Loucona pela Fabi.

- Isso mesmo. Ela está querendo ir em um acústico que a Fabi vai fazer. È sábado agora não é?

- Isso mesmo.

- Tem como você descolar dois ingressos pra ela? Ela me disse que tentou por todos os meios, mas não conseguiu...

- Posso conseguir sim ruiva. Você vai também?

- Não. Eu vou para uma chácara com a Raquel, mas se você conseguir vou ficar te devendo essa.

- Tranquilo. Fala pra ela buscar no escritório. Vou deixar avisado para o pessoal entregar pra ela. Qual o nome?

- Yasmim Munhoz e acompanhante.

- Fechado. Como você está Isa? - perguntou mudando o tom de voz para preocupado.

- Eu estou de boa mesmo. Curti um tempo de dor de cotovelo, mas agora estou de volta a pista – respondi rindo.

- Esculhambando geral pelo que te conheço.

- Um pouco. E a Fabi? Como ela está?

- Ela está bem. Super animada com alguns projetos novos, se dedicando a musica. Porque você não liga pra ela?

- Melhor não – respondi com um sorriso – acho que a Viviane não vai gostar.

- Ela não é muito fã da sua estampa mesmo, mas a amizade é o que vale.

- Sem duvida cara, mas não quero causar problemas. Bom, obrigada pelos ingressos. Quanto vai ficar?

- Que isso ruiva! Não é nada não. Ela vai com os Vips na primeira fila.

- Você está dando asas para uma cobra.

- Que nada.

- Valeu cara. Se cuida!

- Pode deixar ruiva. Mantenha contato.

Desliguei o telefone com um peso no coração e uma lagrima nos olhos. Fabiana estava feliz. Amando como sempre pedi que ela fizesse. Ela tinha encontrado o amor que tanto tinha pedido pra ela procurar. Sequei a lagrima e engoli o resto do choro. Sai da sala indo para a recepção onde Yasmim estava toda amuada.

- Você vai ter que trepar muito comigo, garota – falei indo para detrás do balcão ao seu lado.

- Você vai ligar para alguém? – perguntou com um imenso sorriso.

- Eu liguei para o Fernando – respondi me sentando na sua cadeira – amanhã você vai até o escritório da banda que tem dois convites lá no seu nome.

- Mentira que você conseguiu! – falou em um grito pulando no meu colo – te adoro Bella.

- Quero ver esse fogo hoje à noite – respondi encarando seus olhos séria.

- Você tá falando sério?

- Foi você quem me propôs uma boa transa em troca dos ingressos.

- Mas eu... eu não sou... – falou se levantando.

- Vem cá palhaça – falei rindo a puxando para o meu colo novamente – eu estou brincando. Se divirta lá.

- Obrigada ruiva! Obrigada, obrigada, obrigada! – falou dando beijinhos no meu rosto.

- Oh ruiva! – ouvi a voz de Raquel – até a Yasmim você não vai perdoar?

- Claro que não. Você acha que vou deixar esses cachinhos negros pra lá?

- Então come ela depois do trabalho. Aqui pode ser considerado assedio sexual.

- Palhaça – respondi me levantando.

- Acabou seus clientes de hoje? Vamos fechar e beber uma breja?

- Demorou vou pegar minhas coisas. Vamos Yasmim?

- Com certeza – respondeu animada.

O sábado amanheceu frio e chuvoso, diferente da semana ensolarada. Coisa de São Paulo. Yasmim estava toda animada me lembrando toda hora que o tal acústico da Fabi Pontes era naquela noite e ela queria estar linda quando aparecesse no DVD. Ri do jeito dela, mas meu intimo estava destroçado. Adoraria ir, mas não podia. Eu tinha que me manter longe, o mais longe possível de Fabiana. Não queria que ela tivesse duvidas em relação ao que sentia por Viviane. Não queria que ela passasse pelo mesmo tormento que passei com Marisa, machucando outra pessoa que não tinha nada a ver com nossos sentimentos. Já ia dar quase duas da tarde e Yasmim já ia direto para o lugar onde seria o acústico. Queria pegar o melhor lugar segundo ela. Não entendia muito desses lances, mas se fosse como num show de rock ela já teria que estar na fila bem antes do que estava pretendendo se quisesse um bom lugar. Sai do estúdio e dei uma carona para ela até uma estação de metrô. Estávamos quase chegando quando ela ligou para a amiga que levaria.

- Como assim você não vai?! – perguntou nervosa no celular – você não pode fazer isso comigo Si! Poxa com quem eu vou agora? Uma hora dessas não tem como convidar mais ninguém. Eu entendo, claro que entendo, mas é foda viu?! Tá bom depois a gente se fala.

- O que aconteceu – perguntei curiosa – sua amiga não vai mais?

- Não. A mãe dela resolve passar mal hoje, acredita? Tá num hospital.

- Que merda.

- Eu não quero ir sozinha! Mas essa hora não tem ninguém que ame tanto a Fabi Pontes para sair correndo de casa agora – falou com um tom triste. Logo sua feição mudou – você. Pronto.

- Eu? – perguntei desviando minha atenção do transito – não mesmo.

- Qual é Bella? Você foi casada com ela qual o problema.

- Você acabou de falar o problema. Eu já fui casada com ela. Não vou aparecer em um acústico seu.

- Vocês não se tornaram amigas?

- Tem muito mais coisas, razões que me impedem de ir.

- Não tem nada. Tenho certeza que os meninos da banda ficariam contentes em te ver. O Fernando que é seu amigo. Quem sabe a mãe dela não vai estar lá? Você gosta dela, não gosta?

- A Rose e a Paty são minha família.

- Não se abandona família nos momentos importantes. Esse acústico dela é o mais importante da carreira. Vai abrir a turnê pela América latina.

Lembrei das palavras de Fabiana no fatídico dia do meu casamento. “A família tem que estar junta nos momentos importantes”. Se era tão importante assim tenho certeza que Paty e Rose estariam lá. Eu as considerava da família e sei que elas me consideravam também. Foi isso que pesou na minha decisão. Talvez vê-la com Viviane me fizesse bem. Eu tiraria ela de vez do meu coração.

- Ok. Você venceu. Que horas vai começar?

- Oito da noite – respondeu comemorando com uma dancinha ridícula.

- Se você fizer isso de novo eu não vou. Faz o seguinte então. Vamos pra minha casa, eu me arrumo e quando for lá pelas seis e meia, sete a gente sai.

- E como eu vou ver ela de pertinho?

- Para de loucura Yasmim. Seu convite é Vip. Você tem preferencia em um lugar especial. E outra, você tá comigo meu bem. Faço você até jantar com ela.

- Metida. Se eu não pegar um bom lugar eu te mato.

Ri da sua cara assassina e peguei o rumo de casa. Pedimos o almoço por telefone e quando deu cinco da tarde fui tomar um banho. Demorei meia hora embaixo da agua para relaxar. Depois de tanto tempo veria Fabiana novamente e mais importante que isso, depois de alguns anos veria um show completo seu. Coloquei uma roupa qualquer e quando apareci na sala Yasmim me obrigou a trocar novamente indo comigo até o quarto. Sentei na cama enquanto ela abria as portas do guarda roupas e fuçava nas minhas calças e blusas. Depois de um tempo ela escolheu uma calça jeans justa com uma bota e uma regata com um casaco de couro. Pensei que ela ia exagerar, mas ficou bom. Discreto e bem arrumado. Ela ainda fez uma maquiagem leve no meu rosto. Pedi que ela não passasse nada preto. Sabia que iria chorar em algum momento naquela noite e não queria ficar parecendo a noiva de Chuck.

Chegamos na casa de shows por volta das sete e meia da noite. Ao ver nossos convites uma garota nos acompanhou em um lugar bem a frente, literalmente grudadas no palco. Pelo menos eu ficaria sentada, já que a plateia seria sentada. Não vi nenhum dos meninos, mas logo Silvia e Juliana apareceram se sentando próximo onde eu estava. Trocamos algumas palavras e depois foi a vez de Paty e Rose, junto com Viviane aparecerem.

- Não acredito Isa! – falou Paty pulando no meu pescoço – adorei que você veio!

- Oi minha filha – me cumprimentou Rose – como você está?

- Eu estou bem Rose. É bom ver você novamente – respondi dando um beijo na sua mão.

- Porque você veio? Você sumiu depois daquele dia, nem quis falar com a gente – queixou-se.

- Eu precisava de um tempo. E depois a Yasmim me disse que é um show importante pra Fabi. Queria estar presente. Mas foi por pouco que não vinha.

- Deu trabalho viu?! - se intrometeu Yasmim – não é fácil convencer essa ruiva de alguma coisa.

- Eu sei bem. Você é a namorada da Isa?

- Não! Não – respondeu rápida.

- Ela trabalha lá no Rabella. Meu tormento diário.

- Não fala assim. Você me ama.

Apenas ri enquanto Rose pedia para mudar de lugar com Paty. Viviane apenas me deu um oi receoso e foi se sentar no seu lugar. Rose ficou no meio sendo ladeada por mim e por Paty. Não sei por que, mas algo me dizia que era pra ela ficar sentada entre Viviane e Paty. Me sentei também conversando com ela sobre o período difícil que tinha passado com o termino do namoro com Marisa. Ela me aconselhava e me ouvia como uma mãe. Paramos a conversa quando a luz do palco mudou e os meninos da banda entraram no palco sendo aplaudidos pelos presentes. Quando Fabiana entrou a ovação foi geral. Me permiti sorrir e aplaudir entusiasmada. Ela estava linda, como nunca a tinha visto antes, toda de preto, munhequeiras e os cabelos, ah aqueles cabelos loiros e rebeldes. Troquei um olhar com Rose. Eu sabia que o amor que sentia por Fabiana estava estampado nos meus olhos.



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Capitulo 32

[24/04/12]

Capitulo 32: Fabiana

Eu não sabia muito bem como meu coração estava na hora da cerimonia. Eu sentia muita felicidade por Isabella, ela seria feliz e Marisa era a pessoa certa pra ela. Mas também sentia muita tristeza porque estava perdendo a mulher da minha vida. Minha mãe percebeu meu estado, Vivi também. Minhas mãos tremiam e suavam ao mesmo tempo. Em um momento demos as mãos nós três como se estivéssemos fazendo uma prece. Na verdade estávamos mesmo. Mamãe e eu rezávamos pra Isa ser muito feliz.

Mas de repente a Isa virou pra Marisa chorando. Elas cochicharam algo ao ouvido uma da outra e Marisa entregou sua aliança para Isabella e saiu. Não entendi muito bem. Minha mãe procurou saber o que tinha acontecido e Isabella disse que não haveria mais casamento. Olhei para Viviane que segurava minha mão forte.

- Você não vai entender, mas eu preciso falar com ela – disse segurando seu rosto com a outra mão.

- Fabi, deixa ela acho que ela precisa ficar sozinha – respondeu Viviane.

- Vivi eu não posso deixar ela sair assim - falei soltando minha mão da sua – você não entende.

Sai correndo em direção de Isabella. Ela parecia confusa, perdida. Com o celular na mão.

- O que aconteceu Isa? – perguntei. Eu estava preocupada, mas também muito confusa – porque a Marisa saiu daquele jeito? Minha mãe disse que não vai ter mais casamento...

- Eu hesitei Fabi – respondeu secando as lágrimas – ela terminou comigo.

- Mas... Vocês não queriam isso? Porque ela terminou?

- Porque meu coração não é só dela – respondeu dando um passo em sentido contrario do meu – eu preciso ir. Obrigada por ter vindo – falou e saiu.

- Isa espera!

Eu não sabia o que fazer ou como agir. Queria correr atrás dela e conforta-la, mas sabia que ela precisava ficar sozinha. Vivi veio atrás de mim perguntando o que ela tinha dito. Apenas disse que elas não se casariam mais. Voltamos para o cartório e pegamos mamãe e Paty. Fomos para casa. O carro seguia em silencio total. Chegando em casa enquanto as meninas ficaram na cozinha. Fui para meu quarto para tentar ligar pra Isa. Estava desligado. Não insisti. Fui então para a sala acústica e me sentei ao piano. Passava os dedos pelas teclas quando Vivi entrou.

- Estava te procurando. Porque você veio pra cá? – perguntou se sentando ao meu lado.

- Eu preciso pensar Vivi. Isso é tudo muito novo pra mim. Acho que preciso processar – falei a abraçando.

- E... Agora? Como ficamos, porque ficou muito claro que você ainda gosta dela – disse pondo a mão na minha perna.

- Vivi, eu não posso e não vou mentir pra você. Eu amo ela, acho que sempre vou ama-la e sei que o amor que tenho por ela eu nunca vou sentir por mulher alguma – falei olhando para ela com minha cabeça meio baixa.

- Nossa... eu queria sinceridade, mas não tanta.

- Não você não tá entendendo, eu gosto de você. Eu já sofri demais com essa historia, já fiz coisas muito erradas e você sabe disso. Eu não quero mais isso pra mim.

- Mas você não vai procura-la?

- Não, pra quê?

- Ficou bem claro que ela ainda gosta de você.

- Sim, eu sei disso. Mas até quando? Se eu voltar com ela, ela pode fazer a mesma coisa comigo que ela fez hoje com a Marisa. Não por maldade e sim por não saber o que ela quer.

- E o que você quer?

- Agora. Eu quero ser feliz e se você ainda me quiser eu desejo tentar. Eu não posso te prometer um amor como o que eu tenho por ela. Mas posso te prometer que nunca te farei sofrer como eu sofri.

- Você sabe o que você está me pedindo? Você está me pedindo pra te ajudar a esquece-la.

- Não, eu estou te pedindo uma oportunidade para poder ter amor por você. Mesmo porque esquece-la eu não posso e não consigo.

- Sabe o que eu mais gosto em você, é que você nunca mentiu pra mim. Essa vontade de superar isso tudo é o que mais me surpreende. Obrigada pela sinceridade. Mas eu também não posso mentir pra você, eu só vou me entregar de corpo e alma quando eu me sentir mais segura.

- Então, você não vai me abandonar? – perguntei sorridente.

- Não, só não me machuca. Tá?

- Tá – respondi lhe dando um beijo.

Passamos o resto da tarde e a noite em casa. Resolvi não sair, pois teria show no dia seguinte e precisava me poupar. Paty tentou falar comigo sobre o ocorrido. Achei melhor não. Já que me propus a esquecer Isa, eu o faria, mas ela não me deixou em paz. Esperou Viviane dormir e me pegou no escritório. Não pude fugir.

- Fala Paty – falei nervosa.

- Calma, só quero saber o que você está achando disso tudo – explicou.

- Eu não vou atrás dela, se é isso que você quer saber – falei me levantando para pegar umas partituras que estavam na estante.

- Mas Fatita. Você qual foi o motivo dela ter desistido de se casar.

- Sim eu sei. Mas o que isso muda? Eu não vou entrar mais nessa Paty. Ela fez a escolha dela quando ela saiu dessa casa – falei voltando a me sentar.

- Mas ela não tinha opção Fatita, ela tinha um compromisso com a Marisa e mesmo se ela fosse terminar com ela não seria esfregando na cara dela que era você que ela queria.

- Ela não fez isso hoje? Olha Paty, eu não quero mais arriscar. Eu não quero mais sofrer por ela. Então deixa as coisas como estão. Eu estou bem com a Vivi e quero continuar assim.

- Mas não é a Vivi que você ama e acho que você vai acabar fazendo ela sofrer por causa desse amor mal resolvido que você e a Isabella tem.

- Paty, eu conversei com a Vivi, ela sabe que eu não amo ela e sabe que eu não posso dar amor pra ela. Ela também disse que não vai se entregar por completo. Então o que tiver que ser vai ser. O que posso te garantir é que não vou mais atrás da Isabella.

- E se ela vier atrás de você? O que você vai fazer?

- Eu não sei, mas acho que ela não vai fazer isso. Se ela quisesse ficar comigo mesmo teria me dito isso na hora que eu fui atrás dela.

- Bom você é quem sabe, só posso te dizer que a oportunidade de você ser feliz com a mulher que você ama está batendo na sua porta e você está deixando passar. Agora eu só posso te dizer mais uma coisa. Não machuca a Vivi. Ela é uma garota tão legal e não merece.

- Pode deixar que eu sei o que eu estou fazendo.

- To vendo que você sabe, bom vou pra balada. Marquei com uma garota lá.

- Marcou é? Deixa eu perguntar uma coisa? Você não tá pegando mais homem não? Desde que você veio pra sampa que eu não te vi com nenhum homem.

- Eu até saio mais só por uma noite gata, homem não pode apegar. Eles tem a mente pequena e só pensam em uma coisa. E quando eu quero essa coisa eu vou atrás de algum.

- Beleza garota, vai lá. Toma cuidado e juízo.

- Você também.

Paty saiu do escritório e eu continuei revendo algumas partituras para o acústico. Me perdi no pensamento em Isabella. E se ela resolvesse mesmo vir atrás de mim? Como que eu reagiria? Não saberia o que fazer. Mas eu tinha certeza que ela nunca mais me procuraria. No mínimo iria galinhar muito até encontrar outra. Voltei para minha realidade e nem tinha percebido que Vivi estava na porta me olhando.

- Você não vai vir pra cama? – perguntou entrando no cômodo.

- Agora não gata, tenho que rever uns documentos e acho que vou demorar.

- É, e agora você vai demorar muito? – falou se sentando em cima da mesa na minha frente com as pernas abertas.

- Não anjo, não vai dar pra ir mesmo – falei a abraçando.

- Tem certeza? Da uma olhada no que eu estou vestindo por baixo da camisola – falou levantando a pequena peça.

- Isso é maldade, mas realmente tenho que me dedicar a isso.

- Ta certo então, vou te esperar na cama – disse descendo da mesa para depois se dirigir para a porta.

- Gata desculpa, depois eu te recompenso.

- Ta bom – apenas respondeu.

Percebi que ela havia ficado chateada com a situação. Ela estava se oferecendo pra mim e eu recusei. Por mais que eu quisesse estar com Vivi, eu não tirava Isa do meu pensamento. E não teria cabimento eu ir pra cama com outra mesmo sendo minha namorada, sabendo que Isa poderia estar sofrendo. Os dias se passaram e eu tentando não pensar em Isa. Mas isso era uma coisa que por mais que eu quisesse eu não estava conseguindo. Vivi percebia que eu tinha esfriado com ela, eu tentava ser como quando nos conhecemos. Nós saíamos nos divertíamos, mas não era a mesma coisa. Pelo visto o fantasma Isabella iria me assombrar pelo resto da minha vida. Eu amava ela e não conseguia negar. Nem precisava, qualquer um conseguia ver em meus olhos que eu estava fazendo um esforço danado para esquece-la. Mais o amor que tinha por ela era maior que eu.

Alguns dias antes da gravação do acústico eu estava com Fernando quando uma ligação que ele recebeu me surpreendeu. Era Isabella, pedi para ele colocar no viva voz. Queria ouvir sua voz, mesmo sem ela saber. A principio pensei que ela estava ligando para saber de mim, mas minhas esperanças caíram por terra quando ela disse o real motivo de sua ligação. Ela queria dois ingressos para a secretaria dela, a Yasmim. Fiquei triste então sai de perto dele para não ouvir o resto da ligação. Fernando desligou o celular e veio falar comigo. Preferi não ouvir o que ele tinha pra me dizer, mudei de assunto e seguimos o dia sem falar do ocorrido. Já havia se passado um mês que nós não nos víamos e ela nem quis saber de mim. Eu tentei ligar para ela, saber dela. Até acabar desistindo de insistir. Mas tudo bem já tinha superado tanta coisa, mais essa eu tiraria de letra.

Na sexta antes do show tirei o dia de folga, para ficar em casa. Estávamos eu, mamãe e Vivi sentadas na mesa da cozinha quando minha mãe solta uma que nem eu acreditei.

- Filha, vou conseguiu falar com a Isa?

- Não mãe – respondi olhando para Vivi, que logo se levantou da mesa e saiu para o jardim.

- O que foi? O que eu fiz pra ela sair assim?

- Poxa mãe e a senhora ainda pergunta? Perguntar da Isa pra mim, na frente dela. Desculpa, mas muito sem noção – falei me levantando indo em direção a Vivi. Eu sabia que ela não gostava do assunto “Isabella” e sabia que ela estava chateada.

- O que foi meu anjo? – perguntei pegando na sua mão.

- Você ainda pergunta, não basta eu ter que conviver com o fantasma dela separando a gente.

- Vi, minha mãe não falou por mal – falei tocando sua face.

- Você já percebeu que elas sempre falam nessazinha na minha frente – falou tirando minha mão do seu rosto.

- Não faz assim, eu não tenho culpa.

- Mas também, não faz nada para mudar isso. Parece que elas não querem que você esqueça ela.

- Você quer que eu faça o que? Que eu brigue com a minha mãe por isso? – falei ficando nervosa.

- Não, eu não quero isso. Mas você poderia falar com elas pra não ficar falando pra você dela e muito menos na minha frente.

- Vivi deixa eu te falar uma coisa. Se você acha que eu vou tirar a Isabella da minha vida, já posso te dizer que não vou. E muito menos a minha família.

- Você não tira ela da sua vida por que você não quer. E é assim que você quer ser feliz com alguém? Desse jeito você nunca vai conseguir.

- Você tem toda razão eu não quero e não posso.

- Por quê?

- Porque somos a única família que ela tem – falei explodindo – você sabe o que é perder mãe, pai e irmão pras drogas? Ou então você sabe o que é perder a única esperança de ter alguém por você pras drogas? A Isabella não tem ninguém nessa vida. E eu há muitos anos atrás prometi que iria cuidar dela até o fim da minha vida e é isso que eu vou fazer.

- Eu não to nem ai pra o que você prometeu pra ela, você está comigo agora e você vai ter que escolher.

- Escuta aqui, eu nunca menti pra você. Nunca te enganei. Agora você, já não pode dizer a mesma coisa né? Você me mostrou que você era uma pessoa legal, sabe gente. Mas pelo o que eu to vendo eu me enganei, eu nunca pensei que você conseguisse ser tão egoísta.

- Você iria gostar se fosse com você tudo isso que eu passo?

- Provavelmente não, mais eu sei discernir o que é certo ou que é errado. Pensa nisso – falei indo em direção a cozinha.

- Você vai me deixar falando sozinha?

- Eu agora não quero te ver, eu to com raiva e não quero fazer o que não devo.

- E o que você não deve?

- Viviane, faz um favor. Vai pra casa da sua prima e quando você pensar nas coisas que você disse agora você volta. Agora eu não quero falar com você – falei entrando na casa indo em direção ao meu quarto parando no bar para pegar uma dose bem grande de uísque. Logo depois mamãe entrou no quarto toda sem graça.

- Desculpa filha.

- Deixa pra lá mãe – falei dando um gole na bebida.

- Filha posso te falar uma coisa? Eu gosto da Viviane, mas se eu tiver que escolher entre ela e a Isabella você sabe com quem eu prefiro que você fique.

- Mãe presta atenção em uma coisa, a Isabella não vai voltar. Ela teve um mês pra fazer isso e não fez. Então para de falar dela pra mim e principalmente para de falar dela na frente da Vivi. É com ela que eu estou agora. Tá certo?

- Tudo bem, mas você vai se arrepender.

- Tá mãe, agora me deixa só por favor.

Passei o resto do dia, pensando no que tinha acontecido. Eu não tirava a razão de Viviane, mas ela ser tão egoísta? Isso foi surpresa pra mim e acima de tudo decepcionante. Eu queria tanto que Isabella estivesse comigo, que eu não precisasse lidar com tudo isso. Mas mais uma vez ela optou por não ficar comigo. E eu como sempre não poderia fazer nada.

O sábado amanheceu com uma surpresa ao lado da minha cama, Viviane sentada olhando pra mim.

- Oi bom dia – disse desconfiada.

- Bom dia – respondi passando a mão no rosto.

- Me desculpa, eu pirei Fabi – falou se sentando ao meu lado da cama.

- Não precisa, eu não to aqui com você? Não é isso que importa?

- Sim, mas sabe o que eu to percebendo? Eu estou me entregando mais do que deveria. E o que eu tive foi uma crise de ciúmes.

- Vivi, eu torno a repetir. Eu não menti pra você. O que eu posso te dar é isso.

- Eu sei. Você sempre foi honesta comigo. Eu pensei no que a gente falou ontem e você tem razão. Não se pode abandonar uma promessa.

- Essa é a Viviane que eu conheço.

- Você, me perdoa?

- Sim, vem cá – falei a puxando para um beijo.

Eu ainda estava chateada com ela. Mais a carinha de cachorro pidão que ela fazia eu não consegui resistir. Descemos para o café e combinamos de nos encontrar no show. A deixei na casa de Fernando e fui para o local que seria o show para a passagem de som. Eu teria que fazer isso pela manha para descansar o resto da tarde até a hora do show. Tudo tinha que estar perfeito. A noite logo chegou e com ela o meu nervosismo. Terminei de me arrumar e sai. Deixai minha mãe e Paty se arrumando. Elas demorariam e eu tinha que chegar antes. Quando sai na frente de casa, olhei para o céu e estava uma lua cheia tão linda, mais tão linda que na hora pensei em Isabella. Passávamos noites e noites olhando para a lua, só pelo simples desejo de admira-la. Tentei tira-la do meu pensamento para me concentrar na apresentação que era fundamental para minha carreira. Cheguei a casa de show e fui direto para meu camarim. E lá fiquei até a hora do show começar.

- Cinco minutos Fabi – falou Fernando do outro lado da porta.

Respirei fundo, fiz uma prece e sai. Subi ao palco e quando vi a quantidade de pessoas na plateia meus olhos se inundarão de lagrimas. Não acreditava que tantas pessoas estavam ali, por minha causa. Pela minha musica. Cumprimentei o publico e olhei em direção onde mamãe, Paty e Vivi estavam. Fiquei estática por alguns segundos quando vi Isabella entre mamãe e Yasmim. Procurei me fixar no show, mas meus olhos sempre encontravam os seus. E foi assim o show inteiro. Nas duas trocas de roupas que fiz, aproveitei para cumprimentar os artistas convidados e para me acalmar. Meu coração batia acelerado, me emocionei em muitos momentos do show. Por conta de toda alegria que estava sentido e por Isabella estar na plateia. Quando percebia que ela chorava, era os momentos que eu mais me emocionava. Ao fim da apresentação, acrescentei uma musica bônus. Ali, de supetão. O tempo do Reação em Cadeia.

Quero um tempo pra falar

A respeito de nós dois.

Tanta coisa quero lhe contar,

Não quero deixar pra depois.

Com você pude aprender,

Que a vida é feita pra viver.

O tempo vai mudar as coisas de lugar.

O tempo vai curar a dor.

Quanta coisa eu faria,

Somente por você.

Eu vou a pé,

Daqui a lua e você nem vai perceber.

O silencio me falou,

Deste tempo que passou.

Que o tempo pode consertar,

aquilo que se quebrou.

Isabella acompanhava a letra sorrindo e chorando. Eu sabia que ela tinha entendido o recado. E apesar de eu dizer que não ia mais tentar

conquista-la, lá no fundo eu sempre soube que nunca iria desistir dela.

Terminei o show me despedi do publico e fomos para os bastidores. Ali, abracei os meninos e fomos para o camarim onde receberíamos os fãs. Quando cheguei Vivi já estava lá. Ela tinha passagem vip.

- E ai gostou? – perguntei dando um beijo em seus lábios.

- Sim, estava muito bom. Você viu quem está ai? – perguntou desconfiada.

- Vi sim, mas vamos falar sobre isso depois? – falei tentando apaziguar.

- Tá – respondeu dando outro beijo em meus lábios. Quando me virei vi minha mãe, Paty, Isabella e Yasmim entrando. Mamãe me abraçou me dando parabéns e Paty também. Isa estava logo atrás de Paty tentando conter Yasmim que estava dando chiliques.

- Oi Isa. Obrigada por ter vindo – falei parada a sua frente.

- É um momento importante não é? Você me ensinou que a família tem que estar junto nos momentos importantes.

- Que bom que você entendeu – falei ainda parada a sua frente.

- Entendi sim. Parabéns – falou tremula.

- Isa, vamos parar com isso? Vamos parar de frescura e me dá logo um abraço – falei me aproximando de seu corpo.

Isabella apenas riu e me abraçou forte e ficamos assim por alguns minutos. Ela me disse entre lagrimas como estava sendo importante estar ali e ver que eu tinha conseguido realizar meu sonho. Que era uma pena não ser de outra forma. Mas a vida faz isso com a gente. E que gostaria de sempre me ver feliz e emocionada como eu estava no momento da apresentação. Agradeci suas palavras com lagrimas nos olhos também. Eu estava sentindo um mix de emoções com aquele abraço, mas sabia que não poderia demostrar tudo o que estava sentindo. Por respeito que tinha por Viviane.

Os meninos logo vieram cumprimenta-la e eu fiquei com Yasmim grudada no meu pescoço. Meus olhos tentavam olhar Isabella, mas a garota parecia estar grudada com super bonder. Pelo o que pude perceber Isabella era a única que conseguia controlar a garota. Porque praticamente ela arrancou Yasmim do meu pescoço pedindo desculpas e falando pra garota se controlar. Era bom saber que tinha fãs tão psicopatas como Yasmim, era divertido. Eu e os meninos recebemos todos os fãs e mamãe me fez um pedido.

- Filha esse é um momento tão importante pra mim, eu queria uma foto com as minhas filhas. Posso? – falou descontraindo todos.

- Ohhhhhhhh, claro mãe. Você pode tudo – falei a abraçando.

Eu e Paty nos posicionamos para tirar a foto quando mamãe resolveu me colocar em mais uma sinuca de bico.

- Vem Isa, você também é minha filha. – falou estendendo a mão para Isabella. Que ficou na hora constrangida. E eu olhei para Vivi que estava roxa de raiva. Naquele momento eu não poderia fazer muita coisa a não ser tirar a foto que minha mãe tanto queria.

- Rose não faz isso comigo, pelo amor de deus – falou Isabella.

- Vem minha filha. Você não vai recusar um pedido meu vai?

- Tá bom, eu nunca consigo recusar né? Mas compra um tumulo bem bonito pra mim depois tá. – falou dando uma piscadinha pra minha mãe.

- Iiiii Isa, relaxa. – falou Paty tentando apaziguar.

Tiramos a foto e fui falar com Viviane. Ela estava muito brava com toda a situação.

- Dá raiva dessa preferencia que a Rose deixa tão claro pra todos – falou Viviane fuzilando Isabella com o olhar.

- Meu anjo, agora não. Por favor – falei tentando abraça-la.

- Não nem vem – falou tirando minhas mãos da sua cintura.

- Vivi eu não posso discutir relação agora. Podemos conversar depois? – falei brava.

- Tá Fabi, depois conversamos. – falou dando um tapinha no meu ombro.

Finalizamos os trabalhos e decidimos ir logo para a festa que Fernando tinha organizado em um salão de festas.

- Você vai né minha filha? – perguntou mamãe se dirigindo a Isa.

- Vou aonde, Rose? – perguntou confusa.

- Na festa, vai ser num buffet – respondeu mamãe.

- Ai ruiva nós vamos né? Quer dizer eu estou convidada também? – perguntou Yasmim encarando mamãe.

- Claro que você está Yasmim, você acha que eu ia deixar minha fã numero um de fora dessa festa? – respondi abraçando a garota.

- Ai, meu deus a Fabi Pontes me convidando pra uma festa. É demais pro meu coração. Minha amiga que não veio vai querer, se matar quando eu contar pra ela – falou a garota histérica.

- Não tem problema, depois eu mando um cd autografado do acústico quando sair – falei acalmando a garota.

- Ai Fabi eu vou ganhar um também, né? – perguntou.

- Vai sim Yasmim, vai sim – respondi dando uma piscadinha para Isabella que estava chocada com a atitude da garota - Mas agora é serio. Você vai né Isa? Não aceito não como resposta. Pelo menos que uma vez seja por minha causa falei olhando em seus olhos lindos.

- Tá Fabi, mesmo porque se eu não for é capaz dessa garota abusada me matar no caminha de casa. E outra é bom, porque eu curto um pouco a Rose – falou abraçando mamãe.

Olhei para Viviane e ela balançava a cabeça em sentindo negativo. Eu sabia que seria difícil lidar com ela depois de tudo isso. Mas mais cedo ou mais tarde ela vai ter que aceitar que Isabella faz parte da minha vida. Fomos para a festa e eu e Vivi fomos brigando no carro, até chegar no local. Eu não estava com muita paciência com ela por conta desses pitis que ela andava tendo. Ela entrou e foi logo se sentar em uma mesa, para logo ser acompanhada por Silvia que foi falar com ela a meu pedido. Agradeci a presença de todos e o carinho de todos por mim. E disse que a noite era uma criança levada. Resumindo, era pra todos se divertirem. Me dividia em atenção entre todos os presentes. Mas a cada pessoa que conversava eu acaba me perdendo nos olhos de Isabella conversando animadamente com mamãe. Eu estava muito feliz por ela estar ali. O dj começou a colocar musica eletrônica e Isabella logo foi para a pista dançar com Yasmim. Juliana e Claudio logo se juntaram a elas. Não me contive fui dançar com elas e levei uma dose de uísque para Isa. Que virou de uma vez. Fiquei olhando ela virar, com o meu copo na mão. Ela olhou pra mim e perguntou se eu não ia beber. Brinquei com ela, perguntando se ela me deixaria beber. Ela sorriu e disse que a noite era minha e que eu poderia me divertir. Sendo responsável é claro, agradeci e virei o meu copo. O álcool desceu rasgando, balancei a cabeça e perguntei se ela topava tomar uma tequila. Ela assentiu com a cabeça e fomos para o bar e Yasmim sendo devidamente segurada pelo Claudio. Pedi duas doses, fizemos todo o ritual com o limão e o sal e viramos. Uma dose, duas doses e três. Já estávamos alegres quando ela me puxou para um canto reservado longe das mesas. Conversamos amenidades e por um minuto ficamos em silencio. Olhando uma pra outra, com os corações acelerados e respiração ofegante.

- Fabi, eu to feliz por você. Acho que essa garota, que você está namorando está te fazendo bem.

- É... ela é firmeza mesmo.

- Que bom, que finalmente você encontrou alguém que você possa amar.

- Você sabe que eu não amo ela, Isa. Mesmo porque quem eu amo já me esqueceu.

Isabella me abraçou, seu coração pulsava num ritmo acelerado.

- Mas quem disse que eu não amo você - falou ao meu ouvido. Eu a puxei para olha-la.

- Porque você ta falando isso, você já está bêbada? – perguntei dando um sorriso.

Ela me puxou novamente, e cochichou ao meu ouvido.

- Eu te amo, é por isso que eu estou dizendo.

Olhei para seus olhos que estavam vermelhos pelo o álcool, respirei fundo e sai. Eu queria que ela me dissesse isso quando estivesse sóbria. Ela pegou na minha mão, impedindo minha fuga. E foi inevitável, a beijei. Sentir novamente o gosto dos seus lábios, suas mão sobre o meu corpo. Aquilo estava sendo surreal pra mim, eu não tinha mais como resistir. Era ela, sempre foi ela.



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Capitulo 33

[27/04/12]

Capitulo 33: Isabella

Eu não podia mais negar o amor que existia no meu coração. Não tinha mais como fugir do sentimento que entorpecia todos os meus sentidos enquanto lagrimas rolavam pelo meu rosto. A loirinha encima do palco me tirava da realidade e eu não queria mais viver na realidade que me afogava em erradas escolhas. Eu queria ela, mas eu tinha aceitado isso um pouco tarde. A morena que sentava ao lado de Paty e que vivia me lançando olhares furtivos me lembrava disso.

Fabiana fez um show lindo e meu coração sangrava dentro do peito toda vez que nossos olhos se encontravam. Rose me abraçava forte, ficava segurando minha mão, cochichando no meu ouvido que ainda tínhamos chances. Foi a primeira vez que me emocionei tanto com uma apresentação sua. Possivelmente seria também a ultima.

Depois do show Rose nos convidou para o camarim. Yasmim como sempre tomou a frente começando a ficar histérica. Não fiz nenhuma objeção porque queria ver Fabiana, dar meus parabéns a ela e dizer que estava feliz com a retomada da sua carreira. Quando entramos Viviane já estava lá. Não precisava me esforçar para saber que ela não gostava de mim. Rose e Paty se adiantaram para minha bela loirinha e eu fiquei segurando Yasmim que chorava que nem uma criança querendo pular no pescoço de Fabiana.

- Garota se você me fizer passar raiva você tá ferrada na minha mão – falei em seu ouvido segurando seus ombros.

- Ah qual é ruiva! Eu estou no camarim da Fabi Pontes – respondeu passando as mãos no rosto para secar as lágrimas.

- Para de ser palhaça porque até lá no estúdio ela já foi. Não é a primeira vez que você vê ela pessoalmente.

- Eu vou tentar, mas é diferente – respondeu exibindo um sorriso.

Apenas fiz um sinal com a cabeça e me adiantei para parabenizar Fabiana. Confesso que depois de tanto tempo eu já não sabia mais como falar com ela. Aquela mulher na minha frente não era a garota impetuosa com a qual eu fora casada. Eu estava diante da mulher que eu amava. O constrangimento, claro, era natural. Fabi deu um sorriso e me puxou pra um abraço. Tentei não olhar para o lado de Viviane me concentrando em seu cheiro que havia me embriagado tantas vezes.

- É muito importante estar aqui ao seu lado no momento dessa conquista tão incrível – falei dando vazão as lagrimas que caiam em abundancia – é lindo ver que todos os seus sonhos se tornaram realidade. Torci muito para que isso acontecesse. Mesmo que de longe meu pensamento sempre foi no seu sucesso. Uma pena que não posso te mostrar de outra maneira, mas faz parte da vida. Sucesso sempre Fabi – finalizei enfiando o nariz no seu pescoço.

Me afastei relutante para parabenizar os meninos também. Aquela conquista era de toda a banda e sem eles Fabi Pontes não seria ninguém. Quando dei por mim olhei para ver onde Yasmim estava. Encontrei-a grudada em Fabiana. Obvio.

- Desculpa Fabi – falei pegando Yasmim pela cintura literalmente a tirando do chão para afasta-la – eu não falei pra você se controlar? – perguntei nervosa – eu sei que você ama o trabalho dela, mas deixa a garota respirar por deus!

- Ela é tudo de bom ruiva! – falou a garota passando as mãos no rosto – deixa eu curtir ela um pouco.

- Estou te avisando. Mais uma loucura de tiete sem noção nós vamos embora.

Ainda estava brigando com Yasmim quando ouvi Rose chamar Fabi e Paty para uma foto. Me afastei de onde estava para dar espaço para elas.

- Vem Isa, você também é minha filha. – falou Rose estendendo a mão para meu lado. Fiquei vermelha na hora e meus olhos voaram para Viviane oculta dentro do camarim. Se ela matasse com o olhar eu estaria morta.

- Rose não faz isso comigo, pelo amor de deus – pedi aflita. Viviane apenas desviou meu olhar com raiva.

- Vem minha filha. Você não vai recusar um pedido meu? – insistiu Rose com um sorriso irrecusável.

- Tá bom, eu nunca consigo recusar né? Mas compra um tumulo bem bonito pra mim depois tá. – brinquei ainda nervosa.

Tirei a foto que Rose queria e fiquei ao seu lado conversando. Fabiana foi falar com a namorada, mas pelo visto Viviane estava bem brava. Fingi demência e continuei ao lado de Rose segurando Yasmim pelo braço. Faltava só mais um pouco e logo iria embora para deixa-las em paz para curtir a noite. Bom, esse era meu plano, mas Fabiana nos convidou para uma festa. Não podia recusar um pedido seu. A verdade é que eu nem queria recusar. Demoraria muito tempo para que eu visse Fabiana novamente e já que estava tendo a oportunidade iria aproveitar. Queria também mimar um pouco Rose. Estava com saudades dela e queria me redimir com minha falta de atenção a ela. Segui os carros para o local e Yasmim foi toda animada do meu lado. Não podia deixar de rir com seu entusiasmo. Estava feliz por ter ido. Me arrependeria até meus últimos dias se tivesse falado não para Yasmim.

Chegando no salão de festas me juntei a Rose. Ela estava evidentemente emocionada com a conquista de Fabiana. Me dizia tudo o que ela tinha feito desde que eu fui embora, os shows que acompanhou e suas vitórias. Pude perceber que em nenhum momento ela falou do relacionamento de Fabiana. Era obvio que ela não gostava muito de Viviane. Era uma aliada forte, mas não queria interferir no seu namoro e sei que elas não estavam bem, pelo menos não naquela noite, porque Viviane ficou conversando com Silvia enquanto Fabi borboleteava pelo salão.

- Vamos dançar Bella? – chamou Yasmim – quero curtir.

- Vamos Rose - convidei pegando sua mão.

- Não. Vai lá minha filha – falou dando um tapinha carinhoso na minha mão – quero que se divirta.

Apenas dei um sorriso e um beijo na sua mão e sai para a pista com Yasmim. Não demorou para Claudio chegar me zoando junto com Juliana. Aquele casal era um dos que eu mais admirava. Fazia tempo que estavam juntos e sempre faziam todo tipo de loucura que um e outro queriam. Não demorou para Fabiana se materializar do meu lado.

- Eu trouxe pra você – falou me entregando o copo de uísque.

- Obrigada – respondi com um sorriso pegando a bebida para depois virar – você não vai beber – finalizei apontando para sua própria bebida.

- Eu posso? – perguntou com um sorrisinho sacana. Automaticamente meus ombros caíram em uma rendição e um sorriso estampou meu rosto. Como eu pude ficar sem ela? Resistir tão bravamente a tentação que a loirinha representava?

- Pode a noite é sua linda – respondi terna – mas cuidado com os limites.

Fabiana virou a dose fazendo careta com o álcool e me chamou para o bar para beber tequila. Assenti com a cabeça e quando íamos saindo Claudio segurou o braço de Yasmim para ela não nos seguir. Sem que Fabiana visse agradeci a ele com um gesto de cabeça. Queria ficar um pouco a sós com Fabiana.

- Duas doses de tequila – pediu Fabiana se encostando no balcão – o que você está achando da noite? – perguntou voltando sua atenção para mim.

- Maravilhosa Fabi – respondi com sinceridade – fazia tempo que não me divertia com o pessoal todo.

- O que você anda fazendo da vida? – perguntou tirando o casaco. Muita sacanagem. Me esforcei para manter meus olhos em seu rosto.

- Além de trabalhar muito? – perguntei com um sorriso para emendar em seguida – estou levando a vida. Curtindo um pouco.

- Pelo que eu te conheço não é pouco.

Apenas ri voltando minha atenção para nossas bebidas que tinha chegado. Ela não precisava saber que estava ficando com uma garota diferente a cada noite tentando esquece-la. Tomei a tequila sentindo o álcool descer pela garganta. Fabiana se empolgou para pedir mais uma e assenti com a cabeça. Meu coração batia descompassado dentro do peito. Eu não iria fugir mais dela. O destino me daria uma segunda chance para o amor que sentia. Tinha certeza disso.

Na brincadeira da tequila acabei virando três doses. Mesmo com a quantidade de álcool ingerida, não estava bêbada, ao contrario, estava mais lucida do que nunca, sabendo que se eu não fizesse nada naquele momento, eu a perderia de vez. Passei os olhos pelo salão rapidamente para ver se Viviane estava nos vendo e enxerguei um canto mais afastado sem muito movimento. Peguei sua mão e a puxei para lá. Comigo sempre fora tudo ou nada. Conversamos algumas bobagens, mas precisava saber se ela ainda me amava como antes. Resolvi jogar um verde.

- Que bom, que finalmente você encontrou alguém que você possa amar – falei encarando seus olhos dourados para ver a verdade de sua resposta.

- Você sabe que eu não amo ela, Isa. Mesmo porque quem eu amo, já me esqueceu.

Bingo! Era tudo o que eu precisava saber. A abracei apertado sentindo seu coração pulsar forte de encontro ao meu peito. Ele batia por mim e eu nunca mais fugiria dele.

- Mas quem disse que eu não amo você – falei sentindo que meu coração sairia pela boca. Depois de tanto tempo finalmente assumia meu amor para ela.

- Porque você ta falando isso, você já está bêbada? – perguntou Fabiana fitando meus olhos. A ultima coisa que eu estava naquele momento era bêbada.

- Eu te amo, é por isso que eu estou dizendo – falei no seu ouvido deixando uma mão passear por suas costas. Como era bom poder falar isso pra ela depois de tanto me sufocar com esse sentimento.

Fabiana fez menção de sair dali. Minha mão automaticamente pegou a sua, impedindo-a de ir. Ela me fitou apenas por um segundo antes de buscar minha boca em um beijo. Automaticamente minhas mãos voaram para o seu corpo prendendo-a a mim enquanto nossas línguas se enroscavam com fome e paixão. Minhas mãos passeavam pelo seu corpo com loucura pela saudade que sentia de cada curva que por tantas vezes haviam se perdido nelas. Fabiana se afastou fitando meus olhos segurando meu rosto. Uma lagrima escapou dos seus olhos dourados. Levantei a mão para seca-la e logo ela me presenteou com um sorriso. Olhei para os lados e vi Paty parada próxima olhando para o lado do salão. Sabia que ela estava fazendo a guarda para nossa pequena aventura. Um pouco mais atrás enxerguei uma parede e foi para lá que guiei Fabiana enquanto voltava a buscar seus doces lábios. A prensei contra a parede para oculta-la e continuei devorando-a com a saudade que sentia da sua boca. Suas mãos passeavam livremente pelo meu corpo me instigando a continuar. O nosso beijo ainda continuava perfeito como sempre fora. Só me afastei quando senti uma terceira mão no meu ombro.

- Sujou – falou Paty se encostando ao nosso lado.

Me afastei rápida e olhei para o salão enquanto arrumava minhas roupas. Viviane estava andando de um lado para o outro, claramente procurando por Fabiana. Me virei para a loirinha que passava a mão no cabelo por causa da bagunça que eu havia feito neles e dei um sorriso para Paty que arrumava a gola da sua camisa.

- Eu to indo pra lá – falei dando um passo pra trás vendo que Viviane já tinha nos visto ali – valeu Paty – agradeci me afastando.

Fabiana apenas me olhava com um sorriso no rosto. Joguei um beijo de longe e me virei para o salão. Quase dei um esbarrão em Viviane.

- Vai sair de perto da minha namorada agora que eu cheguei? – perguntou com fúria.

- O que eu queria falar eu já falei – respondi com um sorriso – a não ser que você queira eu perto dela, ai eu posso voltar – finalizei dando um passo na sua direção.

Viviane apenas balançou a cabeça e foi para o lugar onde Paty estava com Fabi. Eu voltei toda alegre e sorridente para o meio do salão e dei um pulo no pescoço de Fernando que se desequilibrou dando alguns passos pra frente.

- Você é foda hein ruiva! – falou me dando um abraço – eu vi o que você estava fazendo com a Fabi – finalizou no meu ouvido para que Silvia ao seu lado não escutasse.

- Ela viu? – perguntei me referindo a sua esposa.

- Não. Cuidado garota.

- Relaxa gato. Eu estou aliviada – falei procurando por Yasmim.

- Se entenderam?

- Não sei – respondi sincera – mas essa noite eu estou flutuando nas nuvens.

Fernando apenas riu do meu entusiasmo e eu fui atrás de Yasmim sentada com Rose em uma mesa. Me juntei a elas e percebi que mudaram de assunto. Na real eu não estava nem ai para o que elas estavam conversando. Com toda a certeza Yasmim estava falando do meu estado de bode que tinha sempre no estúdio por causa de Fabiana. De longe vi Fabiana conversando com Viviane e Paty indo para o lugar onde Pedro estava. Me concentrei em uma dose de uísque que bebi lentamente. Estava falando pra Rose sobre o beijo que havia dado em Fabiana quando vi ela se aproximar sem a morena que tinha ido ao encontro de Silvia.

- Gostando mamãe? – perguntou Fabiana se sentando na minha frente do outro lado da mesa.

- Muito minha filha. Estou muito feliz também por conta de algo que a Isa me contou.

- Rose não! – pedi incrédula que ela já tinha dado com a língua nos dentes.

- Sabe Isa as mães sempre tem razão – falou Fabiana pegando meu uísque – palavra de mãe ninguém pode duvidar.

Apenas a olhei envergonhada. Tinha contado pra Rose por pura empolgação, mas não achei que ela ia me delatar na primeira oportunidade. Minhas faces ardiam enquanto fitava os olhos cor de mel que me fitavam risonhos. Yasmim pediu uma explicação para aquele dialogo estranho e eu delicadamente pedi pra ela calar a boca. Mudamos de assunto, mas eu sabia que já estava dando a hora de ir embora. Ainda não seria comigo que Fabiana sairia acompanhada naquela noite.

- Bom acho que já deu meu horário – falei vendo Viviane se aproximar da mesa com Silvia – obrigada pelo convite Fabi. Foi incrível.

- Não vai ainda – falou desviando sua atenção para a morena que puxava uma cadeira para se sentar ao seu lado.

- Eu preciso.

- Ruiva eu...

- Você fica quieta Yasmim. Nós vamos agora e não me faça ficar arrependida de ter saído com você.

- Grossa! Cavala! – falou a garota se levantando da mesa – vamos então.

- Obrigada pela noite Rose – falei pegando sua mão – você como sempre uma companhia extremamente agradável.

- Vou sentir saudades Isa. Não me deixe sem noticias suas – pediu se levantando para me abraçar – quero logo te chamar de nora – finalizou cochichando no meu ouvido.

Ri enquanto a abraçava forte. Rose era o tipo de mãe rara que a gente encontra por ai. Me afastei e peguei suas duas mãos dando um beijo em cada uma. Eu não sabia se devia dar tchau para Viviane, mas acenei com um sorriso. Ela apenas me disse um tchau seco enquanto me acompanhava com o olhar indo abraçar Fabiana.

- Tchau linda – falei a abraçando apertado – espero te ver em breve. Vou sentir saudades sua.

- Eu também. Certeza que não quer ficar mais um pouco?

- Melhor não. De qualquer forma foi prazeroso te ver de novo. Literalmente.

Fabiana riu enquanto eu me afastava do seu corpo. Yasmim deu outro show na hora de ir embora falando para Fabiana não esquecer da promessa sobre o tal DVD. Antes de me afastar da mesa para ir me despedir das outras pessoas precisava sanar uma duvida de Fabiana.

- Você vai conseguir dirigir? – perguntou Fabiana preocupada. Ela ainda achava que eu estava bêbada.

- Eu não estou bêbada, Fabi. Preciso de bem mais do que três tequilas e um uísque para me derrubar. Eu estou sóbria. Estive a noite toda.

Sai dando uma piscadinha na sua direção indo me despedir das outras pessoas que conhecia.

No caminho todo Yasmim foi enchendo meus ouvidos sobre a noite que ela nem sonhara que um dia teria. Tentava escuta-la, mas na minha mente só reinava a lembrança do beijo de Fabiana. Chegamos no apartamento e dei uma toalha para ela tomar um banho e eu me joguei no sofá com uma garrafa de uísque. Apoiei minha cabeça no encosto e fiquei virando lentamente enquanto olhava para o teto. Não demorou para Yasmim sentar ao meu lado me perguntando o porque do meu sorriso bobo.

- Eu beijei ela – falei ainda olhando para o teto – ela ainda me ama, mesmo eu tendo fugido tanto.

- Não acredito que você ficou com a Fabi! Me conta!

- Na hora que fomos para o bar. Eu puxei ela para um canto e disse eu ainda a amava. Não consigo mais fugir então me entreguei.

- Se eu gostasse de mulher jamais fugiria da Fabi – respondeu a garota se ajeitando na toalha.

- Sou louca por ela – falei voltando meus olhos para a morena ao meu lado – sempre fui. Só não queria enxergar.

- Isso dava pra perceber. Eu contei pra Rose como você fica lá no estúdio. Ela me disse que a Fabi faz a mesma coisa na casa dela.

- Eu sabia que você estava me dedurando – falei tomando outro gole do uísque – A Rose é bacana não é?

- Demais. Queria que minha mãe fosse como ela. Alto astral, indo pra farra com as filhas.

- A Rose não existe. Quando eu conheci ela foi amor a primeira vista. Achei que ela ia ser como todas as mães que já tinha conhecido, nenhuma me aceitava pelo meu jeito, mas ela não. Ela é como uma mãe pra mim – finalizei dando outro gole.

Passei o resto da noite contando para Yasmim sobre tudo o que tinha vivido com Fabiana desde que tínhamos nos conhecido. O dia já estava clareando quando fomos dormir. Dei minha cama pra ela e tomei um banho demorado. Como não ia conseguir dormir mesmo preferi ficar com o sofá. Acordei meio dia com Yasmim falando que tinha que ir embora. Fui para minha cama e adormeci novamente. Acordei só às três da tarde com o interfone tocando.

- Fala Sergio – falei abrindo a boca com sono.

- Sua amiga está aqui aquela... – ele começou a falar. Tirei o telefone da orelha para que ele não escutasse outro bocejo alto.

- Fala pra ela subir – finalizei colocando o telefone no gancho. Raquel já devia estar louca para saber como fora a noite. Tinha mandado uma mensagem pra ela dizendo que ia no acústico. Fui até a porta e abri parcialmente para depois ir para o banheiro. Escutei o barulho da porta se fechando depois de um tempo, mas não escutei a voz estridente de Raquel que ela fazia sempre que estava curiosa. Terminei de escovar os dentes e sai para a sala preocupada com o seu silencio. Fabiana estava parada no meio da sala, linda com um jeans básico e camiseta.

- Fabi... Nossa... Eu... – falei completamente desconcertada com as mãos voando para cabelo despenteado.

- É assim que você recebe as visitas? – perguntou com um sorriso – deixa a porta aberta para qualquer um.

- Eu pensei que fosse a Raquel. Não ouvi direito o que o porteiro disse – falei correspondendo seu sorriso. Fiquei por um tempo olhando para ela. Não fazia a mínima ideia de como conduzir aquela situação.

- Você se lembra do que me disse ontem? – perguntou com um olhar desconfiado.

- Que eu te amo? – perguntei dando um passo na sua direção – lembro de cada detalhe.

Fabiana avançou na minha direção buscando minha boca para um beijo. Automaticamente minhas mãos foram ao seu encontro. Nos beijamos com pressa como se aquele momento pudesse acabar em algum momento, Fabiana começou a me guiar para o sofá ao nosso lado e me deixei levar pela sintonia perfeita das nossas línguas que fazia meu coração disparar dentro do peito. Meu corpo todo se acendeu com seu toque sobre minha pele. O fino tecido da camisola não conseguia impedir que ela sentisse minha pele queimando de desejo por seu toque mais uma vez.

As mãos de Fabiana logo abandonaram minhas costas e foram para as coxas enquanto eu me deitava no sofá sentindo o familiar peso do seu corpo sobre o meu. As mãos nas coxas subiram levando a pequena peça junto com elas. O ar me faltava nos pulmões, mas não queria me desviar daquela boca nem por um segundo sequer. Fabiana Já estava com as mãos na minha cintura por dentro da camisola e sua boca descia para meu pescoço entre lambidas, beijos e chupadas. Os gemidos que escaparam dos meus lábios a incentivou a continuar com a pressa alucinada pelo meu corpo. Minhas mãos começaram a puxar a sua camiseta e ela se afastou apenas para fazer a peça sair pela sua cabeça. Nossas bocas voltaram a se encontrar na coreografia perfeita da nossa sintonia de amor. Minha camisola também saiu pela minha cabeça. Fabiana se afastou para me encarar com seus olhos de mel cheios de tesão. Me levantei apenas para puxa-la para mim novamente. O beijo em meus lábios foi rápido e logo ela desceu pelo meu corpo indo para meus seios. Quando sua boca começou a suga-los perdi a noção de tudo, só conseguia sentir sua pegada que me enlouquecia. Não era como antes. Era uma coisa nova que experimentava, uma nova maneira de me amar que me tirava a razão. Minhas mãos bagunçavam seus cabelos enquanto as chupadas se intensificavam. Minha perna automaticamente envolveu seu corpo a mantendo grudada em mim. Nossos corpos se esfregavam um no outro em uma tentativa de fundi-los em apenas um. Fabiana fez minha calcinha deslizar por minha perna, beijando cada centímetro da pele por onde a peça passava. Quando por fim ela saiu pelos meus pés, Fabiana parou para me olhar. Minha respiração ofegante, a vontade de ter ela por completa me fez pedir.

- Eu quero você Fabi – falei com a voz rouca de tesão me apoiando em um braço – Eu quero você inteira...

Fabiana apenas deu um sorriso sacana e pegou minhas pernas colocando em seu ombro. Lentamente ela foi descendo beijando, lambendo. Depois que ela passou da coxa joguei minha cabeça para trás sentindo o toque sobre minha pele. Soltei um gemido alto quando senti sua boca quente invadir meu sexo ensopado de tesão. Fabiana começou a me chupar com pressa, desejo. Me movimentei em sua direção, rebolando na sua boca, sentindo a língua me invadir de forma deliciosa e única. Segurei sua cabeça e Fabiana se agarrou nas minhas pernas mantendo elas na abertura que ela queria. Meus pés se esfregavam nas suas costas e a intensidade das suas chupadas se intensificaram com os sinais que meu corpo lhe dava do gozo próximo. Fabiana soltou uma perna para me penetrar com a mão. A sincronia das suas estocadas e das suas chupadas me fizeram entrar em um turbilhão e logo meu corpo se contraiu para um orgasmo deliciosamente longo. Fabiana me lambeu calmamente enquanto eu respirava fundo tentando controlar os espasmos que ainda percorriam meu corpo. Não demorou para que seus olhos de mel estivessem fitando os meus.

- Fala pra mim? – pediu Fabiana passando as mãos no meu rosto.

- Eu te amo – respondi dando um beijo nos seus lábios – obrigada por não ter desistido de mim.

- Eu nunca desistiria de você. Mesmo se eu quisesse, e eu quis, mas não consigo mais ficar sem você.

- Me desculpa toda a dor que te fiz passar.

- Não importa mais. Já passou. Eu estava com tantas saudades de te ver por esse ângulo... – falou se erguendo um pouco – embaixo do meu corpo.

- Também senti falta desse ângulo – respondi rindo – da sua pele, do seu cheiro...

- Deixa eu te falar uma coisa...

- O quê? – perguntei passando as mãos nos seus cabelos.

- Eu ainda estou com saudades da sua pele...

- Então vamos resolver isso agora – falei me levantando com a loira grudada em meus braços.

Fomos para o quarto entre beijos e amassos. Joguei Fabiana na cama e subi em seu corpo tirando o resto das roupas que ela usava e comecei a beijar seu corpo com a paixão a tanto tempo guardada. Me concentrei em seu sexo me deliciando com o seu sabor e com seus gemidos que tomava conta do quarto. Parei apenas para montar em seu corpo e me virei para ela me oferecendo enquanto voltava a me concentrar em seu sexo. Fabiana agarrou minha cintura afundando seu rosto em meu corpo. Fizemos um 69 alucinadas pelo prazer que uma causava na outra. Ainda embala pelo orgasmo que já tinha tido não demorei para chegar a um segundo. Parei de chupa-la apenas para recuperar o folego e voltei a me concentrar no meio das suas pernas escancaradas e a penetrei beijando suas coxas. Não demorou para que Fabiana também chegasse a um orgasmo.

Passamos o resto da tarde nos amando na cama, saciando o desejo que havia nos consumido por tanto tempo. Já era noite quando fomos comer alguma coisa. Não queria perguntar por Viviane, mas pensei por um instante se elas haviam terminado. Pouco depois a boca de Fabiana me desviou desse pensamento. Tomamos um banho demorado e voltamos para o nosso ninho. Adormeci quase manhã com o corpo deliciosamente dolorido e esgotado, abraçada com minha loirinha. Minha Fabiana.

Acordei no dia seguinte com o chamado insistente do celular. Fabiana resmungou para eu não atender, mas peguei o aparelho ao lado da cama. Me assustei quando vi a hora. Já ia dar onze da manhã.

- E ai ruiva? – perguntou Raquel o outro lado da linha – não vai vir trabalhar hoje?

- Putz Raquel... Perdi a hora – falei passando a mão no cabelo – furei com o cliente da manhã.

- Eu sei porque você furou. Eu passei na sua casa ontem, mas o porteiro me disse que você estava com uma visita famosa. Ainda está?

- Estou – respondi rindo olhando para Fabiana que se apoiava em um braço passando a outra mão no rosto – você vai me matar se eu não for hoje?

- Fica tranquila ruiva. A Yasmim ligou para os clientes que estavam com hora com você e transferiu eles para outro dia dessa semana. Pode ficar de boa hoje, só me promete uma coisa? Não vai fazer nada para se machucar?

- Não vou amiga – respondi com um sorriso - eu parei de me machucar agora.

- Fala pra essa galega que se ela me chamar de vadia mais uma vez eu quebro a cara dela.

- Pode deixa que eu aviso sim – respondi rindo – amanhã a gente conversa tá?

- Vai se divertir vai. Até amanhã ruiva.

Desliguei o celular e voltei minha atenção para Fabiana que me olhava com um braço atrás da cabeça fazendo apoio.

- Bom dia, meu amor – falei tocando seu rosto.

- Bom dia anjo – ela me respondeu com um beijo – o que a Raquel pediu para você me avisar?

- Que ela vai quebrar a sua cara se você chamar ela de vadia mais uma vez.

- Eu fui muito injusta com ela – falou Fabiana me abraçando – que horas são agora.

- Quase onze – respondi ouvindo meu celular tocar mais uma vez – alô?

- Oi Isa! – ouvi a voz de Paty do outro lado da linha.

- Oi garota. O que foi?

- Minha irmã tá com você? A bicha saiu ontem sem dizer para onde ia e até agora nada. Já falei com todo mundo e ninguém sabe dela!

- Ela tá aqui Paty – respondi com um sorriso – quer falar com ela?

- Não acredito que a Fatita tá ai! Ela terminou com a Vivi?

- Não sei – respondi contrariada. Logico que Paty tinha que dar uma das dela – quer falar com ela?

- Não... Vou deixar vocês se curtirem. Fala pra ela me ligar quando sair dai.

- Pode deixar eu aviso. Beijo.

Desliguei o telefone e senti as mãos de Fabiana me puxando da cama. Me aconcheguei nos seus braços olhando para o teto.

- O que foi meu amor? – perguntou Fabi virando meu rosto para encara-la.

- A Paty me fez uma pergunta e eu fiquei curiosa com a resposta. E a Viviane?

- Eu gosto dela.

- E o que você está fazendo na minha cama?

- Eu disse que gosto dela, mas a mulher que amo é você.

- Vocês ainda estão juntas?

- Não. Terminei com ela ontem de manhã. Não teria sentido continuar com ela sabendo que ainda tenho chances com você.

Apenas dei um sorriso dando um beijo em seus lábios. Me levantei da cama e a puxei para o banheiro. Enquanto a agua ia deslizando pelo seu corpo fui acompanhando com a língua passeando por todo seu corpo. Nos amamos mais uma vez antes do café da manhã (que nessa altura já era almoço) e depois ficamos conversando sobre o nada, namorado o tempo todo. A tarde já estava cedendo lugar para a noite quando meu celular tocou mais uma vez. Atendi sem reconhecer o numero.

- Alô?

- Oi Bella... – ouvi a voz de Marisa do outro lado da linha.

- Marisa... – falei olhando para Fabiana – oi...

- Quero falar com você. Quero te ver.

- Quando você chegou? – perguntei vendo Fabiana se levantar e sair da sala em direção ao banheiro.

- Hoje de manhã. Senti saudades suas. Podemos nos encontrar?

Fechei os olhos diante do seu pedido. Meu coração bateu o pé irritado.

E lá vamos nós de novo...



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Capitulo 34

[01/05/12]

Capitulo 34: Fabiana

- Você é louca de fazer isso aqui, ainda mais com a Vivi por perto? – falou Paty me dando um tapa no braço.

- Iiii Paty, aconteceu – falei arrumando meu cabelo vendo Isa se afastar quase esbarrando com Vivi.

- Tá então disfarça pelo menos, depois conversamos. Se entenderam? – perguntou olhando para trás.

- Não sei gata – falei percebendo a presença de Vivi – oi anjo, ta mais calma? – perguntei a Viviane que não estava com uma das melhores cara.

- O que você estava falando com ela Fabiana? – perguntou me encarando.

- Eu vou pra lá, o clima não está bom – falou Paty batendo em retirada.

- O que é agora? Virou minha dona, é? Que eu tenho que explicar tudo. Já pedi pra você parar com isso. Eu não vou te avisar de novo Viviane. Se é pra você ficar assim, é melhor você ir embora – falei explodindo com a mulher a minha frente.

- Você não está fazendo muita questão da minha presença mesmo.

- Quer saber Vivi, eu não vou embarcar na sua. To voltando pra minha festa.

- Eu vou embora.

- Faz o que você quiser.

Sabia que eu estava errada, mas não queria que nada estragasse o que tinha acontecido. Eu ainda não estava acreditando que tinha ficado com Isabella e principalmente que não tinha sido a força ou por pressão.

Voltei para mesa onde mamãe estava e Isa já estava ao seu lado com Yasmim.

- Gostando mamãe? – perguntei me sentando, Isa estava com um olhar mais alegre.

- Muito minha filha. Estou muito feliz também por conta de algo que a Isa me contou.

- Rose não! – falou Isa, com cara e quem não estava acreditando no fora que minha mãe tinha dado.

- Sabe Isa as mães sempre tem razão – falei pegando seu uísque para beberica-lo – palavra de mãe ninguém pode duvidar.

Minha mãe sempre conseguia colocar todo mundo em situações inacreditáveis para qualquer pessoa normal. Mas dessa vez ela acertou. Adorei saber que Isa tinha contado à mamãe o que tínhamos feito. Eu sabia que ela estava um pouco alterada. E sabia também que não tanto.

Não demorou muito e Isa quis ir embora, perguntei a ela se não queria ficar e ela disse que tinha que ir. Percebi a presença de Viviane, mas não dei muita atenção. Com ela resolveria depois. Perguntei a Isabella se estava bem para dirigir. Ela disse que não estava bêbada e foi embora.

Passei o resto da noite pensando em Isabella. Minha vontade era ter ido com ela para terminar o que tínhamos começado. Infelizmente teria que fazer as honras e ainda tinha que resolver minha situação com Viviane. Eu já havia errado com ela beijando Isa, mas se realmente tudo que Isabella fez foi com sanidade, eu não poderia ficar com ela, ainda namorando Viviane.

O dia amanheceu e ainda estávamos no buffet. Levei Viviane para casa de Fernando, ela perguntou se eu iria dormir com ela. E foi nesse momento resolvi acabar com tudo.

- Vivi, eu tentei. E você sabe disso, mas pra mim não dá mais – falei encarando seu olhos que já começavam a ficar marejados.

- Você ficou com ela, não é?

- Eu não vou mentir pra você. Você realmente quer a resposta para essa pergunta?

- Não precisa, você poderia ao menos ter me respeitado. Não acha?

- Eu sou errada e pra não cometer um erro maior estou tomando essa decisão. Eu gosto de você Vivi, mas eu amo ela. E saber que ainda tenho chance com ela, não me permite continuar.

- Tá Fabi, eu to com raiva agora. Mas não vou sair por baixo disso tudo. Você nunca mentiu pra mim, mas não muda o fato de você ter beijado ela hoje. Me deixa digerir tudo e quem sabe – falou saindo do carro enxugando as lagrimas que caiam. Eu sabia que tinha errado com ela. Mas a raiva que estava sentindo de mim por faze-la sofrer. Logo foi abafada pela vontade de encontrar Isabella. Fui para casa tomei um banho me troquei e estava indo em direção a porta quando Paty me interrompeu.

- Não vai descansar? – perguntou bocejando.

- Não, faz um favor fala para o Fernando para transferir todos os meus compromisso.

- Onde você vai?

- Preciso resolver um assunto. Depois nos falamos tá, te amo – falei dando um beijo em sua testa e sai. Cheguei no Morumbi já era tarde. Fiquei parada na frente do prédio de Isabella por alguns minutos decidindo se deveria tocar o interfone. Tudo o que tinha acontecido desde o momento que conheci Isabella veio a minha cabeça como se fosse um filme. Foi lembrar do seu sorriso ao me olhar de manha que me fez apertar o botão. O porteiro falou com Isabella que logo pediu para eu subir, estava sendo fácil demais. Entrei no elevador e subi os andares com o meu coração na boca, não sabia o que me esperava. Quando sai avistei a porta entreaberta. Entrei fechei a porta e fiquei esperando. Isa apareceu na sala de camisola. Que por sinal muito sexy. A olhei dos pés a cabeça.

- Fabi... Nossa... Eu... – falou passando as mãos no cabelo.

- É assim que você recebe as visitas? – perguntei sorrindo – deixa a porta aberta para qualquer um.

- Eu pensei que fosse a Raquel. Não ouvi direito o que o porteiro disse.

- Você se lembra do que me disse ontem? – perguntei desconfiada

- Que eu te amo? Lembro de cada detalhe.

A agarrei beijando sua boca, a fome que tínhamos seria saciada naquele momento. Fui procurando algum lugar para recostarmos e acabamos caindo no sofá. A amei ali mesmo, tinha tanta saudades de senti-la novamente. Não demorou muito e Isa gozou na minha boca demoradamente. Me ajeitei em seus braços e a encarei por alguns segundos.

- Fala pra mim? – falei passando as mão em seu rosto.

- Eu te amo, obrigada por não ter desistido de mim.

- Eu nunca desistiria de você. Mesmo se eu quisesse, e eu quis, mas não consigo mais ficar sem você.

- Me desculpa toda a dor que te fiz passar.

- Não importa mais. Já passou. Eu estava com tantas saudades de te ver por esse ângulo... embaixo do meu corpo.

- Também senti falta desse ângulo, da sua pele, do seu cheiro...

- Deixa eu te falar uma coisa...

- O quê?

- Eu ainda estou com saudades da sua pele...

- Então vamos resolver isso agora.

Fomos agarradas até o quarto. Passamos o resto da tarde e a noite inteira nos amando. Matando a saudades que sentíamos uma da outra, como eu estava feliz por poder beijar cada centímetro daquele corpo que me deixava completamente louca. Acordamos pela manha com um chamado insistente de seu celular. Era Raquel informando que toda sua agenda já estava cancelada por conta da nossa aventura. Somente uma coisa me deixou incomodada, um aviso que ela me deu. Por mais que soubesse que eu tinha sido errada com Raquel eu ainda não gostava dela. Nunca gostei e provavelmente nunca vou gostar. Mas ela era importante para Isabella então teria que aprender a tolerar sua presença. Logo depois de sua ligação Paty ligou também, preocupada com meu sumiço. Não dei muita importância, depois ligaria para ela. Ao desligar percebi que Isabella tinha algo a me perguntar, ela sempre fazia uma cara de porta quando queria saber algo mais não sabia como perguntar.

- O que foi meu amor? – perguntei quebrando o silêncio.

- A Paty me fez uma pergunta e eu fiquei curiosa com a resposta. E a Viviane?

- Eu gosto dela.

- E o que você está fazendo na minha cama?

- Eu disse que gosto dela, mas a mulher que amo é você.

- Vocês ainda estão juntas?

- Não. Terminei com ela ontem de manhã. Não teria sentido continuar com ela sabendo que ainda tenho chances com você.

Ela apenas me beijou e me puxou para o banheiro para um banho demoradamente delicioso. Passamos o resto da tarde sentas no sofá, namorando e conversando sobre de tudo o que aconteceu. Nada muito importante, mas esclarecedor. Isabella me disse porque ela tinha se afastado, por que de tantas brigas e principalmente por que tinha ido embora. Ela tinha razão quando disse que nossas brigas nunca teve um sentido serio. Mas estava errada quando disse que nos afastamos por conta dessa brigas, sendo que na verdade nos afastamos por conta da rotina que tínhamos entrado. E isso era uma coisa que nunca mais deixaria acontecer. Desde que nos separamos minha vida não tinha muito sentido pra mim, agora que ela voltou eu faria de tudo para tê-la ao meu lado o resto da minha vida. No começo da noite mais uma ligação, mais essa era mais perturbadora pra mim do que as outras. Era Marisa, quando Isabella disse seu nome não consegui ter uma reação diferente de me levantar e ir até o banheiro. O que ela queria agora, era só o que me faltava a eu demoro tanto pra ter Isabella de volta e quando consigo a Marisa resolve aparecer. Eu sabia que não poderia ter uma explosão naquele momento. Sai do banheiro completamente calma. Sentei no sofá e Isabella me jogou a bamba no colo.

- Era a Marisa, ela quer me ver – falou Isabella se levantando para pegar o suco que estava sobre a mesa.

- É, e como ela está? – perguntei tentando passar naturalidade.

- Acho que está bem, eu tenho que ir Fabi!

- Acho mesmo que vocês precisam conversar, ficou claro isso quando ela saiu do cartório aquele dia.

- Nossa, quem é você? – perguntou incrédula.

- Ue você queria que eu te disse o que?

- Não sei, mas essa Fabiana eu não conheço, ainda.

- Eu sou a mesma pessoa só que mais madura. Eu não posso mentir e te dizer que eu não estou gostando dessa historia, mas eu sei que você provavelmente tem muito o que conversar. Só preciso saber de uma coisa. Como que eu fico nessa historia?

- Você fica onde sempre esteve.

- A ta... – falei decepcionada com sua resposta, Isabella não estava de corpo e alma comigo – e onde que é?

- Dentro do meu coração – falou me encarando, para depois eu a puxa-la para um beijo.

- Só me promete uma coisa, se você não tiver certeza do que você quer comigo você me fala. Não me deixa acreditar que estamos bem, se não estivermos. E outra coisa, me conta tudo o que acontecer nesse encontro.

- Fabi, não quero que nada atrapalhe essa nossa nova descoberta. Então não fica encanada com essa historia. Eu tenho que ir encontra-la porque estava construindo uma vida com ela e também porque eu tenho carinho por ela. Só que isso não muda nada na vontade que estou sentindo de te ter do meu lado.

- Mesmo assim, me promete.

- Ta bom Fabi, eu te prometo – disse me puxando para mais um beijo.

- Ta uma delicia, mas tenho que ir embora.

- Ta vendo você ficou encanada não é.

- Sim, mas não é por isso que eu tenho que ir Isa. Eu literalmente sumi desde ontem de manha. Desmarquei todos os compromissos que eu tinha agora tenho que continuar cumprido a minha agenda. Semana que vem vamos começar a nova turnê e terei que me virar em duas pra cumprir tudo.

- Putz já é semana que vem?

- Sim, começaremos por Argentina.

- Quanto tempo você vai ficar fora?

- Se tudo der certo um mês.

- Um mês – falou passando as mãos nos cabelos – é muito tempo.

- Sim, vida de artista é isso meu anjo. Mas nós podemos nos falar pelo telefone esse tempo – falei dando um sorriso maroto.

- Só isso, como assim? Fabi... eu...

- Nós temos outra alternativa, mas eu não quero força nada.

- E qual alternativa é essa?

- Você pode ir comigo, pensa nós duas conhecendo todos os lugares juntas.

- Eu não posso Fabi, tem o meu trabalho.

- Por isso que eu disse que não iria forçar nada, pensa nessa possibilidade. Agora tenho que ir – falei dando um beijo em seus lábios.

- Não você não vai embora assim, vem aqui – falou me puxando para o sofá. Para mais uma vez nos amarmos. Voltei para casa e no caminho liguei para Paty. Ela estava toda aflita querendo saber o que tinha acontecido, pude ouvir minha mãe ao fundo perguntando se tínhamos voltado. Apenas disse que chegando em casa conversaríamos.

Entrei em casa e me dirigi até a sala me joguei no sofá com um sorriso bobo. Mamãe e Paty ficaram olhando para minha cara até Paty se pronunciar.

- Fala logo, e ai? – perguntou se ajeitando no sofá.

- O que? – perguntei.

- Ai filha você vai ficar fazendo suspense, estamos curiosas – falou mamãe também esperando pela resposta.

- Ela é linda, não é. E sim dona Rose, nos entendemos – falei dando um sorriso de felicidade.

- Que bom, até que enfim. Vocês são muito enroladas. Tava na cara que vocês iam voltar – falou Paty.

- Mas e ai quando ela vem morar aqui? – perguntou mamãe.

- Não sei, na verdade agora eu só estou curtindo.

- Uma dúvida, você terminou com a Vivi? – perguntou Paty se levantando

- Sim, meninas vou tomar um banho e cair na cama. Estou exausta e ainda tenho que fazer umas ligações. Conto tudo com detalhes depois. Beijos – falei levantando do sofá e indo em direção as escadas.

Entrei no banho e me sentei no chão deixando a agua cair pelo meu corpo extremamente dolorido. Isa era perfeita, tudo o que tinha acontecido tinha sido magico. Mas saber que Marisa tinha voltado estava me tirando do serio. O que ela queria, no mínimo tirar Isabella de mim. E o pior de tudo é que eu não poderia fazer nada. Eu achava mesmo que elas tinham que conversar. Mas não agora, que estamos recomeçando e principalmente agora que vou ficar tanto tempo longe dela por conta da turnê.

Terminei o banho e me joguei na cama com o celular na mão. Liguei para Fernando e ele me deu uma baita bronca por conta dos compromissos que ela teve que desmarcar. Mas depois ficou feliz quando eu disse que estávamos nos resolvendo. Contei a ele todos os detalhes e ele me advertiu para eu não me machucar. Disse a ele que dessa vez iria dar tudo certo, mesmo porque faria tudo diferente. Terminamos a ligação com a noticia de que ele tinha desmarcado todos os outros compromissos da semana. Que era pra todo mundo descansar porque a partir da semana seguinte não teríamos vida. Perguntei a ele da possibilidade de Isa ir, e ele disse que tudo tranquilo. Só que ela não poderia tirar minha concentração. Depois liguei para dar boa noite para Isa.

- Oi meu amor – falou a voz rouca do outro lado da linha.

- Oi amor, to ligando pra te dizer que já cheguei e pra te dar boa noite – falei me ajeitando na cama.

- Chegou bem?- perguntou

- Não!

- Porque? O que aconteceu?

- Você não veio comigo. É verdade. Porque você não veio comigo, mesmo?

- Porque você não me convidou – falou dando uma gargalhada.

- Nossa que mancada, e você viria? – perguntei me sentando na cama.

- Sim, mas você teria que me levar para o estúdio amanha. E como você disse, você tem uma agenda pra cumprir né?

- Não tenho mais, o Fernando desmarcou tudo. Ele achou melhor que nós descansássemos por causa da turnê que vai ser pauleira. Ahhh, ele ficou super feliz que a gente ta ficando.

- E nós estamos ficando?

- Bom, na verdade eu não sei. Minha mãe já estava perguntando quando que você vem morar aqui.

- Ah você não sabe o que estamos fazendo. E o que você falou pra ela.

- Bom meu anjo, nós estamos nos entendendo não é. Eu quero que você tenha certeza do que você quer. Não vou forçar nada, eu queria que você nem estivesse ido embora. Mas já que aconteceu eu não quero estragar esse novo encontro.

- Então, mais o que você falou pra Rose?

- Eu disse que não sabia que agora só estamos curtindo, se for pra você vir pra cá. Tudo vai ser no seu tempo.

- Ah então quer dizer que você está só curtindo. Porque eu não estou, eu quero você. Mas concordo pra irmos devagar.

- Não você não entendeu.

- Eu entendi muito bem, você só está curtindo.

- Para de loucura Isa, eu estou curtindo esse momento. Que está sendo maravilhoso. Eu to curtindo te ter de novo nos meu braços, de beijar sua boca. Eu estou curtindo a minha cara de boba que eu estou fazendo agora. To curtindo tudo.

- Que bonitinha, acho que você está ficando apaixonada.

- Eu sempre fui apaixonada por você, vem pra cá.

- Agora? Ta tarde.

- Eu vou te buscar.

- Não Fabi, amanha eu tenho que ir trabalhar.

- Eu te levo, por favor. Quero dormir com você.

- Fabi, vamos devagar. Vamos.

- Isso é injusto, vou ficar um mês fora. Só tenho alguns dias pra te curtir. Vem pra cá, vem.

- Fizesse esse convite antes, faz assim amanha eu vou. Você vai me buscar, no estúdio. Combinado.

- Ta bom, vai.

- Então tá meu amor, eu vou dormir. Boa noite.

- Boa noite, minha vida.

- Te amo, tá.

- Fala de novo.

- O que?

- Que você me ama.

- Eu te amo.

- Como é bom ouvir isso de novo, também te amo. Beijo.

- Beijo. Tchau.

Dormi como um anjo aquela noite, meus sonhos estavam se realizando. Minha carreira ia de vento em poupa. Minha família estava bem. Tinha meus amigos sempre comigo e principalmente minha Isa estava de volta. Era tudo que eu queria na vida. Acordei pela manha mais feliz do que nunca, liguei para Isa para lhe dar bom dia e conversamos algumas coisas. Combinamos o que iriamos fazer a noite e logo desliguei. Tomei café e sai com Paty para comprar algumas coisas para a viagem. Mamãe ficou em casa, ela tinha que voltar para o rio. Já fazia muito tempo que meu pai estava sozinho e também tinha a saudade. Mamãe iria embora depois que eu saísse de turnê. Segundo ela, ela tinha algumas coisas para resolver ainda. No meio da manha Isa me ligou me dizendo que iria almoçar com a Marisa. Pronto isso foi o suficiente para estragar o meu dia. Desliguei o celular dando um murro no volante.

- O que foi? – perguntou Paty assustada – já estão brigando?

- Ai Paty, não to brigando com ela. A Marisa... – falei dando outro murro no volante.

- O que tem, você estava falando com a Marisa – perguntou ainda mais confusa – não era com a Isa que você estava falando.

- Não sua burra, eu não estava falando com a Marisa. Era a Isabella, me informando que vai almoçar com a Marisa – respondi revirando os olhos.

- Mas a Marisa não estava viajando?

- Sim, mais voltou. Dizendo que queria ver a Isa. E a Isa vai. Sabe o que ta me matando? A Isa ainda gosta dela e eu não posso fazer nada.

- Iiiii, relaxa. A Isa te ama.

- Eu sei disso, mais é a Marisa. Poxa logo agora que eu consegui. A Marisa resolve aparecer, mais tudo bem. Eu vou relaxar e esperar até o fim da tarde para saber o que aconteceu.

Finalizei sabendo que eu não ficaria tranquila e que provavelmente não gostaria de saber sobre esse almoço. Passei o resto da tarde irritada, Isabella não me ligou o restante do dia. No horário marcado sai para ir busca-la. Cheguei no estúdio e entrei. Yasmim, ficou louca ao me ver. Disse que achava que nunca mais me veria. Continuei achando engraçado seu jeito, sua histeria. Não demorou muito, para Isa e Raquel aparecerem.

- Olha, quem está por aqui. Fabiana Pontes – falou Raquel com um sorriso sinistro – é uma pena. Justo agora que eu ia dar uns malhos em você ruiva.

- Oi Raquel. Posso te falar uma coisa? Sabe porque eu nunca gostei de você? Por esse seu jeito, mais quer saber. Eu estou mais evoluída agora. Então espero que você esteja bem – Falei olhando para Isa – oi meu amor, vai demorar pra sair?

- Oi linda – falou me dando um beijo – não só vou pegar minha bolsa.

- Ta, te espero no carro – falei dando um beijo em sua testa encarando Raquel – tchau Yasmim, até a próxima e até mais Raquel.

Sai ouvindo Isabella brigar com Raquel pela sua atitude. Eu até poderia tentar engolir a Raquel, mas ela teria que mudar também. Quando cheguei ao carro, ouvi a voz de Raquel me chamando. Olhei para trás e lá estava ela no portão.

- Fala Raquel, qual é a gracinha da vez? – falei fechando a porta do carro.

- Você não vai fazer ela sofrer né? – falou se aproximando.

- Porque isso agora?

- Porque eu me preocupo com ela e eu não quero ver ela como eu vi a quase dois anos.

- Não eu não vou faze-la sofrer, olha Raquel eu não gosto de você e você não gosta de mim. Mas acho que pelo bem da Isa e principalmente da minha relação com ela. Nós podemos tentar nos dar bem – falei avistando Isa saindo do estúdio.

- Vamos Fabi – falou Isa me abraçando.

- Vamos meu anjo – falei dando lhe um beijo – até mais Raquel, pensa no que eu te disse.

- Pode deixar, tchau ruiva. Você vem amanha? – perguntou rindo.

- Acho que sim, mais eu te aviso – respondeu Isa dando um beijo no rosto de Raquel.

Entramos no carro e busquei sua boca. A paixão que tínhamos uma pela outra, foi expressada naquele beijo. Isa tinha um brilho diferente no olhar. Estava mais radiante naquele dia. Tinha certeza que era por causa de seu encontro com Marisa. Mas decidi não estragar aquele momento, então resolvi que não queria saber do que tinha acontecido.

- E ai, vamos pra onde?- perguntei dando um beijo na ponta de seu nariz.

- Que tal, jantarmos na sua casa? – perguntou com um lindo sorriso.

- Serio, tinha pensado em outra coisa pra nós – respondi puxando-a para outro beijo.

- Fabi, calma. Podemos fazer isso mais tarde – disse me afastando – estou com saudades da sua mãe e da Paty. Estou com saudades de me sentir em família.

- Tudo bem, vamos então – falei a contra gosto, eu queria leva-la para outro lugar. Para ficarmos a sós. Meu corpo pedia por isso. Mais faria tudo que Isa quisesse.

Chegamos em casa e mamãe estava na cozinha. Preparando o jantar, foi quando ela viu Isa. E a recebeu com um sorriso.

- Seja bem vinda, minha filha – falou mamãe.

- Nossa como eu estava com saudades disso, Rose – falou deixando uma lagrima cair.

- A não, não quero ninguém chorando aqui hoje –falou Paty entrando na cozinha – nossa tudo vai ser como era antes.

- Não Paty, nem tudo será como antes. Daqui pra frente tudo será melhor – falei dando um beijo em Isa, para depois olha-la nos olhos – eu te prometo.

- Eu te amo, Fabi. Espero que tudo seja diferente.

- Será minha filha, será – falou mamãe emendando na frase de Isa – se não for eu mesma dou umas palmadas nessa menina.

- Mamãe o que temos pra jantar? – perguntei

- Ih minha filha você não disse que vocês viriam, fiz uma sopinha só para eu e para Paty.

- Pode deixar rose, eu faço algo para nós – disse Isabella se adiantando para lavar as mãos.

- Vou levar sua bolsa lá para cima então, tá? – disse pegando a bolsa.

- Eu vou com você Fabi, deixa elas duas fofocando sozinhas – falou Paty indo no meu encalço.

Deixamos mamãe e Isa na cozinha e subimos para meu quarto. Paty dizia como ela estava feliz com a volta de Isa. Só que a minha felicidade era maior. Eu tinha reconquistado a mulher que tanto amava. Só que uma pulguinha ainda estava atrás da minha orelha e essa pulguinha se chamava Marisa. Ficamos algum tempo no quarto conversando, sobre tudo que estava acontecendo. Depois descemos, Isa e mamãe estavam na maior cumplicidade. Pararam o assunto quando chegamos e era obvio que o assunto era eu. A sopa que mamãe havia feito já estava pronta e Isa estava terminando de preparar uma massa rápida. Cheguei próximo a ela e a fiquei admirando. Como era bom vê-la cozinhando para nós novamente. Havia algumas coisas que eu sentia muita falta e essa era uma delas. Ela estava tão linda de avental, perguntei se ela queria ajuda e ela logo me deu minha tarefa. Escolher um vinho para tomarmos. Fui para a adega e quando voltei depois de alguns minutos a mesa já estava pronta para jantarmos. Passamos o jantar conversando, rindo e nos divertindo muito. Tudo tinha voltado ao seu devido lugar. Erámos uma família novamente.



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Capitulo 35

[04/05/12]

Capitulo 35: Isabella

Fabiana saiu de casa e eu voltei para a cama com um sorriso bobo. Me joguei sobre os lençóis e peguei o travesseiro que ela tinha usado sentindo seu cheiro impregnado nele. O abracei com força me lembrando do dia maravilhoso que passei ao seu lado. Queria ter continuado a noite, mas não ia forçar a barra principalmente depois de ter falado com Marisa. Sei que Fabiana ficou grilada com a ligação, mas queria conversar com Marisa, me desculpar com ela e virar aquela pagina para ser feliz com minha loirinha.

No dia seguinte sai cedo para o estúdio. Não fazia ideia de como estava minha programação, Isso se eu tinha alguma coisa pra fazer. Não queria sobrecarregar Raquel. Mesmo que ela estivesse com os meninos lá, sabia que ela era perfeccionista demais para passar os seus clientes para eles.

- Ruiva, ruiva – falou assim que me viu entrando na sua sala – eu não pedi para você não voltar com aquela maluca?

- Você me pediu, mas meu coração não te obedeceu. Eu amo ela Raquel, Eu tentei ficar sem ela, você sabe como foi uma difícil luta, mas perdi. Eu sempre vou ama-la.

- Você vai se machucar de novo...

- Não vou não. Ela está muito mudada, eu também estou mudada. Não vamos cometer os mesmos erros do passado.

- Espero. Não quero segurar outro bode seu – respondeu com um sorriso – e o que você vai fazer com a Marisa?

- Ela te ligou?

- Ligou.

- Vou fazer a coisa sensata desta vez. Vou me desculpar com ela por tudo que fiz ela passar e seguir minha vida com a Fabi. Falar pra você que eu não gosto dela é mentira, mas eu amo a Fabiana.

- Tá certo. Meu cliente chegou. Você tem uma sessão para as dez da manhã. Uma pintura de uma Fênix pegando fogo. Eu risquei a semana passada e o cara vem hoje pra começar a pintura.

- Fechado. Cadê o desenho?

- A Yasmim guardou. Fala que é o desenho do Willian. Ela sabe onde está.

- Fechado.

Sai da sala e fui ao encontro de Yasmim. Enquanto ela pegava o desenho fui contando pra ela sobre meu reencontro com Fabiana. Ela estava feliz também, mas a felicidade dela era por interesse. Agora que eu tinha voltado com Fabiana ela ficaria mais próxima do seu ídolo. Não pude deixar de rir da sua empolgação. Ela era foda.

Estudei o desenho na minha sala e arrumei todos os equipamentos e tintas que precisaria. As dez e quinze da manhã o cliente chegou e eu comecei a pintura. Willian era inteligente e forte para dor, conversamos tanto enquanto eu trabalhava nas suas costas que nem vi a hora passar. Já ia dar meio dia quando terminei de fazer a primeira parte da pintura. Marcamos uma nova sessão para quinze dias. Depois que ele saiu arrumei e limpei minha sala. Estava distraída passando um desenho para o transfer quando a porta da sala abriu.

- Oi Bella .

Levantei os olhos para dar de cara com Marisa com um sorriso no rosto me olhando. Ela estava linda num vestido justo com um estilo mais social. Abri um sorriso indo em sua direção para dar um abraço apertado.

- Mari que saudades – falei a envolvendo com meus braços dando um beijo no seu rosto – como você esta? – perguntei me afastando para fitar seus olhos negros cheios de carinho.

- Eu estou bem e você?

- Eu estou bem. Fiquei surpresa quando me ligou ontem. Pensei que ficaria mais tempo fora.

- Vou ficar. Tive que vir resolver algumas coisas na produtora, mas volto para a Alemanha daqui quinze dias.

- E como está o trabalho? – perguntei me afastando atrás de uma cadeira para ela se sentar.

- Indo de vento em polpa. Vai almoçar agora?

- Não sei. Você vai me convidar? – perguntei rindo.

- Estou aqui para isso.

- Vamos então. Eu vou avisar a Raquel.

- Te espero na recepção.

A acompanhei até o sofá e depois fui para a sala de Raquel. Ela estava fazendo um desenho e logo saiu para encontrar com Marisa. Aproveitei para ligar para Fabiana.

- Oi linda – falei assim que escutei sua voz – Estou com saudades...

- Eu também. Você vai sair comigo hoje à noite né?

- Vou sim. Linda eu estou indo almoçar com a Marisa – falei mordendo o lábio inferior – Quero te avisar para não causar nenhum tipo de problema para nós.

- Já? – perguntou com a voz evidentemente contrariada.

- Sim. Não se preocupa tá?

- Tudo bem. Não esquece do que eu te pedi?

- Não vou me esquecer. Te amo.

- Também linda.

Desliguei o telefone e voltei para a recepção. Raquel e Marisa entabulavam uma conversa animada e pouco depois saímos para um restaurante. Marisa foi me contando tudo o que estava acontecendo com ela, seu trabalho que estava indo muito bem, sua empolgação por estar trabalhando com os melhores profissionais de produção da Europa. Ouvia tudo com entusiasmo; estava feliz por ela, se tem uma pessoa que merecia tudo de bom na vida, ela era essa pessoa.

Comemos conversando bobagens, mas estava na hora de tocar no assunto que nos levara até ali.

- Mari eu quero que me perdoe por tudo o que fiz – falei pegando sua mão em cima da mesa – eu fui uma cretina.

- O passado ficou para trás Bella. Eu devia ter notado que você já não estava mais comigo por completo. Talvez eu tenha visto, mas não quis aceitar.

- De qualquer forma o que eu fiz foi muito errado. Não devia ter levado toda a situação tão longe.

- Nisso eu concordo com você. Teria doido da mesma forma, mas não teria sido tão radical.

- Desculpe.

- Eu já te desculpei, por isso que estou aqui hoje. Agora sana uma duvida minha. Você não voltou com a Fabi logo que terminamos né? Ontem eu vi uma reportagem dela saindo do acústico no sábado e ela estava com uma namorada...

- É... Viviane o nome dela. A mesma daquele dia.

- Por quê?

- Antes de me entregar novamente pra alguém eu precisava fazer uma arrumação aqui dentro. Você foi muito importante pra mim, ainda é, ela também. Eu precisava me achar primeiro.

- Você me traiu com ela?

- Não.

- Se achou?

- Sim. Nós reatamos ontem.

- Sério? – perguntou com um sorriso – antes ou depois de eu te ligar?

- Antes. Ela estava comigo quando você ligou.

- Ela deve ter ficado brava... Agora que ela conseguiu eu apareço...

- Ela ficou um pouco chateada sim, mas essa Fabiana de agora é outra totalmente diferente da que eu fui casada.

- Espero que você seja feliz Bella – falou Marisa dando um beijo na minha mão – falar que eu te esqueci por completo é mentira, mas o tempo que estou passando longe está me ajudando muito.

- Eu também quero que você seja muito feliz, Mari – falei dando um aperto delicado na sua mão – eu sei que tem uma mulher maravilhosa por ai esperando por você.

- Acredito que sim.

- Você vai ficar quanto tempo na Alemanha?

- Não sei ao certo, mas depois que terminar esse trabalho, eu vou para Londres estudar. Não vou voltar em definitivo para o Brasil por tão cedo.

- Vou sentir sua falta.

- Tem outra coisa que quero falar com você – falou pegando a bolsa – esse dinheiro que você deixou em casa?

- Foi a minha parte de tudo o que compramos, não seria justo você ainda sair no prejuízo – respondi rindo.

- Eu vou vender todos os móveis e alugar a casa, não posso aceitar esse dinheiro.

- É o certo Mari. Eu não vou pegar ele de volta.

- Não. Se você não quiser ele, deixa aqui na mesa então como caixinha para o garçom, mas eu não posso ficar com ele.

- Não vamos discutir sobre dinheiro, não é? – perguntei rindo guardando o envelope. Olhei para o relógio que já marcava duas e meia da tarde – Mari eu preciso ir. Tenho uma tatuagem para pintar.

- Vamos. Eu te deixo de volta o estúdio.

Saímos do restaurante e fomos conversando sobre coisas banais até o estúdio. Já estacionado na frente do lugar desejei novamente que ela fosse feliz. Iria sentir sua falta, mas não poderia fazer nada. Meu coração era de Fabiana. Sempre seria.

Desci do carro e fiz menção de entrar. Me virei quando senti sua mão no meu braço. De imediato senti seus braços envolvendo meu corpo e sua boca sobre a minha em um beijo apressado. Não tive reação alguma a não ser ficar parada sentindo Marisa esfregar seu corpo no meu. Poucos segundos depois ela se afastou com um sorriso sapeca.

- Como eu sei que você vai falar pra Fabiana, diga a ela que esse beijo foi em paga do que ela te deu na festa do Fernando – falou se afastando para o carro.

Apenas balancei a cabeça em sinal negativo e dei um sorriso na sua direção. O carro saiu em seguida.

Entrei no estúdio e encontrei Raquel em sua sala conversando com Yasmim. Entrei na conversa sendo o alvo de perguntas sobre o encontro. Não contei a elas sobre o beijo em Marisa. A única pessoa que saberia da minha boca era Fabiana.

No inicio da noite Fabiana veio me buscar. Raquel numa tentativa de me preservar, foi grossa com ela. Assim que Fabiana saiu me virei para ela dando uma bela bronca. Se ela queria minha felicidade, o melhor que ela tinha a fazer era aceitar Fabiana como a pessoa que meu coração escolheu para amar.

Chegamos em sua casa já ia dar oito da noite. Rose abriu um imenso sorriso quando me viu reconfortando meu coração. Fiquei ao seu lado contando a ela como Fabiana estava mudada e quanto eu estava feliz. Ela como sempre me aconselhou da melhor maneira possível. Dali em diante tudo ficaria bem. Eu estava entre meus entes queridos novamente.

Depois do jantar Rose subiu para o seu quarto para ver a novela e Paty foi se arrumar para sair com um rapaz que ela tinha conhecido na festa. Fabiana me puxou para a sala acústica para me mostrar algumas composições.

- Que sala bacana Fabi – falei prestando atenção nos detalhes. Tinha uma decoração impecável em tons claros contrastando com os detalhes negros dos instrumentos e moveis.

- Você não conheceu essa sala no tempo que passou aqui? – perguntou surpresa.

- Não. Estava mais preocupada de andar atrás de você do que explorar sua casa.

- Boba – falou indo até o piano levantando a tampa para depois puxar o banco – senta aqui. Quero te mostrar minha nova musica.

Fiz o que ela tinha me pedido e logo seus dedos deslizaram com agilidade pelas teclas. A melodia tomou conta da sala e um sorriso dos meus lábios. Fabiana começou a cantar a musica me presenteando com um brilho irresistível no seu olhar. Quando a musica acabou me aconcheguei em seus braços e nossas bocas se encontraram para um beijo calmo e delicado. Ela abaixou a tampa do piano e me colocou encostada nele enquanto nossas línguas se enroscavam provocando nosso real desejo de estarmos uma nos braços da outra. Estávamos tão envolvidas com nosso beijo que nem vimos Paty e Rose entrando na sala.

- Filha – chamou Rose me fazendo sai rápida da posição que estávamos – desculpa interromper – falou com um sorriso maroto na minha direção. Meu rosto com toda a certeza estava vermelho. Durante os cinco anos de casamento que tive com Fabiana ela nunca tinha visto nós nos beijando.

- Oi mãe – falou Fabi arrumando o cabelo – o que foi?

- Eu vou dormir agora e a Paty vai sair. Vocês vão precisar de mais alguma coisa?

- Não se preocupe mãe. Se precisarmos vamos saber nos virar.

- Tá bom. Boa noite Isa.

- Boa noite Rose – falei me levantando indo na sua direção para dar um beijo em sua mão – durma bem.

- Você também, apesar de que eu acho que vocês não vão dormir.

- Rose!

- Mãe!

Rose saiu da sala e eu me virei, ainda vermelha, para Fabiana. Ela apenas sorriu e veio em minha direção me dando outro beijo.

- Vamos subir? Podemos ficar mais a vontade no meu quarto.

- Acho uma ótima ideia... – respondi com um sorriso – quero um banho com você naquela hidro maravilhosa que você tem lá.

- Ótima ideia... Faz tempo que eu não uso ela.

- E nem quero saber a ultima vez que você usou – respondi dando um apertão na sua cintura.

- Aiii você não estava comigo!

- Disso eu sei! – respondi pegando sua mão puxando ela pra fora da sala.

Fabiana apenas riu e juntas fomos até seu quarto. Enquanto ela ia preparando o banho, peguei minha mochila na cama e levei até o closet. Tinha uma parte ao lado de suas roupas que estava com alguns vestidos e roupas que julguei serem de Viviane a contar pelo estilo. Não contive a curiosidade e fui até a parte dos sapatos. Havia vários pares de salto alto. Não gostei do que vi, mas não tinha mais importância. Aquele território agora era meu.

Fabiana entrou logo em seguida enquanto eu colocava minha mochila em um canto.

- Ela vai vir buscar antes que eu coloque fogo? – perguntei me virando para a loirinha.

- Vai. Acho que sim – respondeu com um sorriso – não se preocupa com isso tá?

- Não posso falar nada agora – respondi indo beija-la – espero que ela venha buscar logo.

- Ela vai vir.

- Espero que esteja na minha casa quando isso acontecer.

- Tá com ciúmes?

- Não. To cuidando do que é meu. É diferente.

- Sei... Vem, o banho já está preparado.

Fomos abraçadas até o banheiro. Fabiana me beijava ora calma, ora apressada fazendo minhas roupas voarem com a pressa. Minhas mãos também a ajudaram a ficar desnuda e entramos na agua quentinha com perfumes inebriantes. Seu corpo logo repousou sobre o meu enquanto nosso beijo se intensificava e nossas mãos se exploravam. Fabiana desceu para o meu pescoço e pouco depois senti uma mão em meu sexo em uma massagem sensual. Não demorou para que ela estivesse me invadindo em estocadas ritmadas e deliciosas. Joguei minha perna para a borda da hidro dando mais espaço para que ela pudesse intensificar seus movimentos. Meus gemidos altos tomaram conta do banheiro e em pouco tempo me entreguei a um gozo.

Invertemos a posição e retribui todo o prazer que ela me deu. Fabiana gemia agarrando meus cabelos me pedindo mais. Obedeci de pronto até ela se entregar ao prazer.

Ficamos um bom tempo na agua namorando e quando ela começou a esfriar saímos para o chuveiro e depois para a cama. Fabiana ajeitou tudo para nos deitarmos e quando já estava aconchegada em seus braços resolvi puxar o assunto “Marisa”.

- Fabi você não vai me perguntar sobre o meu almoço de hoje? – perguntei me afastando para fitar seu rosto.

- Eu vou querer saber?

- Talvez não, mas acho que é o certo. Nunca te escondi nada e não vai ser agora que isso vai mudar.

- O que aconteceu?

- Conversamos muito e ela me beijou – falei de uma vez. Não precisava fazer rodeios.

Fabiana apenas balançou a cabeça em sentido negativo e saiu da cama. Fiquei olhando enquanto ela ia até o banheiro e batia a porta. Voltei a me deitar sobre o travesseiro com as duas mãos na cabeça. Era melhor que ela soubesse por mim do que ficar na ignorância. Talvez o momento que eu tinha escolhido não fosse o certo, mas agora não tinha mais como voltar atrás. Esperei por alguns minutos olhando para o teto e já estava fazendo menção de sair da cama quando ela saiu do banheiro.

- Devo me preocupar com isso? – perguntou parando na frente da cama usando um roupão.

- Não – respondi me sentando – Ela me beijou e eu não retribui, diferente dos beijos que trocamos enquanto eu estava com ela.

- Só me responde mais uma coisa, ela falou pra você me contar não é?

- Não. Ela sabia que eu ia contar. Ela sabe que eu não escondo nada que vá contra meus princípios.

Fabiana respirou fundo e voltou a se deitar do meu lado estática. Não sabia o que ela poderia estar pensando, mesmo por quê, essa não era a Fabiana que eu conhecia. Ela estava muito controlada em uma situação que eu tinha certeza que em outrora ela explodiria.

Resolvi quebrar o gelo passando a mão em seu rosto. Não queria estragar a noite, mas assim que minha mão repousou sobre sua pele ela desviou.

- Me deixa processar – falou Fabiana me encarando – não quero ter uma reação agressiva com você.

- Para com isso... Não significou nada pra mim. Eu fui pega totalmente de surpresa quando ela me deixou na frente do Rabella.

- Na boa Isa, eu preciso pensar.

- Tá. Eu... Eu vou deixar você pensar – falei saindo da cama – eu vou pra casa. Quando você assimilar você me procura.

- Calma. Também não é pra tudo isso – falou Fabiana se levantando também parando na minha frente.

- Não Fabi, talvez agora essa seja a melhor opção. Não quero forçar nada – respondi me desviando – você precisa processar e a melhor coisa que eu posso fazer agora é deixar você fazer isso.

- Eu seria uma louca se te deixar sair por aquela porta – falou Fabiana segurando meu braço – você vai ficar aqui e vamos resolver isso.

- Mas por quê? Você tem que pensar e comigo por perto você não vai ver as coisas com clareza.

- Eu não imaginei que ia ser tão rápido – falou Fabiana dando uma risadinha.

- O quê? – perguntei confusa.

- Há quase dois anos atrás você fez a mesma coisa que você está querendo fazer agora. E o meu maior erro foi não ter te impedido. Se eu tivesse feito isso, se eu tivesse feito você ficar nós teríamos resolvidos nossos problemas e não teríamos passado por tudo o que passamos até agora. Eu sabia que um dia você ia querer fazer a mesma coisa. Só não achei que fosse tão rápido.

- Só tem um detalhe nessa sua observação. Eu estou te dando um tempo para pensar e não indo embora de vez da sua vida como foi há dois anos. Dessa vez você sabe onde me encontrar e vou estar lá te esperando.

- Não vou te deixar ir embora. Esse é o maior teste que estamos tendo para saber se vamos ficar juntas e eu pretendo passar nele. Eu não poso deixar você ir embora e pensar sobre isso e se você pensar sobre isso você pode achar que não mudei. A maior prova que eu posso te dar da minha mudança é não deixar você ir pra sua casa agora.

- Não vai significar mudança eu ficar aqui e você sustentando essa tromba – falei indo abraça-la – eu te amo. Por isso voltei, por isso quero que fiquemos bem. Acredita em mim...

- Mas eu não estou brava por sua causa. Estou brava por que ela fez isso de proposito pra gente brigar. Se eu não acreditasse que você me amava eu não teria feito tantas coisas pra você voltar pra mim.

- Então faz o seguinte. Vai pensar, processar como você mesma disse. Eu te espero aqui na cama – finalizei tirando o lençol que cobria meu corpo deitando onde estava antes.

Fabiana observava meus movimentos e abaixou a cabeça balançando em sentido negativo e depois me fitou com seus olhos dourados.

- Quer saber de uma coisa? Deixa essa Marisa pra lá. Eu vou viajar daqui a alguns dias e quero aproveitar todo o tempo que tenho com você – finalizou tirando o roupão.

Fabiana deitou sobre o meu corpo e antes de me beijar disse que sentia falta desse meu jeito de manipular ela. Apenas dei um sorriso buscando sua boca e mais uma vez nos perdemos em um ato de amor cheio de carinho. Ninguém iria mudar o que eu sentia por ela.

O dia seguinte acordei cedo e liguei para Raquel dizendo que ia chegar um pouco mais tarde. Por sorte meu cliente das dez também tinha desmarcado horário e só teria outro para a parte da tarde. Fui até o closet e peguei um pijama qualquer e desci para a cozinha. Rose já estava lá mexendo nas coisas. Dei um beijo carinho na sua mão e preparei um café para Fabiana. Rose me advertiu para não deixa-la mimada. Ri do seu comentário e preparei uma bandeja com café para nós duas. Voltei para o quarto e Fabiana ainda continuava dormindo enroscada no edredom. Coloquei a bandeja em uma mesinha ao lado e descobri seu rosto parcialmente oculto. A acordei delicadamente dando beijo no seu pescoço, tocando seu corpo. Demorou um pouco para que ela abrisse os olhos, mas fui compensada por um belo sorriso.

- Bom dia meu amor – falou tocando meu rosto.

- Bom dia linda... – falou Fabiana me dando um beijo – é tão bom acordar com você de novo.

- Eu estava com saudades as sua carinha amassada – respondi rindo dando mais um beijo na sua boca – trouxe café.

- Humm Café na cama... eu te amo.

- Eu também.

Saímos do quarto só quando Rose veio nos chamar para o almoço. Fabiana me levou para o estúdio para fazer o trabalho que tinha marcado para as três da tarde e saiu para encontrar Fernando para resolver algum problema me dizendo que voltaria para me pegar às seis. Confesso que não gostei. Fernando significava Viviane. Confiava em Fabiana, mas não confiava na outra. Sabia que eu teria que me controlar nesse quesito afinal ela seria muito cobiçada pela mulherada.

No horário marcado Fabiana apareceu. Passei no meu apartamento apenas para pegar algumas roupas e fomos para sua casa. Passei a semana toda na sua casa e só saia quando tinha algum cliente que eu já atendia. Não aceitei novos desenhos pelos dias seguintes e cada vez mais descobria coisas novas em Fabiana. Além do seu jeito de menina pela qual eu havia me apaixonado há tanto tempo atrás, agora também existia um tempero a mais com sua maturidade.

O dia da sua viagem chegou e meu coração começou a se apertar dentro do peito. Iria ficar um mês sem ela e isso era péssimo. Tinha acabado de ter ela de volta e ela já ia ficar afastada por um tempo. Fui até o aeroporto para me despedir e não pude conter duas lágrimas que saltaram dos meus olhos.

- Ei não fica assim... É só um mês – falou Fabiana secando minhas lágrimas – eu logo estarei de volta.

- Eu sei, mas vou sentir muita saudade – respondi a abraçando apertado – um mês vai parecer um ano.

- Eu estarei de volta em menos tempo do que imagina.

- Quero ler o sucesso que você vai fazer lá. Vou acompanhar tudo por aqui.

- Eu vou te levar no meu coração. Você vai comigo sempre.

A beijei apaixonadamente e apenas a soltei quando Fernando disse que o voo deles já estava liberado. Me despedi dos meninos e vi ela sumir pelo portão de embarque. Seria um longo período até ter Fabiana mais uma vez em meus braços.



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Capitulo 36

[08/05/12]

Capitulo 36: Fabiana

Quando Isabella me contou que Marisa a tinha beijado eu enlouqueci. Sai da cama e fui em direção ao banheiro batendo a porta. Aquela filha de uma boa mãe quis me dar o troco. Minha vontade era esmurra-la. Isa quis ir embora e eu não deixei, acabamos no resolvendo. Coisa que se tivesse acontecido quando ainda éramos casadas no mínimo teríamos ido dormir brigadas e magoadas uma com a outra. Eu tinha mudado, Isabella também e agora teríamos uma nova historia. Uma historia sem muitas confusões, uma historia onde nós duas faríamos de tudo para que tenha um lindo final feliz.

Acordei pela manha com um beijo seu em meu pescoço. Como era bom acordar com ela novamente. Ainda mais com ela me dando tanto carinho, carinho esse que a muito tempo eu não tive. Saímos do quarto só para o almoço, comemos e logo saímos ela tinha que fazer uma tatoo e eu tinha que resolver algumas coisas com Fernando sobre a viagem.

Deixei Isa no estudo e fui para o escritório. Fernando já estava a minha espera.

- Boa tarde, moça atrasada. Tudo bem? – disse Fernando tirando uma com a minha cara por conta do atraso de três horas.

- Boa tarde, senhor sarcástico. Está tudo bem sim, melhor estraga.

- Posso até imaginar o motivo dessa felicidade toda.

- Sim, é isso mesmo. Isabella. Ela estava lá em casa, desculpa pelo atraso. Tive que leva-la no estúdio e peguei transito quando vinha para cá.

- Ligar estava fora de questão, né? – perguntou pegando seu celular.

- Desculpa cara, prometo que não irá acontecer novamente. Bom o que temos para hoje?

- Bom, eu ainda não consegui fechar o contrato com aquela imobiliária em Buenos Aires como você me pediu.

- Cara, da o que eles pedirem. Eu não quero ficar em hotel por um mês, e você sabe que também será melhor para a banda e a equipe.

- Eu sei Fabi, mais esse valor que eles querem ta muito alto. Não acho um bom negocio.

- Fernando, vou resolver isso agora pra você. Quer ver? – falei pegando o celular.

- Alo, por favor Anderson ribeiro... Fabi Pontes... vou bem querida... claro espero sim... a tudo bem eu aguardo. Anderson meu querido, Fabi Pontes. Vou bem e você como está? Que bom... meu querido estou com um pequeno probleminha. Pedi para o Fernando alugar uma casa em Buenos Aires pra toda a equipe nesse mês que ficaremos em turnê pela América Latina, como você já me conseguiu um jatinho. Quebra esse galho pra mim. O Valor que a imobiliária está pedindo está um pouco salgado para tirar do meu bolso. Claro... eu consigo... serio? Valeu cara, você não sabe o alivio que estou tendo por você conseguir isso pra mim. Oh meu querido, sempre... pode deixar te espero lá, vou pedir para o Fernando te ligar passando o valor. Um beijo e mais uma vez muito obrigada. Tchau...

- Liga pra ele e passa o valor, a gravadora vai pagar pelo o aluguel.

- Todo? – perguntou Fernando assustado com o meu poder de persuasão.

- Sim, meu querido. Aprendeu como que se faz?- falei dando um tapinha em seu braço com um sorriso sacana no rosto.

- É garota, tu é foda mesmo. Você me disse que tinha que me pedir um favor.

- Na verdade dois. Primeiro passa lá em casa e pega as coisas da Vivi que ficaram no meu guarda-roupa. A Isabella viu ontem as roupas dela e quase surtou. E outra, quero fazer uma surpresa pra ela. Eu to querendo dar uma moto pra ela. Você me ajuda a escolher?

- Já ta começando a gastar com ela é?

- Ah meu para de zuar vai, a Isa merece tudo que eu posso oferecer a ela. E outra eu vou passar uma mês fora, quero que ela se lembre de mim, todo momento.

- Mas você não precisa comprar uma moto só pra ela se lembrar de você. Isso eu tenho certeza que ela já faz todos os dias – falou dando risada.

- Pra velho, vamos lá comigo vai?

- Ta certo garota, tem que ser hoje isso?

- Não, tem que ser agora.

- Ta vamos lá, depois passamos no aeroporto para acertar tudo com o despache dos equipamentos. Pode ser?

- Perfeito. Não se esquece do primeiro pedido.

- Pode deixar eu vou pedir para alguém ir lá buscar e levar lá para casa.

Compramos a moto e ela seria entregue no dia que eu viajaria. Pedi para que entregassem no estúdio, seria uma boa surpresa para minha ruiva. Passei os dias me dividindo entre compromissos para a viagem e Isabella.

O dia da viagem chegou e Isabella foi me levar ao aeroporto junto com Paty que iria levar o carro e Isa iria pegar um taxi até o estúdio.

Me despedi da minha ruiva já sentindo muitas saudades. Eu gostaria mito que ela fosse, mas infelizmente não deu. Eu teria que me conformar, nem sempre Isa poderia me acompanhar nas minha viagem. Só não poderia imaginar o quanto era difícil me despedir dela. Entrei no portão de embarque e as lagrimas tomaram conta dos meus olhos. Ainda dei uma ultima olhada para trás e a vi também em prantos. Seria um período longo e eu teria que suporta-lo. Chegamos em Buenos Aires e a recepção foi muito calorosa, eu não tinha noção de que minha musica fazia sucesso entre os latinos. Dei uma pequena parada no saguão para fotos e autógrafos. E logo partimos para casa que tínhamos alugado. Fernando já estava a nossa espera. Ele tinha ido antes para preparar tudo, receber os equipos que foram por uma outra companhia e contratar algumas pessoas para trabalharem na casa no período que ficaríamos lá. Ele sempre soube que acima de qualquer coisa a principal ordem era organização. Sai para conhecer o local. Parei para um café e recebi a ligação de Isa.

- Oi meu amor – falei entusiasmada com a ligação.

- Oi meu anjo, já chegou?

- Sim, e você não adivinha o que estou fazendo.

- O que?

- Estou tomando um café em Buenos Aires!

- Serio, já está borboleteando por ai né?

- Sai pra conhecer o local, ainda temos tempo para relaxar e nada melhor que relaxar tomando um café em, em, em Buenos Aires.

- Você está adorando isso tudo não é?

- Não vou mentir, estou sim. Mas ficaria melhor com você aqui.

- Pode deixar a próxima vez eu vou com você.

- Eu espero.

- Bom eu liguei pra saber se já tinha chegado e pra te dizer que tem um cara aqui me entregando uma moto. Isso é ideia sua?

- Minha, não. Eu não sei do que você ta falando.

- Sabe sim Fabi, o rapaz me disse que a entrega era sua.

- Você gostou?

- Você ta louca? Porque uma moto?

- Pra toda vez que você subir nela e guia-la em alta velocidade. Coisa que eu sei que você vai fazer, você se lembrar de mim.

- Mas eu não preciso de uma moto para me lembrar de você.

- Eu sei disso, mais tenho certeza que dessa forma você vai se lembrar mais.

- Fabi, eu não....

- Tanto pode como deve, deixa eu te falar uma coisa. Tudo o que tenho até agora é por sua causa.

- Não senhora você batalhou por isso.

- Sim, mas se não fosse você me apoiando desde o começo talvez eu não estaria aqui hoje sentando tomando uma Café em Buenos Aires.

- Você não existe. Sabia?

- Sim eu existe e nunca se esqueça disso eu existo por você.

- Que fofa, eu te amo.

- Eu também te amo, agora vai lá e dá uma volta nela. Me liga assim que voltar. Preciso saber se ela não tem nenhum problema.

- Ta bom.

- Leva a Raquel, como você pode ver tem duas caixas ai. São dois capacetes.

- Diz pra ela, que essa é por minha conta – falei para logo depois rir.

- Você também, provoca né?

- A Raquel? Sempre, essa será minha mais nova diversão.

-Ta bom tenho que desligar, depois te ligo.

- Te amo, Isa. Sempre te amei.

- Eu sei disso.

- Convencida, tchau.

- Tchau.

Desliguei o celular e logo imaginei sua carinha quando subisse naquela moto. Daria tudo para ver, mas trabalho era trabalho e tinha que voltar para o meu. Tinha que me arrumar para a apresentação. E essa seria uma das mais importantes. Meu trabalho estava ganhando o mundo. Cheguei ao show com uma hora de antecedência. Ao poucos vi as poucas pessoas que estavam no local se transformar em uma multidão. Essa experiência estava sendo magnifica. Passou-se um show, passou-se dois. Quando dei por mim já fazia duas semanas que estava em turnê. Fomos fazer um show em Santiago e quando o show acabou fomos todos para o camarim e de repente do nada vejo Samantha entrando. Toda feliz.

- Caraca mulher, o que você está fazendo aqui? – perguntei pulando em seu pescoço.

- Ué, vim ver o show na minha artista-amiga predileta – falou Sam me retribuindo o abraço.

- Nossa porque você não me avisou que vinha mulher, que saudades.

- É, eu poderia te avisar. Mas ia estragar a surpresa.

- Mas você não estava...

- Estava, agora eu estou aqui. Pra te prestigiar. Termina ai para nós ir beber.

- Ta, vamos terminar aqui e você vai lá pra casa.

- Mas você volta para o Brasil hoje?

- Não, desculpa. É que alugamos uma casa em Buenos Aires para passar o mês. Depois te explico.

- Tudo bem.

Logo terminamos e fomos embora. No caminho Sam me contou tudo o que tinha acontecido nesse tempo que passamos longe. Ela me contou de seus projetos de trabalho. Que havia recebido uma proposta para um trabalho em Hollywood. E que tinha conhecido uma garota, ela estava toda feliz. Quando ela respirou eu pude contar o que tinha acontecido na minha vida nos últimos tempo.

- Sam tenho uma coisa muito importante pra te contar.

- Desculpa amiga, nem dei tempo de você falar nada. O que aconteceu com você, nesse tempo todo que ficamos longe.

- Então, é que a Isa....

- Ai Fabi, de novo aquela nojenta. Desapega menina. Você ta melhor sem ela. Olha tudo que você conquistou sem ela.

- Posso falar?- falei um pouco exaltada.

- Ai fala, Fabi.

- Eu e a Isa nos entendemos.

- Mentira! Serio ?- falou com cara de espanto.

- Sim, é verdade. Ela não casou com a outra. Ficamos um tempo afastadas, mas não resistimos e no entregamos de vez a esse amor.

- Então ela deu o braço a torcer? Isso era uma coisa que eu duvidava que iria acontecer.

- Ela é o amor da minha vida, só é uma pena que logo que voltamos eu tive que viajar.

- Mas me conta como aconteceu, to me roendo por dentro pra saber.

- Ta vamos por partes.

Contei tudo com todos os detalhes. Ela Ria e se emocionava muito. Ela sabia que eu só seria feliz com a Isabella ao meu lado. E isso era fato em cada sorriso que eu dava ao falar nela. Chegamos em casa e ainda conversamos mais, a equipe e eu decidimos que não faríamos festa. Para poupar as energias. Sam estranhou eu não beber nada, expliquei a ela que esse mês estava corrido e que quanto menos eu estragar a minha voz seria melhor para os shows. Era muito bom tê-la lá comigo, a convidei para ficar na casa conosco e ir ao shows. Como ela estava em recesso, ela resolveu ficar. Logo pela manhã ligaria para Isabella e avisaria que Samantha iria ficar conosco. Eu estava com tantas saudades da minha princesa, até imaginai ligar quando cheguei. Mas como era tarde resolvi não fazê-lo. Ao deitar em minha cama me perdi no pensamento de como Isabella estava. Já havia passado duas semanas que eu estava longe dela. Nos falávamos todos os dias mas a saudade que tínhamos parecia não passar nunca. Ficou resolvido que assim que eu conseguisse uma folga eu iria para o Brasil nem que fosse para passar um dia com ela.

Acordei pela manha e fui até a cozinha. Sam já estava lá preparando o café para nós. Fui até o banheiro e a campainha tocou, pedi a ela para abrir a porta. Quando voltei avistei pelo pequeno corredor malas. Ao chegar a cozinha tive a visão mais linda que pude ter naquela manha.

- Isa? Meu amor você veio?

- Sim e pelo visto acho que to atrapalhando algo.

- Ham? Essa eu não entendi –respondi indo em sua direção para dar-lhe um beijo. Para ela se esquivar.

- Fabi eu vou lá pra dentro, quando a dona nervosinha se acalmar eu volto.

- Perai, o que ta acontecendo?

- Eu que pergunto Fabiana. O que essa mulher ta fazendo aqui?

- Ela ta aqui com a gente.

- E quando você ia me contar?

- Agora?

- Eu não estou brincando Fabi.

- Amor, você não está entendendo – falei tentando me explicar.

- Eu estou entendendo muito bem, você veio pra cá pra ficar com essa mulher. Eu devia imaginar que tinha algo rolando entre vocês. Como eu fui burra.

- Isa, deixa eu falar.

- Não precisa, eu nem sei porque eu vim – falou pegando as malas e indo em direção a porta.

- Dá pra você parar um minuto e me escutar – falei nervosa, não estava reconhecendo Isabella naquele momento. Ela nunca foi dada a ceninhas de ciúmes.

- Fala! – disse soltando as malas.

- Isa ela chegou ontem, ela foi ou show em Santiago. Quando chegamos pensei em te ligar. Mas era tarde então decidi te ligar agora de manhã.

- Uhm, é... Isso é verdade?

- Claro, eu não tenho porque mentir pra você.

- Não sei não – falou relaxando o corpo.

- Vem aqui, eu estava morrendo de saudades – falei indo em sua direção.

- Você nunca mais me deixa sem saber qualquer coisa...

Não a deixei terminar a frase, a beijei apressado. Eu estava com tanta saudades da sua boca, do seu corpo. Que nem pensei em nada. Fomos para o quarto entrei beijos, tropeçando em tudo que estava pelo caminho.

Tranquei a porta e a joguei na cama, me jogando sobre seu corpo.

- Calma, deixa eu tomar um banho primeiro – falou com os olhos cheios de desejo.

- Não temos tempo para isso, te quero agora.

Busquei sua boca, para logo depois descer para o pescoço. Tirei sua blusa apressado para logo depois tirar a minha. A virei de costas para abrir o fecho do sutiã beijando cada centímetro de suas costas. Sua pele se arrepiava a cada toque instigando ainda mais a minha sede de prazer. Ela se ajoelhou e desci minha mão para o sexo para massageá-lo por cima da calça que logo tirei. A deitei na ponta da cama com as pernas no meu ombro. Puxei a calcinha pro canto para me deliciar com seu sulco. O sexo que latejava me fazia ir num ritmo frenético. A chupava, ora rápido ora devagar. Isa se contorcia na cama me pedindo mais. Interrompi as chupadas e subi para sua boca deixando minha mão no sexo massageando. Coloquei dois dedos na vagina molhada e Isa deu um grito que ecoou no quarto. Parei por um momento achando que a tinha machucado.

- Não para, continua... – falou mordendo o canto do lábio.

- O que você quer?

- Quero que você me foda gostoso! Mete bem fundo!

Comecei as entocadas rápidas. Cada vez que eu enfia os dedos sentia o corpo de Isa dando trancos. Seus olhos me pediam mais e mais. A beijava alucinadamente. Não demorou muito para sentir o sexo se contrair para um gozo demorado. Isabella desfaleceu para o lado, sentia pelo tremor da cama os espasmos que seu copo dava.

A puxei para um abraço apertado, ficamos assim por alguns minutos. Logo interrompi o silencio.

- Então quer dizer que você estava com ciúmes?

- Eu, não. Só queria saber o que estava acontecendo.

- Fala a verdade.

- Hahaha, eu não estava com ciúmes, você é muito convencida.

- Pois eu vou te contar uma coisa, adorei. Foi bom ver você toda bravinha. Lembrei do dia que nos conhecemos naquele barzinho. Quando eu prometi pra você que iria te domar.

- Foi a partir daquele momento, que eu percebi que eu já era sua.

- Eu te amo, sempre te amei e sei que sempre vou te amar. Eu não estou acreditando que você está aqui.

- Você é o amor da minha vida e pode se acostumar porque eu só vou embora quando você for.

- Serio, esse é o melhor dia desde que eu cheguei aqui. Os shows foram tudo, mais você aqui comigo é mil vezes melhor.

- Vou tomar um banho, vem comigo e me conta tudo.

- Eu vou mas tenho em mente outra coisa.

A peguei no colo e fomos pra o banho para nos amarmos mais uma vez. Saímos do quarto na hora do almoço. Samantha tinha pedido para a empregada fazer algo especial. Para comemorarmos aquele momento.

Disse a Isabella que ela sempre teve suposições erradas sobre Samantha e que ela deveria se desculpar pela cena que ela tinha feito. Ela apenas me disse que sabia o que tinha que fazer, que não era para eu me preocupar que ela resolveria tudo. Mas era para eu tomar cuidado que ela estava de olho, achei graça em seu comentário. Os meninos estavam numa festa só por causa de Isabella, fazia tempo que não nos reuníamos todos e passamos uma tarde deliciosa. A noite fomos para Caracas na Venezuela, Isa como uma boa primeira dama estava linda em um vestido justo e salto alto. Tudo estava perfeito eu estava fazendo o que eu mais amava fazer, com meus amigos e principalmente com Isa ao meu lado. Eu era feliz novamente, só seria mais feliz ainda se nós nos casássemos e isso era uma coisa que logo eu daria um jeito que acontecesse.



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Capitulo 37

[11/05/12]

Capitulo 37: Isabella

Voltei para o estúdio arrasada pela ausência de Fabiana. Não fazia nem duas horas que tinha me despedido dela, mas a saudade já começava a apertar meu peito. Se fosse há três anos não estaria sentindo tanto a sua falta como agora. O simples fato de saber que ficaria longe dela por um tempo já me consumia de tal maneira que me dava uma vontade insana de largar tudo e ir ao seu encontro na Argentina.

Entrei na minha sala e logo Yasmim e Raquel entraram para saber de tudo sobre a viagem de Fabiana. Yasmim queria saber tudo sobre os seus shows e eu contei tudo o que sabia. Raquel apenas me questionava se eu iria ficar bem. Respondi que sim, mas sabia que não estaria bem com Fabiana longe. Um cliente chegou para finalizar a pintura de uma onça e eu tentei me concentrar no trabalho. Estava finalizando a pintura quando Yasmim entrou na minha sala.

- Bella tem uma encomenda pra você ai fora. Você tem que ir receber e assinar uma papelada.

- Você não pode fazer isso? – perguntei sem desviar a minha atenção do desenho.

- Não. Tem que ser você mesma.

Apenas assenti com a cabeça e falei para o rapaz esperar um pouco que logo voltaria. Sai para a recepção e encontrei com dois homens uniformizados.

- Isabella Marques?

- Sim – respondi parando na frente dos dois rapazes.

- Assine aqui, por favor – falou colocando uns papeis sobre o balcão me estendendo uma caneta.

Olhei para a nota fiscal para saber o que estava recebendo. Meu coração parou por um segundo quando vi a descrição da mercadoria; uma moto zero de uma das marcas que mais adorava.

- O que é isso? – perguntei com um sorriso me virando para o homem.

- Uma entrega. A moto já está lá fora.

- Quem mandou? – perguntei já imaginando a resposta.

- Fabiana Pontes.

Apenas balancei a cabeça com um sorriso no rosto. Claro que ela tinha que aprontar. Não podia assinar nada sem falar com ela. Pedi para os rapazes aguardarem enquanto fazia uma ligação para ela. Fabiana confirmou a entrega da moto. Não podia aceitar, mas a felicidade que ela estava na voz me desarmou completamente de uma recusa. Assim que desliguei o telefone assinei o papel e um deles me indicou as caixas que Fabiana havia dito. As chaves foi a ultima coisa que me entregaram antes de saírem. Andei até o estacionamento acompanhada por Yasmim que estava toda feliz ao meu lado. Eu ainda estava boba, com a boca aberta. Não acreditava que Fabiana seria capaz de uma loucura daquelas. Alias acreditava sim, mas era tão inacreditável que dava para acreditar. Parei de pensar coisas sem sentido e passei a mão na moto, tocando cada detalhe dela. Raquel saiu logo em seguida e ficou com um sorriso no rosto observado minha empolgação. Cinco minutos depois entrei no estúdio atrás dos capacetes e saímos para dar uma volta.

Só lembrei de terminar a pintura do desenho meia horas depois.

Já fazia duas semanas que Fabiana tinha saído em turnê. Acompanhei suas noticias pela mídia e sempre nos falamos por telefone. Nenhuma dessas formas servia como paliativo para a dor da saudade que consumia meu coração. Raquel sempre achava um jeito de falar sobre Fabiana dando uma espezinhada com o seu humor azedo. Eu já nem ligava mais. No intimo sabia que ela também já estava se rendendo ao charme da loirinha que eu amava.

Nos dias longe de Fabiana fiz tudo mecanicamente. Fazia o trajeto trabalho-casa-trabalho sempre. Não tinha ninguém em São Paulo para me lembrar da minha loira. Rose tinha voltado para o Rio junto com Paty e as mulheres de todos os garotos da banda tinham viajado com eles. Só quem tinha ficado fui eu por conta do Rabella. Sabia que se eu não fizesse nada a saudade me consumiria por completo.

- Gata preciso falar com você – falei entrando na sala da Raquel.

- O que foi? – perguntou se desviando da folha onde estava desenhando.

- Eu vou para a Argentina.

- Como?

- Você entendeu – falei indo me sentar em uma cadeira – eu vou encontrar a Fabiana.

- E como eu fico aqui? – Perguntou prestando mais atenção em mim.

- Eu não estou fazendo muitos desenhos e o Rafael e o Guto dão conta. É por duas semanas.

- Eu sabia que não ia demorar muito pra você me abandonar aqui.

- Não estou te abandonando, mas eu preciso ir encontra-la para não pirar de saudades.

- Tudo bem ruiva – respondeu voltando para a folha – eu já sabia que isso iria acontecer. Só estava esperando o dia.

- Não fica brava comigo não, vai...

- Não vou ficar brava com você, mas fique sabendo que quando você voltar desses dias quem vai tirar umas férias sou eu. Já segurei demais seus afastamentos. Quando você vai?

- Hoje à tarde.

- Sério? – perguntou voltando a prestar atenção em mim.

- Sim.

- Ok. Você já comprou a passagem?

- Não. Tomei essa decisão agora.

- Você é foda, hein, ruiva?!

- Obrigada amiga... eu sei que sempre posso contar com você . Quando eu voltar você pode ficar dois meses em casa. Prometo que te mando dinheiro todo final de semana.

- É o que eu espero – respondeu rindo me dando um abraço – eu sei que você está feliz e isso é o mais importante para mim.

Retribui seu abraço apertado e sai em direção à minha sala para pegar a bolsa. Me despedi de Yasmim e peguei a moto no estacionamento. Sempre que subia nela me lembrava de Fabiana. Impossível não lembrar. Ela estava impregnada em cada coisa minha.

Assim que cheguei no apartamento descobri que não poderia viajar naquele dia. Primeiro porque já era meio dia e se eu saísse umas seis ou sete da noite, chegaria em Buenos Aires tarde e Fabiana não estaria lá. Ela tinha show em Santiago. Segundo, eu teria que fazer uma mala para viagem e ao abrir o guarda roupas constatei que não poderia ir para uma viagem com as roupas que eu tinha, logo teria que fazer compras, logo eu passaria a tarde inteira no shopping. Estranho, antes não me ligava muito no que vestia quando estava com ela, agora sempre me preocupava se estava bonita o suficiente para ela ter olhos apenas pra mim. Não que eu me sentisse insegura com a sapatada toda do Brasil querendo ela, mas queria que ela me achasse linda sempre. Sei que ela achava, mas por vias das dúvidas era bom dar uma caprichada no visual.

Nesse período de marcar viagem, compras e salão (tinha que retocar a pintura do cabelo) parei no apartamento já ia dar onze horas da noite. Minha viagem estava marcada para as dez horas do dia seguinte e eu não tinha nem uma nécessaire pronta. Fui dormir duas da manhã, com duas malas arrumadas e uma bolsa de mão.

Cheguei em Buenos Aires depois do meio dia. Parei para trocar dinheiro e sai à procura de um taxi. Não fazia a menor ideia se o lugar onde eles estavam era próximo ou não do aeroporto. Julguei que devia ser, pois facilitaria a movimentação da banda. Pelo menos eu esperava que sim, senão estava ferrada. Ou então teria que apelar para Fabiana, Além de me receber de surpresa ainda teria que pagar meu táxi. Não. Era perto. Eu tinha certeza.

A desvantagem de estar num país que fala o espanhol é que você entende o que taxista fala. Ele tagarela como o país é lindo e tal. E ainda por cima cai na besteira de falar que era minha primeira vez ali. Pronto foi o suficiente para me encolher no banco e revirar os olhos com ódio de mim mesmo.

Cheguei na casa depois de quinze minutos. Não disse? Era perto. Paguei o motorista e analisei a fachada. Era grande, com arvores ao redor, toda branca. Não tinha portão. Apenas um lateral. Atravessei o pequeno jardim da frente com o coração disparado. Finalmente ia encontrar com o meu amor.

Meu sorriso morreu nos lábios quando a porta se abriu. O QUE SAMANTHA NOVAES ESTAVA FAZENDO COM A MINHA LOIRINHA??? Não consegui dizer nada olhando para a mulata a minha frente. Passei por ela que nem um foguete puxando as malas Meu sangue fervia por dentro! Lógico que Fabiana iria aprontar mais cedo ou mais tarde. Mas foi bom eu ter vindo de surpresa, a farsa acabaria mais cedo do que ela estava imaginando.

Entrei nervosa sem saber para onde ir. Acabei indo parar na cozinha. Fabiana logo apareceu. Ela estava linda, toda despenteada. Deve ter ficado assim por causa da noite que passou com... Deixa pra lá. Não era mais do eu interesse. Fui uma idiota de achar que ela ficaria um mês inteiro me esperando, Fui uma idiota de ter ido até ali e falei isso a ela. Fabiana me trouxe de volta pra a realidade, nervosa comigo. Deixei o ciúmes de lado e resolvi curtir o que tinha ido curtir: minha loirinha.

Saímos da cama na hora do almoço. Acho que pelo barulho que fizemos ficou bem claro para Samantha que aquele território era meu. Encontrei os meninos e da banda e passamos uma tarde agradável. Silvia me deu uma boa noticia: Viviane tinha voltado para Londres. Melhor assim.

Acompanhei o show que daquela noite e aproveitei cada minuto da apresentação. Ela como sempre estava linda. Não podia ser diferente. Ela sempre seria a garota mais linda em qualquer lugar que fossemos.

Durante os dias que se seguiram, conheci um pouco mais de Samantha e com isso, a aceitei como amiga de Fabiana. Não podia pedir para que ela a tirasse da sua vida, por que sei que ela também nunca foi com a cara da Raquel, mas a aceitava, Eu por minha vez teria que agir da mesma forma em relação à Samantha.

Depois de cinco dias a rainha foi embora. Eu por minha vez me dediquei ainda mais a Fabiana. A cada minuto que passava a queria mais perto. Quando a banda estava ensaiando ficava sentada em um canto olhando para ela, admirando cada detalhe do seu rosto. Seus olhos brilhavam de alegria toda vez que encontravam os meus. Enfim razão e emoção estavam caminhando lado a lado.

As apresentações daquela turnê foram finalizadas com chave de ouro. Voltamos para casa e Fabiana estava radiante com tudo o que estava acontecendo em sua vida. Seu trabalho cada dia mais ganhava destaque na mídia e sua musica estava sempre entre as mais tocadas. Ela tinha enfim, conseguido tudo o que sempre sonhara.

Já fazia um mês que estava cuidando do Rabella sozinha, pois Raquel tinha tirado as férias que tanto queria e que era merecedora. Fabiana passava uma grande parte do tempo no meu apartamento, pois a locomoção tanto para ela quanto para mim era melhor já estando no centro. Achei que ia me incomodar com a exposição por estar com Fabi Pontes, mas isso não aconteceu. Ficava feliz por poder estar ao seu lado sempre.

Nossa nova convivência me fez lembrar de tudo o que sempre quis quando erámos casadas. Eu tinha uma mulher presente na minha vida e eu era presente na vida dela. Havíamos encontrado um ponto comum entre nossos desejos e eu me desdobrava para agrada-la. Ela era minha vida. Sempre fora.

Raquel voltou para o estúdio com boas ideias de expandir o estúdio. Contratamos mais tatuadores e abrimos uma filial. Eu ficava em uma e ela em outra. Yasmim, claro, foi comigo. Não queria ficar longe, mas tenho certeza que ela fez isso porque sempre veria Fabiana.

Cinco meses depois preparei uma surpresa para Fabiana. Coloquei Rafael como responsável pelo Rabella e dediquei uns dias para me desfazer do apartamento. Não disse nada para Fabiana, eu sabia que era o que ela mais queria; sempre conversávamos sobre o dia em que voltaríamos a morar juntas e eu sempre dizia que tínhamos que ir com calma. Agora eu já tinha cinco malas prontas. Minha moto já estava na sua casa e peguei tudo o que era de mais importante pra mim e joguei dentro do carro. Passei na imobiliária para deixar as chaves e peguei o rumo de Alphaville. Guiei lentamente pela rodovia, deixando pra trás um período de amor e ódio, de alegrias e tristezas. Estava guiando para a minha futura esposa, para o amor da minha vida. Enquanto ia dirigindo um sorriso bobo ia instalado nos meus lábios. Eu estava voltando para nunca mais partir.

Parei o carro na frente de casa e peguei duas malas e puxei para a porta da frente. Sabia que Fabiana estava sozinha, pois ela tinha me dito que ia fazer um jantar para nós. Tinha dispensados todos os empregados e estava dando uma de Amélia. Parei na frente da porta e apertei a campainha. Não demorou muito para Fabiana abrir a porta.

- Você me aceita de volta? – perguntei assim que minha loirinha apareceu na porta.

Fabiana apenas me olhou e depois desviou os olhos para as malas ao meu lado e mais uma vez voltou sua atenção para meu rosto. O sorriso que ela abriu reconfortou meu coração.

Iriamos continuar de onde havia parado.



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Capitulo 38

[15/05/12]



Capitulo 38: Fabiana e Isabella

Fabi

Um ano depois...

Estava tudo pronto: violão afinado, aliança no bolso. Entrei no quarto e Isabella ainda dormia, parei alguns minutos para admira-la, ela estava linda como sempre. Me lembrei por um minuto do dia em que a conheci. Me sentei na cama e comecei a tocar.

Extreme – More Than Words

Saying’l Love you’ is not words.

I want to hear fron you

Is’t not that I want you

Not to say But if you only knew.

How easy it would be to show me how you feel

More than words

Is all you have to do to make it real

Then you wouldn’t have to say

That love me cause I’d already know

What would you do if me heart was torn in two

More than words to show you feel

That your love for me is real

What would you say if I took those words away

Then you couldn’t make things new

Just by saying I love you

- Nossa que lindo – falou se sentando na cama – é tão bom poder ser acordada assim.

- Gostou? – perguntei com a voz tremula de ansiedade.

- Sim, por que você está assim? – perguntou confusa.

- Assim como?

- Tão nervosa, olha está até com a mão tremula. – falou pegando minha mão.

- Tá então vamos lá.

Respirei fundo e comecei a recitar o que tinha decorado por semanas a fio.

Amo- te quando largo alto e profundo.

Minha alma alcança quando transportada.

Sente alongando os olhos deste mundo

Afins de ter a graça entre sonhada.

- Amo-te a cada dia, hora e segundo

Na luz do sol na noite suportada

E é tão pura esta paixão de que me inundo

Quanto o pudor dos que não podem nada

- Amo-te com o doer das velhas penas

Com sorrisos e lagrimas de prece

Para todo sempre e assim de deus o quiser

Ainda mais te amarei depois da morte.

- Isabella Marques, você quer se casar comigo? – perguntei segurando sua mão.

O silencio tomou conta do quarto, seus olhos se encherão de lagrimas e por fim depois de um tempo a me olhar ela respondeu.

- Você sabe o quanto te amo e o quanto sou feliz por você sempre estar ao meu lado. Esse ultimo ano foi maravilhoso e surpreendente ao seu lado...

- Eu já sabia, você ainda não está preparada né?

- Deixa eu terminar, como eu ia dizendo. Tudo o que vivemos desde o começo me fez entender que a minha vida é ao seu lado. Nesta e nas outras vidas eu tenho certeza que além da morte nos amaremos. Portanto, sim.

- Sim, isso é um sim?

- Claro que é sempre será sim. Eu te amo minha vida.

- Oh meu deus, eu te amo Isa. Sempre vou te amar – falei tirando uma caixinha preta do bolso e lhe entreguei.

- Nossa elas são lindas – falou pegando uma para me dar.

- Eu quero que seja inesquecível pro resto da vida – falei colocando a aliança em seu dedo.

- Eu sei que será, eu te amo – colocou a minha em meu dedo e me beijou apaixonadamente. Nos amamos a manhã toda, a tarde começamos a planejar como seria a cerimonia. Seria o quanto antes o desejo de sermos uma da outra para sempre era multou. Não que um papel fosse mudar algo, mas na altura que estávamos seria importante.

Ligamos para mamãe para contar a novidade, Paty que estava de férias logo se prontificou a voltar para ajudar nos preparativos. A semana seguiu rapidamente Isabella estava toda nervosa com tantas coisas para o casamento. Como seria em duas semanas ela estava completamente neurótica, nem parecia ela mesma. Paty e minha mãe cuidavam das partes mais praticas e eu nada fazia. Elas não deixavam eu opinar em nada. Eu apenas deixava. Sabe como são as mulheres, então apenas me ocupava com meu novo repertório. Logo após a lua de mel iriamos começar a gravar. Por mais que eu estivesse ansiosa com tudo que estava acontecendo eu estava cada vez mais e mais criativa. Tinha praticamente todo repertório e é claro grande parte das músicas era sobre Isabella e tudo que vivemos nesses últimos tempos.

- Amor o que você acha de flores amarelas? – perguntou Isabella ao entrar no estúdio.

- Ué, agora posso opinar? – perguntei deixando o lápis sobre a partitura.

- Sim, eu sei que não estou te participando muito...

- Muito? Eu não estou sabendo de nada sobre o nosso casamento – falei rindo.

- Eu sei, por isso estou te recompensando. As flores você pode escolher – falou se sentando em meu colo.

- As flores são minhas? Então acho que poderiam ser vermelhas com brancas – respondi dando-lhe um beijo.

- De jeito nenhum, eu acho que amarelas ficariam perfeitas – falou se levantando, passando as mãos nos cabelos.

- Isa, você não acabou de falar que eu escolho as flores?

- Sim, vermelhas e brancas não combinam com a decoração.

- Então que tal, somente brancas.

- Não, também não.

- Isa... – parei um minuto para pensar no que dizer. Entendi que eu não poderia escolher as flores, por mais que ela havia dito que sim – amor vamos fazer os seguinte, me mostra o que você está pensando e decidimos juntas – eu sabia que a decisão seria somente dela.

- Ta bom, eu vou ver o meu vestido hoje. Você virá comigo?

- Posso?

- Sim, mais você não poderá ver o vestido.

- Tudo bem, que horas?

- As duas da tarde.

- Ta bom, vou demorar um pouquinho aqui. Mas terminando vou me arrumar.

- Tudo bem, te amo.

- Também.

Era estranho ver Isa daquele jeito, toda detalhista. Mas a felicidade que estampava em seu rosto a cada detalhe era muito bom de ver. Com certeza eu iria usar esse momento de menininha dela pro resto das nossas vidas.

Voltei para minha letra, e acabei me perdendo em pensamento de como foi nossa convivência nesse ultimo ano.

Isa:

Eu poderia colocar minha vida nesse um ano em um livro e mesmo assim não acreditaria que alguém pudesse imaginar tamanha felicidade. Eu sou feliz. Uma mulher realizada em todos os aspectos. Tenho um estúdio bem sucedido, saúde de ferro e tudo o que sempre quis de material conquistado com o meu suor. Mas o mais importante que tudo isso, eu tinha Fabiana. Minha mulher, minha companheira, minha amiga e minha vida.

Depois que voltamos a morar juntas, passei a enxerga-la de uma forma totalmente diferente. Fabiana estava madura, uma mulher dinâmica e cheia de ideias. Ainda tinha o espirito juvenil que fazia parte do seu charme, mas estava muito mais centrada que antes.

Eu também tinha mudado muito. Sabia suas musicas de frente para trás e de trás para frente. Reparava cada detalhe seu, atendia suas necessidades antes que ela se desse conta que precisava de algo. A acompanhava em quase todos os seus shows e, acima de tudo conversávamos. O dialogo inexistente que minou nosso casamento da primeira vez agora estava presente. Nosso sexo era tudo não podia ficar um dia sem tê-la e quando isso acontecia, a recompensa vinha em dobro.

A vida tinha se tornado tudo o que eu sempre quis com ela.

- Isabella! Presta atenção em mim – brigou Paty me dando um tapa no braço – estamos discutindo coisas importantes aqui e você fica distraída pensando no nada.

- Não estava pensando no nada – respondi passando a mão no braço que ardia – estava pensando na sua irmã.

- Ai! Alguém me da insulina! Não aguento mais a melação de vocês! Você tem que decidir o branco do vestido. Pode ser um champanhe também ou um bege bem clarinho... – falou pegando as amostras de tecido que a vendedora mostrava – o modelo também... você ainda não decidiu ainda. Eu acho lindo um vasê bem discreto. Bufante está fora de moda.

- Eu vou desenhar o meu vestido – respondi me levantando.

- Oxê, não gostou de nenhum desses modelos? – perguntou mostrando a pilha de catálogos ao lado.

Eu tinha olhado, mas não enxergado. Sabia exatamente o que queria.

- Não – respondi esticando minha mão para puxá-la – vamos embora. Temos que ver o que vai ser servido no buffet.

Desde que Fabiana tinha me pedido em casamento, estava louca para organizar tudo. Queria que nada desse errado, afinal só se casa uma vez na vida. Bom pelo menos no meu caso eu sabia que seria para sempre.

Fabiana me deu total liberdade de fazer tudo sozinha. Como ela estava ocupada com o trabalho, não me importei em cuidar de todos os detalhes, coisa que ela não prestaria muita atenção, como flores brancas, rosas vermelhas ou amarelas

Amarelo ficaria uma bela combinação. Apesar que vermelho também ficaria bom. Fabiana tinha sugerido o vermelho. Talvez pudesse fazer com que puxasse para o vinho.

Desenhei meu vestido naquela mesma noite e sai para visitar uma velha amiga dos tempos de farra. Ela era uma ótima costureira e faria o meu vestido se aceitasse o trabalho. Verônica achou a ideia absurda, mas embarcou na loucura comigo. Meu casamento seria como sempre havia imaginado.

O dia do casamento enfim chegou e com ele a minha ansiedade cada vez aumentando mais. Minha vida já tinha mudado antes, mas agora seria em definitivo. Não havia volta, não teria fim. Esse, pelo menos era meu objetivo: tê-la para sempre em minha vida.

Fabi:

Ver Isa chegar ao jardim, com o vestido de noiva. Me fez perceber que tinha escolhido a pessoa certa. Somente ela seria louca o suficiente para usar um vestido de noiva vermelho sangue com bordados e um buquê de rosas negras. Todos na cerimonia ficaram chocados inclusive minha mãe e o tabelião. Mas para mim, ela estava perfeita. Linda essa era a única colocação que eu tinha para ela no primeiro momento. A olhei com um sorriso de surpresa, meus pensamentos eram. Ela é louca, mas a filha da mãe está linda. Como eu amo essa mulher, só ela conseguiria me surpreender dessa forma. A cerimonia era no jardim e estava um dia lindo, o sol batia em seu rosto e a radiava mais. Quando ela se aproximou começou a tocar Somewhere Over The Rainbow. A decoração estava linda, ela tinha se dedicado para ficar tudo perfeito. E realmente ficou. Meu pai a trouxe até mim.

- Obrigada meu pai – disse a papai que me deu um forte abraço.

- Vocês duas, cuidem uma da outra. Você são nossas joias. Sejam sempre felizes – disse papai emocionado.

- Pode deixar Roberto, eu cuidarei sempre dela e seremos muito felizes – disse Isa a papai.

- Você está linda – disse pegando em suas mãos.

- Gostou? Eu achei que você fosse brigar – disse com um sorriso de alivio.

- E mesmo achando que eu ia brigar você veio assim, por isso que te amo. Porque você nunca tem medo do oculto. Eu te amo – finalizei dando um beijo em seus lábios.

O juiz de paz começou a celebrar a cerimonia. Enquanto ele falava eu e Isa olhávamos uma para outra e nós duas sabíamos que seria para sempre.

- Isabella Marques. Você é minha joia mas rara, tudo que fiz na vida me fazem acreditar que que era para estarmos aqui. Com o nosso amor e nossa cumplicidade por isso que hoje na frente de nossos amigo e nossa família eu te pergunto se você me aceita como sua legitima esposa. Prometo que irei te amar, respeitar e honrar. Todos os dias e todas as noite de minha vida. Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza até que a morte nos separe.

- Sim, eu aceito – falou secando a lagrima que caia – Fabiana Pontes, com você eu aprendi que amor não é simplesmente um sentimento e sim uma doação. Eu aprendi a não me importar somente com os meu interesses e principalmente que família é tudo na vida de alguém. Sou o que sou hoje porque te conheci e por isso que te pergunto se você me aceita como sua esposa, prometo que vou te amar e respeitar. Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza todos os dias de nossas vidas.

- Sim, minha vida. Sempre será sim – disse dando um beijo em seus lábios molhados.

Fizemos a troca das alianças e dando um beijo em sua testa assinamos o contrato de união estável. Todos nos parabenizaram pela união e partimos para festa.

A decoração que Isa tenha escolhido era linda, tudo em branco e dourado. As flores que eu havia pedido que fossem vermelhas eram presentes em todas as mesas espalhadas pelo jardim. Sua alegria irradiava o ambiente e sua felicidade era a única coisa que me deixava feliz.

- Vamos lá no quarto comigo – disse Isa me puxando pelo braço.

- Aconteceu alguma coisa minha esposa? – falei aos risos.

- Não, minha esposa só quero que você vá lá comigo.

- Ta bom... meninas com licenças... – disse a Samantha e sua namorada.

Eu segurava sua calda quando caímos no topo da escada. Fomos até o quarto entre beijos carinhosos.

- Me ajuda a tirar esse vestido? – falou Isa apontando para suas costas.

- Eu sabia que era isso, ta vendo como te conheço como a palma da minha mão – disse com a mão estendida no ar.

- Não, você não e conhece como a palma da sua mão – falou se virando para beijar meu pescoço.

- Amor... o que você tá fazendo?

- Eu estou fazendo um carinho na minha mulher – Isa alisava meus seios enquanto beijava meu pescoço e boca.

- Mas amor... a casa ta... cheia.

- E você quer melhor momento para fazer amor com sua mulher.

- Você é louca, sabia.

- Isa, rasgou a camisa que usava e os botões voaram para todos os cantos do quarto. Me jogou na cama como uma gata feroz e pulou sobre mim.

Me beijou com urgência como se fizesse muito tempo que não nos víamos.

Tirou minha calça e logo a peça intima. Beijou cada parte do meu corpo e logo desceu para o sexo já molhado de desejo. A língua quente me fazia contorcer na cama, meus gemidos eram abafados pelo volume da musica que tocava na casa. Não demorou muito para ela me penetrar, os dedos ágeis me faziam alucinar. As entocadas ora rápidas ora devagar me deixavam louca. Logo meu corpo se contraiu para um gozo deliciosamente demorado. Isa se deitou no meu corpo suado, ofegante. Seu coração disparado estava com um bater diferente.

- E esse coração disparado –perguntei olhando em seus olhos.

- É um coração cheio de amor por você.

- Ohh... que fofa. Vem aqui, deixa eu te amar.

- Não agora não. Vamos descer, os convidados já devem ter percebido nosso sumiço.

- Ahhh... amor para de loucura – falei frustrada.

- Vem, me ajuda com o vestido – disse se levantando.

- Tá, vou me lavar, e já volto.

Nos trocamos e descemos. A festa estava perfeita e é claro ninguém percebeu. Algumas horas depois Isa resolveu jogar o buquê para podermos ir em direção a nossa lua de mel. As mulheres fizeram um alvoroço na ponta da escada. É claro que Paty astuta conseguiu pegar o buquê, ela deu um pulo que parecia uma gata. Foi engraçado, eu não conseguia para de rir. Saímos de casa e fomos direto para o aeroporto, nossa lua de mel seria em Paris. Logo saímos para começar uma nova fase em nossas vidas, uma nova fase que seria definitiva porque eu tinha a mulher que amo ao meu lado da mesma forma que sei que sou amada por ela. Ela é minha vida e eu sou a vida dela e daqui pra frente nossa história seria escrita com muito amor e carinho. E tenho certeza que nada poderá nos separar.

FIM.



Mais um que chega ao fim... Eu sei que vou sentir muita, mas muita falta da Isabella e da Fabiana, duas personagens que se tornaram mais que especiais.

Muito obrigada meninas por terem acompanhado.



Bjokas e até a próxima!!!

Drikka Silva e Mata Hari



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